3. Rumo aos Céus (p.1)
Zac caminhava pelo Central Park com as mãos enfiadas nos bolsos do casaco que tinha acabado de comprar. Precisou passar em uma loja para adquiri-lo, considerando que o frio era muito grande, e também um cinto, já que Tainá tinha razão, e as roupas do irmão dela haviam ficado um pouco largas nele.
Na noite anterior, por sorte, conseguiu um lugar para dormir, apesar de preocupado em gastar o único dinheiro que tinha. Precisava dar um jeito de encontrar algum híbrido com informações úteis o mais rápido possível.
O pior é que quanto mais tentava analisar a situação em que estava, pior ela parecia. Como poderia encontrar alguém que tivesse informações sobre Arthur? Certo que as informações certamente estavam se espalhado, considerando que o nome de Marina Ignis havia se envolvido na história, logo ela, a Híbrida que vem sido procurada durante dezessete anos pelos Anjos, por medo de que ela possa cumprir sua profecia.
Ainda assim, depois de horas rondando por Nova York, tudo o que encontrara foi um garoto com orelhas pontiagudas, mas ao ir falar com ele, o rapaz não fazia ideia do que Zac estava falando, e por fim, confessou que tinha adquirido tal característica física por meio de uma cirurgia plástica. Foi uma conversa curta, mas amplamente constrangedora.
Sentou-se em um banco por um minuto, apoiando os cotovelos nos joelhos e segurando a própria cabeça com as mãos. Os dedos se enfiavam nos cabelos, puxando-os ao ponto de lhe causar dor, repetindo incessantemente para si mesmo:
O que fazer?
Reparou que um pequeno pedaço de casca de árvore se deslocava pelo chão entre seus pés. Esticou o braço para apanha-lo, e viu que estava sendo carregado por três formigas, que passearam sobre sua mão enquanto ele virava a casca. Inacreditavelmente, atrás dela, tinha algo escrito em uma caligrafia perfeita: um endereço de um prédio em Nova York. Zac só conseguiu pensar um uma pessoa que poderia ter mandado aquilo: Delwen.
— Obrigado — ele disse às formiguinhas, antes de coloca-las de volta no chão, na esperança de que elas levassem o recado.
Correu para a rua, e levou alguns minutos para conseguir um táxi. Disse o endereço para o taxista, que o levou até o local.
Zac não conhecia aquele lado da cidade, e deveria ser a parte menos movimentada ali. A casa era no número oitenta e três, e tinha um portão enferrujado. O jardim do lado de dentro tinha plantas que há muito não eram podadas, e ervas daninhas espalhavam-se entre elas. A grama estava um pouco morta, e em alguns pontos, tinha grandes buracos, do tipo que cachorros gostam de fazer.
Ansioso, Zac apertou a campainha, enfiando a casca de árvore de Delwen dentro do bolso do casaco e esperando por uma resposta do morador. Estava a ponto de apertar a campanha outra vez quando a porta da casa se abriu parcialmente.
Uma mão pequena, escamosa, de coloração azulada e membranas entre os dedos saiu para fora, e fez sinal o chamando. Zac abriu o portão, que rangeu com o movimento, e passou para o lado de dentro. Ao chegar no batente, a porta se abriu completamente, e a mão o agarrou pelo pulso e o puxou pra dentro. Uma menina o empurrou contra a parede com brutalidade, colocando uma faca de cozinha sobre seu pescoço e batendo a porta.
— O que você quer, Guardião? — sibilou ela. Seu rosto era azul, e seus lábios arroxeados. Os cabelos loiros espalhavam-se sobre os ombros, e os olhos amarelos o encaravam duramente.
— Não mate meu convidado, Estela. — disse alguém as suas costas, e ela se afastou a contragosto.
Parado ali de pé, com as mãos nos bolsos da forma mais despreocupada possível, estava Delwen. De jeans, camiseta e um boné que escondia seus cabelos peculiares. Se parecia tanto com um humano que chegava a ser assustador. Tinha a pele mais morena do que Zac se lembrava. Os olhos amarelos e as orelhas pontudas eram as únicas coisas que denunciavam que ele não era exatamente um garoto normal.
— Isac Miller — disse ele e sorriu —, é bom rever você.
— Delwen? — Zac o olhava com uma mistura de confusão e nervosismo. Não esperava o encontrar ali. — Mas o que...?
— Eu estou fazendo aqui? — ele completou, e se aproximou da menina que ainda tinha a faca nas mãos, e que a segurava ameaçadoramente. — Pensei que você precisasse de ajuda. Está há horas zanzando pela cidade, parecendo totalmente perdido.
Ele tirou a faca da mão da menina com delicadeza, e tocou seu braço de forma tranquilizadora. Zac sentiu incomodado ao se dar conta de que os dois pareciam muito íntimos, apesar de não ver justificativa para ter qualquer sentimento de posse sobre Delwen.
— Estava procurando por Híbridos — esclareceu Zac, sentindo a voz sair mais fria do que ele pretendia.
E Delwen pareceu se divertir com isso, pois afinal, era uma fada, e Zac estava aprendendo que elas se satisfaziam com coisas estranhas.
— Essa é Estela, minha meia irmã. — Ele pôs a mão livre sobre o ombro dela, e a outra mão ainda segurava a faca. — E esse é Isac Miller — Delwen disse para ela. — Um conhecido.
Zac ergueu as sobrancelhas, mas ele ignorou a reação. Estela revirou os olhos e começou a reclamar, justo quando Zac começava a esquecer de sua presença:
— Você está achando que minha casa é bagunça pra trazer seus casinhos pra cá. — Ela virou de costas, falando pelos cotovelos. — Pelo menos sentem.
Estela se jogou no sofá sem qualquer graciosidade. Delwen foi mais cortês, indicando um lugar para Zac antes de se sentar.
— Por que, exatamente, você está atrás de um híbrido? — Estela quis saber.
— Estou atrás de um cara chamado Arthur Paeon — explicou Zac. — Esperava que algum dos híbridos soubesse me dizer alguma coisa.
Ela sorriu, exibindo dentes muito afiados que lhe causaram arrepios.
— Bom, você teve um bom palpite — disse. — Nós, híbridos, geralmente somos muito bem informados. — Ela deu de ombros. — Por uma questão de sobrevivência, sabe?
— E você soube de alguma coisa? — Zac perguntou, se inclinando para frente inconscientemente.
— Depende do motivo pelo qual você quer saber.
— Eu só quero encontrar ele.
— Por que você precisa encontra-lo? — dessa vez foi Delwen que perguntou, com o cenho franzido em uma carranca.
— Ele pode estar precisando de ajuda — disse Zac. — E além do mais, eu não tenho nenhum outro lugar para ir, de qualquer forma.
— Eu poderia arrumar um lugar para você ficar — sugeriu Delwen.
Mas Zac balançou a cabeça com veemência.
— Eu quero encontrar Arthur.
Delwen estava a ponto de rebater, mas Estela interrompeu.
— Soube que o seu Arthur está com Marina Ignis — comentou ela. — Se isso for verdade, pode ter a chance de encontrá-los. Jack White está louco atrás da garota, e aquele homem consegue tudo o que quer com dinheiro e boas influências.
— E quem é Jack White?
— O líder dos híbridos no continente americano — respondeu ela, o olhando como se fosse algo totalmente óbvio.
— Vocês tem um tipo de organização de híbridos? — perguntou Zac, totalmente surpreso.
Estela revirou os olhos.
— O que pensava? Que fossemos selvagens?
— Não foi isso que eu quis dizer...
— Mas é exatamente o que você pensava. — sentenciou ela, e Zac não soube o que responder.
— Onde posso encontrar Jack White? — perguntou ele afinal.
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