FAZENDO O TRABALHO
SEM REVISÃO
DIEGO
Erick e eu estávamos subindo as escadas para ir ao meu quarto, estávamos alguns centímetros separados e minha irmã do seu jeito venenoso, disse:
- Juízo hein meninos, respeitem a mim e ao Guilherme aqui na sala.
Fuzilei a filha da minha querida mãe com os olhos, mas a esperta não nos olhava de volta.
- Relaxa Lêh, não vou foder seu irmão... ainda. - Erick falou para minha total surpresa e choque. Arregalei os olhos brevemente, o olhei com seriedade e dei um soco no seu braço fazendo transformar seu sorriso sacana em uma bela careta. - Au!! - Exclamou.
- Como se eu fosse, algum dia, dar para você. - Falei com convicção e Erick arqueou as sobrancelhas e um brilho perigoso tomou conta dos seus olhos.
- Diego, não cospe para cima que cai na sua cara. - Meu irmão falou me olhando e tive que negar com a cabeça.
- Até você moleque? - Perguntei indignado e Guilherme deu de ombros.
- Uma coisa é certa, nunca duvide de nada. - Disse simplista e bufei. Para quê inimigos, não é mesmo?
Erick sorriu presunçoso e me olhou com divertimento e provocação. Revirei os olhos.
- Quer saber, chega disso. Vamos logo antes que eu desista. - Falei puxando o Erick pela mão em direção ao meu quarto.
Eu só posso ter cometido o pior dos pecados para estar passando por isso.
- Calma princesa, para quê esse desespero, eu sou todo seu. - Falou enquanto eu ainda o puxava. Paramos na porta do meu quarto e o olhei com indiferença.
- Entra logo idiota.
Já dentro do quarto Erick, folgado como é, se jogou na minha cama como se tivesse liberdade para isso. Entortei os lábios involuntariamente e me sentei na minha escrivania onde estava meu notebook. Nem falei nada para aquele folgado, sabia que não iria adiantar de muita coisa mesmo.
- Eu já fiz uma pequena pesquisa sobre o assunto. - Erick falou me surpreendendo, olhei para ele com uma sobrancelha erguida. - Que foi? - Perguntou ao ver o meu olhar sobre ele.
- Nada, só me admira que você tenha pesquisado algo sobre o dever por vontade própria. - Falei e dei de ombros, Erick me olhou, suspirou negando com a cabeça, começou a abrir a mochila e franzi o cenho em confusão. - Que foi? - Foi minha vez de perguntar.
Erick tirou o caderno, me olhou brevemente e abriu o caderno. Eu continuei o olhando esperando sua resposta.
- Você tem uma ideia muito distorcida de mim, não é? - Perguntou me olhando intensamente, entortei os lábios novamente e os mordi logo em seguida.
- Como assim?
Erick suspirou e pareceu escolher as palavras que virião a seguir:
- Você acha que só por eu ser "popular" sou um tipo de parasita que me aproveito da boa vontade e inteligência de vocês nerds. - Falou me encarando e consenti com a cabeça.
- Bem, sim. Mas também não vejo motivo para pensar o contrário, até agora. Além disso, tire as aspas, você não é "popular", você é o fodão do Atlas. Além do mais, você sempre se mostrou, quer dizer, se mostra um idiota completo e com isso a má fama o acompanha. - Disse simplesmente, Erick me olhou com as sobrancelhas erguidas por longos segundos me analisando. E só porque eu estou me sentindo bem falando algumas verdades acrescentei:
- Como você disse para meus irmãos agora a pouco, seu histórico, de idiota presunçoso, condiz com o que eu e muitos outros nerds, como você disse, pensamos sobre você.
Os nossos olhos estavam fixos um no do outro, Erick mordeu os lábios assentindo e suspirou pesado.
- Depois dessa vou até ficar quieto aqui.
E ele ficou quieto mesmo, ficou calado lendo o livro me ajudando silenciosamente a fazer o trabalho. No início foi ótimo todo aquele silêncio, mas chegou um momento que ficou verdadeiramente incômodo. Em algum momento teríamos que nos falar.
Olhei para Erick que estava com cenho franzido em concentração. Dessa forma nem parece que é a personificação do capeta.
- Tem alguma coisa na minha cara princesa? - Perguntou sem tirar os olhos do livro, suspirei com ódio daquele apelido idiota.
- Não, mas vai ter se não parar de me chama de... você sabe. - Disse voltando meus olhos para a tela do notebook e Erick riu em escárnio.
- Na verdade eu não sei não. Você não gosta que eu te chame de princesa? - Falou em provocação, o olhei com seriedade e joguei a caneta que estava próxima a minha mão nele.
- Idiota. - Murmurei mal humorado fazendo o infeliz rir e me olhar fixamente como se pensasse em algo.
- Tem alguma coisa na minha cara? - Perguntei e ele negou. - O que então?
- Só estou pensando. Eu sempre pensei que você fosse virgem. - Falou pensativo e rolei os olhos.
- Sério que vai trazer esse assunto de volta agora? - Pergunto incrédulo.
- Com quem foi? Na verdade, quem foram? - Perguntou me olhando tão fixo e seriamente que senti um frio na espinha.
Sustentei seu olhar sério por alguns instantes antes de desviar, negar com a cabeça e rir em descrença.
- Há muitas coisas que não lhe convém saber sobre mim, incluindo isso. - Falei virando a cadeira para frente do notebook, novamente. Ouvi uma movimentação atrás de mim e ergui uma sobrancelha, na verdade, foi o único movimento que pude fazer, porque no momento seguinte Erick girou a cadeira com uma certa força e me fez o encarar.
Arregalei os olhos, separei levemente os lábios pelo susto, o moreno estava com as mãos no encosto da cadeira, seu rosto a pouquíssimo centímetros do meu e seus olhos fixos em mim. Senti minha boca secar e tive que engolir em seco. Erick estava com aquele olhar determinado, questionador e sério ao mesmo tempo, como ele fazia aquilo? Não tenho ideia.
Ficamos nos olhando não sei por quanto tempo, mas não ousei desviar o olhar, Erick umedeceu os lábios, desviou o olhar para minha boca e senti o seu hálito quente no meu rosto e por puro instinto passei a língua nos lábios também e vi o exato momento em que o moreno travou o maxilar e engoliu em seco. Franzi o cenho com aquela reação senti a mão quente e macia de Erick em meu rosto e senti a maldita vontade de pôr minha mão por cima da dele.
Ele parecia me analisar, agora seus olhos eram tomados por aquele mesmo olhar que não conseguia decifrar. Foi quando me dei conta do que estava rolando ali e balancei a cabeça.
- O que você está fazendo? - Perguntei com a expressão tomada por estranheza e confusão. Erick piscou algumas vezes, retirou a mão do meu rosto, limpou a garganta e se afastou rapidamente.
- Nada.
Foi tudo o que disse antes de sentar na cama novamente e voltar a ler o livro. Aquilo foi, no mínimo, estranho.
Depois daquele episódio estranho, para falar o mínimo, Erick e eu ficamos mais uma vez em silêncio. O ambiente ficou meio tenso depois daquilo, mas como não foi eu que agiu como um esquisito fiquei de boa, desconfortável, mas de boa.
Não ousei sequer pensar no que ocorreu, o melhor era simplesmente ignorar qualquer fio de pensamento sobre aquilo e ponto final. Senti meus olhos lacrimejarem e um pouco de ardência devido ao uso longo das lentes de contato. Seria melhor tirá-las para a irritação não ficar séria.
Levantei da cadeira, Erick ergueu os olhos para mim, mas não o olhei de volta, fui até a mesinha de canto, abri a pequena gaveta, tirei o depósito das minhas lentes junto com a caixa dos meus óculos e em menos de 10 segundos já havia tirado as lentes e colocado os óculos. Guardei tudo no devido lugar e olhei para o outro ser ali dentro do meu quarto que me encarava atento.
- O que foi? - Pergunto o olhando com estranheza, ele piscou e negou despreocupadamente.
- Nada. - Falou dando de ombros. - E já terminei minha parte, veja se lhe agrada. - Disse me estendendo o caderno. Peguei e comecei a ler com atenção.
Li o primeiro parágrafo inteiro, olhei para o moreno que me olhava com a expectativa, mas logo voltei a leitura.
- Tenho que admitir, está ótimo. - Falei não muito feliz porque Erick está quebrando a visão que tenho sobre ele. O dito cujo, sorriu orgulhoso de si mesmo e fingi que não vi aquele sorriso em seu rosto.
- Só vou finalizar minha parte e daremos início a organização dos slides. - Falei lhe dando as costas só que antes que eu sentasse o infeliz simplesmente soltou isso:
- Você fica bem mais bonito com os óculos.
Choque, foi simplesmente assim que fiquei, completamente em choque. O que aquele idiota acabou de falar? Eu só posso ter ouvido mal.
- O que você disse? - Perguntei me virando para ele que me olhou com inocência, filho da mãe, pensei.
- O que princesa? - Se fez de desentendido e tive que respirar fundo para não espancar esse garoto.
- Eu já falei pra você não me chamar disso, caramba! - Falei irritado e Erick mordeu os lábios para não sorrir. - Não tem graça seu idiota. - Completei me jogando na cadeira e o dando as costas. Ouvi a sua gargalhada baixa e rouca e o fuzilei com os olhos.
- Você é uma gracinha prince... Diego. - Disse com divertimento e aquele sorriso cafajeste nos lábios.
- E você é um tremendo filho de uma puta, escroto. - Falei e logo após bufei porque o desgraçado mandou um beijinho em minha direção. - Criança!
- Não fique emburrado princesa só me dá mais motivos para te irritar. - Disse e eu respirei fundo, contei até 10, senão jogaria o meu notebook na cara desse infeliz.
- Quer saber, vai falar com a minha irmã porque é óbvio que ela é a única que te suporta. Me deixa terminar isso aqui em paz. - Falei o olhando nos olhos, Erick sorriu de lado e deu de ombros.
- Tudo bem, já que está pedindo. - Falou se levantando da cama e foi até a porta, mas antes de sair totalmente ele se virou. - Não sinta a minha falta. Logo, logo voltarei para você. - Falou me dando uma piscadela.
- Prefiro a morte. - Falei alto para ele ouvir e me concentrei no trabalho.
Tentei terminar aquilo o mais rápido possível, já tive minha cota de Erick por hoje. Ninguém merece tudo isso em um dia só. Aquele cara é, sem sombra alguma de dúvida, o pior idiota que existe.
Me vi bufando ao lembrar das palhaçadas daquele sem graça. Puderam ver as brincadeiras idiotas, não é?! Ajeitei os óculos com o indicador e lembrei que aquele filho da mãe disse alguns minutos atrás.
" Você fica bem mais bonito com os óculos."
Idiota de uma figa, tirando sarro de mim como sempre fez. Aquilo já tinha acabado com o resto do meu dia, não só aquilo mas a presença daquele escroto tinha acabado com tudo. Agora que ele sabia onde eu morava, nem precisava mais fazer toda aquela merda que planejei. Horas e horas planejando tudo e no fim pode estar tudo comprometido porque se Erick souber de tudo, ele me mata sem pensar duas vezes.
- O que o notebook fez para você masacrar ele com tanta força? - Ouvi aquela voz vindo da porta, parei as mãos, respirei fundo e me virei para olha-lo.
- O que você... - Tive que parar a pergunta pela metade e franzi o cenho. - O que é isso? - Pergunto não acreditando no que meus olhos estavam vendo, Erick estava parado na porta do meu quarto e em suas mãos estava uma bandeja com suco e alguns sanduíches.
- Comida ué. - Falou como se fosse óbvio e deixou a bandeja em cima da minha cama. - Achei que você estivesse com fome. - Falou me oferecendo um sanduíche, nesse momento minhas sobrancelhas pareciam que iriam chegar ao limite máximo da minha testa.
Mas que caralhos 'tá rolando aqui?
Olhei para o sanduíche e Erick consecutivamente por alguns segundos.
- Você colocou veneno aí? - Perguntei desconfiado, Erick sorriu e negou com a cabeça.
- Claro que não Diego. Eu só quero fazer uma gentileza. - Falou dando de ombros.
- Mas isso é o que me assusta. Você nunca foi gentil, nunca. - Falei o olhando com os olhos cerrados. Ele negou com a cabeça mais uma vez e balançou a mão que segurava o sanduíche.
- Há sempre uma primeira vez para tudo Diego. Minha mão estar ficando dormente, vai pegar isso ou não? - Perguntou e mesmo desconfiado peguei o sanduíche porque eu estava realmente com fome.
No momento seguinte Erick pegou seu sanduíche, tirou o celular do bolso e o vi posicionar em um ângulo suspeito.
- O que você está fazendo? - Perguntei e ele sorriu guardando o celular de volta no bolso.
- Nada de mais. - Falou e logo após mordeu seu lanche. É claro que eu fiquei desconfiado, mas a fome falou mais alto. Depois perguntaria o que esse doido estava aprontando.
- Nossa princesa, como você consegue ser tão magro se tem a fome de um pedreiro? - Erick perguntou depois que terminamos o lanche, rolei os olhos e o olhei feio.
- Em primeiro, vá a merda. Em segundo, o tanto que como não lhe convém opinar e terceiro vai levar isso de volta pra cozinha e volta para terminarmos essa porra de trabalho. - Falei pondo meu copo de suco, sem nenhum pingo de suco, na bandeja. Erick me olhou com seriedade por um instante e sorriu lentamente para mim.
- Seu desejo é uma ordem princesa. - Falou pegando a bandeja com rapidez e praticamente correu para fora, não antes de eu falar:
- Eu já falei para você parar de me chamar assim.
Depois que ele voltou para o meu quarto começamos a preparar os slides para a apresentação, ficamos organizando tudo para o trabalho sair perfeito, pelo menos concordamos em alguma coisa.
Erick estava ao meu lado, bem próximo a mim, se esperam que vou detalhar o quanto ele estava cheiroso e afirmar que o olhava de soslaio, vocês estão totalmente enganados. Se bem que o perfume amadeirado dele era até que bom. Mas nada além disso.
- Afasta um pouco para o lado, vamos dividir a cadeira estou casando de ficar abaixado. - Erick falou depois de um tempo, olhei de cenho franzido para ele e neguei com a cabeça.
- Não! - Exclamei, o moreno revirou os olhos e sem que eu esperasse empurrou minha bunda para o lado e sentou, praticamente, em cima de mim. - Hey, seu folgado.
- Shiii. - Disse colocando o dedo indicador nos meus lábios e arregalei os olhos. - Vamos terminar o trabalho. - Completou e assenti meio a contragosto.
Ficamos dividindo a cadeira até que finalizamos o trabalho, ficamos literalmente colados um ao outro e não me importei, em parte por está concentrado em finalizar aquilo para me livrar dele.
- Até que enfim. - Falei suspirando logo em seguida e me levantei.
- Nossa ficou bom. Com certeza tiraremos um 10 princesa. - Falou o moreno e fechei a expressão. - Digo, Diego. - Se corrigiu ao ver minha expressão.
Depois disso, eu praticamente joguei Erick para fora da minha casa, usando meu jeitinho carinhoso, é claro. Ele até tentou enrolar, mas venci no final. Erick saiu depois de se despedir dos meus irmãos e me deu uma piscadela que respondi com o dedo do meio e a porta na cara dele.
Enfim, livre do encosto.
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