15. Um Preço Alto (p.4)

Arthur apertou Dean com força contra o próprio peito, envolvendo o garoto com os braços de modo protetor. Havia cerrado os olhos tão severamente que cores piscavam dentro de suas pálpebra enquanto ele esperava o impacto do feitiço, entretanto, ele não veio.

Abriu os olhos para ver a parede azul brilhante que os separavam da mágica mortal de Airan. Sabia que Narcisa era responsável por ela, e sem saber quanto tempo ela suportaria, fez a coisa mais sensata na qual conseguiu pensar.

Arthur desprendeu a correia que mantinha Excalibur presa às suas costas e a passou a espada e em sua bainha para Dean, que tinha os olhos arregalados diante da situação.

— Aconteça o que acontecer — ele recomendou ao seu irmão mais novo. — Fique com ela.

Dean assentiu, e em seguida, Arthur escorregou as alças da mochila pelos ombros e entregou também ao irmão. Se algo acontecesse, as coisas que a bolsa continha em seu interior poderiam ajuda-lo.

Arthur viu a parede mágica se desfazer enquanto a feiticeira se materializava entre Airan e eles.

— Quem é você, feiticeira? — ele quis saber. Seus olhos brilhavam em reflexos de vermelho e verde, assim como a turmalina do anel em sua mão.

Arthur olhou para baixo, onde um grupo de humanos parecia se reunir para entender o que se passava. Alguns deles apontavam câmeras em sua direção, registrando o confronto mágico.

Isso não ia dar boa coisa. Ali não era um lugar seguro para eles.

A atenção de Arthur foi desviada de volta para o confronto quando Narcisa tentou atacar Airan com um feitiço, que foi rapidamente bloqueado em uma explosão de fagulhas que arrancou gritos da vulnerável plateia.

— PAREM! — Arthur gritou. — NÃO PODEM FAZER ISSO AQUI!

Narcisa perdeu um preciso instante dando atenção aos seus gritos, oferecendo tempo suficiente para um segundo ataque de Airan, do qual ela só se defendeu menos de um segundo antes de atingi-la. O resultado foi não conseguir um escudo forte o suficiente para bloquear a magia do seu oponente. A feiticeira teve o corpo arremessado para bem próximo de um grupo de humanos corajosos — e idiotas — que ainda observavam a cena com atenção.

A queda do corpo gerou alvoroço e gritaria, e cada vez mais gente se aproximava para ver o que estava acontecendo.

Arthur estava a ponto de se desesperar quando viu a feiticeira se levantar, e seu disfarce estava arruinado. Livre da peruca, os cabelos loiros estavam alvoroçados. Sua roupa também não resistira muito bem a queda, pois encontrava-se agora rasgada e manchada de sangue em diversas partes.

Olhou ao redor e viu que Airan tinha sua atenção completamente fixa nela — pois é claro que Arthur não representava qualquer ameaça. O feiticeiro saltou o vidro de proteção e caiu de pé lá embaixo, onde as pessoas pareceram enfim se dar conta do perigo e correram para longe.

Dois feitiços explodiram um contra o outro no ar e a energia proveniente deles lançou Dean e Arthur a alguns metros de distância. Vidros se estilhaçaram e objetos foram arremessados para longe. Todas as luzes lá dentro se apagaram, e ele não viu mais nada.

— Temos que sair daqui — disse Arthur, se levantando do chão e tomando Dean pela mão e puxando-o para as escadas. Estava na metade delas quando mudou de rosto. — Fique aqui atrás — disse ele terminando de descer e colocando Dean atrás de uma pilastra — Se alguma coisa acontecer comigo, foge pro lugar mais longe que você conseguir.

Nesse momento mais uma explosão acontecia pelo choque de dois feitiços. Estilhaços voavam por todos os lados enquanto Arthur voltava, subindo os degraus apressadamente e usando os braços para proteger o rosto.

Morselk ainda não havia ido embora, talvez houvesse uma maneira de tirar Miguel de seu alcance.

Sirenes cantavam no exterior da estação, e o brilho vermelho e azul penetrava o local. Já acostumado com o escuro, agora conseguia distinguir o que se passava lá dentro.

Quando Arthur encontrou Morselk outra vez, ele mal parecia ter saído do lugar, apenas observava o confronto entre Narcisa e Airan com atenção.

— Miguel — Arthur gritou, antes que pudesse pensar no que estava fazendo —, fuja do seu pai, rápido!

E como a poção que o obrigava a cumprir ordens ainda estava em pleno vigor, Miguel se desvencilhou de seu pai e saltou lá de cima, aterrissando com uma cambalhota e correndo apressadamente em direção a saída.

Arthur estava pronto para partir em retirada também, quando toda a estrutura metálica do local pareceu se curvar e prendê-lo onde estava, enrolando seu corpo firmeza com ferragens.

Morselk se aproximou e agarrou-lhe pelo pescoço, as vigas de metal afrouxaram e o Anjo de Terra ergueu-o do chão. Fazendo com que ele mal conseguisse respirar. Tentava inutilmente empurra-lo para livrar-se de seu aperto, mas de nada adiantava.

Morselk olhou para baixo, onde Airan parecia ter finalmente causado algum dano significativo à Narcisa, que tentava se levantar do chão.

— AIRAN! — ele gritou, enquanto ainda suspendia Arthur como se ele não tivesse peso algum. — VAMOS, TEMOS QUE ENCONTRAR MIGUEL.

Dito isso, ele fixou seus olhos no garoto que já estava ficando roxo sob seu aperto.

— Já estou farto de você no meu caminho, moleque abusado — disse ele com os dentes cerrados. — Agora minha paciência acabou.

Arthur foi arremessado de costas do segundo andar. Nos poucos segundos que durou sua queda, ele viu Airan desaparecer no ar com Morselk enquanto sentia seu corpo despencar em direção ao chão, as mãos sacudindo inutilmente em busca de apoio.

Quando enfim sentiu o impacto, o mundo escureceu e ele foi engolido pelo breu da inconsciência.

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