17 - Chamas contra escuridão
A batalha dentro do quarto começou de forma caótica. Kurogiri, cada vez mais monstruoso, seus membros alongados rasgando as paredes e o teto. O quarto, que já era pequeno, parecia encolher ainda mais diante da presença ameaçadora dele. Kageba, envolta em chamas, lançou rajadas de fogo contra Kurogiri, tentando contê-lo.
O calor era insuportável, e eu mal conseguia respirar. Kurogiri rugiu, sua voz reverberando pelas paredes, e com um movimento brusco, ele destruiu o teto, fazendo os destroços caírem ao nosso redor. Aproveitei a confusão para correr em direção ao telhado, tentando escapar do caos.
Subi pelo telhado, mas a estrutura estava instável. Com um último esforço, pulei, caindo desajeitadamente no chão do lado de fora. A queda foi dolorosa, mas a adrenalina me manteve em movimento. Levantei-me rapidamente e corri, sem olhar para trás, sentindo o calor das chamas e ouvindo os rugidos de Kurogiri ao longe.
Finalmente, consegui sair da casa e me vi em uma floresta densa. A escuridão era total, e eu não conseguia ver nada ao meu redor. O medo e a exaustão me dominavam, mas eu sabia que precisava continuar. O som da batalha ainda ecoava ao longe, mas eu estava determinada a encontrar um lugar seguro.
Tateando no escuro, avancei pela floresta, tentando não fazer barulho. Cada passo era um desafio, mas a vontade de sobreviver me impulsionava. A escuridão parecia envolver tudo, e eu mal conseguia distinguir as árvores ao meu redor. O silêncio da floresta era interrompido apenas pelo som da minha respiração ofegante e dos meus passos apressados.
O rosnado gutural de Kurogiri ecoava pela floresta, e ouvir meu nome saindo de sua boca monstruosa fez meu coração disparar ainda mais. Continuei correndo desesperada, me embrenhando na floresta densa, tentando escapar de sua perseguição. Olhei para trás e vi Kurogiri cada vez mais perto, seus olhos vermelhos brilhando na escuridão.
Kageba, envolta em chamas, fazia o possível para impedir que ele se aproximasse, lançando rajadas de fogo e lutando com todas as suas forças. A batalha entre eles era feroz, mas eu precisava continuar correndo para sobreviver.
Sem conseguir ver nada à minha frente, tropecei em uma raiz e perdi o equilíbrio. Escorreguei e caí ladeira abaixo, sentindo a dor das pedras e dos galhos arranhando minha pele. Rolei descontroladamente, tentando me proteger como podia, até finalmente parar no fundo da encosta.
Levantei-me com dificuldade, sentindo o corpo dolorido e os arranhões ardendo. A escuridão ao meu redor era total, e eu mal conseguia distinguir as formas das árvores. O som da batalha ainda ecoava ao longe, mas eu sabia que Kurogiri poderia estar me seguindo.
Com o coração batendo descontroladamente, continuei avançando pela floresta, tentando encontrar um lugar seguro. Eu olhei para trás e vi Kurogiri acertando Kageba em cheio. Ele podia se transformar em qualquer coisa, e isso dificultava ainda mais para Kageba. Ela lutava bravamente, mas estava claramente em desvantagem. O desespero tomou conta de mim; eu não tinha a menor ideia do que fazer e nem onde estava.
Olhei para minha mão e, em um ato de desespero, gritei as palavras do selo que Satoru havia me ensinado. O selo brilhou intensamente, confirmando que o que eu estava vendo era real. Aquilo não era um sonho, era um pesadelo real que estava acontecendo de verdade.
Eu queria desesperadamente pedir ajuda, encontrar uma maneira de ligar para Satoru, mas meu celular não estava comigo e não tinha ideia nem em qual direção deveria fugir. A sensação de impotência era esmagadora. Kageba estava prestes a ser derrotada, e eu sabia que, se ela caísse, eu seria a próxima.
Eu não sabia o que fazer, e a visão de Kurogiri se aproximando cada vez mais me paralisava. Kageba lutava com todas as suas forças, mas Kurogiri era feroz. Eu estava completamente perdida.
— Kageba! — gritei, tentando chamar sua atenção. — O que eu faço?
Ela olhou para mim, seus olhos brilhando com determinação apesar da dor.
— Fuja! — ela gritou de volta. — Encontre um lugar seguro!
Respirei fundo, tentando acalmar meu coração acelerado. Comecei a correr novamente, me embrenhando ainda mais na floresta. Escorreguei e caí ladeira abaixo, uma queda pior que a anterior. A queda foi brutal. Quando finalmente parei de cair, uma dor lancinante percorreu minha perna. Tentei me levantar, mas a dor era insuportável. Percebi que havia quebrado a perna. O sofrimento era intenso, e cada movimento parecia agravar ainda mais a dor.
Lágrimas escorriam pelo meu rosto enquanto eu tentava encontrar uma posição menos dolorosa. O medo e o desespero me dominavam.
A batalha entre Kurogiri e Kageba chegou até mim, mesmo em certa distância ainda podia vê-los. Kurogiri, com sua habilidade de se transformar em qualquer coisa, usava essa vantagem para confundir e atacar Kageba de diferentes ângulos. Ele se movia rapidamente, suas garras afiadas rasgando o ar e criando portais de névoa negra para se reposicionar constantemente.
Kageba, envolta em chamas, lutava com todas as suas forças. Ela lançava rajadas de fogo contra Kurogiri, tentando mantê-lo à distância. A cada golpe, o calor das chamas iluminava a escuridão da floresta.
Em um momento crítico, Kurogiri conseguiu acertar Kageba em cheio, lançando-a contra uma árvore. A dor era evidente em seu rosto, mas ela não desistiu. Com um esforço final, Kageba concentrou todo o seu poder e criou uma enorme onda de fogo, forçando Kurogiri a recuar. As chamas se espalharam rapidamente, incendiando a vegetação ao redor e criando uma barreira de fogo entre eles.
Kurogiri, percebendo que não poderia atravessar as chamas sem se ferir gravemente, recuou para a segurança da escuridão. Ele soltou um rugido de frustração, mas sabia que precisava se retirar temporariamente para se recuperar e planejar seu próximo ataque.
Enquanto isso, Kageba, exausta e ferida, se aproximou de mim. Ela estava visivelmente abalada.
— Consegui afastá-lo por enquanto — disse ela, sua voz carregada de preocupação. — Mas não posso garantir que ele não volte.
— Precisamos de ajuda — disse eu, minha voz tremendo de dor e medo. — Não posso continuar assim.
— Eu queria pedir ajuda, mas não posso me afastar de você. Estou ancorada a você, e se me afastar demais, não poderei protegê-la.
Com a ajuda de Kageba, consegui me arrastar até um local mais abrigado, onde pude me recostar contra uma árvore. A dor era constante, mas a presença dela me dava um pouco de conforto.
A dor na minha perna era insuportável. Cada movimento enviava ondas de agonia pelo meu corpo, e eu mal conseguia respirar de tanta dor. O ferimento era grave, e eu sabia que precisava de ajuda, mas estávamos sozinhas naquela floresta escura.
Minha visão ficava turva, e eu sentia como se estivesse flutuando entre a realidade e um pesadelo. As sombras ao meu redor pareciam ganhar vida, e eu ouvia sussurros que não estavam realmente lá. Minha mente estava confusa, e eu não conseguia distinguir o que era real do que era fruto do meu delírio.
— Satoru... — murmurei, minha voz fraca e trêmula. — Onde você está?
Eu via o rosto de Satoru em minha mente, mas ele parecia distante, inalcançável. As lembranças se misturavam com a realidade, e eu não conseguia focar em nada. A dor era constante. Kageba, percebendo meu estado, tentou me manter consciente.
— Fique comigo. Precisamos encontrar uma maneira de sair daqui.
Eu tentei me concentrar em suas palavras, mas a dor e o delírio eram maiores que eu. As árvores ao meu redor pareciam se fechar sobre mim, e eu sentia como se estivesse sendo engolida pela escuridão. Cada respiração era um esforço, e eu mal conseguia manter os olhos abertos.
— Não posso... continuar... — sussurrei, sentindo as lágrimas escorrerem pelo meu rosto.
Kageba segurou minha mão, sua presença quente e reconfortante.
— Você é mais forte do que pensa — disse ela.
Minha mente continuava vagando, perdida entre a realidade e o delírio. Tudo o que eu podia fazer era segurar a mão de Kageba e esperar que, de alguma forma, conseguíssemos sobreviver a essa noite aterrorizante.
Kageba se ajoelhou ao meu lado, sua expressão marcada pela exaustão e preocupação.
— Eu queria tirar você daqui, mas estou muito fraca — disse ela, sua voz quase um sussurro.
Eu fechei os olhos, tentando bloquear a dor e o desespero. Por um momento, tudo ficou em silêncio, e então, num flash, vi as chamas se aproximando rapidamente, quase alcançando onde estávamos. O calor era intenso, e o brilho das chamas iluminavam a escuridão ao nosso redor.
Antes que pudesse reagir, a escuridão me envolveu completamente, e eu apaguei, mergulhando em um vazio profundo e silencioso.
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