Prólogo

Assim como a bebida, o apocalipse só aflorou o que já tínhamos proeminente dentro de nós — isso foi o que Angela ouviu.

Negan sempre teve seu lado escuro mais aflorado. Ele nunca gostou do certo, embora seguisse o que era imposto pela sociedade antes dela ruir. Ele tinha uma casa, um carro, um emprego razoável e uma esposa. Ela, de todas as coisas pelas quais passaram por suas mãos, era a única coisa que ele um dia amou. Mas o amor não o impediu de desviar para o lado e trair. Ele não era mau por dentro, embora suas escolhas definitivamente fossem.

O primeiro baque que ele teve foi a morte de sua esposa; tudo isso acompanhado diretamente pelo fim do mundo. Ele viu nisso uma oportunidade de focar em algo que não fosse o que um dia ele foi: um homem que traía sua esposa e só parou quando descobriu que ela estava em estado terminal.

Negan enterrou isso bem no fundo de sua mente, cercado por arame farpado e sangue. Ele era um novo homem, renascido do caos. Ele não tinha passado, ele não tinha nada além dele mesmo.

Ele não tinha esperança de sair daquela cela, mas tudo isso mudou quando ele a viu descer os degraus. No princípio, Negan viu nela uma oportunidade de dar o fora daquele inferno, mas apesar de seu rosto ingênuo, ele logo percebeu que Angela tinha fortes paredes cercando-a — mais duras e resistentes do que ele jamais mais viu.

Angela era definitivamente tudo o que Negan não teria interesse em outro momento. Ela era só uma garota que tinha idade para ser sua filha. Em tempos melhores ele tinha sido um treinador escolar e apesar dos olhares e indiretas que recebia de algumas alunas, ele não era o tipo de cara velho que sentia tesão por meninas do ginásio.

Negan sempre preferiu mulheres da sua idade ou mais velhas, e apesar de ter visto muitos de seus amigos saindo com garotas quinze, vinte anos mais jovens, ele não tinha desejo por isso. Alguém que não sabia nada ou quase nada sobre sexo era simplesmente... desestimulante.

Bom... era isso que ele pensava.

Seu desejo por ela havia se originado como um pequeno broto no fundo de um jardim, escondido do sol e esperando para ser notado. No entanto, com o tempo, floresceu e se transformou em uma flor selvagem, que Negan manteve trancada e esquecida enquanto apenas a observava, dia após dia, pensando o quão fodido ele ficou depois de tantos anos nessa cela para ter desejos como esses. Ela era jovem demais. Isso era imoral até para ele.

Ela era apenas uma mente — envolta em uma colcha de retalhos, tentando se entender. Ela oscilava entre memórias, pegando certas imagens como um filme antigo, mas sem realmente entender da onde vinham. Seu passado turvo era algo que sempre esteve incomodando-a, puxando como um inseto preso no fundo de sua mente, mas ela já tinha perdido a esperança de montar esse quebra-cabeças.

Ela não sabia praticamente nada sobre ele — só o que ouviu de bocas alheias. E, no entanto, ela foi designada a vê-lo praticamente todos os dias, observar seus traços inescrutáveis ​​com mais frequência do que o de seu próprio rosto.

Desde que Angela o conheceu, Negan tinha sido uma figura perpetuamente sarcástica e independente, pairando à margem de sua consciência — uma consciência nascida principalmente da autopreservação, mas que, aos poucos, se viu cedendo.

E de repente a distância saudável entre eles desapareceu, o amortecedor se foi — sem a menor cerimônia, com uma intensidade que ela nunca teria desejado antes. Eles eram praticamente dois estranhos, mas o imã que os puxava um para o outro ignorava qualquer coisa para permitir que ele pressionasse seu corpo contra o dela, para permitir o tipo de invasão que ela não permitia a mais ninguém, mesmo as pessoas que ela estava mais próxima.  

Angela entrou em sua vida como um raio na escuridão. Ele estava atraído por ela como nunca estivera em nada nem ninguém em sua vida, ansiava por seu toque como uma droga, mesmo sabendo que isso iria enfraquecê-lo. Ela estava danificada, Negan sabia que ela tinha seus próprios demônios e eles se tornariam os espelhos que refletiam uns aos outros as feridas e desejos mais privados.

Angela conseguiu colocar a luz e escuridão dele em equilíbrio e Negan quebrou as barreiras dela de todas as formas possíveis.

Angel, o apelido que ele havia colocado nela somente com o intuído de pertubá-la e provocá-la, agora não poderia fazer mais sentido. Ela era o seu anjo, e ele faria qualquer coisa por ela. Qualquer coisa.

Soltando o prólogo pra dar um gostinho do que está por vir! O que acharam?

Nos vemos em breve ❤

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top