14. Corra!
Aviso de retirada.
_Não me lembro a última vez que isso aconteceu. - Jason declara enquanto esperamos todos passarem pelo túnel.
_Silas disse que o Quizar está atrás da Tina. Por isso todos deveríamos partir. E não está medindo forças para encontrá-la.
_Estranho seria se ele abrisse mão dela. - Silas dá ombros.
_Ele quer mata-la. - respondo olhando para ela parada alguns metros a minha frente.
_Claro que quer. - ele balança a cabeça.
_Ele vai ter que passar por cima do meu cadáver antes de chegar ela. - digo.
Não precisará chegar a tudo isso, estamos aqui para ajudar. - ele diz com um pequeno sorriso.
_Todos estão aqui senhor. - informa o recruta loirinho, talvez ele tenha uns quinze anos.
_Obrigada Mateo, agora vá até o Johal e peça a ele que comece a guiar o pessoal.
Jason começa a trancar tudo, deixando os aparelhos de segurança ligados, com sorte as tropas do Quizar não chegarão até aqui, isso já aconteceu algumas vezes, mas nunca nos arriscamos sempre nos retiramos e depois voltamos quando a poeira abaixo. Nossa jornada vai ser lenta, estamos carregando muita coisa, muitas crianças, jovens sem preparo.
_Tina? - ela olha para trás enquanto caminhamos e me vê fazendo um sinal para que chegue perto. - Preciso que fique atenta aos refugos, temos muitas crianças e jovens sem poder ou preparo, se sentir frio...
_E como vamos avisar a todos? - ela pergunta preocupada me olhando com preocupação.
_Crianças e jovens que ainda não chegaram na fase três fiquem no meio. - Tacis diz pelo rádio, ele é o guia está a frente do grupo com os mais forte e preparados em caso de encontrarmos qualquer ameaça no caminho.
_Entendi. - Tina diz - vou ficar atenta, prometo.
Sorrio.
_Eu sei que sim. Fiquei perto de mim. - aviso.
_Não preciso de proteção coronel... - ela sorri.
Desde quando essa garota ficou desse jeito?
_Ela é incrível. - Nora sorri. - Você demorou se envolver com alguém mas olhando para Tina... Ela é tão perfeita que valeu a pena toda a espera, você escolheu bem. - a declaração me deixa com estômago embrulhado.
_Josh não está envolvido com a Tina, Nora, pelo menos é o que ele diz. - Jason diz o que eu deveria ter dito e esclarecido logo mas por algum motivo simplesmente não quis dizer.
_Não!? - ela olha para mim e para onde Tina conversa com a filha e depois de volta pra mim. - Eu pensei... Vocês não dividem um quarto?
_Acredite, nada acontece naquele quarto. - Jason sorri e me olha com desafio. Nada acontece, mas eu quero que aconteça apesar de não querer.
_Eu acho que vocês dariam um belo casal Joshua. Você deveria tentar, ela quer, tenho certeza. - Essa mulher sempre se sentiu um pouco como minha mãe. Lembro-me de estar sempre ao redor da sua casa vivendo com seus filhos e sobrinhos, como uma criança igual a todas as outras. - Era ficaria feliz em ver você feliz.
Era, minha falecida esposa. Como Tina, Era tinha longos cabelos dourados e enormes olhos azuis, mas as coincidências acabam aqui. Tina tem dons, Era nunca os teve, Era nunca procurava por briga ela estava sempre disposta a recuar ou máquinar alguma armadilha, mas nunca o confronto direto, Tina quer colocar fogo no parquinho e não tem medo de se queimar. Era sabia o quanto era bonita e Tina não faz ideia. Era sabia que estava desejando ela, Tina também consegue perceber ou talvez ela não saiba porque...?
_Você está pensando muito... - Nora bate nas minhas costas e sorri. - Eu estava me lembrando de uma conversa que tive com Abigail no dia do seu casamento, ela disse algo como, "ele sofrerá tanto... Se eu pudesse polpa-lo... Mas ele encontrará quem o fará sorrir outra vez." Você estava sorrindo mesmo com a tensão da evacuação está sorrindo.
_Está tentando me convencer a ficar com a garota? Você não faz bem o papel de cupido Nora. Tina não me atrai, minha relação com ela é profissional, uma ordem que estou seguindo, nada mais. - Nada mais que eu esteja sentindo é certo.
_Você acredita mesmo nisso? - ela pergunta e quando não respondo seu sorriso se alarga. - A pior mentira é a que contamos para nós mesmos.
Suspiro alto enquanto me convenço que essa não é uma boa ideia.
As noites de viagem têm sido difíceis. Nós nos comunicamos por rádio, as crianças recebem soro para dormir e são colocadas nos casulos com um adulto. Algumas noites uma criança dormiu no mesmo casulo que o meu e Tina. Os fones eram mantidos sempre em um dos ouvidos, enquanto o outro carregava. Tina era nossa principal arma e radar para os refúgos.
Uma noite um recruta entrou em pânico e abriu seu casulo mesmo quando avisamos que haviam monstros por perto. Todos ouvimos o rapaz ser estraçalhado, tivemos que limpar e esconder o que havia acontecido das crianças. Foi um dia difícil e uma noite cercada de medo.
Depois de cinco dias de caminhada, a morte do rapaz já começava a ser esquecida, pelo menos a maior do choque, mesmo que o medo ainda estivesse entre nós. Encontramos um pomar, um pomar com muitas maçãs e peras. Era o fim da manhã então todos comemos até nos fartar.
_Vamos montar os casulos aqui. - disse Jason enquanto eu guardava na mochila algumas frutas.
_Não há monstros por aqui e uma casa grande está logo atrás daquele celeiro, temos água e alimentação. As crianças estão cansadas, podemos montar fogueiras com os móveis da casa e com o que encontrarmos, vamos deixar a casa segura e dormir lá. Nós nos alimentaremos o suficiente amanhã e teremos mais energia para continuar a jornada. - argumenta Tina.
_Não acho que duzentas pessoas caibam na casa. - contra-argumenta Jason.
_Faremos caber senhor. Será mais confortável para todos nós. - ela continua enquanto eu apenas observo.
_ Ela tem razão senhor, não será o melhor senário mas acho que conseguimos algum conforto. - Teddi um dos generais mais novos argumenta.
Caminhamos até a casa e analisamos o lugar, ainda era o meio da tarde e todos se uniram para ajudar a tapar as janelas, com aço ou madeira fazer fogueiras ao redor da casa e preparar os colchões para crianças no andar de cima. Apesar de apertado, todos dormiram seguros, o que encorajou Jonas e os outros a passarmos outra noite.
Todos tivemos a oportunidade de tomar um banho e comer, a casa tinha energia solar, e muitos aparelhos ainda funcionavam, o que nos ajudou a entrar em contato com Silas, acertar a rota e nos certificar que o exército de Quizar não era um problema.
Na terceira tarde naquele lugar, Tina parou em frente a uma das árvores e começou a sussurrar. Estávamos sentados comendo geleia de pera e pão enquanto olhavamos para ela. Ninguém entendeu o que estava acontecendo até Nora dizer:
_Ela fala com as árvores? Abigail e Silas também.
_Silas ainda fala com aquele gavião... - Jason começa mas a loirinha aparece atrás dele.
_Não podemos ficar aqui, tínhamos que ter ido embora antes da manhã terminar... - Tina diz nervosa.
_O que está acontecendo criança? - pergunta Nora e Jason se ergue da cadeira quando os olhos dela se enchem de lágrimas.
_Eu não sabia o que estava acontecendo até... Até agora eu acho. - Tina parece confusa e aflita. - Eu sempre ouvia os seus sussuros, eu achava que era minha mente, mas não... Elas falam! Elas estavam falando comigo! - continua ela, o medo refletindo em seus olhos.
_Tina, me diga o que as árvores disseram. - eu pergunto colocando as mãos em seus ombros e a fazendo olhar pra mim.
_Uma centena de refugos está vindo até nós, eles chegaram essa noite na próxima se tivermos sorte.
Olho para céu calculando o tempo que ainda teremos para montar os casulos. Não há tempo suficiente, não para todos estarem seguros, principalmente as crianças.
_Não há tempo. - Jason murmura.
_Me desculpa! Eu deveria...
_Você não tem culpa criança.
_Certifique-se de que todas as crianças tomem do soro. - ele pede a Nora. - Tente montar o máximo de casulos que conseguir, vamos colocar as crianças menores com os recrutas e pessoas sem treinamento, o máximo que conseguimos. - ele diz para Johal que está em pé ao meu lado. - De qual direção eles estão vindo? - Tina aponta - Você sabe o que deve fazer Johal. Tadeu, Timóteo e Dallas peguem nossos melhores atiradores e os coloquem no telhado. Artemis, quero todos com dons no andar de baixo e os que sobrarem ficam no andar de cima. Você Tina, consegue fazer uma contenção com alguns fios.
_Isso eu posso fazer pai. - Sara sorri e estala os dedos criando uma faísca.
_Então faça.
_Quero que crie uma proteção para os atiradores no telhado Josh.
Aceno em positivo.
Todos começaram a correr de um lado para outro, conseguimos colocar todas as crianças menores de dez anos nos casulos e as maiores até quinze anos e sem dons dentro um quarto trancadas com Johal, Theo e Milla antes do último fio de luz se despedir de nós. Tina começou a ficar fria enquanto cochilava em um colchão no primeiro quarto, eu estava ao seu lado, sem conseguir dormir.
_Eles chegaram. - ela diz e os sons da eletricidade e dos tiros acima de nós começou em seguida.
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