Capítulo 4 - Acolhedor

Segui Dália no caminho de volta para onde estavam todos os outros, ao longe, pude ouvir seus gritos, que pareciam lamúrias aos meus ouvidos, o barulho deles silenciou-se completamente quando nos aproximamos.

- E então, Bella. Qual a sua decisão? – Perguntou a rainha.

- Se me permitir majestade, gostaria de ficar por um tempo, quero pensar sobre tudo isso e ter certeza de que tomarei a decisão certa. Posso treinar, estudar e ajudar no que puder enquanto estiver aqui.

- E sua família? – Perguntou um garoto de preto.

- Não tenho família, também não tenho ninguém que vá sentir minha falta na outra dimensão.

- Sinto muito. – Disse ele. E pareceu sincero, mas apenas desviei os olhos dele, não consegui encará-lo ao ver a sinceridade estampada em seu rosto.
Encarei a rainha.

- Claro que você tem minha permissão para ficar. Foi trabalhoso demais trazê-la aqui, não posso permitir que você volte àquele lugar que apenas lhe trouxe dor e sofrimento. – A rainha falou. – Agora, acho que você precisa descansar um pouco, o dia foi muito longo e nós nem lhe oferecemos algo para comer.

- Pensarei com muita calma, majestade. – Sorri. – Só tenho uma pergunta a fazer.

- Pode perguntar qualquer coisa. – Disse a mulher.

- Como será o meu treinamento? Não sei nada de lutas ou manejo de armas.

- Você poderá estudar junto com alguma turma, encaminharei alguém para treiná-la separadamente, é claro, já que você não possui talentos mágicos. – Disse a rainha. – Agora prefere ficar aqui em baixo ou subir conosco?

- O que vocês decidirem, eu não vou achar pouco educado alguém me carregar lá para cima. – Esclareci. Torci para que não notassem minha curiosidade sobre como eram as casas das fadas lá em cima.

- Então, Oncidium leve-a lá para cima. – Disse a rainha.

Encarei o rapaz a esquerda do rei os olhos dele encontraram os meus por um instante e senti o meu rosto esquentar, ele desviou os olhos primeiro e voltou-se para a mãe.

- Sinto muito mãe, mas não vou fazer parte disso. Fazer uma criança enfrentar essas maldições, é como condená-la a mor... – O garoto se interrompeu. Ele deveria ter vinte e poucos anos, me encarou uma segunda vez, apenas por um momento, mordendo o lábio ao ver o horror estampado em meu rosto, então levantou-se e voou em direção as casas.

A rainha suspirou frustrada. Senti-me uma intrusa, mal cheguei neste mundo e já estava presenciando uma discussão familiar entre a monarquia das fadas. Torci as mãos tentando evitar correr para longe e me esconder em algum lugar tranquilo.

- Kangoroo leve-a lá para cima, por favor. Vamos almoçar e depois contaremos tudo que você precisa saber. – Completou ela.

Kangoroo o garoto que antes me questionara sobre minha família se aproximou de mim. Ele sorriu ao olhar-me, um sorriso contido, percebi pena em seu olhar e cerrei as mãos em punho enquanto ele se aproximou.

- Ponha os braços ao redor do meu pescoço. Você não tem medo de altura, tem? – Perguntou ele.

- Não. – Ele pegou-me no colo e levantou voo. Fiquei em silêncio ignorando o cheiro de flor que ele exalava e olhando para o tronco da árvore.

- Deve ser difícil. – Disse ele enquanto subíamos abaixo de todos.

- O quê? – Imaginei que Kangoroo falaria algo sobre não ter família.

- Saber que você é a única esperança de pessoas que você nem conhecia até horas atrás.

- Ah! Um pouco. As pessoas nunca esperaram muito de mim então, ainda não sei bem como me sinto com relação a isso. – O rapaz permaneceu me encarando e eu mantive os olhos na árvore, odiava o modo como todos nesse lugar pareciam querer ler meus pensamentos.

Ele pousou na varanda da maior casa que tinha nessa vila, olhando ao redor pude ver que era praticamente um vilarejo comum, exceto pelo fato de que estava a uns cem metros do chão. Kangoroo me colocou de pé e tirei as mãos do pescoço dele, sequei-as no tecido que me envolvia.

- Obrigada querido. Venha Bella, vamos preparar algo para você comer. – Disse a rainha passando o braço pelos meus ombros.

Os pilares da casa, eram envoltos por ramos com flores que espalhavam um cheiro adocicado pelo lugar. Havia um segundo piso, porém não havia escada, o grande salão no qual entramos estava com dois sofás, uma mesa no centro e uma lareira, havia flores em vasos adornados com desenhos de borboletas em vários lugares.

Caminhei ao lado da rainha até um salão de jantar onde havia uma mesa enorme, com cadeiras de madeira retorcida em seus apoios para braços, mas não havia encosto.

- Aqui, sente-se ao lado de minha filha. – Disse a rainha.

Sentei-me ao lado da princesa que sorriu para mim, percebi as maçãs do rosto dela protuberantes, os lábios grossos e num tom rosado. A saia do vestido da princesa era envolta nas mesmas flores e borboletas que a blusa, o vestido era comprido atrás e ia até o meio das coxas na frente.

- Desculpe ter jogado a verdade em cima de você daquele jeito. – Disse ela, mas não pareceu arrependida. A voz dela era tão alegre que soava admirável, fiquei constrangida por imaginar o quão triste soava minha voz se comparada a dela.

- Você não está realmente arrependida irmãzinha, não haja como se estivesse. – Disse Kangoroo do outro lado da mesa e esboçou um sorriso afiado em direção a irmã.

Só agora percebi que aquele garoto que me carregou até aqui também é um príncipe. Encarei o rosto pálido dele até que o rapaz retribuiu o meu olhar com o rosto sério. Sentindo minhas bochechas corarem, encarei a mesa.

- Ele está certo Celósia, você não é do tipo que se arrepende de expor sua opinião. – Disse a mulher mais velha que antes falara sobre eu ser forte.

- Ninguém pediu sua opinião Ixia. – Rebateu Celósia, Então logo, Kangoroo, Celósia e Ixia gritavam uns com os outros.

Senti-me desconfortável, essas pessoas adoravam discutir e pareciam não se importar com a presença de estranhos, queria poder sair de fininho enquanto não prestavam atenção em mim, mas não podia voar, então como chegaria lá em baixo? Olhei para Oncidium, ele apenas comia sentado em seu lugar, ficando a parte disso tudo.

- Já chega! – Disse o rei.

Todos ficaram em um silêncio nervoso, olhando uns para os outros como se quisessem continuar a discussão. Kangoroo e Celósia se encaravam como rei e a rainha fizeram anteriormente, imaginei se os dois podiam ler a mente um do outro.

- Você quer um pouco de chá Bella? – Perguntou a rainha.

- Sim majestade, por favor. – Era estranho usar esses termos, de repente senti-me como parte de um livro e não pude deixar de sorrir ao pensamento. Pelo canto do olho, vi Kangoroo me olhar espantado, rapidamente parei de sorrir ao notar sua reação.

Em silêncio comi o que me ofereceram, que apesar de ter achado tudo muito saboroso, não perguntei o que estava sendo servido. Temi a resposta, levando em conta que nada sabia sobre fadas, raramente lia algo sobre elas.

No fim a rainha me levou até um quarto no andar inferior da casa e me deixou escolher roupas, até este momento, eu não sabia como quebrar a maldição deles, não sabia nem se eles mesmos sabiam como quebrá-la.

Caminhei pelo quarto e olhei dentro do armário, as roupas estavam organizadas, o quarto de hospedes tinha roupas femininas e masculinas. Peguei um dos vestidos aberto nas costas, decote coração, corpete justo, feito de seda que caia ao chão, não havia sapatos ali, então fiquei descalça.

Sentei-me a penteadeira e observei meu reflexo no espelho, eu tinha quinze anos e já havia aprendido que a vida pode ser realmente dolorosa quando uma pessoa é mais fraca que as outras. Imaginei a situação dessas pessoas, queria poder ajudá-los, porém nada do que eu pensava em fazer parecia ter sentido.

Batidas a porta me sobressaltaram, caminhei até ela e a abri. Kangoroo e Celósia estavam à porta, eles olhavam para o fim do corredor parecendo preocupados. Assim que me viram entraram no quarto.

- Mamãe nos proibiu de vir aqui. – Explicou Celósia sentando-se na cama e cruzando as pernas.

- Nós queríamos ver como você estava, depois de tudo que aconteceu. – Kangoroo falou parado ao meu lado, ele pousou ao chão e observou o vestido que eu usava.

- Eu estou bem. – Afirmei olhando para ambos.

- Se quiser saber algo sobre o reino, pode nos perguntar. Já deve ter percebido que Celósia não controla a língua como minha mãe ou Dália.

Ponderei sobre aquilo e inclinei a cabeça para o lado, então sentei-me ao lado de Celósia, a princesa tinha um sorriso estampado no rosto, imaginei que ela me detestaria por tudo que andava acontecendo no seu mundo que poderia ser considerado minha culpa.

- O que aconteceu com as fadas que tocaram o rio de dor? – Perguntei.

- Elas... – Começou Kangoroo, mas Celósia o interrompeu.

- Se mataram. – Fiquei horrorizada e uma lágrima escorreu por minha bochecha.

- Eu disse para você tomar cuidado com o que fala. – Kangoroo ralhou.

- Me desculpe Bella, eles tiraram a própria vida. É terrível eu sei, mas só quero que você entenda a dimensão de tudo isso, precisamos da sua ajuda. – Celósia argumentou.

Encarei minhas mãos sobre o vestido negro, elas pareciam tão frágeis em comparação a tudo que estava acontecendo. Demorei observando os detalhes, tanto que o príncipe acabou ajoelhando-se perto de mim. Para que eu o encarasse.

- Tem algo que eu gostaria de te mostrar. – Disse ele.

- O que é? – Perguntei enquanto secava as lágrimas do meu rosto.

- Preciso falar com Dália antes. – Ele sorriu.


Voei para fora do quarto deixando um aviso mental a minha irmã, Celósia poderia conversar com Bella sem fazê-la sofrer por alguns minutos, ajeitei minha camisa enquanto organizava os pensamentos. Dália era uma grande amiga, mas por outro lado ela desperta coisas em mim que eu não conseguia de fato entender.

Pousei na varanda da casa da família dela, a fada saiu quase imediatamente, ela fez uma reverência e me encarou com um sorriso no rosto.

- Em que posso ajudá-lo, alteza?

- Eu quero levar Bella para vê-la. – Falei sentindo medo da reação de Dália sobre o assunto.

- Ver quem, alteza? – O sorriso de Dália vacilou.

- Hortênsia.

- Não acho que seja uma boa ideia. – Avisou-me ela. – Hortênsia não suporta estar com ninguém, ela escolheu viver isolada por uma razão. Bella ir até lá, pode acabar piorando a situação para ambas.

- Mas e se Bella pudesse ver com os próprios olhos o que o rio fez, ela tem esse direito. – Dália encarou o chão e entrelacei os meus dedos aos dela, sentindo o calor das mãos suaves da roxa. – Por favor.

- Está bem. Eu os levo até lá, só não garanto que Hortênsia queira vê-la.

- Obrigado. – Falei beijando a mão dela. Dália sorriu, todavia não me encarou.

- O que você faria sem mim? – Ela disse num suspiro.

- Eu não viveria sem você. – Afirmei e então fechei os olhos imaginando se não teria soado estranho. Eu sempre dizia a coisa errada perto dessa garota.

Nós voamos em direção a minha casa, Dália acenava para algumas fadas que voavam perto de nós e eu tentava ignorar aqueles que se curvavam para mim. Dália ainda o fazia para tentar me irritar, mas nunca conseguia realmente, não havia meios de eu ficar realmente irritado com ela.

Observei seu cabelo roxo balançando ao vento e Dália me encarou parecendo irritada por ver-me observando-a.

- O que foi?

- Nada. – Rebati acelerando para afastar-me dela.

Nós pousamos na varanda e então voamos para dentro da casa, evitando os caminhos com pessoas, bati a porta do quarto de Bella e nós entramos. Dália fez reverência a Celósia, minha irmã debochou do gesto e continuou mexendo nos cabelos negros de Bella.

- Temos que ir logo. – Avisei. – Aposto que nossa mãe virá aqui ver se Bella está bem em breve.

- Aonde nós vamos? – Bella perguntou ficando de pé.

- Há alguém que queremos que você conheça. – Dália falou. – Eu só não garanto que ela queira vê-la.

- Quem? – Insistiu Bella.

- A única que sobreviveu as águas do rio de dor sem enlouquecer. – Celósia deduziu.

Peguei Bella nos braços enquanto Dália e Celósia saíam a nossa frente, abrindo a porta, nós saímos sem ser vistos e eu suspirei aliviado quando ficamos fora da casa da monarquia, precisamos voar mais rápido, Bella segurava-se ao meu pescoço como se sua vida dependesse disso e eu ri do seu medo. O cheiro dela era estranho, uma mistura que não consegui identificar e era agradável senti-lo.

Nós voamos sobre a floresta de cerejeiras em direção à região montanhosa de Sakuraqueen, segui as fadas que voavam a minha frente, seria tão mais fácil simplesmente abrir um portal para lá, mas nossa mãe saberia e ela tem proibido o uso indevido de magia devido ao problema da maldição.

Dália pousou a base rochosa de uma das montanhas, Bella desceu dos meus braços assim que chegamos ao solo, estiquei os braços tentando relaxar os músculos e meu nariz demorou a acostumar-se com a falta do cheiro dela que sequer se impregnou em minhas roupas.


Esfreguei o braço esquerdo com a mão direita em mais um de meus incontáveis tiques nervosos, o vestido justo demais, quase me impedia de respirar. Procurei me organizar mentalmente tentando manter um controle que eu não tinha, Dália nos pediu que ficássemos para trás enquanto ela entrava numa espécie de caverna estreita.

Observei Kangoroo e Celósia que pareciam outra vez estarem tendo uma conversa mental, isso já começava a me irritar, especialmente quando um dos dois olhava para mim pelo canto dos olhos. Suspirei audivelmente e os dois me encararam.

- Vocês poderiam parar com isso? – Pedi.

- Desculpe? – Celósia perguntou sem entender.

- Vocês ficam aí, tendo essas conversas telepáticas e eu sei que estão falando de mim. Isso é muito chato.

Eles olharam um para o outro e então quando abriram a boca para falar algo para mim, Dália surgiu na entrada da caverna e todos nós olhamos para ela esperançosos. Ela parecia feliz e triste ao mesmo tempo.

- Ela concordou com uma visita. – Disse ela e quando todos nós caminhamos em direção a ela, Dália ergueu as mãos. – Só a Bella.

Engoli em seco olhando para todos, Celósia fez um gesto com as mãos pedindo que eu seguisse logo em frente. Segurei a saia do vestido e segui Dália pela entrada da caverna, minha mente vagava para que tipo de pessoa, seria essa senhora.

- Como você sabe onde ela vive? – Perguntei.

- Sou a única que a tem visitado nos últimos anos. Ela prefere assim.

Nós seguimos o caminho estreito até uma câmara circular iluminada por velas deitada em uma cama estava uma fada roxa, extremamente parecida com Dália. Em sua exata cor, encarei a fada que estava deitada na cama, aproximei-me dela e fiquei de joelhos ao lado da cama.

- Hortênsia. – Chamei, segurei a mão dela. Os olhos da mulher voltaram-se para mim, apagados por uma tristeza que durava anos. – Eu sei que você não me conhece.

Minha voz embargou-se em minhas tristezas e eu senti lágrimas rolarem por meu rosto. Minha voz travou em minha garganta e eu precisei me forçar a falar. Não sabia a razão que me levava a dizer qualquer coisa, algo em mim, dizia que eu não tinha direito de falar com ela, que sua situação era mais um fardo sobre os meus ombros, mas eu não consegui me impedir de falar. Precisava dar algo a ela, ao menos dizer que eu compreendia sua dor.

- Preciso que você preste atenção ao que estou lhe dizendo. – Pigarreei. – Você é mais forte que tudo isso. Pode viver novamente, como vivia antes de tudo. Peço que me perdoe por lhe causar isso, não sei o que você já sofreu, porém, de alguém que sofreu desde que nasceu para alguém que está soterrado em tristezas. Lute para sair disso, sei que você pode, não posso lhe dizer que a vida é fácil, porque ela não é. Só o que posso garantir é que vale a pena lutar.

Hortênsia chorou, ajudei-a a se sentar e também o fiz, a mulher me olhava nos olhos como se tentasse entrar na minha cabeça. Ao perceber que não conseguiria ela desistiu e apenas prestou atenção as minhas palavras. Eu começava a questionar se eles tentavam entrar na minha cabeça, ou se eu começava a enlouquecer.

- Sei que o que digo pode não ter significado, pois nem sou deste mundo, sou a causadora dos seus problemas e não sei como te ajudar. Se eu pudesse tiraria esse peso de você e o colocaria em mim. Você é uma criatura fantástica, viva feliz e a dor diminuirá com o tempo, tudo isso que você viveu é como um aprendizado. Somos como as águas de um rio, quando renovadas nunca retornam, não importam as correntezas fortes, a calmaria vai chegar.

- Quantos anos você tem? – Perguntou ela com a voz arranhada, como se há muito não a usasse.

- Tenho quinze, mas já sofri bastante e o sofrimento amadurece as pessoas rápido demais.

- Tenho tanto medo. – Disse a mulher.

- Eu sei. – Falei. – Eu também tenho medo.

Ela me abraçou pegando-me de surpresa e fiquei um segundo processando o gesto antes de começar a afagar os cabelos dela. A mulher chorou por algum tempo, seu corpo tremia enquanto eu apenas afagava seus cabelos e dava tapinhas em suas costas. As lágrimas da fada molhavam o meu ombro e escorriam pelas minhas costas, mesmo sem entender era como se as lágrimas dela me preenchessem com suas tristezas, eu jamais compreenderia, porém sentia que estava tomando a tristeza dela para mim.

- Vai ficar tudo bem. – Sussurrei. – Não precisa ter medo e se tiver enfrente-os. Você é mais forte que eles.

Hortênsia assentiu, ainda com lágrimas nos olhos, eu fiquei de pé e estendi a mão para ela. A fada hesitou, no entanto não desisti, permaneci com a mão estendida, enquanto ela ainda trêmula se ergueu, ela deveria ter trinta anos, por baixo da sujeira estava uma mulher linda. Segurando minha mão Hortênsia se permitiu guiar por mim, seguimos Dália para fora da caverna.

A fada piscou os olhos para que se ajustassem a luz do sol. Ela me observou cautelosa e então sorriu, não foi um sorriso gracioso como o de Amélia, mas já me deixara muito feliz, outra vez a mulher me abraçou, Kangoroo e Celósia ficaram de longe observando o que acontecia com ela.

- Obrigada Bella. – Disse ela repetidas vezes. – Você salvou a minha vida.

- Você se salvou sozinha. – Rebati com um sorriso. – A força já era sua.

- Mas foi à tranquilidade que você me passou que me permitiu tentar.

- Fico feliz por ter ajudado. – Afirmei.

- Tia, a minha mãe deve estar louca para ver você. – Disse Dália e eu quase caí ao chão.

Kangoroo, Celósia e eu nos despedimos das duas e voltamos para a casa da monarquia, Amélia estava furiosa com os filhos por terem me tirado de lá sem avisar. Os dois contaram o que aconteceu com Hortênsia e a rainha me agradeceu, durante o jantar Kangoroo e Celósia não discutiram, saí da mesa cedo e fui até a varanda observar as estrelas antes de ir para a cama, o ar frio da noite jogava fios de cabelo no meu rosto, mas não me importei, tudo em que pensei enquanto estive olhando para o céu nesse instante foi que pela primeira vez na vida, eu me sentia bem.

Dormi tranquila nessa noite, pela primeira vez em muito tempo. Acordei com a luz do sol entrando pela janela, por um instante, tive medo de abrir os olhos e perceber que tudo que vivi no dia anterior havia sido um sonho. Meu coração bateu forte contra o meu peito, estendi ao máximo o momento de abrir os olhos, até que ouvi batidas na porta. Então abri os olhos e me deparei com os pilares de mármore negro com ramos de flores, sorri por não ter sido apenas um sonho então me lembrei da razão de estar aqui e meu sorriso de desfez.

- Bom dia. – Disse Amélia entrando no quarto, ela voava graciosamente em direção à cama. – Dormiu bem?

- Como nunca tinha dormido antes. – Sorri.

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