1. Noite Eterna (p.4)
Ao invés disso, encontrou-se com a Rainha novamente, sentada em um galho de árvore, há metros de altura. Ela lhe sorriu de um jeito encantador e saltou lá de cima, pousando com delicadeza na terra firme.
— Para onde vai, Isac Miller? — ela perguntou, seu manto dourado arrastava no chão enquanto ela andava para se aproximar dele.
— Eu gostaria de ir para casa. — respondeu com sinceridade, desejando muito voltar.
— Mas por que? — ela perguntou, pondo a mão sob seu queixo, e se aproximando para beija-lo. Tinha sabor de amoras. — Por que não fica mais um ou dois dias, depois te levamos para casa? — ela propôs, e era muito convincente. A festa na noite anterior havia sido ótima, e esse lugar parecia ter uma daquelas a cada dia.
— Não fará mal ficar mais um ou dois dias — ele concordou e recebeu um sorriso travesso como recompensa.
Mais tarde, foi levado a mais uma festa, e comeu e bebeu muitas coisas, e apesar de nada parecer alcoólico, acordava quase sempre acompanhado, fossem por mulheres ou homens, sem se lembrar da noite anterior. E o um ou dois dias que a rainha havia lhe prometido para o levar para casa, rapidamente se transformou em uma semana.
Pelo menos, ele pensava que esse fosse o tempo que estava lá, mas não podia ter certeza. O país das fadas não tinha dia ou noite, não haviam horas. Eram o Povo Antigo, provavelmente mais antigos que qualquer outro ser na terra, as leis do mundo real não se aplicavam ali.
Houve um dia em que foi novamente levado a uma festa, e estava prestes a colocar o primeiro gole da bebida na boca quando foi impedido.
— Não beba nem coma nada — disse um garoto fada, segurando seu pulso com firmeza. — posso te ajudar a sair daqui, mas precisa agir como se nada estivesse acontecendo.
Zac assentiu sutilmente, e o garoto fada o puxou para dançar, o que não pareceu tão estranho quanto imaginaria em outro momento. Com certeza já havia dançado com meninos em outros dias, mas estava fora de si, agora não, tinha plena consciência do que estava fazendo, inclusive de que o garoto fada estava o guiando, e dançava muito bem, deslizando os pés sobre o chão de terra, os dois girando em torno de uma grande fogueira.
— Quem é você? — Zac perguntou, olhando para seu rosto. Era muito anguloso, como os das outras fadas, com bochechas altas e um queixo pontudo, tinha folhas compridas em diferentes tons de verde onde deveriam estar os cabelos, seus olhos eram pequenos e amarelos, que brilhavam na luz do fogo, assim como sua pele morena e viçosa.
— Meu nome é Delwen, e estou disposto a te ajudar.
— Por que?
— É proveitoso que sejamos amigos — justificou ele enquanto dava um giro que por pouco não derrubou Zac. — O mais importante é que não coma nem beba nada, nossa comida é capaz de entorpecer qualquer pessoa que não seja um de nós.
— Faz sentido — Zac ponderou. — Depois que eu como, é como se acontecesse um apagão na minha mente.
Delwen balançava a cabeça assentindo.
— Eu sei, isso é normal pra vocês, só que sempre que alguém entra aqui, vira a diversão do momento — ele falou carrancudo. — Não gosto disso.
— E qual é o plano?
— Continue agindo naturalmente.
— E depois?
— Vamos sair daqui juntos — Delwen explicou. — E ninguém vai desconfiar de nada.
— E por que eles não desconfiariam se eu saísse daqui com você?
— Por isso — ele disse, e o beijou, pressionando seus lábios contra os dele enquanto o segurava pela nuca.
Foi estranho e agradável ao mesmo tempo, tinha o mesmo sabor doce das bebidas que havia provado antes, mas não tirava sua lucidez. Pelo menos, não completamente. Zac correspondeu ao beijo, o segurando com força e trazendo-o para perto.
Delwen logo o guiou para longe do barulho, e Zac percebeu que o garoto fada tinha razão: ninguém deu nenhuma atenção para eles. Estavam bem longe quando Zac resolveu encosta-lo no tronco de uma árvore e o beijar novamente.
Precisava admitir que estava gostando disso, mais do que jamais imaginaria, considerando que ele nunca havia pensado em ficar com garotos antes. Por fim, as coisas acabaram indo mais longe do que o esperado, e somente o que Zac calculou como meia hora depois, voltaram a caminhar pela floresta. E ele mal acreditava no que tinham acabado de fazer, e totalmente sóbrio.
Delwen mostrava o caminho, e Zac seguia logo atrás dele, até que em determinado momento, ele parou repentinamente, de forma que os dois quase se trombaram.
— Andando alguns metros a diante, vai passar pela saída das nossas terras, e vai poder voltar ao seu mundo — disse Delwen, indicando com o dedo a direção para a qual deveria ir.
— Obrigado — disse Zac. — Acha que algum dia poderemos nos ver outra vez?
Delwen deu de ombros.
— É impossível prever.
Abraçaram-se e deram um beijo de despedida antes que Zac seguisse seu caminho. Após alguns passos, ao olhar para trás, Delwen não estava mais lá, e o ar gelou, para informá-lo que estava de volta à Cornualha. Levantou sua cabeça para ver o céu, e as estrelas e a lua cheia brilhavam no alto.
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