15. Um Preço Alto (p.2)

Morselk suspirou pesadamente ao lado de Arthur.

— É sempre um desprazer te reencontrar.

Arthur se virou para ele, tendo o cuidado de se afastar um passo e parar de maneira protetora à frente de Miguel. Suava frio e cerrava o maxilar duramente para não bater os dentes. Estava com medo.

Ao contrário de Morselk, que sequer se dera ao trabalho de olha-lo. Apenas mantinha-se de pé com as mãos nas costas, contemplando pacificamente a parte inferior da estação.

— Onde está meu irmão? — Arthur quis saber. No interior da sua mente uma confusão generalizada havia se instalado: queria desembainhar Excalibur e golpeá-lo, assim poderia poupar o mundo de um assassino. Por outro lado, um Guardião da Fauna nunca era capaz de ferir um ser humano, por mais desprezível que fosse ele.

— Airan.

Antes que Arthur pudesse fazer qualquer outro questionamento, pode ver o feiticeiro Airan Dufenald aproximar-se deles com um garoto que caminhava obedientemente ao seu lado de cabeça baixa.

— Pensei que fosse vir sozinho — disse Arthur, enquanto observava o feiticeiro com atenção. O terno bem cortado destacava a figura alta e imponente que era, e os olhos, que misturavam o vermelho e o verde de uma turmalina, brilhavam friamente.

— Estamos em um lugar público. — Morselk finalmente virou-se para ele, mas seus olhos fixaram-se em Miguel. — Acaso pensa que eu faria algo na frente de todos esses humanos?

Arthur riu de deboche.

— É claro que faria.

Uma expressão severa pesou sobre o rosto do Anjo de Terra, e seus olhos escuros finalmente se fixaram duramente sobre Arthur.

— Entregue-me meu filho.

— Meu irmão primeiro — Arthur rebateu.

— Acha que estou brincando, moleque? — Morselk avançou um passo em sua direção, de forma ameaçadora. — Airan, solte o garoto.

O feiticeiro torceu a boca em desgosto por receber ordens, mas estalou os dedos, que brilharam rapidamente em uma mistura de vermelho e verde.
Arthur viu Dean respirar fundo e olhar em volta confuso. E quando o viu parado ali, o garoto correu e se jogou contra o irmão, que o abraçou fortemente, se segurando para não chorar.

Arthur engoliu em seco.

— Miguel — disse Arthur, apertando Dean duramente contra si para ter forças de falar —, vá com seu pai.

Miguel acatou a ordem sem hesitação e assim que estava próximo o suficiente, Morselk também o abraçou. Fazia isso com tanta força que parecia que a qualquer momento poderia quebra-lo. O desespero se estampava seu rosto e Arthur chegou a se surpreender com a veracidade que havia em seus sentimentos.

— Airan — Morselk voltou a dirigir-se ao feiticeiro, ainda sem se desvencilhar do filho. — Se livre deles.

Um clarão brilhou em frente aos seus olhos antes que Arthur tivesse tempo de tentar proteger Dean.

***

Zac ergueu a mão para bater na porta antes de entrar, mas imediatamente se achou um idiota por isso. Considerando o que estava para fazer, a última coisa com a qual se preocupariam seria com a sua educação.

Seu coração martelava dentro do peito. Precisava entrar agora, tudo o que tinha que fazer era abrir a porta e deixar as palavras fluírem, no entanto, ao invés disso, ele parecia estar cada vez mais pregado em seu lugar, suando frio.

Não fazia ideia de quanto tempo estava parado ali. Havia seguido uma mulher loira que supôs ser líder dos híbridos e em seguida, tudo o que fez foi permanecer de pé, tremendo dos pés a cabeça e tentando incentivar a si mesmo a acabar com isso de uma vez.

Fez mais uma tentativa de tocar na maçaneta, testando se teria coragem de gira-la e abrir a porta, entretanto, não conseguiu.

Se afastou bruscamente, indo se encostar na porta que ficava no lado oposto do corredor. Cobriu o rosto com ambas as mãos, sentindo a umidade do suor em seu rosto se espalhar em seus dedos.

Não podia fazer isso, não sabia como pensara em algum momento que teria coragem.

— O que está fazendo, Isac? — perguntou alguém ao seu lado, e o susto que Zac tomou foi como um choque elétrico que o fez saltar para longe. — Por que ainda não entrou?
Delwen estava de pé bem ali, com a mochila nas costas e os braços cruzados.

— Eu não consigo — respondeu Zac, em um tom de voz baixo para não alarmar as pessoas na reunião. — Não posso fazer isso.

— Pensei que quisesse ir embora comigo para o País Das Fadas — disse ele, sua expressão deixando claro o quanto estava decepcionado. — Suponho que não seja tão importante para você.

— Eu quero fazer isso — disse Zac chegando perto, e tocando seu braço gentilmente. — Eu estou tentando ter coragem.

— Zac? — chamou uma voz feminina. — Quem é esse?

— Chloé? — Zac sentiu seu rosto corar. — O que está fazendo aqui?
Delwen se virou para ver com quem eles falavam.

— Diana me pediu pra ficar por perto — disse ela, então olhou diretamente para o garoto fada à sua frente. — E quem é você?

— Eu sou Delwen, o noivo de Isac.

Chloé comprimiu os lábios segurando o riso, enquanto Zac só queria abrir um buraco no chão e enfiar a própria cabeça.

— Esqueceu de mencionar que tinha um noivo, Zac? — perguntou ela.

— Não há tempo para conversa — disse Delwen, olhando agora fixamente para Zac. — Você vai entrar nessa sala ou não?

— Eu preciso de mais alguns minutos pra ter coragem.

Delwen olhou para a porta, e em seguida para ele novamente.

— Eu sinto muito — disse ele —, não há mais tempo para esperar.

Antes que Zac pudesse raciocinar sobre o que Delwen estava falando, o garoto fada abriu a porta de supetão, batendo-a contra parede em um estrondo que fez com que todos lá dentro se assustassem e assumissem imediatamente uma posição de ataque, sacando armas aparentemente vindas do nada.

— Droga — praguejou Zac. — Agora ferrou.

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