PENSAMENTOS CONFLITANTES
NÃO REVISADO
DIEGO
Quem ele pensa que é? Como pôde falar tudo aquilo? Ou sequer fazer o que fez? Erick não tinha esse direito! Por que fez? Por que me beijou? Por que disse tudo aquilo? Por quê?
Meus pensamentos não queriam calar a boca, minha mente estava a mil, o que tem sido recorrente depois que Erick resolveu entrar na minha vida de forma tão brusca e inesperada.Depois que saí correndo do quarto procurei pela Letícia e disse que estávamos indo. Na verdade eu só a puxei de forma bruta pelo braço o que gerou uma onda de reclamação por parte dela.
- O que merda você estar fazendo? - Ela perguntou em um tom raivoso.
- Letícia, somente chame o carro para irmos embora, por favor. - Falei de modo suplicante e a encarei. Minha irmã arqueou uma sobrancelha e me analisou por alguns segundos e acredito que estava bem transparente toda a bagunça em que me encontrava naquele momento porque ela suspirou aliviando sua expressão e pegou seu celular para chamar um carro para irmos.A todo momento olhava em direção a casa para ver se Erick viria até aqui, não saberia como reagir se ele viesse. Não havia como eu falar sobre isso neste momento, talvez, com ele, em momento nenhum.
Não demorou muito para estarmos dentro de um automóvel e desde que iniciamos a corrida me mantive em silêncio, porém minha mente não parava de me castigar com coisas como: Erick e eu, nos odiávamos, mas esta noite ele deixou claro que tudo que fez era para chamar minha atenção.
Como assim chamar minha atenção? Dessa forma? Sendo um babaca? Me humilhando diariamente? Rindo do fato que, no passado, eu era gordo e usava óculos?
Isso é, no mínimo, inimaginável. Se ele queria minha atenção havia outras formas de tê-la.E aquele maldito beijo? Que porra foi aquela? Mas lá no fundo eu sabia que queria e queria muito, esse fato me corrói ainda mais. Ainda podia sentir o calor de seus lábios nos meus, seu gosto em minha língua, o aperto de seus braços ao redor da minha cintura e a forma como meu corpo inteiro reagiu a proximidade dele.
Por isso está acontecendo comigo?
A guerra entre o querer e o não querer, o conflito entre o desejo e a negação, o desacordo entre razão e emoção estavam acabando comigo.
Eu iria enlouquecer!
- Certo irmão, consigo ver as engrenagens girando na sua cabeça em total conflito e o seu silêncio inquietante deixa isso claro. - Minha irmã disse apontando para como eu estava esmagando os dedos uns contra os outros. - Vamos, me diga o que aconteceu? - Pediu com sua atenção inteiramente focada em mim.
Me vi em outro conflito, falo o que aconteceu com Letícia ou não?
Certeza que ela iria rir disso, ou, ativaria o modo sensata e falaria algo bom, que realmente poderia me ajudar.
Porém, poderia ser que não.
- Não foi nada, estar tudo bem? - Falei desviando meus olhos para fora da janela.Letícia suspirou, negou com a cabeça e perguntou:
- O que o Erick fez dessa vez?
A olhei tão rápido que meu pescoço doeu levemente.
- Como você sabe que foi ele? - Perguntei desacreditado e minha irmã sorriu em escárnio.- Diego, você é a pessoa mais indiferente a alguns assuntos que conheço, mas não quando esse assunto se trata de Erick Drummond. - Falou como se fosse a coisa mais óbvia do mundo e a olhei com o cenho franzido em confusão. - Você só fica desse jeito quando ele fala ou faz algo que te atinja diretamente. Então, o que foi desta vez? - Completou me deixando pasmo, não melhor, me deixando perplexo.
Sua fala me fez pensar ainda mais sobre uma questão terrível para mim.
Erick realmente tem todo esse efeito em mim? Ou sobre mim?
Encarei Letícia por alguns instantes, seus olhos pareciam ler minha alma. Não quero falar para ela sobre o que aconteceu entre Erick e eu, conhecendo-a como conheço, minha irmã iria tirar sarro de mim pelo resto da vida.
Porém, aquilo estava me consumindo por dentro e eu precisava falar sobre isso com alguém. Mas esse alguém seria minha irmã?
Percebi que estava fazendo o mesmo questionamento de minutos atrás. Minha mente estava tão confusa e bagunçada que me questionar sobre tudo era a única forma de, talvez, ser coerente e não perder a razão.
Abri a boca para falar para ela, mas as palavras não saiam, ficavam presas na garganta como espinhos perfurando dolorosamente aquela região. Por fim, suspirei e neguei com a cabeça.- Não foi nada, já disse, estou somente muito cansado. - Falei olhando novamente para o lado de fora da janela do carro. - Só quero chegar logo em casa e dormir.
- Certo, não me fale se não quiser, mas sei que tem caroço nesse angu. - Disse ela e suspirei em alívio por Letícia não me pressionar a falar.
Chegamos em casa, subi para o meu quarto, tomei banho e me joguei na minha cama, depois de me vestir, é claro.
Para a minha total não surpresa, não consegui dormir, o motivo não preciso citar, não é mesmo?Toda aquela cena rodeava minha mente diversas vezes e estava a ponto de me enlouquecer e eu ter que gritar em voz alta para minha mente calar a boca, mas sei que mesmo assim não iria resolver. Esta noite foi de muitas informações para mim.
Literalmente, o cara que desde que me conheceu foi um babaca comigo, disse que, fazia tudo aquilo para ter minha atenção e me BEIJOU.
E EU RETRIBUÍ!!!
O toque de seus lábios nos meus não saia da minha cabeça e a mera lembra disso fazia meu corpo arrepiar e minha barriga gelar.
Suspirei frustrado, rolei na cama e fechei os olhos com força.
- Você precisa dormir e esquecer que isso aconteceu. Por favor, Deus, que Erick esqueça disso. Que ele tenha bebida bastante e esqueça. - Rezei, sim, eu estava rezando.
Mas não foi de grande ajuda para minha mente inquieta, porque a voz Erick vinha em minha mente:
"Será que você nunca percebeu que tudo o que fiz, foi para chamar sua atenção?"
"Tudo aquilo foi para você me notar."
- Eu vou ficar maluco. - Falei ao me sentar na cama de forma abrupta. - Merda! - Exclamei me levantando e indo em direção ao quarto de Letícia.
- Preciso falar com você ou eu vou enlouquecer.
Abri a porta do seu quarto de supetão, Letícia estava deitada e me olhava com a expressão de espanto.
- Que susto, Diego. - Ela disse sentando na cama e me olhou com as sobrancelhas levemente franzidas. - Agora calma e me conta o que aconteceu. - Pediu.
- Aquele idiota do Erick me beijou, depois de dizer que era um completo escroto comigo porque queria minha atenção e eu estou enlouquecendo. Ele não tinha direito nenhum de fazer o que fez, simplesmente me jogou essa na cara e ainda me beijou e o pior de tudo isso é que eu ainda retribuí. - Falei tudo tão rápido que parecia até um rapper e por fim puxei ar para os pulmões. Minha irmã me olhava em um misto de choque, confusão e incredulidade. Exatamente nessa ordem, parecia que seu cérebro estava processando tudo de forma meio lenta.
- Calma aí, deixa ver se eu entendi direito. O Erick, o cara que você não suporta ou suportava chegar perto de você, te beijou e você retribuiu, é isso? - Perguntou calmamente.
Como ela consegue estar tão calma? Pensei irritado.
- Sim! - Exclamei exageradamente puxando alguns fios de cabelos e comecei a andar de um lado ao outro.
- Calma irmão, senta aqui e me conta tudo. - Falou apontando a sua cama e assim o fiz.
Contei tudo à ela, como Erick entrou no banheiro e disse que eu estava deslumbrante, que ele ficou me olhando quase a festa inteira e a forma como estava me olhando até o momento que disse para mim que tudo que fez foi para ter minha atenção, o beijo e como saí correndo depois do ocorrido.
Quando terminei de contar, Letícia estava com a expressão chocada e até mesmo pasma, eu diria.
Suspirei em alívio por falar aquilo para alguém parecia que um peso saiu de minhas costas.
- Para ser sincera, a surpresa é você não ter percebido isso antes irmão. - Letícia falou para o meu total colapso nervoso e desespero.
- O quê?
- Era meio óbvio toda essa obsessão dele por você desde sempre.
- Como assim Letícia?
- Diego, vai me dizer que você nunca percebeu como o Erick olhava para você? - Perguntou incrédula e neguei com a cabeça.
- Claro que não! Para mim, Erick, só me olhava com sarcasmo e escárnio, as vezes com ódio. - Disse eu como se fosse o óbvio. Minha irmã riu em escárnio e disse:
- Não, não somente esses olhares. Mas o de desejo toda vez que vocês ficavam no mundinhos de vocês. Sem contar que Erick não suporta que qualquer outro cara chegue muito perto de você. Ele não só tira sarro de você, mas deseja também. Agora você conta isso e me deixa com pena de você por ser tão cego e burro de não ter percebido isso antes. - Falou ela e suspirei resignado. Fiquei calado por alguns instantes pensando em tudo o que ela havia dito. Lembrei de todas as vezes que ficávamos muito próximos um do outro, sempre alguém dizia que havia uma tensão sexual entre nós e recentemente Erick olhava para Calebe como se quisesse o matar toda vez que estava próximo de mais de mim.
Mas isso pode não dizer nada, não é?
- Acho que não Letícia, ele só estava tirando uma com minha cara como sempre fez. Minha irmã bufou em frustração e me deu um tapa na cabeça.
- Ai!
- Meu Deus, mas é uma mula mesmo hein. - Falou com indignação. - Erick goste de você Diego e isso ficou claro para mim quando ele veio aqui fazer aquele trabalho. - Completou meio impaciente e neguei com a cabeça.
- Como assim?
Não entrava na minha cabeça de forma nenhuma que Erick poderia está gostando de mim, ou, sequer está apaixonado por mim. Talvez eu não quisesse aceitar isso no momento por tudo o que ele me fez no passado e também por puro orgulho.
É muito fácil as pessoas que estão de fora verem algo rolando entre duas pessoas, mesmo que estas não estejam percebendo, mas acho que esse não é o caso porque eu obviamente perceberia, ou não? Provavelmente não e hoje é a prova disso
.
Como eu odeio ser lerdo, quando mais preciso meu brilhante cérebro não me ajuda.
- Simples Diego, seu grande tapado, a forma como ele te segurou para não cair quando estava dando um chilique desnecessário, como olhou para você aquele brilho meloso de quem está caidinho por alguém, como ele nem se importou quando o perfil de fofoca colocou uma mira nas costas de vocês para os fãs dele que a proposito fazem livros sobre vocês, recomendo que leia, as crises de ciúmes quando aquele seu amigo, Calebe, está perto de mais e qualquer outro cara e por último aquele olhar de quem está pronto para te beijar a qualquer momento. - Leh disse cada palavra me olhando nos olhos e engoli em seco ao perceber que ela estava certa sobre tudo o que disse, não havia dúvidas de tudo aquilo, eu só não queria aceitar, de fato que, meu inimigo declarado e tirador da minha paz, estava realmente APAIXONADO por mim. - Para você entender melhor irmão, Erick é completamente apaixonado por você.
A cada palavra que Letícia liberava eu dizia internamente:
Não fala.Não fala.Não fala.Não fala.
Mas não teve outro jeito, ela falou o que eu não queria assumir para mim mesmo e até minha mente começou a enxergar tudo melhor, na verdade, eu estava conseguindo ligar todos os pontos.
O que me fez lembrar que Nathy foi a primeira a falar isso, que Erick poderia está apaixonado por mim. No final, minha amigo sempre esteve certa.
Maldita boca suja daquela o qual tenho que chamar de amiga.
Suspirei pesadamente, me joguei na cama da minha irmã escondendo o rosto com o travesseiro e murmurei:
- Nãããão, isso não.
- E eu acredito que você sente o mesmo. - Minha irmã disse sem me olhar, pois estava vendo algo em seu celular.
Olhei para ela e neguei com a cabeça.
- É claro que não!
Letícia deu um sorriso anasalado e me encarou incrédula e totalmente irônica.
- Diego, por qual outro motivo você iria retribuir o beijo dele então? - Perguntou me encarando, abri a boca para protestar sobre isso, porém mais uma vez as palavras morreram na garganta e enterrei o rosto no travesseiro novamente.
Não havia argumentos, eu queria aquele beijo tanto quanto Erick, queria sentir seus lábios nos meus, saber qual era a sensação de ser beijado por Erick Drummond, o grande astro da Academia Atlas e o popular da internet. Aquele que faz milhares de fãs da sua rede social suspirarem somente com uma simples foto.
Eu tentei fugir, mas no fundo queria aquele beijo desde o momento na loja da irmã dele. Não havia como negar, se era um fato verdadeiro.
- A forma como você reagia à ele, sempre na defensiva, mas depois dessa aproximação você começou a reagir diferente. É como se vocês dois se atraíssem um para o outro e a forma como você corresponde à ele deixa claro que você também sente algo pelo Erick, mas a sua armadura contra aquele cara e o seu orgulho te deixaram cego sobre os seus verdadeiros sentimentos. - Falou se deitando ao meu lado e acariciou minha nuca com cuidado. Olhei para ela sem reação alguma, como Letícia sabia tanto sendo apenas uma adolescente de quinze anos? Sua observação sobre Erick e eu foi... assustadoramente correta.
- Eu não quero. - Murmurei choroso.
- Irmão, eu sei que é difícil se dar conta assim tão de repente dos seus verdadeiros sentimentos, mas você não pode, simplesmente, se negar a isso porque será ainda pior se tentar fugir. - Falou me olhando de forma meiga. - Sei que você e aquele idiota tem um passado bem conturbado, tudo o que ele fez você passar e todos os traumas que causou em você ainda machucam bastante. Mas não negue os seus sentimentos, é pior. O melhor de tudo Diego é vocês conversarem sobre tudo isso, colocarem os pontos nos is e resolverem tudo isso de uma vez. - Completou com a voz serena e a olhei admirado.
- Quando você cresceu tanto? - Perguntei em um sussurro, minha irmã sorriu e respondeu:- A vida me ensinou bem cedo que perder alguém que você ama, dói bastante. - Falou com os pensamentos distantes e eu sabia onde eles estavam indo. Há cinco anos atrás minha irmã perdeu o seu gêmeo, a sua outra metade, como ela diz. Seu nome era, Lohan, os dois viviam grudados, eram como unha e carne. Mas um dia, naquele maldito dia, ele se foi para sempre. Porém, esse assunto é doloroso de mais para ser dito assim, como um mero pensamento.
- Sabe que te amo, não é? - Perguntei a olhando e ela assentiu com um sorriso de lado.
- Claro que ama, quem mais você amaria? - Perguntou cínica. - Ah claro, tem o Erick. - Falou brincalhona e revirei os olhos negando com a cabeça.
- Para. - Falei derrotado e a carícia na minha nuca voltou.
- Diego, nossa mãe costuma dizer que...
- Nada é tão complicado que não possa ser resolvido, a não ser a morte.
Completei sua fala e suspirei mais uma vez virando o meu rosto para o outro lado.
- Mas tudo tem o seu tempo irmão, então quando você estiver preparado para ter essa conversa não hesite. - Falou em um sussurro e murmurei uma afirmação.
Ela estava certa, aquilo aconteceu realmente não tinha como fugir, entre Erick e eu havia uma atração evidente para todos, menos para mim que sou lerdo, mas ela estava ali, talvez sempre esteve.
Porém, o que eu ouvi hoje e o que aconteceu hoje não tira o fato de todo o mal que aquele babaca me causou, mas era bem evidente que eu queria aquele momento e aparentemente Erick tanto quanto eu.
Preciso somente colocar os pensamentos em ordem, a realidade veio a mim como um soco nada sutil na face e me deixou atordoado e sem saber como reagir. Minha irmã estava certa quando disse que tudo pode ser resolvido, mas eu ainda tenho o meu orgulho e me conhecendo bem não vai ser assim tão fácil aceitar tudo isso.
Mas é no meu tempo, eu preciso mais do que nunca desse tempo. Pensamentos não mudam do dia para a noite e sentimentos, por mais fortes que sejam, as vezes podem ser sufocados. A carícia de minha irmã estava muito boa, essa conversa com ela me deixou bem mais tranquilo, saber que Letícia não fez o que eu esperava que fizesse, ou seja, tirou sarro de mim, me surpreendeu bastante. Ficamos em silêncio depois de tudo e aos poucos meus olhos foram ficando pesados e mais pesados até o momento em que me entreguei ao sono.
******
O final de semana passou mais rápido do que imaginei, para ser sincero queria que demorasse um pouco mais, teria que encontrar Erick na escola hoje. Não me sentia pronto para olha-lo diretamente, mas também não gostaria de faltar a escola por este algo. Também não poderia me esconder para sempre, afinal uma hora ou outra teria que enfrentar o moreno de frente, o pior é que agora estamos na mesma turma e sentamos ao lado um do outro.
- Diego, você pode comprar razão para o cãozinho do seu irmão quando estiver voltando para casa querido? - Minha mãe me tirou dos meus devaneios e sorri confirmando com a cabeça.
- Ah, sim, claro mãe pode deixar. - Falei dando um beijo em seu rosto e fui em direção a saída. - Vou indo, beijos. - Me despedi.
- Obrigada meu filho. Vá com cuidado. - Se despediu de mim e assim fui em direção ao meu inferno semanal encontrar o meu demônio pessoal.
O trânsito estava meio caótico hoje, houve um acidente algumas ruas de onde eu morava, algum motorista bêbado bateu em outro carro, por sorte não houve mortes, mas ainda sim a irresponsabilidade de alguns motoristas me assustam.
Este tempo também me ajudou a pensar em uma forma de ficar alguns metros de distância de Erick, não estava pronto para tê-lo tão perto de mim. O acontecido de Sábado a noite ainda estava fresco na minha memória.
Além disso, ele me mandou uma mensagem o qual não respondi, na verdade só li pela barra de notificação.
"Precisamos conversar sobre o que aconteceu entre nós, mas saiba que
nada do que eu disse foi mentira. Por
favor, me permita ir até a sua casa para conversamos?! "
Claro que não teve resposta, não seria apropriado no momento, minha mente estava em processo de organização e vê-lo só tornaria tudo mais complicado. Não quero falar sobre isso ainda, não com ele pelo menos.
Quando me sentir pronto, ou quando Erick iniciar esse assunto porque eu não teria coragem para iniciar isso, acho. Na verdade ainda estou bem confuso, em um momento quero e outro não.
Minha razão diz uma coisa e a emoção, bem, diz outra. Para mim ele nunca me veria dessa forma, mas quão enganado eu estava, não é?
Cheguei na escola olhando para todos os lados como um fugitivo, todos estavam olhando para mim e isso me fazia pensar que todos eles já sabiam do que havia acontecido.
Será que Erick havia falado algo? Ou alguém viu? Será que alguém surgiria na minha frente gritando:
"Te pegamos otário!"
E todos iriam rir de mim, eu iria tentar fugir das zoações, acabaria me desequilibrando, cairia na frente de todos e mais pessoas iriam rir de mim.
Apertei a alça da mochila com mais força do que o necessário e vi algumas pessoas cochichando uns com os outros e olhavam para mim. Alguns menos discretos até apontavam em minha direção. Senti meu rosto queimar e engoli em seco.
- Diego?
Dei um leve pulo em susto e olhei em direção a minha amiga que me olhou confusa devido a minha reação.
- Oi Nathy. Tudo bem? - Perguntei após limpar a garganta e sorrir para ela.
- Está tudo bem pergunto eu. Aconteceu alguma coisa? - Perguntou levemente desconfiada e senti o nervosismo tentar me dominar.
- Não, por quê? - Gaguejei e comecei a esfregar o dedo maior e o dedão da mão de forma frenética e nervosa.
- Porque você estar agindo estranho. - Disse minha amiga segurando minha mão fazendo eu parar com o movimento nervoso. - Está tudo bem mesmo? - Perguntou e assenti.
- Só muita atenção voltada para mim hoje. - Falei apontando com a cabeça as pessoas, Nathy sorriu alegremente.
- Melhor se acostumar amigo, você é um cheerleader agora, além disso aquela apresentação de Sábado que o Calebe e você fizeram lindamente foi muito comentada entre todos. Isso é ótimo. - Falou de forma animada, sorri para sua animação e suspirei em alívio ao saber que não tinha nada a ver com o beijo entre Erick e eu. - Ah amigo, amanhã vai ter reunião da equipe para acertarmos tudo sobre os ensaios e...
Naquele momento meus olhos encontraram os dele, Erick estava entrando lindamente, como sempre, na escola. Senti minha boca secar rapidamente, minha barriga gelar e o nervosismo fazer minhas pernas ficarem levemente bambas. Seus olhos estavam fixos em mim como um falcão que olha sua presa e estava cada vez mais próximo de dar o ataque fatal.
- Nathy, vamos indo sim? Você me fala no caminho. - Falei apressadamente e puxei minha amiga pelo braço.
- Nossa que pressa é essa garoto? - Perguntou sem entender nada do que estava acontecendo.
- Pressa? Não estou com pressa. - Falei literalmente puxando ela pelo braço enquanto estávamos quase correndo pelo corredor.
- Tudo bem Diego, o que está rolando? - Perguntou desconfiada e neguei com a cabeça.
- Nada ué, só não quero me atrasar para aula. - Falei olhando para trás para ver se Erick havia sumido do meu campo de visão. Nathy acompanhou meu movimento e me olhou questionadora.
- Diego, você acha que nasci ontem? Vamos me fale de quem você está fugindo?
- Fugindo? Eu não estou...
- Diego. - Falou meu nome me olhando de forma cética e suspirei parando de puxa-la ao olhar para trás e não ver mais o moreno. - Vai me falar agora ou vou precisar pressionar mais? Nathy cruzou os braços, arqueou uma sobrancelha e esperou pela minha resposta.
- Certo, eu vou falar para você, mas não vou explicar agora, okay?
- Acho que pode ser, por enquanto.
- Erick e eu nos beijamos. - Falei bem rápido e em um tom que somente ela poderia ouvir.
- O QUÊ? - Gritou chamando a atenção de todos ao nosso redor e fiz um sinal para ela ficar calada. - Como assim vocês se beijaram? Onde isso? Quando? Que horas? Que momento? Onde eu estava que não vi? Como aconteceu? Pera, o quê?
Nathy me bombardeou de tantas perguntas de uma só vez, sua expressão era cômica e neguei com a cabeça.
- Como eu disse, explicação depois.
- Ah não, você vai me contar isso agora. - Disse Nathy negando com a cabeça de forma exagerada. - Desembucha Diego. - Pediu estalando os dedos e me olhou em expectativa.
- Agora não caramba, não aqui. Aguenta essa curiosidade mais um pouco.
Minha amiga bufou indignada e revirou os olhos.
- Não acredito que você me solta uma dessas e me pede para esperar, eu sou fofoqueira, quero detalhes para ontem.
- Se você esperar vai ter tudo em primeira mão, agora vamos. - Falei puxando ela pelo braço novamente. Minha amiga foi o caminho todo reclamando e falando o quanto eu era mal por não contar os detalhes para ela.
- Se você pensa que vou deixar você em paz sobre isso, você está muito enganado senhorzinho. - Falou Nathy antes de nos despedirmos para entrar na sala de aula, afinal, estudamos em classes separadas.
- Prometo que conto tudo depois amiga.
- É bom mesmo hein. Se não arranco a força de você.
- Está bem, está bem. Agora vai para sua classe que estou indo para minha.
- Eu odeio você garoto, vai me deixar na curiosidade metade do dia. - Disse ela fazendo drama e sorri negando com a cabeça.
- Até depois Nathiellyn. - Falei seu nome inteiro e a suas narinas dilatarem minimamente. Ela odeia o nome dela, quer fazer minha amiga esquecer qualquer assunto que seja, chame-a pelo nome completo.
- É Nathy, seu bocó, só Nathy. - Reclamou me dando um tapa leve no braço.
- Tchau!
Entrei na sala de aula, mas não antes de ouvir outra reclamação da minha amiga:
- Seu amigo péssimo.
Sorri divertido com o seu drama, olhei para minha carteira e estava vazia. Menos mal, Erick ainda não chegou ainda me dar um tempo para fugir de sentar ao lado dele. Andei até uma de minhas colegas de classe, Júlia, seu nome.
- Oi Júlia, você, por acaso, gostaria de trocar de lugar comigo? - Perguntei de uma forma quase suplicante, Júlia me olhou por alguns instantes e depois olhou para o seu colega ao seu lado que deu de ombros.
- O Erick vai sentar lá? - Perguntou esperançosa e um sorriso tímido.
- Com certeza. - Afirmei imediatamente e sorri para ela que mordeu os lábios em excitação e assentiu de forma frenética.
- Então, está bem. - Falou se levantando do seu lugar, recolheu suas coisas de forma rápida e foi até ao meu assento.
- Licença, é Vítor, certo? - Perguntei ao carinha que seria meu parceiro naquele dia, ele me olhou e assentiu em confirmação. - Prazer Vítor. - Estendi a mão e o mesmo apertou com um sorriso de lado.
- Prazer Diego. - Falou ele e logo voltamos ao nosso foco.
No meu caso era fugir de Erick, mas assim que ele entrou na classe seus olhos foram direto para nossa carteira e viu que eu não estava lá. Sua expressão foi de confusão e irritação ao mesmo tempo. Logo seus olhos encontraram os meus e sua expressão suavizou.
- Não faz isso. - Sussurrei em desespero ao ver que Erick vinha em minha direção, comecei a balançar a perna de nervosismo quando ele passou reto pelo assento ao lado de Júlia que me olhou sem entender nada e parou bem próximo ao meu.
Não levantei a cabeça para olhar ele, porque nesse momento eu estava quase tento um ataque nervoso.
- Vaza!
Ouvi sua voz dar o comando para Vítor, prendi a respiração de nervosismo e pedi internamente para que o cara ao meu lado não saísse.
- Mas cara, esse é o meu lugar você...
- Eu disse, vaza!
Sua voz ficou mais grave, senti meus pelos se arrepiarem, minha barriga gelar e minha respiração ficou levemente ofegante.
Não tive ação para fazer nada, fiquei totalmente imóvel em meu lugar. Vítor bufou e a contragosto pegou suas coisas indo sentar ao lado de Júlia que me olhou irritada. Maldito Erick.
Ele sentou ao meu lado calmamente e me olhou, porém não o olhei de volta. Mantive minha cabeça fixa para frente assim como meus olhos, porém, o filho da mãe, segurou meu queixo e me fez olhar em sua direção. Erick sorriu de lado e negou com a cabeça.
- Você não respondeu minha mensagem.
É, parece que não vou conseguir fugir de Erick como imaginei.
XX~~XX
Olá pessoal, tudo bem? Então cheguei com mais um capítulo aqui para vocês, confesso que, ao meu ver, não ficou um dos melhores, me desculpem por isso prometo corrigi-lo futuramente, mas gostaria de saber a opinião de vocês, o que estão achando da história até aqui? Sejam sinceros hein! Vocês podem interagir tanto comentando, curtindo e se gostarem muito podem até compartilhar com o amiguinho, isso me ajudaria bastante viu!
Mas desde já agradeço a todos que estão lendo essa obra. Fico muito grato, de verdade, por cada pessoa que tira seu tempo para ler este livro que é feito com muito amor, carinho e esforço. Muito obrigado mesmo!
Também quero dizer que em breve um novo livro estará chegando aqui no meu perfil, mas não vai ser por agora de imediato irá demorar um pouquinho mais, este outro livro também assim como esse estar quase concluído, espero muito que vocês possam ler, porque é realmente incrível. O livro será de fantasia sobrenatural então quem gosta dessa categoria já fiquem atentos.
Aviso também que irei tentar ser mais ativo aqui nas atualizações dessa obra, pois quero finaliza-lo logo, então TALVEZ saia um capítulo todo sábado, mas percebam que é um grande talvez, sim? As vezes chego bem cansado do trabalho e só quero tomar banho e dormir. Mas irei tentar, tudo bem?!
Sem mais avisos por agora, até o próximo sábado meus caros leitores e leitoras.
Beijos do Victório!!
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