Ⓔ03 Ⓒ02 ✖ KYLER & KAT
N/A: Depois de um pequeno hiatus, estou de volta :D
Os olhos esverdeados do policial estavam arregalados perante a pessoa que ele menos esperava encontrar naquele quarto de motel.
A ruiva o puxou para dentro do quarto de imediato, sem se deixar ser vista pelo exterior, e então fechou a porta.
— Não fique tão surpreso, Detetive. Você achava mesmo que mais ninguém andava investigando o Moulin Rouge? — A mulher questionou ao perceber que Kyler ainda estava perplexo.
— Sim, mas não esperava que...
— Fosse uma mulher? — Ela o completou com um sobrolho erguido e um sorriso cínico no canto dos lábios.
— Que fosse você. Quer dizer, como conseguiu se infiltrar? — O detetive não conseguia abandonar o ar perplexo do seu rosto, por mais que se esforçasse para não parecer desrespeitador.
— Uma coisa de cada vez. Eu não o trouxe aqui para o colocar a par da minha investigação nem dos detalhes dela, eu só vim aqui para dizer que você tem que largar da sua investigação, caso contrário vai estragar tudo o que eu tenho batalhado pra conseguir e ainda pode acabar morto. — A ruiva despejou todas aquelas palavras sem comedimento, o que fez com que Teunissen não se contivesse na sua reação seguinte.
— O quê? Você não está realmente sugerindo isso. — Houve uma pequena risada de descrença da sua parte, acrescendo à incredulidade do que a mulher lhe estava pedindo. Suas mãos inquietas se apoiavam em sua cintura e em seu rosto, esfregando a sua barba de dois dias.
— Eu não estou sugerindo nada aqui, detetive. Estou ordenando. — Do nada a ruiva abandonou a pose divertida que havia adotado no começo daquele encontro inesperado.
— Ordenando? Quem você pensa que é para ordenar alguma coisa? — Uma veia latejava desde o seu pescoço até a sua testa, ultrajado com o descaramento daquela mulher.
A ruiva não perdeu a pose autoritária ao manter o nariz empinado, o olhar altivo e os braços cruzados. Seu silêncio durou pouco tempo, o suficiente para dar tempo ao homem à sua frente de se acalmar.
Ela sabia que estava sendo irracional e indo contra os planos que havia combinado com Danïel, mas algo em seu instinto lhe dizia que esse era o caminho certo. A reação do policial demonstrava exatamente o que ela já havia constatado antes: ele era emocional demais e não sabia separar o pessoal do profissional e mais cedo ou mais tarde iria arruinar tudo.
Então sim, ela achava que ordenar que ele ficasse de fora daquela investigação fosse o mais correto.
Após os curtos segundos de silêncio, que pareceram durar eternidades, a ruiva retirou do seu bolso traseiro o distintivo que a identificava.
— Katherina Bauer, Agente Secreta da Interpol.
— Interpol? — Os olhos de Kyler se arregalaram mais uma vez em espanto e surpresa. — Porque vocês querem me tirar do caso? — Ele questionou num tom mais contido, ainda que por dentro ele quisesse esmurrar a parede ao seu lado para descontar a sua raiva.
— Olhe, eu não estou fazendo isso por despeito profissional ou porque quero sair com os méritos todos quando tudo isso acabar. Apenas não quero que estrague os progressos que tenho feito. Foram dois anos para aperfeiçoar e viver esse disfarce, então não estrague tudo. — A ruiva tentou se justificar, desfazendo sua pose durona tão típica da atual Kat e tão incomum da antiga Katherina.
Teunissen ficou pensativo perante aquelas palavras. De algum modo o otimismo da agente o fez sentir alguma paz.
Contudo, apesar de querer desmantelar aquele negócio, ainda havia algo que o impedia de querer deixar aquele assunto morrer e deixar de boa vontade que a Interpol lidasse com aquilo.
— Minhas intenções não são estragar nada para você, mas eu não posso simplesmente largar esse caso — Kyler apontou, caminhando ao redor do quarto na tentativa de descomprimir toda a tensão que habitava em seu corpo.
— Por quê? Por causa da sua irmã? Kyler, fazem dezoito anos que ela desapareceu e ninguém garante que ela seja uma das crianças que foram escravizadas pelos Stoker. — As palavras de Kat foram duras e concisas todavia por dentro lhe custava ter de incluir Theodore naquele esquema. A quem ela queria enganar? Ele era um deles. Ele é o cabecilha daquele negócio!
— Eu garanto! Por mais que não hajam provas eu sei que ela foi sequestrada por um dos capangas de Asmus Stoker! — Os ânimos voltavam a alterar-se naquele ambiente demasiadamente íntimo e, independentemente de quem ela era, Kyler não iria deixar de lutar pela sua causa.
— Você está colocando seu coração nessa investigação e não sua cabeça, Aartsen. — Kat apontou sabiamente, mas nem isso pareceu suficiente para o demover.
— Agente Bauer, não me tire agora da investigação. Eu estou muito perto de descobrir o que aconteceu com minha irmã. — Havia um tom de desespero na sua voz bem como no seu rosto, mas foi o que dissera que despertara o interesse da ruiva.
— Muito perto? Como assim? — Ela quis saber, pois se houvessem mais pistas ou até mesmo testemunhas antigas o caso poderia estar mais perto de terminar do que ela conseguia imaginar.
— Eu tenho essa pista que um dos ex-capangas de Asmus me passou. — Sua frase carecia de detalhes propositadamente, pois estava vendo uma parte do jogo virar a seu favor.
— Que pista? — A curiosidade e ansiedade de Katherina se destacavam naquela pequena frase e isso deu um gostinho de vitória para Teunissen.
— Eu não vou falar. Se eu falar eu sei que você vai roubar essa vantagem de mim e me tirar de vez dessa investigação. — Ele declarou, cruzando os braços e observando a reação da Agente.
— Por que diz isso? Saber do paradeiro da sua irmã não influencia em nada com a minha investigação.
Naquele instante ela estava parecendo a antiga Kat, incoerente e precipitada, disfarçando muito mal as suas intenções. No entanto tudo isso só era possível porque ela estava finalmente autorizada a ser verdadeira perante Kyler, sem máscaras de uma falsa e sensual Kat, mas também porque ele tocara no seu ponto fraco.
— Porque essa pista está relacionada com Theodore Stoker. — Os olhos castanhos da mulher pareciam querer saltar fora de órbita ao ouvir aquele nome da boca do detetive e um nervosismo inquietante se apoderou dela.
— Relacionada? Como assim? Fale logo! Que pista é essa?
Bauer vestiu um manto de nervosismo que agia por si só como se tivesse consciência própria e estivesse tomando conta da sua racionalidade. Ela não quis soar tão desesperada por aquela informação, mas uma vez que Teunissen já estivera naquele posto, minutos atrás, ela não se incomodou tanto em se mostrar mais verdadeira que o habitual.
— Eu não posso. — Ele suspirou se sentindo tentado a falar ao olhar aquela expressão de pânico da mulher à sua frente.
Kyler tinha que pensar seriamente em arrumar alguém e parar de se focar tanto na sua profissão, pois isso estava acabando por o afetar emocional e fisicamente. Havia uma carência de afetos e companhia feminina da parte dele que o deixava muito vulnerável perto de mulheres como Elise e Kat, principalmente quando elas apelavam por ele.
— Se eu prometer que não interfiro com a sua investigação, você me conta?
Ela tinha a consciência que parecia uma criança implorando por um doce, mas não se importou realmente. Ela só queria acabar com aquilo de uma vez.
Por um segundo ela se odiou.
Não muitos minutos atrás ela falou de boca cheia que Kyler não conseguia separar as suas emoções do seu trabalho, mas naquele segundo ela estava parecendo exatamente igual a ele.
— Por que quer tanto saber? Ficou nervosa quando falei de Theodore... — Kyler acusou, estreitando os olhos em suspeita.
— Ele está ligado por inteiro na minha investigação. Se eu tiver uma vantagem sobre ele, talvez ele finalmente se abra sobre o negócio. — Kat mentiu, adotando uma expressão indecifrável e novamente profissional. Sabia que havia se aberto demasiado para aquele desconhecido com quem tinha tantas coisas em comum.
— Não. Me perdoe mas eu não posso falar. — Teunissen se negou mais uma vez, abanando a cabeça como se dissesse para si mesmo que não podia e encolhendo os ombros conformado com a sua decisão.
— Eu pensei que me queria fora da sua investigação? — A ruiva cruzou os braços impassível, soando ameaçadora, desejosa por saber no que a investigação de Kyler envolvia Stoker.
— Não tente fazer joguinhos comigo, Katherina. Você pode arruinar minha investigação, mas isso é uma estrada de duas vias. Então pense bem quem sairá mais prejudicado nessa história. — Suas palavras saíram raivosas, violentamente sussurradas entredentes.
— Você não faria isso. — O olhar perplexo da ruiva parecia querer sair das órbitas ao mesmo tempo que seu coração explodia no peito em receio, odiando por ter acatado a ideia do seu parceiro de chamar Kyler para o meio da sua investigação.
— Você quem disse que eu estava com o coração nisso, então me observe. — Kyler estava apostando tudo, não tinha mais nada a perder.
— Tudo bem. Como você queira. Só fique longe do Moulin Rouge. — Ela ordenou apontando o dedo indicador na direção do rosto do Kyler.
— Com o maior prazer. — Ele respondeu com raiva, caminhando a passos decididos em direção à porta de saída do quarto.
Kat o observou marcar os passos seguintes até a saída com o coração na mão. Aquilo não poderia ficar apenas por aquilo mesmo, poderia?
Por breves segundos até o momento em que ele pousou sua mão na maçaneta, Kat se sentiu hesitante em o deixar ir, pensando nos prós e contras de tudo aquilo.
— Kyler. — Ela o chamou antes que ele terminasse de girar a maçaneta. O homem parou e olhou por sobre o ombro com desconfiança, de sobrolho erguido, esperando que ela falasse. — Continue sua investigação, mas deixe Moulin Rouge fora disso. Quando tiver algo concreto, por favor me fale. Resolver esse caso depende de todas as pistas.
— Por que faria isso?
— Porque você é um homem correto. — Sua afirmação roubou toda a pose durona do Detetive, que suspirou e baixou o olhar em concordância. — Só tome cuidado. Não confie em qualquer um. — Ela o alertou, finalizando aquele encontro.
Kyler assentiu com um menear de cabeça positivo e então puxou a porta e saiu, deixando para trás um Katherina aliviada.
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