NUNCA EXISTIU...
NÃO REVISADO
DIEGO
Olhei em seus olhos para ter a certeza de que ele realmente havia dito aquelas palavras. Erick tocou em meu rosto suavemente, respirei fundo para controlar minhas emoções que estavam quase em descontrole, porque o dia já foi cheio e ainda isso para completar todo o desastre?
- Como assim? - Perguntei em um fio de voz, ele suspirou e entrelaçou nossos dedos. Meu coração batia descompassado em meu peito, uma sensação que nunca antes eu havia sentido estava se alastrando por todo o meu interior. Não sabia explicar em palavras, mas tal sentimento me fazia implorar mentalmente para que aquilo não fosse real. Que o seu pedido fosse somente algo imaginário da minha mente frustrada e cansada.
- Diego, precisamos fazer isso.
Afastei minhas mãos das suas, encarei o moreno a minha frente e neguei com a cabeça.
- Por quê? - Perguntei, ainda não querendo crer que aquilo estava realmente acontecendo.
Quando tudo parecia que estava indo bem. Logo quando Erick conseguiu conquistar minha confiança e me deu a certeza de que realmente queria tudo aquilo estava acontecendo em nós.
Ele passou a mão pelo rosto inquieto, como se estivesse algo o incomodando, mas ele não queria me falar. Por que ele não me fala? Senti minha boca secar e rapidamente meus olhos começaram a arder.
- Por quê?? - Perguntei novamente ao não ouvir resposta para minha pergunta anterior. Olhei no fundo dos seus olhos em busca de qualquer sinal de que aquilo poderia ser uma brincadeira, porém não notei algo que me desse tal sinalização. - Erick, só me diz porquê.
Erick engoliu em seco, seus olhos desviaram dos meus e segurei seu queixo trazendo seus olhos para os meus novamente. Por fim, ele suspirou pesadamente e falou:
- Vai ser melhor assim, por favor, confie em mim. - Ele pegou minha mão e deu um beijo singelo. - Estou protegendo você, Diego. - Falou com um ar de tristeza. Franzi o cenho e mais uma vez neguei com a cabeça.
- Me protegendo, de que exatamente? - O olhei suplicante, precisava saber a motivação dele para romper aquilo. Erick, ficou calado novamente e isso me deixou chateado. - Erick, eu não preciso de proteção. Sei me defender muito bem sozinho, não preciso que você tome uma atitude precipitada, por causa de algumas poucas palavras de ódio. Você acha mesmo que sua mãe me assustou com aquele discurso? Já passei por coisas bem piores que aquilo. Não vai ser uma velha, com todo respeito a sua mãe, que vai me fazer recuar assim tão fácil. - Tagalerei, o moreno me encarou por alguns segundos e vi o vislumbre de um sorriso em seus lábios. Acho que foi pelo fato de que chamei a mãe dele de velha.
- Diego, você precisa entender que minha família é complicada demais. Sei que você é forte para um caralho e que não abaixa a cabeça tão facilmente, digo isso por experiência própria, mas é complicado. - Explicou com as mãos unidas as minhas, mas suas palavras não me faziam tanto sentido. Como assim era complicado? Por que era complicado? Quão complicada era sua família?
- Olha, eu sei que pode ser complicado, mas nada que não possamos lidar, Erick. - Levantei de onde estava sentado e comecei a andar de um lado ao outro no quarto. - Se fomos ficar tão apreensivos por cada obstáculo que aparece em nossa frente nós nunca vamos viver nada. Se pararmos por cada pessoa que quer nos impedir de sentir ou viver algo ou com alguém, nunca iremos a lugar nenhum. - Eu disse, ainda andando de um lado ao outro porque dentro de mim havia um misto de sensações que não conseguiria ficar parado. Enquanto falava, meus olhos estavam sempre em Erick que olhou para mim atentamente.
- Mas, Diego, meus pais...
- Seus pais são uns otários, me desculpe de novo, mas estou uma pilha de nervos. - Erick deu de ombros e cocei a nuca. - Nós chegamos até aqui. Você chegou até aqui, Erick. Quer mesmo desistir? - Perguntei, parando para encara-lo e o moreno me olhou com confiança e negou com a cabeça.
- Não, claro que não.
- Então, por que você quer terminar com o que temos?
- Porque meus pais são malucos, você não sabe do que eles são capazes, Diego. Aqueles dois são capazes de tudo para manter aquela fachada de boa aparência. Você nem faz ideia do quanto. - Decretou, se erguendo e vindo em minha direção. Seus olhos transmitindo um sinal de puro de frustração e agonia como antes.
Ao falar essas palavras, ouvi um suspiro sair de seus lábios e foi eu quem tomou a iniciativa de abraça-lo. O puxei para perto e deixei que ele encostasse seu rosto em meu ombro. Massageei suas madeixas com carinho e cuidado.
- Erick, eu não quero desistir do que temos, não quando ainda temos tanto para descobrir um sobre o outro. - Seu aperto ao redor da minha cintura aumentou e o senti inalar meu pescoço com um pouco a mais de profundidade.
- Eu só não quero que você se machuque. - Falou, sua voz abafada devido a sua posição, senti meus pelos arrepiarem com a proximidade de sua boca em meu pescoço.
- Não vou me machucar, e mesmo que tenha que me machucar que seja lutando e não desistindo. - Eu disse, a confiança em minha voz surpreendeu até a mim mesmo. Erick quebrou o abraço para me olhar e disse:
- Gosto da sua confiança e coragem.
- Você não viu nada meu amor.
Os olhos de Erick brilharam e um sorriso bobo nasceu em seus lábios. Franzi o cenho com sua expressão e quando fui perguntar o que havia acontecido sentir seus lábios tomarem os meus com urgência. Mas por quê?
Me entreguei ao momento, porque Erick me beijou com vontade e desejo. Nossas línguas lutavam entre si, porém, mais como uma dança muito bem sincronizada e deliciosa. Suas mãos começaram a explorar meu corpo de forma nada discreta, e como não sou nada bobo usei esse momento para levar minha mão até suas costas, e arranhar leve e lentamente. Ele mordeu meu lábio inferior ao mesmo tempo que apertou uma das minhas nádegas e foi impossível não soltar um gemido entrecortado.
- Então, isso quer dizer que não estamos desistindo? - Perguntei, quando quebramos o beijo. Erick assentiu e selou nossos lábios brevemente.
- Sim, isso quer dizer que não estamos desistindo. - Afirmou com determinação em seu tom. Sorri para ele e foi eu quem selou nossos lábios em um beijo breve desta vez.
- Muito obrigado.
- Pelo quê?
- Por não desistir de nós.
Seu sorriso foi a coisa mais linda que já presenciei até aquele momento, porque seus olhos fecharam levemente e o som do seu riso foi incrível.
- Quem tem que agradecer sou eu. Você me deu a coragem necessária para não desistir de nós. - Ele disse, neguei com a cabeça.
- A coragem já estava aqui. - Apontei para o seu peito. - Só precisava de um bom discurso de incentivo. - Falei com um pouquinho de achismo em meu tom. O sorriso ladino de Erick se fez presente em seus lábios.
- O ego crescendo, não é?
- Ego? Eu? Cale a boca.
Rimos com nossas falas e o abracei mais uma vez. Senti a calmaria em meu peito após sua afirmação. Sorri incrédulo alguns segundos depois e Erick ergueu a sobrancelha em minha direção questionador.
- O que foi?
- Nada não.
- Vamos, o que você pensou? - Perguntou com curiosidade e mordi o lábio cogitando não falar o que passou pela minha mente. Neguei com a cabeça. - Vamos, me fala.
Após sua fala, o moreno começou a fazer algumas cocegas em mim, o que me fez gargalhar em desespero e tentei me livrar dele.
- Tudo bem, eu falo. - Eu disse ofegante e ele me olhou com curiosidade. - Só pensei que, até alguns meses atrás eu não suportava você e agora veja onde estamos.
Erick assentiu em compreensão e beijou meu pescoço. Senti meus pelos do corpo eriçarem e soltei um riso fraco.
- Na verdade, você já me amava, só não queria assumir. - Falou de forma divertida. Joguei a cabeça para trás em uma gargalhada e o encarei com ceticismo.
- Tem certeza que era eu?
- Claro, você estava implorando por mim minutos atrás. - Ele disse, com aquele tom que antes me deixava maluco e louco para dar-lhe um soco no rosto, mas agora era somente um tom de provocação do qual consegui ver o seu verdadeiro sentido. Abri a boca chocado e cerrei os olhos em sua direção.
- Está bem, deixo você vencer essa, mas somente dessa vez. - Falei, Erick assentiu e me deu mais um selinho rápido.
- Mas, sério, ainda estou preocupado. - Erick disse, quando voltou seus olhos para mim. Neguei com a cabeça e disse:
- Não se preocupe, vamos enfrentar isso juntos. Não tenha medo por mim. Vamos vencer essa.
O moreno me olhou por alguns segundos, pude ver o brilho receoso em seus olhos castanhos e olhei para ele com firmeza.
E, sei que já disse isso, porém tenho que repetir, o destino faz suas artimanhas, e seus jogos, mas no final sempre dar certo. Nunca imaginei que estaria desta forma com Erick, me envolver romanticamente com ele então? Nunca! Porém, aqui estamos aos beijos e prometendo não desistir por causa da família louca, palavras de Erick e não minhas, dele.
Por fim, o mais alto sorriu de lado e assentiu. Seus olhos agora transbordando confiança.
- Mas, preciso perguntar algumas coisas. - Eu disse, ele cerrou os olhos levemente e disse:
- Pergunte, meu bebê.
Fiquei surpreso com o apelido repentino, franzi o cenho e neguei com a cabeça.
- Isso é novo. - Falei timidamente e o mesmo deu de ombros.
- Você me chamou de amor, então é justo.
Arregalei os olhos levemente, eu realmente havia o chamado, porém só me dei conta agora porque ele disse. Uau! Saiu de uma forma tão natural que nem me dei conta no momento que saiu da minha boca.
- Ah, então 'tá bom.
- Mas, pergunte. O que quer saber?
- Por que você agrediu o Caio? E sobre o que o seu pai envolveu você ou queria envolver?
Erick ficou em silêncio olhando para mim, soltou-se do abraço e foi sentar na cama mais uma vez.
- Sobre isso. - Coçou a sobrancelha com o mindinho. Ele ficou desconfortável, porém a primeira pergunta me envolvia, mas se ele quisesse não responder a segunda pergunta seria algo que eu entenderia, porque pode ser extremamente pessoal, mas gostaria muito de saber mais sobre aquela agressão. - O Caio, foi um babaca, teve o que mereceu. Ele estava apostando com aquele outro amigo dele, que só não apanhou também porque não encontrei ele no dia, quem ficaria com você primeiro. Não só isso, falaram que, quem ficasse primeiro teria que mostrar uma prova. Você sabe que tipo de prova é essa. Foto ou vídeo do ato. Então, como sou uma pessoa muito boa e gentil, quebrei a cara de um deles. Sabe, para deixarem de ser babacas e deu certo. - Falou, com o tom ameno, como se não tivesse feito uma barbárie. Ergui as sobrancelhas em surpresa e fiquei chocado ao saber dessa aposta.
- Então, não foi porque eles conseguiriam meu número de telefone. - Murmurei com os olhos vagando por nenhum lugar especifico.
- Ah, foi por isso também.
A voz tranquila de Erick me tirou dos meus pensamentos e o olhei com os olhos julgadores.
- O quê? - Perguntou ele ao ver meus olhos em sua direção. - Nem eu tinha seu número, por que eles teriam?
- Ciúmes?
- Não, justiça.
- Você é terrível, Erick. - Falei enquanto negava com a cabeça, o dito cujo deu de ombros e sorriu cafajeste em minha direção.
- Mas, você ama, né? - Ele perguntou, seu tom carregado de provocação. Neguei com a cabeça e falei cruzando os braços:
- Isso não vem ao caso.
- Isso, com certeza, vem ao caso. - Falou, se erguendo novamente de onde estava sentado e veio até mim. - Vamos, quero ouvir você dizer que me ama.
- Nunca!
- Ah é, mesmo.
- Sim.
- Diego, eu vou fazer você falar que me ama, cedo ou tarde.
- Boa sorte, tentando.
- Isso é um desafio? - Perguntou com os olhos cerrados e um sorriso maroto em seus lábios. Dei de ombros.
- Talvez.
- Huum... gosto de um desafio. - Falou com a voz rouca e um sorriso cínico em seus lábios. O olhei provocativo e disse no mesmo tom:
- Eu também.
Ele selou nossos lábios em mais um beijo, que devo dizer, me deixou de pernas bambas e com o corpo pulsante. Se é que me entendem.
- Mas, responda se quiser, tudo bem. - O olhei em seus olhos quando quebramos o beijo. - O que houve entre você e seu pai? No dia em que você surtou comigo.
- Uau! Me chamou de surtado de graça, obrigado.
- Eu não menti, de toda forma. - Eu disse ao dar de ombros e ele assentiu afetado.
- Podemos não falar dele, por favor? - Pediu e eu prontamente assenti. - Aquele homem é um assunto delicado. Acho que não estou pronto para envolver você nisso tudo. Não agora. Tudo bem? - Falou, seu tom me deixou em alerta, mas assenti porque como já havia dito, assunto sensível.
- Tudo bem. Eu entendo. Não precisa se preocupar, no momento certo você irá me falar.
- Obrigado, por entender.
- Mas, acredito que teremos que tomar algumas medidas sobre a sua mãe, certo? - Perguntei, já sabendo que teríamos que fazer algo sobre isso. Erick, assentiu meio receoso, mas sabia que teríamos que tomar certas atitudes. - O que faremos?
- Eu não faço a menor ideia. Nunca pensei que ela pediria algo desse tipo para você, mas para mim ela, literalmente, obrigou. - Falou com pesar e, por mais louca que fosse, uma ideia surgiu em minha mente.
- Ela quer que neguemos qualquer tipo de envolvimento, não é? - Erick suspirou irritado e assentiu logo em seguida. Um sorriso nasceu em meus lábios lentamente. - Então, vamos dá o que ela quer. - Falei simplista, o moreno franziu o cenho e me olhou sem entender onde eu queria chegar.
- Como assim, Diego? - Perguntou em dúvida, sorri mais uma vez e falei em um tom bem simples e direto:
- Vamos fingir que não existe nada e nem nunca existiu algo entre nós.
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