7. Convite Irrecusável (p.2)
— Mira perfeita — Miguel elogiou Bárbara assim que ela entrou na sala e se jogou no sofá, ao lado de Marina.
— Tô ligada — ela respondeu, meio mal humorada, colocando as botas sobre a mesinha de centro.
Marina continuava sentada no canto, com o cotovelo apoiado sobre o braço do sofá enquanto a mão sustentava a cabeça, segurando por debaixo do queixo.
— Onde apreendeu a atirar assim? — Miguel perguntou.
— Fiz aulas.
Marina começou a se irritar com aquela conversa. Por que ele estava tão interessado?
— Eu também fiz — ele disse. — De muitas coisas, aliás.
Decidida a dar um pouco mais de privacidade para a conversa sobre armas e aulas, da qual se sentia excluída, Marina se levantou e foi para o quarto que havia sido designado para ela. Iria dividi-lo com Chloé, enquanto Miguel estava com Zac e Arthur e Diana em outros dois quartos separados devido as suas situações.
Fechou a porta atrás de si, sem tranca-la. Marina se jogou sobre uma das camas e tocou o colar de aguamarinha no pescoço.
Estava incomodada pela conversa com Chloé. Que maluquice foi aquela? Era como se ela nem se importasse com Miguel, mas ela deveria, se ele era namorado dela...
Três batidas na porta antecederam a entrada de Miguel no quarto, que primeiro colocou a cabeça para dentro, balançando os cachinhos dos cabelos.
— Eu posso entrar?
Com a falta de resposta, ele entendeu como um sim, e entrou, fechando a porta atrás de si.
— Tá tudo bem? — ele perguntou.
— Não, não tá — ela respondeu, olhando para ele com a expressão fechada. — Nada vai ficar bem até Arthur e Diana acordarem, e por enquanto eles não estão dando sinais disso.
— Jack disse que Diana está bem e vai acordar naturalmente. — Ele pôs as mãos nas costas e se escorou na porta. — E Narcisa está tentando acordar Arthur. Eles vão ficar bem.
— Aquele feitiço era pra mim, Miguel — disse Marina, passando a encarar a parede com o olhar vazio, apertando com força o pingente do colar. Ignis aurum probat, estava gravado nele. O fogo testa o ouro. — Era pra eu morrer, e Arthur me salvou.
— Talvez o feitiço não fosse pra matar — Marina sentiu o colchão afundar para o lado quando Miguel se sentou perto dela. — Arthur não morreu.
— Eu não sei o que pensar, eu não sei o que sentir.
Miguel não respondeu, porém, depois de um minuto, ele chegou mais perto, e a envolveu com seus braços, e ela pôde sentir o cheiro da colônia cítrica que ele usava.
— Eu ainda não engoli a história do término entre Chloé e você — Marina disparou, sem coragem para se desvencilhar dele. — Tem alguma coisa que vocês não estão contando.
— Tem — ele confirmou —, mas não é um segredo meu pra eu poder contar.
— Eu não posso ficar com você até saber sobre que solo estou caminhando.
Marina pôde não só ouvir, mas também sentir quando a frequência cardíaca dele aumentou.
— Mas ficaria se soubesse?
— Eu não sei — ela respondeu com sinceridade, e forçou a si mesma a se afastar. — Eu não sei do que se trata o segredo, e se isso me afeta de alguma forma. Até lá, é melhor que sejamos amigos. — Marina amarrou o cabelo, pois o nó havia se desfeito quando Miguel a abraçou. — Eu só não quero me magoar, nem magoar ninguém.
***
Zac passou pela a sala, escutando uma discussão de Bernardo e Bárbara sobre ele ter dado o número dela pra um estranho.
— Ele era simpático — justificou Bernardo, que estava com Bianca, a irmã mais nova no colo. — E você precisa arrumar um namorado, pra aliviar toda essa tensão. Você sempre parece uma bomba pronta pra explodir.
Zac não ouviu o resto da discussão, que provavelmente se estenderia por um bom tempo. Passou direito, indo em direção ao quarto que agora dividia com Miguel e se jogando na própria cama.
Ele enfiou a cara no travesseiro. Já passavam das três da tarde, e logo teria que sair para encontrar a Rainha das Fadas.
Mordeu a fronha do travesseiro com raiva. Como ela podia simplesmente pegar Delwen e agora fazer com que Zac fosse outra vez para o País das Fadas? Era injusto que ela o obrigasse a deixar Arthur pra trás na situação em que ele estava.
Mas não era uma opção. Ele iria para a tal festa. Recusar um convite de Aine em pessoa era uma péssima ideia, pelo que Zac aprendera com as experiências recentes.
Zac virou o corpo para cima, olhando para o teto pensativo. Uma questão inconveniente começou a perturbar sua cabeça: o que se veste em uma festa de fadas?
Abriu sua bolsa onde tudo o que tinha eram alguns dólares que sobraram dos que Tainá havia emprestado e as roupas do irmão dela. E nenhuma parecia adequada.
Ele já tinha estado em uma festa de fadas antes, e se lembrava disso. Ninguém se importava com suas roupas. Mas agora ele sentia que era mais do que aquelas festinhas, era algo maior. Além disso, iria acompanhar a Rainha das Fadas.
Em uma ideia repentina, descobriu que sabia a quem pedir ajuda.
Levantou-se rapidamente e saiu do quarto, voltando outra vez para a sala, onde a discussão já havia se transformado em tensão. Bárbara olhava para o lado de cara feia e Bernardo fazia o mesmo, com os braços cruzados sobre o peito. Bianca, indiferente, brincava no canto com pecinhas de montar coloridas, e com os longos cabelos branco-prateados presos em duas trancinhas.
— Pode me ajudar? — sussurrou Zac para Bernardo, se aproximando por detrás do sofá e o cutucando no ombro.
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