4. Escrito nas Estrelas (p.2)
— Então você é minha madrinha? — perguntou Lívia, mesmo que fosse uma pergunta estúpida, já que era o que ela havia acabado de dizer —, e eu sou alguém que todo mundo quer matar?
— Não vamos deixar — foi Arthur quem disse, com a voz firme.
— No que depender de mim, ninguém vai chegar perto de você — confirmou Diana. — Te protegi por dezessete anos, não será agora que alguém vai conseguir te fazer mal.
— Isso é loucura. — Chloé jogou os braços para o alto. — Arthur de uma hora pra outra encontra Marina Ignis, uma das híbridas mais famosas, justamente por nunca ter sido encontrada. Daí ela vem parar no nosso colo e BUM! — Ela gesticulou simulando uma explosão e olhou para Arthur. — A bomba da vez é que ela é afilhada da sua amiguinha feiticeira. — Ela olhou para Diana com o cenho franzido. — Por isso não gosto de você. Não confio em você, cheia de segredinhos. Vamos lá, Feiticeira, conte-nos os podres do seu passado, aposto que são muitos...
— Já chega — disse Arthur em tom autoritário. — Temos mais com o que nos preocupar. Não adianta descontar em Diana.
— Agora defende ela? — Chloé perguntou indignada e levantou-se do sofá. — Ótimo, estou de saída. — Ela lançou a Diana um olhar venenoso. — Não quero abusar da sua hospitalidade.
Arthur tentou segurar o braço da irmã, mas ela o puxou com força e partiu em direção a porta.
— Eu vou atrás dela — disse Arthur levantando-se apressado e saindo atrás da irmã, deixando Lívia e Diana sozinhas.
* * *
— Chloé! — chamou Arthur, enquanto ia atrás da irmã. — Espera, por favor!
Chloé parou de repente, virando se para ele, furiosa.
— Qual é o seu problema Arthur? Por que você acredita nela? Essa história é absurda!
— O que há de tão absurdo? — perguntou Arthur. Ele também havia achado chocante, mas fazia sentido, e explicava bem o motivo de Lívia viver isolada em uma floresta.
— Está cego? Agora que está transando com ela virou um idiota?
— Eu o quê? Não tô transando com ela!
— Duas palavras: Marina Ignis. Não vejo outra explicação pra você acreditar que Lívia e Marina sejam a mesma pessoa. Não é possível. — A voz dela tremeu um pouco, com uma certa insegurança. — Não pode ser. Vão querer mata-la.
Arthur segurou o rosto da irmã entre as duas mãos.
— Não vamos deixar. Ninguém vai saber que ela é Marina. Confie em mim, vamos dar um jeito.
— Eu confio em você — afirmou Chloé. — Eu não confio na sua namorada.
Arthur riu.
— Ela não é minha namorada.
Chloé deu um sorrisinho torto.
— As vezes eu torço pra vocês namorarem.
— Sério? — espantou-se Arthur.
— Claro! — o sorriso dela se alargou. — Daí você cansaria dela de uma vez e a largaria depois de uma semana, como você sempre faz.
Arthur pôs um cacho solto do cabelo atrás da orelha de Chloé.
— Diana é meio intimidadora. Mas acho que você deveria conhece-la melhor.
Chloé desvencilhou-se do irmão.
— Outro dia. Estou indo procurar Miguel, você vem?
Arthur fez uma careta.
— Eu passo. Prefiro agarrar todas as oportunidades de me manter longe do seu anjinho.
— Acho que você devia conhece-lo melhor — rebateu Chloé.
— Outro dia — respondeu rindo
Chloé começou a se afastar.
— Até mais tarde...
— Chloé.
— Sim — Ela parou de novo.
— Não fala nada sobre Lívia pra ele — pediu Arthur.
Chloé cerrou os lábios e passou os dedos sobre eles, fingindo fechar um zíper. Virou de costas e se foi.
* * *
Logo que Arthur saiu, o silêncio foi constrangedor.
— Me desculpe por ficar longe de você todos esses anos — foi Diana quem falou. Lívia olhou para ela, parecia sincera. — Eu achei que se eu a visitasse com frequência alguém acabaria desconfiando.
— Tudo bem — respondeu Lívia, sem saber bem o que dizer. — Pelo menos nos vimos uma vez, não foi? Quando eu inundei o banheiro de casa.
Diana sorriu.
— Você era uma menininha linda, e ficou ainda mais. Como sua mãe.
— O que eu vou fazer agora? — perguntou Lívia.
— Primeiramente, iremos até os centauros. Em seguida, pretendo te treinar para usar seus poderes, enquanto se esconde por aqui, até que faça dezoito anos.
— E depois?
Diana deu de ombros.
— Eu e você podemos ir viver no meio do mundo humano, como os outros híbridos.
Lívia fez uma careta.
— Eu mal conheço você... Quer dizer, eu já te vi antes, só por isso acredito no que me contou, mas ainda assim, você é estranha pra mim.
— Por isso esperaremos por aqui até que você faça dezoito anos — respondeu ela. — Vai poder me conhecer melhor, confiar em mim. E ainda vai ter Arthur e Chloé por perto, e pelo que vi, você confia neles.
Lívia abaixou a cabeça e começou a brincar com os nós dos dedos.
— Eles têm me ajudado sem nem ao menos pensar nos problemas que isso pode trazer para eles mesmos.
— E são boas pessoas. Pelo que sei, pode confiar plenamente em qualquer um dos dois.
— Sim, mas e em você? Arthur te adora, Chloé te odeia. Qual está certo? — Lívia questionou. — Por enquanto, vou confiar no julgamento de Arthur.
Diana soltou o ar, que Lívia nem havia notado que ela estava prendendo, e esboçou um sorriso. Parecia aliviada.
— Está me dando o benefício da dúvida?
— Sim. Espero não me decepcionar.
— Não vai, pequena — disse a feiticeira sorrindo e recompôs-se em seguida. — Fugindo um pouco do assunto, não pude deixar de notar que Arthur é muito apegado a você.
Lívia a olhou interrogativa.
— O que isso tem haver com qualquer coisa?
Diana deu de ombros.
— Não sei, mas eu gosto muito dele, mas se, por acaso, você estivesse apaixonada por ele, eu poderia manter distância...
Lívia não sabia o que responder, mas nem precisou, pois naquele instante a porta se abriu e o próprio Arthur entrou por ela.
— Ela foi se encontrar com o namorado — anunciou e fez uma careta.
— Ela não saiu daqui parecendo estar indo pra um encontro — retrucou Diana.
— Mas agora ela vai. Já contou pra Lívia o que faremos hoje?
— Não — foi Lívia quem respondeu. — O que vamos fazer?
— Hoje, a meia-noite, vocês vão se encontrar com um centauro — respondeu Diana.
— Você não vem com a gente? — perguntou Arthur.
Diana balançou a cabeça.
— Não, tenho outras coisas pra fazer — olhou para Lívia e deu uma piscadela, depois voltou-se para Arthur novamente. — Confio que você é capaz de cuidar bem dela sozinho.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top