1. Noite Eterna (p.5)

Zac seguiu o caminho para a casa, que não estava distante, mas só ao chegar até a porta, percebeu que não tinha mais a chave. Praguejou alto, devia tê-la perdido no Pais das Fadas. Contornou a casa para encontrar a janela do quarto, que com sorte, estaria velha e seria fácil de abrir.

Tentou empurrar, e ela fez barulho mesmo sem abrir. Tentou novamente, e um grito veio lá de dentro. Zac olhou sobressaltado e se aproximou da janela para falar:

— Quem está aí dentro?

— Quem está aí fora, pergunto eu! — rebateu a pessoa lá dentro, e ele percebeu que era uma menina.

— Eu não sei o que está acontecendo — ele disse —, mas seja lá o que for, não pretendo fazer nada com você. Meu nome é Zac.

— Zac? — ela perguntou e fez uma pausa hesitante. Pela proximidade da voz, estava bem próxima da janela agora. — Como Isac Miller?

Ele se espantou.

— Você me conhece? — Ele ouviu os ruídos dela abrindo a janela, e apesar do escuro, pode ver quem estava lá dentro. Era uma menina de pele negra e cabelos muito cacheados, que estavam amarrados no topo da cabeça. — Quem é você?

— Aí. Meu. Deus. — Ela cobriu a bochecha com a mão, sua incredulidade estava estampada no rosto. — Você está vivo!

Zac franziu o cenho confuso.

— Por que não estaria?

— Vá até a porta, vou abrir pra você entrar.

Ele obedeceu, e logo estava sentado em uma mesa da cozinha, e ela colocava uma xícara de café na sua frente.

— Meu nome é Tainá Forten — disse puxando uma cadeira para si. — Você não deve se lembrar de mim, me formei junto com Chloé, logo depois de você desaparecer.

— Eu desaparecer? — Zac perguntou confuso e forçou um gole do café garganta abaixo só pra não parecer mal educado. Detestava café. — Como assim?

Ela franziu o cenho.

— Se dois anos sem dar notícias não é desaparecer, eu não sei o que é.

— Dois anos sem dar notícias? — ele riu. — isso não faz sentido.

— Onde você esteve esse tempo todo? — perguntou, o olhando cada vez mais torto.

Ele suspirou.

— Entrei acidentalmente no País das Fadas — contou ele.

Ela ergueu as sobrancelhas.

— Quanto tempo acha que passou lá?

— Talvez uma semana. — ele deu de ombros. — Ou um pouco mais, eu não sei.

— Entendo.

— O que? — ele perguntou confuso.

— Zac — ela pôs as mãos sobre a mesa —, você alguma vez já ouviu falar que o tempo corre diferente no País das Fadas?

Ele balançou a cabeça.

— Sempre tive medo de historias de fadas.

— Depois que você desapareceu, eu estudei um pouco sobre isso. — Ela puxou o ar, tomando coragem de falar alguma coisa. — Não fique assustado, mas sua passagem pelo País das Fadas durou uma semana pra você, só que aqui no nosso mundo foram dois anos.

Ele riu.

— Isso não é possível.

— Fizeram buscas por você nesse tempo — ela continuou —, mas no final, foi dado como morto. Isso chamou a atenção de muita gente, já que você e Arthur eram bastante populares.

— Mas eu vi Arthur na semana passada — disse coçando a nuca.

Mas Tainá estava balançando a cabeça.

— Arthur acha que você está morto — disse ela. — Seus país também. Todo mundo acha.

Zac arregalou os olhos.

— Então eu preciso voltar! — ele disse, mas ela não respondeu, fazendo-o ter um pressentimento ruim. Ele franziu o cenho. — Tem mais alguma coisa que você gostaria de me contar?

— Infelizmente, sim — confirmou ela. — primeiramente, seus pais não moram mais em Alexandria.

— Não?

— Não, eles se mudaram depois que “confirmaram” — ela fez sinal de aspas com os dedos — a sua morte.

— E pra onde eles foram?

— Eu não sei, provavelmente só indo até Alexandria pra descobrir.

— Então vamos — ele disse se levantando.

— Espera — ela disse. — Sente-se, tem mais uma coisa.

Zac acatou.

— O que?

— Não é um bom momento pra você ser visto em Alexandria — ela disse. — Todo mundo sabe que você e Arthur eram muito próximos, e recentemente aconteceu algo um tanto desagradável. — ela fez careta. — Arthur acabou se metendo em uma grande confusão e fugiu, se as pessoas te verem, vai ser uma questão de tempo pra começarem a pensar que você sabe onde ele está.

— O que ele fez? — Zac perguntou incrédulo, sem conseguir imaginar o que faria Arthur se tornar um procurado.

Tainá apoiou o rosto na mão.

— Digamos que os boatos que correm são que ele e Chloé estavam escondendo Marina Ignis em Alexandria.

— Marina Ignis? — Zac perguntou pasmado. — A híbrida que há anos os Anjos procuram pra matar?

— Exato — respondeu ela assentindo.

— Que doideira! — ele exclamou com a mão na cabeça. — Como eles se meteram nisso?

— Ninguém sabe. — Ela deu de ombros. — Por enquanto, só estão correndo boatos, mas não teve nenhum pronunciamento oficial nem nada do tipo.

— Acho que eu devia ir atrás dele — falou Zac.

— Ninguém sabe onde eles estão — Tainá respondeu. — Como vai encontra-los?

Ele deu de ombros.

— Talvez os híbridos tenham alguma pista a respeito.

— Não vão querer falar. — Ela balançou a cabeça. — Eles tem muito medo dos Anjos.

— Não os de dentro de Alexandria. — Zac sorriu. — Mas os de fora são bem mais rebeldes. — Ele pensou por um minuto. — Minhas coisas ainda estão aqui nessa casa?

— Não — ela disse balançando a cabeça. — Devem ter levado tudo na época em que estavam procurando por você.

— Droga — ele resmungou. — Não tenho dinheiro, roupas... — ele apoiou o cotovelo na mesa e segurou a cabeça com a mão. — Não tenho nada.

— Poderíamos ir até Alexandria — Tainá sugeriu. — não seria tão difícil arrumar essas coisas por lá.

Ele levantou a cabeça.

— Podemos?

— Sim — ela confirmou. — Só precisamos esperar algumas horas, até que seja madrugada lá. Vamos ter que ir escondidos.

— Combinado.

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