13. O Futuro Iminente (p.3)
Arthur atravessou a porta do quarto assim que Diana abriu-a para que entrasse e, já dentro do cômodo, trancou-a novamente, girando a chave na fechadura até ouvir um clique baixo.
Não esperou que Diana dissesse nada para que a puxasse para perto e a beijasse, mas ela o afastou, colocando suas pequenas mãos em seu peito e o empurrando sutilmente.
— O que...?
— Você não vai morrer essa noite — disse ela. — Não precisava vir aqui como se isso fosse uma despedida.
— Nunca se sabe — ele riu de leve, dando lhe um beijo em sua testa. Diana sempre adivinhava seus pensamentos. — Só por garantia, achei melhor vir.
— E eu não estou te dispensando — ela disse, deslizando os dedos pela beira do cós de sua calça, tocando sua pele levemente. — Só deixando claro.
Arthur deu apenas dois passos, empurrando Diana para trás e prendendo-a entre ele e a porta. Inclinou-se para beija-la, e dessa vez o beijo foi retribuído. Sempre houve alguma coisa em Diana que a tornava muito mais do que só uma na extensa lista de mulheres com as quais Arthur havia se relacionado antes. Tudo sobre ela parecia perigoso e excitante, como se o simples fato de respirar o mesmo ar que a feiticeira fosse um risco à sua vida.
— Que horas vocês vão se encontrar com Narcisa? — ela perguntou, enquanto Arthur afundava o rosto em seu pescoço, sentindo o doce e inebriante cheiro de seu perfume.
— Daqui a pouco — ele respondeu, enquanto as mãos habilidosas da feiticeira ainda exploravam seu corpo. — Mas temos tempo suficiente.
Sentiu a respiração quente dela em sua clavícula quando ela riu suavemente.
— Melhor não perder muito tempo conversando então — ela disse, enquanto simplesmente puxava a camisa dele para fora de seu corpo de uma maneira que seria impossível se não fosse pela magia. — Vamos nos divertir enquanto ainda dá.
***
Zac se jogou em um banco em frente ao balcão do bar Café com Tequila. Era cedo e o dia era quarta-feira, então ainda não havia ninguém no local, mas Bernardo já estava lá tomando conta.
Ainda que “tomando conta” não fosse exatamente o que ele estava fazendo.
— Olha pra esse cara que eu tô desenrolando no Tinder — ele falou animado por detrás do balcão, sacudindo o celular em frente a sua cara para mostrar uma foto.
— O que é Tinder? — Zac perguntou confuso.
— Um aplicativo de relacionamentos, que na verdade você dificilmente vai realmente ter um relacionamento com alguém, mas serve pra ter alguns encontros legais — ele explicou, voltando a digitar algo no smartphone —, e alguns bem ruins também — adicionou ele. — Ainda assim, dá pra se divertir.
— Interessante...
— É, mas não pra você — Bernardo o censurou. — Você já tem um namorado.
Zac riu. Estava tentando imaginar uma maneira de puxar o assunto para o tema que ele precisava se informar: a reunião dos híbridos essa noite. Era esse o objetivo dele indo procurar Bernardo, já que em poucas horas a reunião aconteceria, e ele sequer tinha um plano.
— Você já namorou alguma vez? — Zac prosseguiu com o assunto enquanto não sabia o que dizer.
— Ainda não — ele respondeu —, mas estou bem assim por enquanto.
— Hum — Zac resmungou, ainda sem saber exatamente o que dizer.
Assim que ele ficou em silêncio, Bernardo ignorou completamente sua presença, voltando sua atenção completamente ao celular e a conversa com o suposto pretendente. Ele bateu as pontas dos dedos sobre o balcão de mármore e mordeu os lábios.
Foi quando pensou em uma coisa que sempre havia ajudado a criar coragem:
— Ben, o que tem de alcoólico pra beber por aqui?
***
— Sorria — disse Arthur apontando a câmera para a cara de Miguel. — E conte pra mim que você ama a gente.
— O que está fazendo? — perguntou o Miguel carrancudo que Arthur olhava através da tela do celular.
Apenas quatro minutos faltavam para a hora marcada para o encontro com Narcisa — que costumava ser extremamente pontual —, e Miguel acabava de chegar no quarto de Arthur. Carregava suas coisas em uma mochila e vestia um moletom cinza surrado, no qual mantinha as mãos nos bolsos.
— Pensei que já que você vai perder a memória, deveríamos ter um registro de que você já esteve do nosso lado.
— Ótima ideia — disse ele, com um sorriso falso. — Isso supondo que vou voltar a ver vocês. O que é bem improvável.
— É claro que vamos nos encontrar de novo! — Arthur rebateu, se recusando a ser pessimista. — Somos uma família agora.
Miguel riu de deboche.
— Tudo bem, guarde seu vídeo então — ele disse, e inclinou-se perto da câmera. — Ei, Miguel Desmemoriado, no caso improvável de você ver esse vídeo, a decisão de apagar a memória foi minha, Marina é adorável e seu pai sequestrou uma criança pra conseguir que você voltasse pra casa. — Miguel ajeitou seu corpo para olhar Arthur por cima do celular. — Acho que é o suficiente pra você não me encher mais o saco com isso.
Mas Arthur riu e apontou novamente a câmera para seu rosto.
— Só quando disser para o Miguel Desmemoriado que somos amigos agora.
— Não somos amigos.
Arthur girou o celular, apontando a câmera para o próprio rosto.
— Somos sim, mas você não admite — disse ele ao Miguel Desmemoriado, então encerrou a gravação.
— Quanto tempo falta para ela chegar? — Miguel perguntou, sentando-se sobre a cama sem se preocupar em tirar a mochila das costas.
Arthur consultou as horas no celular bem a tempo de ver 5:59 PM se transformarem em 6:00 PM.
— A qualquer momento — ele respondeu.
E como o esperado, ela simplesmente se materializou no meio do quarto, gerando uma quase imperceptível movimentação do ar.
— Prontos? — Narcisa perguntou. — Não temos tempo a perder.
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