A Ideia da Obra de Arte Autônoma
As Origens da Crítica Literária Formalista
A ideia da "obra de arte autônoma" é um conceito fundamental na crítica literária formalista, uma abordagem que se concentra na análise estrutural e formal das obras literárias, enfatizando sua autonomia em relação ao contexto do autor e à sociedade. Essa ideia teve origens importantes na Rússia, especialmente no início do século XX, com os formalistas russos sendo pioneiros nesse campo.
Aqui estão os principais aspectos da ideia da obra de arte autônoma e as origens da crítica literária formalista:
Contexto Histórico
O início do século XX na Rússia foi marcado por mudanças significativas na sociedade, política e cultura. A Revolução Russa de 1917 e a subsequente ascensão do regime comunista trouxeram uma série de mudanças sociais e ideológicas. Nesse contexto, os formalistas russos buscaram uma abordagem objetiva e descontextualizada para a análise literária, distanciando-se das interpretações políticas e ideológicas da literatura.
Conceito de Obra de Arte Autônoma
Os formalistas russos, como Viktor Shklovsky e Roman Jakobson, desenvolveram a ideia de que uma obra de arte, incluindo a literatura, é uma entidade autônoma e independente. Isso significa que uma obra deve ser analisada com base em suas características internas, como estrutura, forma, linguagem e estilo, em vez de ser interpretada com base em informações biográficas do autor, contexto histórico ou intenções sociais.
Ênfase na Estrutura e na Forma
Os formalistas enfatizavam a análise formal da literatura, observando como os elementos textuais se organizavam para criar significado. Eles estavam interessados em dispositivos literários, como a repetição, a simetria, a metáfora e a linguagem figurativa, e como esses elementos contribuíam para a estrutura da obra.
Desfamiliarização (Ostranenie)
Viktor Shklovsky introduziu o conceito de "ostranenie", que pode ser traduzido como "desfamiliarização" ou "estranhamento". Ele argumentou que a arte, incluindo a literatura, deve desafiar a familiaridade e a automatização do pensamento, fazendo com que os leitores vejam o mundo de uma maneira renovada e fresca. Isso envolve a utilização de técnicas literárias que tornam o texto menos transparente, forçando o leitor a prestar atenção à forma e ao estilo.
Rejeição de Interpretação Subjetiva
Os formalistas se opunham à interpretação subjetiva da literatura, argumentando que essa abordagem não permitia uma análise objetiva e científica da obra. Eles acreditavam que a literatura deveria ser estudada como um objeto autônomo, com suas próprias regras e estruturas.
A crítica literária formalista desempenhou um papel importante no desenvolvimento da teoria literária moderna, influenciando outras abordagens críticas, como o estruturalismo e o pós-estruturalismo. A ideia da obra de arte autônoma continuou a ser debatida e reinterpretada ao longo do tempo, mas sua ênfase na análise estrutural e na independência da obra em relação ao autor e ao contexto ainda é relevante para a crítica literária contemporânea.
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