1. Noite Eterna (p.1)

Alexandria, dois anos antes


Zac acordou sendo estapeado. Alguém sacudia seus ombros tentando desperta-lo.

— Querida Bela Adormecida — dizia Arthur. — Me recuso a te beijar, mas se não acordar, vai se atrasar pra viagem.

Zac se sentou, ainda sonolento. Arthur estava de pé, enfiando a camisa na cabeça, devia ter acabado de tomar banho.

— Eu dormi aqui no seu quarto? — perguntou Zac confuso.

— Aham — ele confirmou, enquanto abotoava um botão da gola. — Eu nem me lembro de ter pegado no sono. Isso já está acontecendo com tanta frequência que as pessoas já devem estar imaginando que somos namorados. Ouvi dizer que o pessoal da gestão já está pensando em ceder seu quarto pra outra pessoa, considerando que você mora no meu.

Zac fez uma careta mostrando a língua.

— Muito engraçado. — Ele fingiu estar pensativo. — Se bem que a parte de sermos namorados pareceu interessante. Imagina só: Arzac.

— Arzac?

— Aham — respondeu Zac se levantando e indo para o banheiro. — Arthur e Isac, todo mundo ia shippar.

shippar — Arthur continuou falando, mesmo depois que Zac fechou a porta. — Acho que você deve andar shippando os meninos do One Direction e eu não tô sabendo.

— Você tá tão mal informado — disse Zac enquanto abria a torneira para lavar o rosto — que não tá sabendo que eles se separaram.

A risada de Arthur foi claramente audível.

— E você está muito bem informado.

— Gosto do Zayn, ele já tinha saído desde o ano passado — disse Zac e deu uma rápida olhada no espelho. Estava com o cabelo grande demais, quando voltasse da viajem, dali a um mês, iria estar parecendo um urso. — I don't wanna live forever — ele cantou desafinado, enquanto abria a porta do banheiro e saia dramaticamente. —  'cause I know I'll be living in vain.

Arthur estava deitado na cama digitando no celular. Zac chegou perto para espiar.

— Mandando mensagem pra Priscila? — ele perguntou.

— Terminando com ela — respondeu, ainda concentrado em apertar as letras no teclado.

Zac riu e se jogou na cama.

— Não namoro com ninguém desde a Júlia no ano passado — falou.

Arthur o encarou, ainda digitando, mas sem olhar para o teclado.

— Namorar, namorar mesmo, não — ele deu um sorriso de cumplicidade —, agora outras coisas você tem feito.

— E você estranhamente gosta de namoros.

— Tenho esperança de encontrar o amor da minha vida — ele havia voltado a olhar para o celular, revisando a mensagem que havia terminado de escrever. — Droga de corretor ortográfico — ele alterou alguma coisa no texto antes de enviar. — Pronto, terminado.

— Meu sonho é casar com sua irmã — Zac disse. — Teríamos lindos filhos loiros de olhos castanhos.

Arthur riu enquanto desligava o telefone e o colocava na gaveta do criado mudo.

— Chloé não gosta de você.

— Mas seríamos um casal tão lindo!

— Eu apoiaria — Arthur deu de ombros —, mas ela passa muito tempo com Miguel, desconfio que eles vão namorar algum dia, ou já namoram, sei lá.

Zac sorriu tendo uma ideia.

— Ela vai vir aqui hoje se despedir de você?

— Não gosto dessa cara — disse Arthur, olhando-o torto. — Geralmente significa que você está tendo uma ideia, e nem sempre suas ideias são legais.

— Ela vem? — insistiu ele.

— Disse que vinha. — Arthur deu de ombros.

— Ótimo.

Zac passou no quarto para um banho e pegou as coisas de que precisava. Fazia falta não ter uma mochila infinita como a que Arthur tinha, então tentava colocar tudo em uma normal.

Desceu as escadas para o café da manhã, e Arthur já estava lá, se servindo de torrada e suco de manga. Zac bebeu suco também, considerando que detestava café, e também comeu um pão com manteiga.

Em quinze minutos Chloé estava lá para encontrar Arthur, usando um vestido florido e com os longos cabelos loiros e cacheados soltos, fazendo volume sobre seus ombros.

Ela sentou ao lado do irmão, beliscando uma das torradas dele e enfiando na boca.

— Está linda hoje — Zac elogiou e deu uma piscadela.

Chloé o olhou como se pretendesse mata-lo.

— Fica na sua.

Foram para fora e caminharam até a beira do rio, Arthur e Zac carregavam suas coisas enquanto Chloé conversava com o irmão.

— Mal posso esperar pelo ano que vem — dizia ela. — Agora que eu tenho dezoito anos, vou poder viajar também, e vir morar na casa dos guardiões. Espero conseguir ficar na mesma casa que você, Arthur.

— Você sabe que isso nem sempre é possível — Arthur respondeu. As vezes ele não tinha muita paciência com a irmã.

— Sim, mas por conta do parentesco, eles costumam dar preferência. Pode ser que eu consiga.

— Acho que não — Arthur disse balançando a cabeça. Tinham acabado de chegar a beira do lago.

— Ela tem razão — Zac contrariou.

— Não preciso do seu apoio. — Chloé o encarava irritada.

Zac sorriu, estava na hora de botar sua ideia em prática. Andou até Chloé que o encarava incrédula e a beijou na boca.

Precisou correr em seguida, e se jogar na água, se transportando rapidamente para seu destino através dos Canais de Água, que era uma espécie de transporte mágico através dos rios e mares. Era tudo interligado, então você podia entrar num rio em Alexandria, e sair em qualquer rio ou mar do planeta.

Em seu caso, estava indo para um lugar chamado Cornualha. Saiu de um lago extremamente gelado. Era frio ali, e logo estava batendo os queixos.

Correu até encontrar a casa onde se instalaria durante o longo mês que vinha pela frente, se apressou em tomar um banho quente antes de se enfiar debaixo de um cobertor velho que encontrou para se manter aquecido. Mesmo sem sono, ele dormiu, e teve pesadelos.

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