7. Um Novo Aliado (p.1)

— Então, não deu em nada? — perguntou Diana.

— Nada — confirmou Arthur balançando a cabeça.

Havia acabado de chegar sozinho à casa da feiticeira, Chloé havia dito que ia ver Miguel enquanto Lívia aparentemente estava no quarto dormindo.

Diana pareceu desapontada.

— Bom — ela suspirou —, obrigada pela ajuda. É uma pena que não tenham encontrado nada.

Arthur assentiu e se virou para ir embora.

— Onde você vai? — perguntou Diana antes que ele chegasse até a porta.

— Para casa — respondeu ele de costas e então virou-se para ela. — Só vim te dizer que não encontramos nada.

Diana ergueu as sobrancelhas.

— Poderia ter ligado, então. Por que veio?

Arthur hesitou e inspirou ar antes de responder.

— Por que queria te ver — admitiu ele e se aproximou novamente, largando a mochila e Excalibur no canto do sofá antes de sentar-se ao lado da feiticeira. — Você sabe disso, Diana.

Ela pareceu um pouco desconcertada e passou a mão pelo cabelo, aparentemente tentando disfarçar.

— O que eu queria dizer é só que pode jantar conosco e dormir aqui se quiser — disse ela. — Lívia vai gostar de te ver.

— Lívia? — Arthur riu e apoiou o braço no encosto do sofá. — Eu posso ficar sim. — Ele tentou parecer charmoso e mexeu em uma ponta do cabelo dela enquanto falava. — Desde que eu possa dormir com você mais tarde.

Diana gargalhou e Arthur sentiu-se ofendido.

— O que é tão engraçado? — perguntou ele.

— Você, Arthur — disse ela, passando o dedo indicador pelo queixo dele. — Você é engraçado. Sempre que eu dava em cima de você, parecia ter medo e fugia de mim. Agora que parei, você parece interessado.

Arthur sorriu.

— Talvez no fundo eu gostasse. Estou sentindo falta — Admitiu com um sorriso.

A resposta de Diana foi o beijar. Um beijo forte que inflamou alguma coisa dentro dele. Ela o derrubou de costas beijando e mordendo seu pescoço, retornando em seguida para a boca enquanto Arthur usava as mãos para acaricia-la e pressionar o corpo dela contra o próprio.

Ela sentou-se ainda sobre ele e passeou as mãos pelo cabelo de Arthur, indo em seguida para o pescoço, os braços, o peito, barriga, o quadril e então deu um leve peteleco no botão da calça jeans, como um deboche.

Arthur suspirou com desconforto em suas partes baixas. Puxou-a de volta e deu um jeito de a colocar de costas no sofá, colando os lábios novamente nos dela.

Em algum momento, sem que Arthur se desse conta, ela estava de volta por cima dele e falando em seu ouvido.

— Já contou quantos dos nossos amassos esse sofá já presenciou? — ela sussurrou.

— Sinal de que deveríamos procurar uma cama — ele sussurrou de volta.

Ela não respondeu, apenas retomou os beijos, agora em um ritmo lento e torturante que o fez deixar escapar um ruído abafado vindo do fundo da garganta.

Foi nesse momento que Diana sentou-se alarmada.

— O que foi? — perguntou Arthur puxando-a de volta pela cintura, mas ela resistiu e permaneceu rígida.

— Lívia — respondeu ela. — Acho que ela viu a gente.

* * *

— Eu realmente preferia não ver isso — comentou Lívia para si mesma quando fechou a porta do quarto. Jogou-se na cama e fingiu dormir, tendo certeza que Diana logo apareceria. A feiticeira havia levantado repentinamente quando notou a presença dela, mas seria melhor se os dois pensassem que foi apenas uma impressão.

Lívia quase felicitou a si mesma quando ouviu um clique e a porta do quarto se abrindo.

Ouviu passos leves para dentro do quarto e imaginou de olhos fechados que Diana estava espiando pra ver se ela estava dormindo. Mas quando uma voz chamou seu nome, não era Diana.

— Lívia? — era Arthur chamando baixinho. Ela abriu os olhos para vê-lo abaixado do lado da cama, próximo ao seu rosto. — Não precisa fingir que está dormindo.

Ela se sentou olhando para ele. A luz que entrava pela porta aberta era muito fraca, então acendeu o abajur do criado mudo. Recentemente, Lívia notara, estavam aparecendo novos objetos no quarto, como um espelho grande, uma penteadeira, um baú de livros e uma serie de outras coisas. Aparentemente, Diana estava tentando tornar o cômodo mais agradável quanto possível.

Ela observou Arthur sob a luz. Os olhos estavam escuros e quase não se via que eram verdes. Os cabelos desalinhados e as roupas amarrotadas. Os lábios inchados denunciavam a recente serie de beijos. E ainda assim, ele continuava absolutamente lindo.

— Não precisa me explicar nada — disse Lívia. — Eu só saí logo que vi vocês porque não queria atrapalhar.

— Você ficou chateada? — perguntou ele se sentando na cama ao lado dela.

— Eu acho que não — respondeu ela sinceramente. — Deveria?

— Não. E que bom que não. — Ele deu um sorriso torto e a cutucou nas costelas com o cotovelo. — Eu adoro você, mas não penso em você... assim. — Ele gesticulou com as mãos tentando enfatizar o que estava falando. — Você é como minha irmã.

— Eu me pareço com Chloé?

Arthur riu.

— Não. Não se parece com ela, mas também é como uma irmã pra mim.

Certo, pensou Lívia, talvez irmã tivesse um peso indesejado.

— Não quero ser sua irmã — protestou ela e Arthur franziu as sobrancelhas. Ela explicou em seguida: — Prefiro que sejamos amigos, Arthur.

Ele a abraçou e Lívia lembrou-se de que a ultima vez em que estiveram tão próximos foi no dia em que se encontraram, e se beijaram no chão da clareira. Ela corou com a lembrança, mas por sorte, mesmo com a luz do abajur acesa, estava escuro demais para que Arthur pudesse vê-la. No dia que se beijaram estava fora de si, e não notou nada dele. Agora podia sentir cheiro de sabão e erva-doce nele, era bom, Arthur cheirava muito bem. E de alguma forma, ele lembrava casa.

— Queria tia Belinda de volta — comentou ela tristemente. — Queria minha casa de volta, esse mundo é muito complicado.

Arthur a soltou e levantou-se repentinamente.

— Você acaba de me lembrar que te trouxe uma coisa.

Ele sorriu e saiu do quarto deixando Lívia confusa, mas voltou logo em seguida trazendo um embrulho de papel pardo.

— Comprei pra você — ele disse estendendo o embrulho. — Achei que pudesse ajudar.

Lívia aceitou e apressou-se a rasgar o papel de curiosidade. Era um livro sobre a geografia de Alexandria! Ela o folheou encantada enquanto Arthur sentava-se de volta ao seu lado.

— Eu tinha um desses na época da escola — explicou Arthur. — Achei que se você estudasse um pouco sobre Alexandria se sentiria menos perdida.

— Obrigada! — disse sem tirar os olhos das paginas. — Vou até me sentir mal em cobrar outra coisa.

— Me cobrar outra coisa? — perguntou ele franzindo o cenho.

Lívia endireitou a postura.

— Rei Arthur e os Cavaleiros da Távola Redonda.

— Ah que droga, esqueci que tinha prometido te emprestar de novo! — disse ele e riu. — Prometo que trago pra você, mas teve outra coisa que eu não esqueci.

— O que?

Arthur tirou o celular do bolso e começou a ler de um tipo de anotação.

— O nome Lívia significa "lívida" ou "pálida" — ele olhou para ela — nunca achei que combinasse muito com você.

— Porque não?

Ele deu de ombros.

— Eu não sei, apenas parece que não encaixa. — Ele olhou de volta para o celular. — Marina significa "do mar" ou "a que vem do mar". Pesquisei também Ignis, que significa "Fogo" em latim. Então pensei...

— Fogo que vem do mar — concluiu Lívia. — Soa forte, não sei se combina comigo. Acho que nenhum deles é bom pra mim.

— Olha pra mim — ele pediu e ela olhou. Arthur a analisou fazendo caretas engraçadas. — É, você tem cara de Marina Ignis.

Lívia riu.

— Acha que eu deveria assumir meu nome como Marina Ignis?

Arthur balançou a cabeça veemente.

— Nem pensar. Todo mundo conhece o nome Marina Ignis. E tem muita gente que faria uma verdadeira guerra pra te ver morta. — Ele suspirou. — E não queremos nem guerra, nem você morta.

— Isso é chocante. Pensar em quantas pessoas devem ter morrido por minha causa.

— Bom... — disse Arthur se levantando e a puxando da cama pela mão. — Por hora vamos pensar apenas no jantar, estou com fome.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top