11. Entre Versos e Estrofes (p.1)
"Estou de volta em Alexandria. Descobri algo q vc e Diana vão querer ver. N posso ir ai agora pq prometi almoçar c minha família, mas vou assim q der" Dizia a mensagem de Arthur que Lívia havia acabado de receber. E irritou-se com isso. Se ele não pretendia contar o que havia descoberto, então era melhor que nem tivesse falado nada.
— Não mexa nessas porcarias eletrônicas enquanto está à mesa — repreendeu Diana, que a acompanhava no café da manha.
Parecia ainda estar com um humor amargo, apesar da conversa que haviam tido no dia anterior — mesmo que desconfiasse que a irritação da feiticeira fosse com Arthur, não com ela..
— Arthur disse que vem aqui mais tarde porque descobriu alguma coisa que a gente iria querer saber — informou Lívia a contragosto.
— Ele disse a respeito de que é essa descoberta? — perguntou Diana erguendo as sobrancelhas.
Ela abanou a cabeça e Diana não pareceu satisfeita, mas, de qualquer forma, não havia muito o que fazer além de esperar até que Arthur chegasse.
* * *
Arthur estava saindo de casa quando recebeu uma ligação de Chloé.
— Onde você está? — ela foi logo perguntando.
— Nova York ainda, decidi que vou morar aqui daqui em diante — mentiu Arthur, e riu ao receber uma palavra indizível da irmã como resposta. — Estou indo pra casa de papai e mamãe. Onde você está?
— Já estou aqui, cheguei agora há pouco. Pensei que você só ia aparecer na hora do almoço — respondeu ela.
— Eu provavelmente faria isso — admitiu ele. — mas quero te mostrar uma coisa.
— Que coisa?
— Te mostro quando chegar aí, não vou demorar.
— Certo.
Ele ouviu o bipe do celular sendo desligado e o guardou no bolso após bloquear a tela.
O céu estava nebuloso, e o tempo abafado, Arthur apertava o passo pela estrada em direção a casa de seus pais, com a mochila e Excalibur penduradas nas costas enquanto andava. Não era uma distância muito grande, e vinte minutos depois já estava chegando.
Entrou sem bater, já que estava em casa, e foi recebido por sua mãe, que parecia como sempre, com suas roupas simples e os cabelos cacheados que se assemelhavam aos de Chloé, exceto pela cor, que era mais escura.
— Mãe — Arthur disse enquanto recebia um abraço.
— Eu não sabia que você e Chloé iam vir tão cedo! — falou ela afobada. — A casa está uma bagunça!
— Mãe, calma — disse Arthur rindo. — a gente não é visita.
— Humpf — ela bufou. — Chloé pode até não ser, mas você vem tão pouco aqui que já é praticamente visita.
— Desculpa, eu sei que não tem justificativa, mas estive com alguns problemas pra resolver desde que voltei de viagem.
— Algo com que eu deveria me preocupar? — ela perguntou, andando até a pia e voltando a lavar a louça.
— Definitivamente não — respondeu ele. — quer ajuda com a louça?
— Não, já estou terminando. Chloé e Dean devem estar em algum dos quartos
— Onde está meu pai?
— Lúcio saiu agora há pouco — respondeu ela enquanto enxaguava alguns pratos debaixo da torneira. — Não deve demorar pra voltar.
Arthur assentiu e saiu atrás dos irmãos, e os encontrou no quarto de Dean, que um dia também havia sido dele. Ainda haviam duas camas, e cada um dos dois estava em uma delas.
Dean estava deitado atravessado no colchão, com a cabeça pendurada e as pernas pro ar, apoiadas na parede, enquanto Chloé estava sentada, parecendo desconfortável em um vestido florido e com os cabelos soltos pendendo sobre os ombros.
— Bonito vestido — provocou Arthur, que sabia que ela odiava esse tipo de roupa, e que só usava para agradar a mãe.
— Obrigada — respondeu ela, com o tom de voz e o olhar de quem dizia que era melhor ele manter a boca fechada.
— Pensei que você não ia vir — anunciou Dean, o olhando de cabeça para baixo.
— Mas eu disse que vinha — apontou ele, e fez uma careta. — E acho que você vai ficar chateado com o que eu vou te pedir.
Dean derrubou as pernas de lado e se sentou na cama, com os cabelos alvoroçados e as roupas amarrotadas.
— O que?
— Precisava falar com Chloé um minuto — disse ele, dando de ombros se desculpando. — É particular.
Dean amarrou a cara.
— Vou ajudar a mamãe na cozinha — disse ates de sair mal humorado do quarto.
— Acho que ele puxou a sua personalidade — comentou Arthur para Chloé assim q a porta se fechou atrás do irmão.
— Sem brincadeira, Arthur — cortou ela. — Me diz, o que você quer me mostrar?
— Isso — disse Arthur exibindo a print da parte da poesia que falava sobre Delacroix. Enquanto ela lia, ele se sentou na cama e esperou.
— É uma referência como um lago — disse ela por fim, e Arthur assentiu. — Você mostrou isso pra Lívia e Diana?
— Ainda não, mas pretendo fazer isso ainda hoje, quando sair daqui.
— O que acha que isso quer dizer? — perguntou ela olhando de volta para a tela do celular. — "Delacroix, lago onde os anjos maus banham-se em sangue"
— Eu não sei. Acredito q tenhamos que colocar lado a lado com o que os centauros disseram e avaliar. Mas eu não faço a menor ideia de que lago pode estar falando.
— Eu conheço o Delacroix — disse alguém, abrindo a porta e entrando no quarto.
Todo o sangue pareceu fugir do rosto de Arthur ao ver que era Miguel Bellator.
— Já ouviu falar que é falta de educação escutar conversa atrás da porta? — disparou Arthur hostilmente.
— Estou me oferecendo para ajudar — devolveu Miguel. — Mas posso não falar nada se preferir.
— Eu prefiro...
— Deixa ele falar, Arthur — interrompeu Chloé. — O que você sabe, Miguel?
— Onde fica o Delacroix. — respondeu ele.
— Onde? — Arthur perguntou.
Miguel sorriu.
— Não tão rápido, Romeu — disse ele, ainda de pé próximo à porta, com as mãos para trás. — Eu quero algo em troca. Me digam exatamente por que querem encontrar o Delacroix, e eu digo onde ele fica.
— Por que você quer tanto saber? — Arthur perguntou estreitando os olhos.
Miguel deu de ombros.
— Gosto de saber coisas.
— A gente precisa pensar sobre isso, Miguel — disse Chloé. — Não é um segredo nosso.
— Lívia e Diana, imagino. — Ele deu de ombros e correu o olhar pelo quarto, parando na fotografia do porta retratos na parede. Era uma foto que estava ali desde a época em que ele e Dean ainda dividiam o quarto.
Nela estavam seus país adotivos e os biológicos, Chloé era um bebê no colo de Mírian e Arthur a criança pequena entre o pai e a mãe no sofá.
— São seus país, não são Arthur? — ele perguntou. — Se fossem vivos, você e seu pai provavelmente iriam ser confundidos o tempo inteiro. .
— Olha só... o que você está fazendo aqui? — Arthur perguntou.
— Sou seu cunhado, cara. — respondeu ele e mandou um beijo pra Chloé como uma forma de deboche. — Eu cheguei, falei com Mírian e ela me disse que eu deveria procurar por vocês no quarto.
Arthur se virou para Chloé, e ela deu de ombros se desculpando. Ele se levantou e saiu do quarto irritado, decidindo ir atrás de Dean.
O encontrou no antigo quarto de Chloé, jogando no celular.
— Terminaram seus assuntos particulares? — perguntou ele sem desviar os olhos do celular.
— Desculpa por isso — disse Arthur se sentando perto dele, encostou na parede e dobrou os joelhos, colocando os pés sobre a cama. — Estamos com alguns problemas pra resolver.
Dean baixou o celular para olha-lo com as sobrancelhas erguidas.
— Eu posso ajudar.
— Obrigado, mas por enquanto, não há nada que você possa fazer.
— Isso tem haver com o final de semana que você e Irmã passaram na Biblioteca? — perguntou Dean deixando o celular de lado definitivamente.
Arthur assentiu balançando a cabeça.
— Tem, mas deixa isso pra lá. Mudando de assunto, como está sendo seu último ano na escola? Ano que vem já começa o Treinamento para Guardiões. Ansioso?
Dean pareceu ficar radiante com a pergunta.
— Eu mal posso esperar!
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