10 - Imersa em um mar de desejos


Eu só lembrava o nome dela. Sakura Yamada, era do segundo ano naquela época. Eu não lembrava da amizade com ela, assim como não me lembrava da amizade com Shizune. 

As informações que meu ex de um único beijo me deu só me deixou mais pra baixo. Eu pensava em quão ridícula eu tinha sido quando gritei com eles no meio da rua.

— Refrigerante? — Satoru me estendeu uma lata de refrigerante de melancia. Eu agradeci com um sorriso forçado. Eu estava me sentindo um lixo. Ele sentou-se ao meu lado no banco da praça em frente ao prédio do Izumi e abriu o lacre do refrigerante dele e deu um longo gole antes de dizer. — Não precisa se sentir mal.

— Como não sentir? Um beijo? Um único beijo? Pior que eu bem lembro como foi... — Eu disse desanimada.

— Será que foi seu primeiro beijo? Se foi ruim pelo menos não vai se lembrar.

— Mesmo assim eu queria lembrar. — Soltei um suspiro e vi ele pensativo olhando para a lata de refrigerante. Em seguida, ele encostou no banco e olhou para mim com uma expressão que para mim era confusa.

— Queria estar com ele?

— Eu nem o conheço. Minha vida que parecia ser tão certa, virou uma completa incógnita.

— Temos que ir atrás dessa sua amiga.

— Não faço ideia de onde ela esteja.

— Talvez seja o momento de você falar com sua família.

— Não! Isso não. Eu quero que eles me vejam bem, não essa casca vazia e sem emoção. 

— Você tem emoção até demais! — Ele deu uma gargalhada, errado ele não estava. — Se eu não tivesse entrado no meio você tinha espancado o pobre rapaz!

— Ele mereceu! Quer dizer... naquele momento ele merecia! Enfim! Temos que achar a Sakura. Eu preciso perguntar para ela sobre essas coisas.

— Já providenciei, mas pode ser que leve um tempo. Por hora vamos voltar para o hotel.

— Tá bom.

Tinha muitas coisas que eu precisava entender. Nós seguimos para o hotel e ele parou em frente ao quarto dele e se virou para mim.

— Eu vou ter que sair. Não abre a porta de hipótese nenhuma e nem atende a nenhuma ligação. — Ele disse sério.

— Ok. 

— Eu volto mais tarde.

— Ok.

Ele fechou a porta e eu virei para dentro do quarto e decidi aproveitar o máximo possível daquele lugar. Já que eu ia ficar sozinha o resto dia, eu ia aproveitar aquele quarto que certamente seria a única vez que eu iria estar ali. 

A primeira coisa que fiz foi pular na cama macia, rindo sozinha enquanto sentia a suavidade dos lençois. Cada salto era uma explosão de felicidade, como se eu estivesse voltando à infância.

Depois de me cansar de pular, decidi relaxar na banheira. Enchi-a com água quente e adicionei os sais de banho aromáticos fornecidos pelo hotel, usei todos que estavam ali. A sensação da água quente envolvendo meu corpo era pura magia. Fechei os olhos e deixei o aroma suave me transportar para um estado de completa tranquilidade. Estava me sentindo uma celebridade.

Saindo do banho, senti uma fome repentina. Abri o frigobar e encontrei uma variedade de petiscos deliciosos. Peguei um pacote de batatas fritas e uma garrafa de suco, me sentindo como se estivesse em um pequeno banquete.

Com os petiscos em mãos, me joguei na cama novamente, desta vez para assistir TV. Encontrei um filme divertido e me acomodei entre os travesseiros. Vi todos os filmes disponíveis, até aqueles que antes eu não podia assistir. Mas Foda-se! Eu tinha 19 anos! Eu podia me dar esse direito! Eu, toda pomposa de roupão comendo tudo do frigobar e vendo TV.

Acho que em determinado momento eu cochilei. Quando abri os olhos a TV ainda estava ligada. Nem vi direito que horas eram, evitei pegar o celular dessa vez. Ouvi alguém bater na porta. Provavelmente era Satoru que tinha chegado. Eu caminhei meio sonolenta e destranquei a porta. Ele estava de camiseta branca e uma calça de moletom. Era incrível como aquele homem ficava bonito de qualquer jeito. Estava sem os óculos, o que me fez ficar ainda mais atraída.

— Já chegou? Eu acho que adormeci. — Ele não respondeu, apenas sorriu de uma maneira muito sedutora que fez meu corpo inteiro estremecer. Eu olhei para o roupão e ajeitei a parte de cima. — Olha os modos que eu estou.

— Tá tudo bem. O dia estava entediante?

— Foi divertido. Eu acho que até extrapolei! Comi batatinhas, tomei suco, tomei banho de banheira com todos os sais de espuma! Nossa, agora que pensei, deve ter ficado uma fortuna o gasto do frigobar.

— Não se preocupe com isso. Gaste o que quiser.

Eu senti as bochechas esquentarem quando olhei para ele. Cada dia estava mais difícil controlar meus sentimentos e minhas emoções. Eu o desejava, não adiantava negar, eu só tinha medo das consequências do meu desejo, do quanto isso poderia ser prejudicial.

Mas eu não conseguia mais controlar.

— Como foi seu dia?

— Foi bem produtivo.

— Hum... — Eu desviei o olhar por um instante, meu coração parecia que ia sair pela boca. — Eu não queria falar sobre problemas hoje. Acabei de descobrir que meu namorado nem era meu namorado direito.

— E sobre o que quer falar?

— Ah, sei lá. Sobre a vida.

— Quer se sentar? — Ele riu apontando para a cama.

— Quero.

Eu sentei ajeitando o roupão temendo que meu corpo ficasse exposto a qualquer momento. Mas acho que eu estava torcendo por isso. Queria que ele me visse como eu o via.

— Deita aqui. — Ele me puxou pelo braço para que me deitasse ao lado dele e ficamos olhando para o teto por um tempo. — Eu também canso, sabia? Se vamos conversar, quero estar confortável.

— Que horas são?

— Umas 4 da manhã.

— Hum.

— Quer falar sobre o que? — Ele olhou para mim e eu pude ver os seus olhos mais de perto. Eram tão lindos. Eu não conseguia mais disfarçar, nem se eu quisesse.

— Eu queria falar sobre você. Já que não sei nada sobre mim.

— Sobre mim? Caramba... — Ele abriu um sorriso parecendo meio surpreso. — Acho que é a primeira vez que me perguntam isso.

— Sério?

— Normalmente eu falo sobre mim sem me perguntarem. 

— Desculpa a sinceridade, mas parece bem o seu estilo mesmo.

— Sobre o que quer saber?

— Seus hobbys? 

— Não tenho.

— Como assim? Todo mundo normalmente tem um hobby.

— Eu fico entediado facilmente. E normalmente sempre tive facilidade para fazer qualquer coisa. Logo eu aprendia, me tornava muito bom naquilo e deixava de lado.

— Nossa! Temos um prodígio.

— Sim... e dos bons. — Eu estava imersa naquele momento, tudo ali parecia tão perfeito. Tão único. Eu me virei de lado escorando a cabeça no braço e ele fez o mesmo. Os cílios longos, a pele tão perfeita, os olhos eram tão azuis que pareciam brilhar.

— Você nasceu onde? — Perguntei olhando intensamente em seus olhos.

— Kyoto. Minha família é de lá.

— Se eu não estiver equivocada ou minha mente estiver me enganando, eu sou de Tokyo. Mas não lembro de nada daquela época. 

— Eu fui para Tokyo ainda moleque. Praticamente posso dizer que sou de lá.

— Queria ter te visto criança. Deve que era lindinho.

— Sempre fui bonitão. 

— E convencido! 

— Eu te mostro umas fotos depois, se você quiser.

— Claro que eu quero!

— O que mais quer saber? — Ele disse erguendo uma sobrancelha.

— Sempre quis ser professor?

— Não. É um pouco complicado de explicar, mas nosso mundo do Jujutsu às vezes não nos dá muitas opções. Eu não tenho perfil de professor, mas sempre quis treinar a próxima geração.

— E a sua família?

— Não fui criado com meus pais, eu não tenho irmãos, mas eu tenho um amigo que considero como um irmão. O Suguru.

— E onde ele está?

— Em Tokyo. Montou tipo um templo ou algo do tipo. Ele é um convencido, não caia no papo dele! 

— Olha o sujo falando do mal lavado! — Eu dei um sorriso sincero, amava estar com ele. — E... com quem você deu seu primeiro beijo?

— Foi há bastante tempo. Foi no fundamental com uma menina que nem lembro o nome.

— Coitada... foi tão insignificante assim?

— Eu... descobri coisas melhores depois... — o jeito que ele me olhava fez um calor subir pelas minhas pernas até as partes mais íntimas do meu corpo, eu apertei as pernas uma na outra e senti a respiração ofegante. 

— Da primeira vez você lembra?

Ele sorriu de forma maliciosa mostrando o canino branquinho e depois passou a língua nos lábios. — Eu lembro sim.

— Eu acho que não vou querer saber disso. — Meu rosto inteiro parecia em chamas, olhei para eu vestida de roupão e me senti ridícula. — Eu acho melhor eu ir, olha o jeito que eu tô vestida.

— Fica mais um pouco. — Ele disse com a voz suave. — Gosto de falar com você.

— Está me complicando... — Eu abaixei o olhar e sorri sem graça.

— Por que? A gente tá só conversando. 

— É... Mas eu tô com dificuldade até de me concentrar com você até tão perto.

— Eu causo isso nas pessoas. 

— Convencido.

— E você?

— O que tem eu? 

— Fala sobre seu primeiro beijo. Como você gostaria que fosse.

— Eu não tenho ideia do que pensar. 

— Não se prenda ao que você era antes, pense no que você quer agora, o que a Akira de agora iria querer.

Eu queria muitas coisas. Queria ter uma vida normal, queria estar fazendo algum curso na faculdade, talvez namorando, dividindo coisas bobas. Eu queria o Satoru. E não adiantava eu negar. Eu o queria intensamente. Olhei os lábios dele e depois olhei em seus olhos e comecei a falar.

— Acho que que iria querer sob a luz do luar, com a pessoa olhando nos meus olhos intensamente e depois segurando meu rosto delicadamente e me beijando.

Ele ficou um tempo em silêncio. Por um tempo ele não disse nada. Depois, ele se levantou e me estendeu a mão.

— Vem.

— Para onde? 

— Só me acompanha.

Eu me levantei meio receosa e fiquei em pé diante dele. Ele me guiou até a sacada do quarto do hotel e disse apontando para o céu.

— Tem lua.

Eu senti meu coração acelerar e um frio na barriga quando pensei no que aquilo queria dizer. 

— Satoru... 

— O que você queria mais mesmo? Ah! As mãos no seu rosto. — Ele colocou as duas mãos no mesmo rosto — E olhando nos seus olhos intensamente...

— A gente pode fazer isso?

— E por que não?

Ele se aproximou de mim e senti o calor de sua respiração em meu rosto antes de seus lábios encontrarem os meus. Os lábios quentes e macios se movimentaram devagar e depois senti sua língua encontrar a minha. Sentia meu corpo queimar intensamente e reagir em cada centímetro. Arrepiei quando aquele beijo se intensificou e ele colocou as mãos nas minhas costas e me apertou contra seu corpo. 

Em algum momento eu me deixei levar e ele me levou para dentro do quarto e me deitou sobre a cama e continuou a me beijar. Suas mãos hábeis desamarraram o roupão e as senti sobre meu seio. Eu arfei ao sentir seu toque. Enquanto ele continuava a me beijar eu senti sua mão descer suavemente pelo meu corpo e reagi de forma involuntária ao sentir as mãos deles tocarem minhas partes íntimas.

— Calma... — Ele disse entre um beijo e outro. — É só um carinho.

Eu consenti e ele continuou a me tocar me proporcionando uma sensação única. Eu estava pronta para entregar tudo a ele, mesmo sem saber de nada do que tinha vivido antes. Ali era como se fosse a minha primeira vez. Senti seus lábios em meu pescoço, meu seio, minha barriga, e quando senti sua língua passando pela minha vagina eu joguei a cabeça para trás arfando loucamente. 

Tudo aquilo era intenso, maravilhoso, único. Eu senti seus dedos encontrarem a abertura e ele fez uma pequena pressão para dentro, eu senti um leve incômodo e soltei sem querer um grunhido. 

— Doeu?

— Um leve incômodo só, pode continuar.

Ele parou e continuou apenas a me chupar e eu senti como se cada molécula do meu corpo estivesse sendo tocada até atingir umas das melhores sensações do mundo.

Ele deitou-se sobre mim e continuou a me beijar e depois pegou minha mão e me levou até seu membro, eu coloquei a mão dentro de sua calça e senti a rigidez e o calor e sem hesitar muito eu retribui o que ele havia feito. Era estranho e eu não sabia muito o que fazer. Ele tocou meu rosto e disse com a voz rouca. 

— Molha mais os lábios... — Dava para ver o rosto dele vermelho e aquilo me excitava. Logo eu fui me soltando e a cada arfar dele eu me empolgava mais. Até ele ficar satisfeito.

Quando terminamos ele me abraçou e beijou o alto da minha cabeça e aquele momento foi tão maravilhoso que adormeci em seus braços.

Quando acordei no dia seguinte estava no quarto dele. Eu me lembro que ele tinha vindo até mim. Ergui o corpo devagar na cama e ele estava sentado na cadeira junto a mesinha tomando café.

— Bom dia... — Ele disse sorrindo.

— Bom dia... — Eu estava vestida com uma camiseta dele e dei um sorrisinho discreto. — Você me trouxe para cá?

Ele parou a xícara no ar e ficou me olhando sério. — Você veio para cá, não lembra? Bateu na porta de madrugada. 

Eu fiquei tensa. Eu olhei bem ao redor, tenho quase certeza que não era ali que eu estava. Era... um sonho? Tudo parecia tão real! Eu tinha sentido tudo, vivido tudo aquilo.

— Nossa... — Eu levei as duas mãos à cabeça. — Que vergonha!

— Não lembra de nada de ontem, Akira?

— Merda! Ai que vergonha!

Eu me levantei rapidamente da cama e saí do quarto correndo. Eu não tive nem coragem de olhar para ele. Seria vergonhoso demais explicar para ele que tive um sonho erótico com ele.

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