VIOLET EVERGARDEN, por Myziza123 | 07/09/2022
Era mais um dia qualquer para todos, mas para ela não.
Há algum tempo, Violet Evergarden se tornou uma autômata de automemórias, que ajudavam as pessoas a colocarem seus sentimentos no papel. Tinha como objetivo entender o significado da palavra "amor".
Mas agora ela já sabia, ou pelo menos tinha uma ideia do que era.
Violet observava uma flor, que não era só bela e delicada como o seu nome.
Era o seu nome.
A flor era tão pura como ela, tão misteriosa e poderosa como a garota. Talvez não fosse possível perceber essas qualidades em Violet, já que ainda cedo sua personalidade não se desenvolveu devido sua infância amarga.
A luz da lua iluminava seu rosto e a grama na qual estava sentada. Andava tão distraída contemplando as cores da flor que se esqueceu que estava tão tarde.
Ela se levantou e foi para o quarto. Estava em mais uma de suas viagens, ajudando pessoas a expressarem o que sentem. Ainda estava em sua incansável procura pelo amor.
Violet subia a escada degrau por degrau, ainda querendo saber mais sobre o amor, e o porquê do Major ter dito que a amava.
"Por que ele sumiu?". Essa pergunta não saía de sua cabeça. Se ele a amava, seja lá o significado completo e verdadeiro disso, por que a deixou?
Na sua mente, o que mais tinha eram perguntas e mais perguntas. Violet já não aguentava mais, ela não queria perguntas, queria respostas!
Ela chegara no quarto. Não percebera. Seus pensamentos estavam tão rápidos e violentos que não prestara atenção no que estava fazendo, fizera tudo mecanicamente, como sempre. Ela não se orgulhava disso.
Violet sempre guardou a memória do Major Gilbert em seu coração. Ele foi o primeiro a tratá-la como merecia, como qualquer criança tem o direito de ser tratada.
Sim, ela o amava, mesmo sem entender o conceito literal da palavra. Ela queria que ele estivesse por perto, queria receber suas ordens pelo menos por uma última vez, e o mais importante: queria que ele estivesse vivo.
Todos os fatos apontavam para a suposta morte do Major, mas Violet se recusava a acreditar. Perder uma pessoa que ama para sempre dói muito, mas doía mais ainda acreditar que ele estava vivo, mas não o veria nunca mais.
Violet estava desesperada. Precisava vê-lo! Precisava de suas ordens! Era essa o seu dever, receber ordens! Desde sempre foi assim, por que não é mais?
Seus pensamentos tomaram conta de sua mente, fazendo as lágrimas caírem dos seus olhos azuis como o oceano.
Ela perdera o seu primeiro amor. Não é impossível encontrar outros amores, mas cada um é diferente, Violet nunca encontraria alguém que a amasse como o Major Gilbert a amava. Nem amaria ninguém o tanto quanto o amou.
Era doloroso chorar tanto sempre pelo mesmo motivo. Depois de tanto tempo ela deveria ter superado e seguido sua vida. Muitas vezes Violet acreditou que conseguiu, mas sempre era ilusão.
Ela apertou com força o broche que estava sempre preso em sua roupa. De alguma forma, fazer aquilo a confortava, talvez por ter a cor dos olhos dele, que sempre a olhavam com tanta compaixão.
— Acorde, Violet — alguém disse.
Ela abriu os olhos lentamente, aquela voz era familiar... Sim, até demais! Ela sabia muito bem quem era!
— Major, é você? — ela estava feliz, mas ainda temendo que fosse um engano.
— Óbvio que sim. Quem mais seria?
Violet não pensou duas vezes: correu até ele e o abraçou, como se fosse a última vez que tivesse essa oportunidade.
— Você cresceu, Violet - disse o Major a fitando.
Violet sentiu que precisava dizer algo. Ela sabia muito bem o que era. Encheu os pulmões de ar e falou quase gritando:
— Major, eu amo você!
Ele parecia orgulhoso, riu e comentou:
— Você finalmente entendeu o significado.
Ela não podia acreditar, o Major estava lá. Na sua frente. Vivo.
— Major, me dê suas ordens, eu preciso delas! - gritou Violet, desesperada.
O Major Gilbert nada disse no momento, apenas a encarou e disse:
— Violet, você não precisa mais de ordens. Toda a sua vida você as recebeu, nunca teve a oportunidade de ser livre e feliz, mas agora você tem!
— Não importa! Só me dê suas ordens, por favor — implorou Violet.
— Não, Violet. Não posso simplesmente a impedir de viver e ser feliz. Não posso te tratar como... Como uma arma!
— É isso que eu sempre fui! Uma arma! — disse Violet, com os olhos cheios de lágrimas.
Ele tocou o rosto dela e pôs seus cabelos atrás da orelha. Os seus olhos verdes como esmeraldas estavam cheios de lágrimas.
— Você não é uma arma. Violet, você é como as violetas, mas já passou da hora de você desabrochar e seguir seu próprio caminho. Não espere por ordens, faça suas próprias ordens.
Violet estava sem reação. Ouvir o Major Gilbert falar dessa maneira foi um choque e tanto para ela. Mas, pior ainda, foi vê-lo desaparecer bem na sua frente.
— Major, não! — gritou Violet tentando impedir o novo desaparecimento do Major.
— Não posso continuar aqui. Violet, seja livre! E, ah, já ia me esquecendo.
— O que houve, Major? — perguntou Violet já chorando.
— Eu amo você.
Depois disso, Violet acordou. Tudo aquilo fora um sonho, apesar de parecer tão real.
Ela nunca mais receberia ordens do major, nunca mais o veria. Isso tudo porque ele já não estava mais vivo.
Mas, apesar disso tudo, Violet não chorou. Não era justo chorar por esse motivo. Ela não era uma arma, nunca foi. Era uma humana, como todos nós.
A partir daquele dia, Violet tomou uma decisão. Não iria mais se submeter a ordens. Ela vai ser o que sempre teve o direito de ser: livre.
Violet era bela e poderosa, como a flor que carrega o seu nome, agora já estava na hora de florescer e conhecer melhor a si mesma e a sua personalidade. E o mais importante: saber cada vez mais sobre o amor, e o quanto pode ser importante em sua vida.
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