⍟ Quebrados

Olá, moress. Aqui estou, repostando essa GaaHina. ♡ São apenas dois capítulos e a história fala sobre aquilo de você pensar que nunca mais vai amar alguém outra vez, mas encontra outra pessoa. ♡

Eu acho que quando ela estava no Spirit, tinha gente que achava que era uma fanfic sobre traição. Mas não é (embora eu fale do tema). É isso, espero que gostem, boa leitura! ♡

 QUEBRADOS


O jazz ressoava levemente pelo recinto. A cada nota da guitarra, ela sentia seu corpo tremer de prazer. O som do saxofone era incrivelmente belo e a fazia relaxar e se perder em antigas e amargas memórias. De fato, mesmo que fosse um bar, era um lugar acolhedor. O copo de conhaque estava pela metade, perfeitamente alinhado a sua frente, um canudo pendendo sob o copo. Ela sabia que colocar canudinho para beber conhaque, era simplesmente ridículo, porém, gostava de mexer a bebida e ouvir o tintilar dos cubos de gelo.

Hinata respirou fundo antes de tomar mais um gole de sua bebida.

O bar não estava tão movimentado como de costume, havia no máximo cinco pessoas — sem contar os músicos e funcionários — que estavam distribuídas pelo lugar. Um dos clientes tinha um topete exagerado e parecia que morava ali, pois toda vez que a morena ia ao lugar, ele estava lá. Perto desse, estava um homem que — se ela lembrava bem —, se chamava Chouji, já havia trocado algumas palavras com ele. Já os tinha visto várias vezes ali, já os outros, não fazia mínima ideia de quem poderia ser.

Não sabia há quanto tempo estava ali, mas não estava pensando muito nisso.

O som do sino da porta, que avisava quando alguém entrava, a fez despertar do transe em que se encontrava. Não fez questão de levantar os olhos ou virar para ver quem tinha entrado.

Tanto fazia.

A Hyuuga observou um rapaz de cabelos vermelhos e pele clara passar por ela e sentar no balcão do bar.

Olhou para ele por um instante, tendo a impressão de já ter o visto antes, mas ignorou isso e sua atenção voltou ao seu copo de conhaque.

Gaara entrou no bar e se dirigiu para a bancada, sem ao menos olhar para o que estava em sua volta. Sentou e logo Ino — que era a dona do bar — apareceu na sua frente com o sorriso de sempre.

— O de sempre, por favor — pediu, parecendo pouco contente e Ino assentiu para depois começar a preparar um Dry Martini tranquilamente. — Que raro não estar lotado — comentou casualmente, observando a amiga.

— Ah, hoje é segunda-feira. É normal que não esteja cheio — respondeu e colocou o drink na frente de Gaara. Pareceu analisá-lo por um instante e depois começou cuidadosamente: — Já faz um tempo que você não aparece por aqui... — Deu uma pausa, vendo como Gaara evitou olhá-la nos olhos e continuou: — Está tudo bem com você?

— Por que a pergunta? — murmurou ainda incapaz de encará-la.

— O que houve? — perguntou sendo direta e curta.

O rapaz pensou um pouco se deveria falar ou não. Conhecia Ino há anos e ela fazia parte do seu círculo de amigos íntimos, então não teria problema em falar o que tinha ocorrido.

— Bem...

Resumiu tudo e contou o que aconteceu em alguns minutos. Quando terminou, Ino estava com os olhos cheios de lágrimas.

— Eu sou um grande idiota — decretou com um sorriso triste.

— Sim, você é — concordou e pôs a mão em cima da dele e a apertou em um ato de conforto. — Mas ainda assim, eu realmente sinto muito e torço para que tudo se resolva no final — desejou com sinceridade.

— Obrigado, Ino. Você é um anjo — agradeceu e sentiu-se um pouco melhor que antes.

— De nada. Conte sempre comigo. — Ela olhou na direção oposta, vendo que outro cliente tinha a chamado e voltou a fitar Gaara. — Me dê licença por um instante, Gaara.

Ele assentiu e ela se retirou.

Gaara No Sabaku continuou sentado ali até cansar e se virar, ficando de costas para o balcão. Assim que fez isso, deparou-se com a figura feminina que estava sentada nas mesas mais afastadas. Ele a observou bem:

Os cabelos eram longos, talvez chegassem até a cintura, de cor escura que não era exatamente preto, mas não conseguia distinguir direito por causa de baixa luminosidade, pareciam bastantes sedosos. A pele era alva e até onde podia perceber, era corpulenta e muito bonita. Os lábios eram cheios e rosados, o nariz era pequeno e arrebitado e mesmo que a mulher estivesse com os olhos fechados, dava para perceber que tinha olhos grandes — não daqueles assustadores, e sim daqueles vívidos.

O ruivo teve a impressão de que a conhecia de algum lugar.

De repente, Hinata abriu os olhos e encarou Gaara diretamente. O rapaz contemplou aquele tom exótico perolado tão vivo dos olhos dela e por um instante, pareceu que os lábios dela haviam formado um singelo sorriso. Tinha certeza que a conhecia de algum lugar, mas não se lembrava de onde!

Pediu um drink novamente e dessa vez Shizune o atendeu. Ele levantou dali e foi na direção dela, que ainda o encarava. Quando chegou perto da mesa em que ela estava, falou em voz baixa:

— Isso vai ser muito estranho, não entenda mal, mas... — hesitou por um instante, os olhos perolados dela ainda fixos nele. — Não nós conhecemos de algum lugar?

Hinata o olhou por um instante, antes de finalmente responder:

— Estou com a mesma impressão — murmurou e levou a mão ao queixo tentando se lembrar, mas por mais que tentasse, não conseguia. — Porém, não consigo lembrar de onde. — Ao ver que ele continuou parado no mesmo lugar, completou: — Oh, desculpe! Gostaria de se sentar?

— Ah, obrigado. — Sentou-se. — Mas então... Será que é do trabalho? — sugeriu.

— Impossível. Trabalho em casa. Ao menos que você entregue pizzas — brincou, fazendo-o sorrir e balançar a cabeça negativamente. — Talvez da academia?

— Pode ser, mas acho que me lembraria... Na faculdade? — Os dois ficaram em silêncio, vasculhando os confins da mente.

— No Ensino Médio! — disseram em uníssono e riram depois.

— Nossa! Isso já faz tanto tempo! Sete anos atrás? — o Sabaku perguntou, sentindo uma imensa nostalgia.

— Nem me fale. Isso me lembra que estou envelhecendo! — Hinata retrucou com bom humor. — Mas realmente faz muito tempo. Que nostálgico. Desculpe, mas qual é o seu nome mesmo? Eu não consigo me lembrar.

— Gaara. Gaara No Sabaku — apresentou-se, estendendo uma das mãos por cima da mesa que logo foi pega por ela.

— Hinata Hyuuga. — E apertou a mão dele suavemente, um arrepio percorreu toda a sua espinha.

— Hyuuga? Pensando bem, consigo me recordar de belas histórias sobre você — comentou. Nesse momento, um leve rubor tomou conta das bochechas da moça. — Você era bem popular.

— Gaara No Sabaku. Você também era muito popular, as pessoas diziam que você fazia rituais satânicos por causa do visual punk, o lápis de olho, as unhas pintadas de preto — alfinetou com um sorriso. Ele corou um pouco e coçou a cabeça sem graça.

— Eu não pinto mais as unhas ou uso lápis — declarou com um sorriso constrangido.

— Eu ainda me lembro que você tinha uma multidão de fãs enlouquecidas. Junto com aquele seu amigo... Sasori. — Lembrou-se do rapaz que vivia dando em cima dela.

Gaara soltou uma risada baixa.

— Você também era popular com os garotos. Mais da metade dos meninos da escola eram apaixonados por você — brincou e tomou um gole de sua bebida.

— Não exagere. — Riu um pouco e revirou os olhos. — Tinham outras garotas populares por quem os garotos eram loucos.

— Você tem razão — admitiu. — Bons tempos...

— Com certeza, foi um dos melhores anos da minha vida. — Soltou com um sorriso sincero.

— Até agora, foram os meus melhores anos. Mas ainda temos muito que viver, não acha? — indagou enquanto a olhava diretamente nos olhos.

— Tem razão. Ainda tem muito o quê se viver — concordou e tomou o resto de conhaque no copo e já pediu outro, que foi-lhe entregue quase imediatamente. — E então, o que está fazendo da vida?

— Sou artista plástico — confidenciou. — Quem acreditaria que um arruaceiro como eu se tornaria alguém na vida? — Riu de si mesmo.

— As pessoas mudam — Hinata comentou com a voz suave. — Parabéns.

— Obrigado. — Levantou o copo e fizeram um brinde. — E você? O que faz da vida?

— Bem... Eu me formei em letras. Sou escritora na melhor das hipóteses.

— Interessante — murmurou. — Já publicou algum livro?

— Sim. Três — confessou aparentemente constrangida.

— Nossa! Sério! Não me lembro de ter visto o seu nome em nenhum livro. São famosos?

— De certa forma — admitiu sem jeito. — Mas você jamais verá o meu nome em nenhum livro. Afinal, eu uso um pseudônimo — revelou timidamente.

— Escreve coisas pervertidas, não é? — provocou-a e a observou ficar da cor de um tomate. — Quem usa pseudônimos geralmente escreve coisas pervertidas — disse, divertindo-se com a reação dela.

— Pode ser, mas você nunca saberá — declarou com um sorriso vitorioso.

— Nunca se sabe.

Ela delineou a borda do copo com os dedos e o observou discretamente por debaixo dos cílios espessos.

A pele dele era clara, mas ele estava um pouco bronzeado, denunciando que talvez tivesse ido à praia há pouco tempo. Os cabelos eram curtos, repicados e vermelhos como sangue e os olhos Aquamarine faziam com que se lembrasse do mar daqueles lugares paradisíacos. Os lábios finos, os traços suaves e bem feitos. Ele era realmente bonito. E dava para perceber o corpo definido pela fina camisa preta que o ruivo usava. É, realmente muito bonito e atraente.

Os dois voltaram a conversar animadamente e de tempos em tempos pediam a mesma bebida novamente e voltavam a conversar. Falaram sobre os tempos do colégio, relembrando os momentos engraçados, as brigas, os namoros e principalmente onde estariam os velhos amigos. Já estavam um pouco bêbados quando o assunto, justo aquele assunto que enfiava o dedo no meio da ferida, surgiu.

Fora tão de repente. E o bom humor se esvaiu da mesa.

— Agora me lembro bem. Você era muito amiga do Naruto. Faz muito tempo que não o vejo. Você ainda mantém contato? — perguntou descontraidamente, sem saber em que terreno estava pisando. Não notou quando as mãos de Hinata tremeram.

— Bem... — hesitou.

Foi então que Gaara percebeu. Aquela hesitação, ele conhecia bem. Era a mesma hesitação que ele possuía. A hesitação de um coração partido, de um coração quebrado. Observou-a morder o lábio inferior.

— Tudo bem. Não precisamos falar disso. Desculpe por tocar em uma ferida — disse em voz baixa. Os olhos da morena se arregalaram de surpresa ao ouvir tais palavras. — Ainda deve doer.

— Como você... — Hinata não precisou completar a frase para que Gaara entendesse o que viria a seguir.

— Bom... — Foi a vez de Gaara hesitar. — Vamos dizer que não é difícil reconhecer alguém nas mesmas condições que eu — finalizou e precisou desviar o olhar.

— Oh, eu sinto muito — declarou com sinceridade e pôs a mão em cima da dele em um gesto de conforto, assim como Ino tinha feito antes. Entretanto, a sensação havia sido totalmente diferente.

— Não precisa. — Um sorriso triste desenhou seus lábios e, por um instante, os olhos aquamarine ficaram opacos. — Mas eu agradeço seu gesto.

Ficaram em silêncio por alguns segundos. E esse tempo foi o suficiente para que ele quisesse falar para Hinata o que tinha acontecido. Algo lhe dizia que deveria contar, que poderia confiar na mulher sentada à sua frente. Não fazia ideia do motivo disso estar acontecendo, isso não era nada típico dele.

Talvez porquê estivesse bêbado? Não sabia...

— Você gostaria de ouvir? — perguntou em voz baixa.

— Ao seu dispor — respondeu em um tom gentil e sincero.

— Você se lembra de uma garota chamada Matsuri?

— A stalker que era louca por você? — perguntou em dúvida e ele assentiu. — Então, sim.

— Depois de muito tempo, eu descobri que gostava dela — confessou e Hinata revirou os olhos, como se dissesse: homens. — E então, nós começamos a namorar sério. Fizemos faculdade juntos e depois de um tempo chegamos a morar juntos também. Foram muitos anos, para ser mais exato, seis. Nos iríamos nos casar em dezembro. — Soltou um suspiro, totalmente mergulhado em lembranças. — Só que eu estraguei tudo.

Um longo silêncio se instalou novamente. Hinata esperou pacientemente Gaara se recuperar, os olhos sempre nele, sem nenhum vestígio de acusações.

— Há dois meses eu estava muito estressado por causa do excesso de trabalho, quando eu chegava ao estúdio, já estava totalmente louco, por assim dizer, e por causa disso, nós brigávamos por motivos tão banais. Isso se tornou tão frequente, que chegou a um ponto que ela ameaçou a sair de casa. — Outra pausa, um gole na bebida. — E mais uma briga por causa disso. E no final, ela acabou indo mesmo.

"E eu fiquei pior do que estava. Me descontrolei e bebi demais em uma dessas festas esquisitas da alta sociedade. Acho que não precisava pensar muito para saber o que aconteceu."

Uma risada sem humor escapou da garganta de Gaara.

— Eu levei uma mulher qualquer para a cama que dormíamos, que fazíamos amor e... Por coincidência ou não, ela resolveu voltar justo nesse dia. E como era de se esperar... Foi um desastre completo. E Matsuri não me perdoou. Mesmo eu fazendo tudo que eu podia... — Gaara pareceu refletir por um momento. — E agora estou aqui.

— Nossa. — Hinata não soube o que dizer e precisou de um tempo para escolher bem as palavras: — É realmente complicado. Acho que a única coisa que posso dizer, é que realmente sinto muito por você.

— Não vai dizer que eu sou idiota, um lixo, um cafajeste, me xingar de todas as coisas possíveis, qualquer coisa do tipo? — perguntou, visivelmente incrédulo.

— Não tenho o direito de julgá-lo, Gaara — respondeu em voz baixa, os olhos vagos. Pensou o quanto seria hipócrita se o criticasse.

Teve vontade de falar sobre seu sofrimento, mas como falar para alguém, que era amante de um homem casado? Ou melhor: que tinha sido.

— Pensei que ao menos me chamaria de idiota — comentou.

— Eu seria mais idiota se o fizesse — comentou de volta e bebeu uma longa dose do seu conhaque. — Eu gostaria de compartilhar minha angustia, mas... — hesitou, encararam-se, um silêncio. — Não sei se conseguiria. É vergonhoso demais.

— Eu irei respeitar sua vontade, mas se seu medo é que eu a julgue, não o farei.

A escritora ficou mais aliviada com as palavras dele.

— Vamos dizer que eu me meti em uma daquelas situações em que pensamos "jamais farei isso". — Suspirou. Gaara escutava atentamente. — Só que nada na vida pode ser exatamente como planejamos, e acaba que é como o ditado diz: Matamos e morremos por amor.

Nessa hora, ele arregalou os olhos e Hinata notou isso.

— Calma, eu não matei ninguém.

— Isso é realmente um alívio. — Soltou um suspiro aliviado e os dois riram.

— Só que a besteira que eu fiz, foi amar demais. — Suspirou novamente, dessa vez, tristemente. — Você perguntou a respeito do Naruto e bem... Nós realmente éramos muito amigos, na verdade, melhores amigos. Ficávamos muito tempo juntos e foi muito fácil se apaixonar — contou, mergulhada em lembranças boas. Que antes de tudo desabar, tinham sido muito prazerosas, mas que no momento só pareciam uma grande fenda sangrenta em sua mente, em seu coração. — Porém, tudo que é bom, acaba. Ele teve que se casar com uma mulher que nunca tinha visto na vida, para salvar os negócios da família que estavam à base da falência.

Hinata parou de falar e voltou exatamente no dia em que tinha acontecido.

— Eu não queria ter que casar com uma mulher que nunca vi Hinata. Mas...

— Não fale nada, Naruto. Eu entendo — mentiu. — Eu entendo. Vai ficar tudo bem — sussurrou com os olhos marejados.

E naquele momento, ele a abraçou com tanta força e a beijou com tanto pesar, que mesmo que mil anos passasse, ela não esqueceria.

— Entendo. É recente? — perguntou ingênuo.

— Não. Faz cinco anos. A história não acabou por aí — Hinata emendou, enquanto tirava um fio inexistente do suéter vermelho que estava usando. — Nós continuamos nos vendo, mesmo depois de ele ter se casado. Na melhor forma de dizer, se realmente tem uma boa forma de se ver isso... Eu virei amante de um homem casado.

Nesse instante, ela evitou encará-lo. Estava morta de vergonha, então fixou o olhar no copo já vazio. Não suportaria receber um olhar tão acusatório, que a julgasse pelo o que tinha feito. Tudo por amor. Mas quando finalmente teve coragem para levantar os olhos, deslumbrou-se ao perceber, que ali, naquele olhar, não havia nenhum julgamento, nenhuma acusação. Havia apenas... Entendimento.

Então, continuou:

— Mesmo sabendo que era errado, eu o amava demais para simplesmente me afastar. Quando eu vi, já estava atolada até o fim nessa situação. Não sabia mais o que fazer e, no final, acabei não fazendo nada. E a situação se arrastou por anos. E só começamos a tomar mais cuidado, quando a Sakura quase descobriu...

— Espera aí! Você quer dizer, Sakura? Sakura Haruno? A da família de médicos? — Gaara estava chocado por Naruto ter se casado com uma de suas conhecidas. Como não soube disso?

— Exatamente — admitiu no meio de um suspiro. — Eu realmente não queria mais estar naquela situação. Toda vez que eu fazia um esforço para tentar me afastar e acabar com nosso caso, ele dizia que me amava e pedia para que eu não o abandonasse, porque ele realmente precisava de mim...

O Sabaku ficou imaginando o quão canalha Naruto havia se tornado. E tão rapidamente quanto pensou, arrependeu-se ao ouvir as próximas palavras dela que vieram como se já tivesse lido seus pensamentos:

— Mas ele não era nenhum tipo de canalha por fazer isso, Naruto nunca seria capaz de fazer algo assim. Ele realmente me amava e eu o amava do mesmo modo, ele só não teve opção quando o casamento foi proposto. A família dele era muito rica, mas por causa de um mau negócio, começaram a falir. O problema em si, não era a perca de dinheiro, afinal, mesmo tendo muito dinheiro, a família Uzumaki sempre foi muito humilde. A mãe dele disse para não casar com alguém que não amava, mas se ele não o fizesse, eles iriam a falência e não teriam como comprar os remédios da irmã dele, que tem uma doença rara que precisa de remédios controlados que são caríssimos.

Era a primeira vez que falava com alguém "estranho" sobre aquilo. Na verdade, só quem sabia dessa história era Ino, que era amiga de Sakura — que era inconformada com aquela situação e torcia por Hinata apesar de tudo — e Neji que além de primo, era o seu melhor amigo.

Ela se sentia um pouco estranha por estar mexendo em uma ferida que parecia jamais cicatrizar. Apesar da escolha de deixar Naruto ter sido inteiramente dela, não podia negar que ainda o amava profundamente. A escolha que tinha feito, não teve nada a ver com o amor e sim com a situação. Não aguentava mais ter que ficar as escondidas com Naruto. Em não poder sair em lugares públicos por ser arriscado.

Sem contar que a última situação que passaram, tinha sido a gota d'água.

Se fosse apenas por ele, tinha certeza que Naruto se separaria de Sakura. Mas ele só poderia fazer isso quando as empresas Uzumaki se reerguessem. E vai lá saber, quando isso iria acontecer. Poderia esperar, se o processo não fosse doloroso demais. Parou de ter devaneios e voltou a falar:

— Há quatro meses, Naruto teve que se mudar para fora do Japão, Itália se não me engano. E isso já era demais para mim. Eu não iria mudar de país para continuar tendo um relacionamento proibido. Meus amigos, minha família, meu lar, simplesmente tudo que eu construí... Está aqui. E eu não jogaria tudo para o ar, por causa de algo que eu não teria a certeza que acabaria bem. Por mais que eu o amasse de todo o coração...

Hinata parou de falar sentindo o gosto amargo da angustia subir pela garganta e aquela vontade agoniante de chorar. Não conseguia mais falar.

Gaara a observou morder o lábio inferior com força e cerrar os olhos na tentativa de conter as lágrimas. Ele tentou imaginar o quão doloroso era aquela situação, mas não conseguiu. E ele achando que a sua situação era mais que insuportável. O ruivo respeitou a dor dela e esperou até que a moça se recuperasse para falar.

— Eu jamais imaginaria que algo assim teria acontecido com você. Eu realmente não sei o que dizer. Não posso nem imaginar o quão doloroso deve ser, acho que só posso dizer que sinto muito por você, acho que na verdade, por nós dois. Aqui estamos nós, com os corações destroçados e tomando porre de madrugada. Será que era para ser engraçado?

— Bem, se era, eu realmente não acho graça — disse, no meio de um sorriso quase sarcástico. — Mas vamos fazer um brinde.

— Certo! — concordou, enquanto levantava o copo e brindava com o copo vazio de Hinata.

Ela olhou as horas no relógio de pulso que usava e arregalou os olhos, sentindo-se levemente surpresa quando viu que já eram três da manhã.

— Nossa. Está tão tarde — observou. — O tempo passou tão rápido. Tenho que ir embora — disse um pouco mais alto, para Gaara escutar. — Foi realmente um prazer revê-lo, sinceramente. Nunca imaginei que iria encontrá-lo aqui. Você me fez lembrar coisas boas.

— Também foi um prazer revê-la, Hinata. Depois de tantos anos. — Gaara deu uma pausa significativa. — E claro, muito obrigado por ter me escutado — agradeceu de forma sincera, sentindo-se um pouco encabulado por ter aberto seu coração para ela.

— Eu é que deveria te agradecer. Primeiro, por confiar em uma estranha como eu para compartilhar o seu sofrimento. E segundo, por escutar a minha angustia sem me julgar. São raras, sabe? Pessoas como você.

Gaara no Sabaku sorriu verdadeiramente depois de meses sem soltar um único sorriso verdadeiro. Ele estava com uma inquietação esquisita e ao mesmo tempo gostosa no coração, ele sentia que deveria ser amigo de Hinata. Pensou se estaria sendo precipitado demais, mas parou de hesitar, quando se lembrou de que ela o fizera sorrir.

Hinata Hyuuga entendia sua dor, sua angustia, então... Por quê hesitar?

— Hinata. Será que poderíamos ser amigos? — perguntou ainda tímido. A morena piscou algumas vezes e quando estava pronta para responder, ele terminou: — Sabe, é que eu tenho uma sensação de que seremos bons amigos e que de algum modo, não sei... Você irá me ajudar.

— Eu tenho a mesma sensação. É claro que podemos ser amigos! — Hinata respondeu verdadeiramente feliz. — Você quer meu telefone? Assim poderemos marcar de nos encontrar novamente e até poderemos fazer uma reunião entre amigos do passado!

— Claro, com certeza seria uma boa!

Os dois trocaram telefones, até Hinata se levantar para ir embora.

— Você vai embora de carro? — perguntou por curiosidade.

— Ah não! Minha casa não fica tão longe daqui. Vou a pé mesmo! — respondeu, fazendo pouco caso, já de pé na frente dele.

— Você vai mesmo para casa sozinha, às três da manhã, a pé, ainda sendo mulher? Nem pensar! — retrucou, levantando também. — Eu te deixo em casa.

— Ah, mas não precisa! É realmente perto daqui.

— Eu faço questão! — insistiu educadamente.

Okay, já que insiste! Mas ainda é desnecessário — resmungou e revirou os olhos, para depois ir na direção do balcão onde Ino estava para pagar a conta.

Os dois pagaram suas próprias contas e foram para saída. Hinata parou quando viu a moto de Gaara. Agradeceu mentalmente por estar de calça jeans. Subiu na moto morrendo de medo, mas não soltou um pio.

— Você está realmente bem... para dirigir essa coisa? — perguntou totalmente receosa.

— Sim. Não estou tão bêbado quando você acha que estou e nem o quanto eu achava que estava.

Ainda temorosa, sussurrou seu endereço e segurou-se fortemente a ele com medo de cair. Nunca se sentiu tão aliviada ao ver a porta de sua casa. A cabeça de Hinata girava. É, o efeito da bebida chegaria uma hora ou outra.

Hinata desceu da moto cambaleando e respirou fundo, feliz por estar viva. Virou-se para ele e agradeceu:

— Obrigada, Gaara. Desculpe pelo incômodo.

— Não foi nada. Até logo, Hinata! Espero que possamos nos encontrar logo.

Ela assentiu e entrou em casa se despedindo. O ruivo acelerou a moto e partiu.

Eles ainda não sabiam, mas dali, além de uma grande amizade, nasceria um forte amor. Que seria capaz de curar as feridas que pareciam nunca curar em seus corações maltratados, magoados e em pedaços. Feridas de um amor, agora distante e doloroso.

Mas a partir dali o coração de ambos, não estaria mais quebrado.

#

"O que está acontecendo? Por que você não atende mais minhas ligações ou responde minhas mensagens? Há algo de errado, Hinata? Por favor, me responda. Estou preocupado."

Hinata olhou para a última mensagem que Naruto tinha mandado pela milésima vez naquele dia. Suspirou sem deixar de olhar para a tela brilhante do celular, que era a única coisa que iluminava o quarto escuro de seu apartamento. Sentiu-se culpada. Já fazia mais de três meses que não atendia as ligações dele ou mesmo respondia suas mensagens.

Uma pessoa mais sensata, teria trocado de telefone — mesmo que isso não fosse adiantar muito, pois Naruto poderia conseguir seu número facilmente —, mas pelo menos se sentiria melhor se tivesse tentado.

Só que ela era covarde. Muito covarde para atender uma ligação e pedir para que Naruto nunca mais a procurasse e a esquecesse pelo resto de toda a sua existência. E seu maior medo era se deixar levar pelas palavras doces e sedutoras, que apesar de serem verdade, eram promessas que seriam cumpridas ao seu devido tempo. Porém, seu coração não aguentava mais esperar, não mais. Por isso, era melhor não arriscar.

O celular vibrou assustando-a, fazendo que soltasse o aparelho, que caiu em seu rosto.

— Ai — gemeu enquanto esfregava o nariz suavemente e tentava pegar o celular no meio das cobertas. Viu o número no visor, era Gaara. — Alô?

— Te acordei, Hinata-swan? — o ruivo perguntou em um tom zombeteiro.

— Não e... Credo! Não me chame assim — Hinata respondeu, dando uma risada. — Aconteceu algo?

— Na verdade não. Eu liguei para confirmar uma coisa, já que a Hinata-swan esqueceu de ligar avisando se ia ou não para o aniversário do Shikamaru amanhã no bar da Ino — Gaara disse, e tentou imaginar a expressão da amiga.

— Ah Meu Deus! Eu esqueci completamente! Como sou esquecida! — berrou, e levantou da cama, para depois começar a ter um ataque de pânico. Gaara começou a rir do desespero dela. — Não ria, Gaara! E agora? Eu queria ir, mas como vou aparecer lá sem um presente?

— Relaxa, Hinata. Você está se preocupando à toa! Shikamaru nem liga para essas coisas. Quem o obrigou a fazer festa foram Chouji e Ino. Se você comprar uma garrafa de saquê barata ou um tabuleiro de damas, ele vai gostar — disse tranquilamente, quase com desdém.

— Nossa! Que ótimo amigo você é! — comentou sarcástica e sentou-se na cama, depois juntou os joelhos ao corpo, para depois ligar o abajur ao lado da cama iluminando o quarto. — Eu não sou tão cara de pau como você. Que horas vai ser mesmo?

— Começa lá pelas oito, mas a festa começa mesmo — disse fazendo questão de frisar a palavra —, por volta das dez.

— Ah, que bom! Acho que dá tempo de comprar algo digno para não chegar de mãos vazias. Obrigada por me lembrar, Gaara — agradeceu com sinceridade.

— Não tem de quê. Já esperava que você iria esquecer, nesses últimos meses que convivi com você, percebe-se que é uma pessoa um tanto desligada.

Hinata revirou os olhos.

— Okay, senhor espertinho. Eu vou dormir agora, tenho que acordar cedo, amanhã vou até a editora para acertar os últimos detalhes do meu novo livro.

— O seu novo livro pervertido! — provocou com uma risada.

— Tchau, Gaara! Idiota! — Desligou na cara do amigo e riu depois.

"Hinata-swan mal educada, desligou na cara do seu amigo. Que feio! :[ Passo pra te pegar às nove e meia. Esteja pronta! Boa noite!"

— Gaara.

A Hyuuga riu e deixou de lado o celular. Desligou o abajur e puxou as cobertas, cobrindo-se totalmente. Era uma noite fria, tentou não lembrar de Naruto e, por algum motivo, essa tentativa a fez pensar em Gaara.

Sorriu com isso.

Pela primeira vez em meses, sentia-se verdadeiramente feliz. Seu coração estava aquecido e sabia que isso era devido ao novo amigo. Ele a fazia bem e não ficava tentando consolá-la a todo instante, não a olhava com pena. Gaara compreendia-a, escutava-a e aconselhava-a. Simplesmente a entendia como ninguém. E Hinata sabia o porquê: as dores que compartilhavam eram as mesmas.

E juntos, começaram a juntar os pedaços de seus corações tão feridos.

#

Depois de mandar a mensagem para Hinata, Gaara pegou seu copo de leite com chocolate — um hábito infantil que nunca conseguiu largar — e dirigiu-se para a sacada de seu apartamento. Observou o céu completamente negro e suspirou. O clima estava relativamente frio e parecia que iria nevar a qualquer instante, ele gostava do frio, ou costumava gostar. Já não sabia ao certo.

O frio lembrava Matsuri.

E o rapaz evitava pensar em tudo que pudesse lembrá-la. Comparando há três meses, pensava muito menos nela, mas quando o fazia, a dor vinha com a mesma intensidade. O melhor — ou pior — era que ao menos o cheiro dela havia diminuído, há dois meses, Mei tinha aparecido e levado todas as coisas que pertenciam a Matsuri. Um sorriso triste brotou em seus lábios, quando ele relembrou a cena.

— Mei? — Gaara atendeu a porta e não pôde esconder sua face surpresa.

— Olá, Gaara. Desculpe por ter vindo sem avisar — a moça disse com sua voz melódica e suave, que não combinavam em nada com sua aparência. — Eu vim pegar as coisas da Matsuri-chan — terminou com um tom mais baixo.

Gaara ficou estático na porta sem saber como reagir. Sabia que isso iria acontecer uma hora ou outra, mas não estava preparado.

— Gaara... Eu... — começou realmente triste pela situação.

— Tudo bem — interrompeu-a com a cabeça baixa para que ela não visse seu rosto contorcido em dor. — Eu sabia que isso aconteceria uma hora ou outra, mas eu pensava que ao menos ela viria... — sussurrou a última parte e se deu conta que a melhor amiga de sua ex-noiva ainda estava do lado de fora. — Ah, desculpe. Entre. — Abriu passagem para Mei. — Fique à vontade e desculpe pela bagunça.

— Não se preocupe — murmurou de volta, uma expressão tristonha tomando conta do seu rosto juvenil. Quando entrou, parou e colocou a mão no ombro de Gaara, para depois apertar levemente em um sinal de conforto. — Eu realmente sinto muito por tudo isso, Gaara. Com licença.

— Certo — limitou-se a dizer, deixando-a entrar no seu quarto.

Depois de uma hora inteira, vendo Mei indo de um lado para outro, finalmente ela parecia ter terminado.

— Terminei, finalmente. — Passou a costa da mão pelo rosto, limpando uma gota de suor que ameaçava escorrer pela sua testa. — Bem, é isso. Adeus, Gaara, desculpe o incômodo — Mei começou a se despedir indo na direção da porta, segurando uma enorme caixa de papelão.

— Não se preocupe — Gaara falou e foi em direção da porta para abri-la. Assim que Mei passou pela porta, não pôde conter a vontade de perguntar sobre Matsuri. — Mei.

— Sim? — voltou-se para ele tranquilamente.

— Como ela está? — perguntou, encarando-a.

— Como eu posso dizer... — Desviou o olhar do dele e o rapaz estranhou essa atitude. Repentinamente, ela parecia desconfortável, como se escondesse algo. — Está tentando se reerguer, assim como você. Ainda chora às vezes, mas tornou-se menos frequente.

— Entendo — murmurou e abaixou a cabeça mais uma vez.

— Sinceramente? Eu acho que você deveria dar um tempo a ela, eu sei que já faz quase três meses que estão separados, e eu sei que você a ama, mas ela ainda está muito magoada com você. Eu creio que as coisas entrarão em seus eixos no tempo certo. Matsuri-chan ainda ama você, por isso, tenha paciência. Eu realmente estou torcendo por vocês.

Por que todas essas palavras pareciam tão falsas?

— Obrigado, até mais.

Gaara soltou um suspiro inconformado. Estava perdendo as esperanças sobre Matsuri. Pensou em como conseguiu suportar essa situação até o momento, se não fosse por Hinata, com certeza já teria sucumbido, afundado no fim do poço. Sentia que a morena era como um anjo em sua vida, iluminando o caminho e o livrando daquela angustia que insistia em atormentá-lo.

Sorriu.

Hinata era uma ótima amiga. E queria essa amiga para sempre.

#

O despertador soou como um barulho estridente, anunciando que a manhã tinha chegado. Hinata tateou o criado mudo na procura do objeto para desligá-lo, mas ao invés disso, apenas o derrubou no chão e ele apitou mais alto ainda.

— Argh! Eu mereço! — gemeu, finalmente se rendendo e afastando as cobertas, para depois pegar o despertador do chão e desligar. — O dia será cheio hoje.

Suspirou com as mãos na cintura e foi para o banheiro a fim de tomar um banho e ir para a editora para resolver os últimos detalhes do seu livro. Depois de alguns minutos na banheira, saiu mais relaxada, pronta para um dia cansativo.

Vestiu uma saia preta de cintura alta, junto com uma blusa social branca de mangas longas, calçou saltos altos pretos, que combinavam com o seu look. Prendeu o cabelo em um coque no alto da cabeça, deixando apenas sua franja solta. Passou lápis e rímel nos olhos e um batom rosa quase da cor dos próprios lábios.

Pronta, olhou-se no espelho e ficou satisfeita com o que viu.

A saia deixava suas pernas longas e alvas a mostra, assim como destacava sua cintura fina e delgada, seus seios fartos também ficavam ressaltados pela fina blusa branca. O rosto pálido, com as bochechas levemente coradas estava à mostra por causa do penteado, deixando-a excepcionalmente bela.

— É Hinata, há quanto tempo eu não te vejo tão bonita? — Piscou para seu reflexo no espelho, sentindo-se verdadeiramente feliz.

#

Quando chegou a sua editora, percebeu como tudo estava estranhamente inquieto. Os funcionários andavam de um lado para o outro, nervosos. Como pássaros em uma gaiola lutando por liberdade. Hinata procurou Tsunade com o olhar e a viu falando no celular — histericamente — com alguém.

Andou até ela com cautela e assim que a alcançou, a mulher desligou o celular com força, fechando a tampa dramaticamente.

— Problemas? — Hinata perguntou com as sobrancelhas juntas de curiosidade.

— Mais ou menos. É aquele idiota do Jiraya! — respondeu, massageando as têmporas e fechando os olhos. — Mas você certamente não veio aqui para saber disso. — Estalou a língua, demostrando sua irritação. — Ainda bem que veio, precisamos conversar.

A mulher declarou em um tom tão sério, que Hinata engoliu em seco, nervosa. Seguiu Tsunade quando ela fez um gesto indicando que o fizesse. O barulho dos seus saltos ecoavam — ao menos para ela — a cada passo que dava, passando entre as mesas dos funcionários eufóricos.

— O que está acontecendo? — Hinata perguntou, não fazendo esforço para ocultar sua curiosidade. — Por que todos estão agitados?

— Porque estão despedindo os funcionários — respondeu inexpressiva, sem olhá-la. — As despesas estão altas demais e estão demitindo quem não é realmente necessário e eles estão com medo. — Ela entrou em uma das portas, que era seu escritório, e fechou a porta assim que Hinata entrou.

— E então? Sobre o que exatamente precisamos conversar? — Sentou na cadeira de frente para Tsunade, observando os detalhes do escritório de forma distraída, tendo um mau pressentimento.

O lugar era amplo e iluminado por causa da enorme janela que cobria grande parte da parede que ficava atrás da loira, dava vista para uma paisagem fantástica dos prédios altos e luxuosos e do sol do topo do céu — que no momento estava límpido, muito convidativo para uma caminhada.

— Hinata?! Hinata! — a dona dos cabelos longos e loiros chamou, irritada. — Onde você estava com a cabeça? Estava falando com você!

— Ah, me desculpe. Então, sobre o que precisamos falar?

— Como eu estava dizendo, estamos despedindo o excesso de funcionários por causa das despesas e, além disso, tivemos que cortar alguns lançamentos para essa temporada. — Deu uma pausa significativa, Hinata não estava gostando do rumo que a conversa estava tomando. — E o seu está no meio do corte.

— O que? — perguntou sobressaltada e levantou da cadeira de uma só vez. — Como assim?

— Olha Hinata, eu fiz tudo que pude — argumentou na defensiva. — Mas entenda, o seu último vendeu bem, mas você só publicou três livros, está na fase inicial e temos outros livros de escritores mais experientes e que venderam mais. E estes ganharam a prioridade.

— Só pode estar de brincadeira comigo! — sibilou em voz baixa, negando-se a acreditar naquela notícia. — Vocês ficaram me pressionando por meses para que eu terminasse! E agora me vem com essa? Não acredito!

— Sinto muito querida, mas...

— Eu posso entregar o manuscrito para outra editora — interrompeu, procurando uma solução para aquela situação ridícula.

— Você não pode fazer isso, Hinata, por mais que eu queira te ajudar, você já assinou o contrato de exclusividade por dois anos.

— Ah, merda! — amaldiçoou e rangeu os dentes com raiva. — E o meu dinheiro? Eu tenho minhas contas...

— Você continuará recebendo da tiragem do livro anterior — disse, observando como a morena na sua frente estava alterada.

— Ai! Puta que pariu! — E saiu da sala aos passos rápidos e curtos, segurando as lágrimas de frustração e raiva.

Por quanto tempo sua vida continuaria dando errado?

Ainda angustiada, pegou seu carro com o intuito de ir para casa.

#

Gaara começou a ficar preocupado. Quando deu nove horas da noite e começou a ligar para Hinata, mas ela não atendia de jeito nenhum. Por conta disso, acabou indo para o apartamento dela, vinte minutos antes do combinado. Desceu do carro preto e olhou para cima, tentando enxergar se as luzes estavam acessas, porém, só havia a escuridão.

Andou até a portaria e depois de algumas palavras trocadas com o porteiro, ele conseguiu subir até o andar da amiga. Esperou pacientemente o elevador levá-lo, quando chegou, bateu na porta de Hinata, mas ela não atendeu ou fez qualquer barulho que denunciasse que o faria.

— Hinata? Você está aí? — chamou e recostou-se a porta, tentando ouvir alguma coisa. — Hinata?

Sem resposta, tentou ligar mais uma vez para o celular dela, não demorando a ouvir a música que era o toque de Hinata do outro lado da porta.

— Tudo bem, o que está acontecendo? Abra a porta!

Demorou alguns minutos para que o rapaz ouvisse um ruído e depois um barulho arrastado — que presumiu que eram os passos de Hinata —, um murmúrio inconsolável, para depois a porta ser aberta, revelando a figura de Hinata, totalmente acabada.

Seus olhos estavam inchados e borrados de maquiagem, parecia ter chorado — horrores — por um longo período de tempo ou até mesmo levado um soco. Estava com as mesmas roupas que tinha vestido pela manhã, o cabelo preto-azulado estava totalmente fora do lugar, vários fios soltos espalhados pelo rosto alvo.

— Oh céus, o que aconteceu com você? Foi assaltada? — Não obtendo nenhuma resposta, continuou ao sentir um cheiro conhecido: — Espera aí! Que cheiro é esse? Você estava bebendo?

— Sim — dessa vez respondeu em um tom sonolento.

O Sabaku ficou ali parado, encarando a amiga com um ar incrédulo. Acabou por estalar a língua e com um suspiro, empurrou-a para dentro do apartamento novamente. Fechou a porta em seguida. Ligou as luzes e, nesse instante, Hinata soltou um gemido de desgosto.

— Você vai me contar o que aconteceu para ter ficado nesse estado? — perguntou verdadeiramente preocupado e ajudou-a a se sentar no sofá bege que ficava no meio da sala. — Tem a ver com...

— Não, não! — negou, balançando a cabeça e se arrependendo disso imediatamente, então corrigiu: — Também, mas não é o maior problema.

Então, Hinata contou para ele sobre as mensagens e ligações de Naruto, sobre o fracasso na publicação do seu livro e como tinha sido burra em assinar o contrato de exclusividade com a editora. E, por isso, ficara com tanta raiva e tão triste que tinha apelado para a bebida, tomando metade da garrafa da tequila, antes de desmaiar.

Acrescentou em um tom choroso:

— Quando as coisas vão parar de dar errado na minha vida, Gaara? — murmurou inconsolável.

Sem saber exatamente o que deveria dizer — já que não era muito bom com as palavras e também não iria murmurar consolos vazios, dizendo que tudo iria ficar bem, sendo que não tinha certeza se realmente ficaria —, Gaara abraçou Hinata, trazendo o corpo miúdo para perto do seu, desajeitadamente, já que não era muito de demonstrar carinho ou qualquer coisa do tipo. Apertou-a entre seus braços fortes, confortando-a de um jeito que ninguém poderia.

— Ah, Hinata-swan — chamou-a pelo apelido tosco, fazendo-a soltar uma risada chorosa e continuou: — Eu não sei o que posso te dizer para fazer você se sentir melhor — admitiu, acariciando o cabelo dela. — Mas eu espero que tudo dê certo. Você vai sair dessa, porque você é forte, sabe disso, não é?

Hinata balançou a cabeça, sentindo a fragrância masculina e amadeirada de Gaara, era um cheiro tão gostoso... Percebeu que ele era o único contato masculino que tinha em meses e que não queria — ou ao menos não demonstrava — transar com ela.

Passou os dedos pelo braço dele, sentindo os músculos fortes, duros e definidos. Depois, alcançou as dobras da camisa branca, deslizando os polegares pela gola e quase tocando o pescoço de Gaara. De repente, sentiu um calor gostoso subir pela sua barriga e alcançar a sua garganta, seu rosto...

Céus! Ela estava se sentindo atraída por Gaara.

Despertando do transe, afastou-se dele com cuidado, torcendo para que ele não notasse seu rosto vermelho ou ao menos associasse tal fato à bebida. Mordeu o lábio inferior e com um sorriso, disse:

— Eu bebi metade do presente do Shikamaru. — Soltou um sorriso amarelo, tentando afastar as sensações que tinham se apoderado dela há pouco.

— Não tem problema, Hinata. Nós podemos passar em uma loja de conveniência no caminho e compramos outra coisa — disse mais aliviado ao ver que ela parecia melhor, aparentemente não notando nada anormal no comportamento dela. — Mas se você realmente quer chegar a tempo, é melhor você ir se arrumar agora.

Hinata levantou em um pulo, correndo para o quarto em seguida. Ainda conseguiu ouvir a risada de Gaara no outro cômodo. Enquanto tirava a roupa e se preparava para tomar um banho rápido, ela ouviu o barulho da TV ligada na sala e formou a imagem do rapaz em sua mente, sentado comodamente e...

Por que tão de repente estava pensando nisso? Era incômodo pensar que depois de meses, tinha enxergado um homem em sua vida, ainda mais esse homem sendo Gaara. Já não tinha aprendido o suficiente se envolvendo com Naruto? Além disso, Gaara amava Matsuri.

Por que raios estava pensando nisso?

Apenas entrou no banho, tentando parar de pensar nessas baboseiras.

Enquanto isso, Gaara esperava pacientemente na sala, Mirando um programa qualquer na televisão com desinteresse. Havia algo o incomodando, algo que não queria pensar a respeito. Esse último abraço que dera em Hinata... Tinha sentido algo profundo e... Quente.

Isso dava medo.

Qual era o problema dele? Ficar pensando nessas coisas, quando ele e Hinata amavam outras pessoas e não tinham ao menos superado tal fato, nem se resolvido... E ela era sua amiga! Achou-se um completo babaca por apenas pensar na possibilidade, ele iria se odiar se estragasse o que tinha com Hinata por causa de tensão sexual.

Mas... A sensação dos seus dedos quentes e delicados passando e roçando levemente em seu pescoço, não havia desaparecido.

Balançou a cabeça, afastando tais pensamentos. Definitivamente, não deveria estar pensando nisso.

#

A música eletrônica era tão alta que fazia as paredes tremerem. Assim que Hinata desceu do carro e entrou no bar, levou um susto ao ver como tudo estava tão diferente. As mesas não estavam mais espalhadas pelo recinto como de costume, na verdade, elas haviam desaparecido e no lugar delas, haviam sido postos divãs coloridos em lugares estratégicos, deixando o meio livre, transformando em uma pista de dança.

As luzes coloridas e brilhantes piscavam descontroladamente, envolvendo o corpo dos presentes, que flertavam e sorriam como se não houvesse o amanhã.

Porém, o que mais impressionou Hinata, foi o sumiço do pequeno palco em que toda segunda-feira os músicos iam tocar jazz — que tanto adorava — que fora substituído por uma cabine com um DJ, e as paredes de cor marrom brilhante, terem ficado negras, com pontinhos brancos e brilhantes, assemelhando-se demais a um céu estrelado.

— Nossa! O que aconteceu aqui? — Hinata perguntou para Gaara em voz alta, forçando sua voz a alcançá-lo.

— Festas da Ino — disse como se isso justificasse, praticamente gritando, a voz sendo abafada pela música alta. — Não é todo dia que se faz trinta anos. Você quer beber alguma coisa?

— Sim! Pode pegar pra mim o mesmo que pegar para você! Eu vou procurar o Shikamaru.

— Tá! — E sumiu no meio da multidão.

Não demorou muito para que Hinata encontrasse Shikamaru. Ele estava sentado no bar, conversando e rindo animadamente? Isso foi mais do que o suficiente para que ela tivesse certeza que ele estava muito bêbado. Porque Shikamaru e animado na mesma frase não fazia nem sentido. Ele estava acompanhado de uma mulher, lembrava-se vagamente que ele tinha falado algo a respeito de estar interessado em alguém. Agora, quem diria que esse alguém era Temari, a irmã de Gaara. Com receio, andou até ele e tocou de leve o seu ombro, chamando a atenção do amigo.

Shikamaru se voltou para ela e seu sorriso branco — e bêbado — se alargou ao vê-la.

— Hinata! Você veio! — disse alto o suficiente para que a morena a escutasse. — Eu achei que não viria!

— Mas é claro que eu vim! Não é todo dia que se faz trinta anos! — repetiu o que Gaara dissera, sendo contagiada pela animação do amigo, pronta para entregar o seu presente.

— Nem me diga! O tempo passa voando depois dos dezoito! — comentou com um sorriso e de repente se virou para Temari novamente, provavelmente murmurando algo que falaria com ela depois. Então ela assentiu com um sorriso maldoso e Shikamaru deu um tapa na bunda dela quando esta se virou e Hinata acompanhou o seu riso.

— Pelo visto as coisas estão bem. Falando nisso, aqui seu presente. — Estendeu o pacote dourado para o amigo, que o pegou olhando com curiosidade. — Eu queria ter comprado algo melh...

— Uma jaqueta! Valeu, Hinata! Eu estava mesmo precisando, valeu! — agradeceu, vestindo a peça que combinava com a sua calça jeans e a camiseta escura. Passando o braço por cima dos ombros de Hinata, arrastou-a até um divã amarelo no canto da parede. — E sim! As coisas estão indo muito bem. E você? Veio com seu namorado?

— Namorado? Do que exatamente você está falando? — perguntou confusa.

— Estou falando do Gaara! De quem mais seria? — Rolou os olhos, como se fosse óbvio. Shikamaru bêbado era outra pessoa, chegava a ser engraçado. Ele até lembrava Ino.

— Shika! — exclamou. — O Gaara não é meu namorado! É apenas meu amigo.

— Ah, é mesmo? Você não pode estar falando sério. Abra o jogo, Hinata! — disse, a língua se enrolando um pouco e em um tom de quem claramente se divertia. Deus! Quanto ele já tinha bebido? — Por favor, vocês não desgrudam um do outro faz meses! As pessoas comentam...

— Ele está apenas ajudando. — Quando o viu sorriso malicioso cruzar os lábios de Shikamaru, mudou as palavras: — Eu quero dizer que estamos nos ajudando, nos reerguendo e não de um jeito maldoso. Ele me entende, isso é o bastante para mim.

— Sei — murmurou, não acreditando na última afirmação de Hinata.

— Olha só quem eu encontrei! — Ino brotou de repente, passando os braços pelos ombros de Hinata e Shikamaru, puxando-os para bem perto dela. Ela também já estava bêbada. — Jaqueta legal, Shika! Sobre o que vocês estão falando?

— Sobre como Hinata e Gaara andam bem amigos.

— Já reparei no jeito que eles se olham e com certeza não é apenas amizade — Ino comentou como se Hinata não estivesse ali. — Vai dizer que nunca deram um beijinho? — Fez um bico, rindo em seguida.

— Não! — Hinata protestou com o rosto vermelho.

— Fala sério! Há quanto tempo você não transa? — a loira perguntou sem um pingo de vergonha na cara.

— Eu não vou responder isso! — fingiu-se ofendida, colocando a mão no rosto.

— Só estou dizendo que já está na hora de deixar o passado para trás e começar a viver novamente, e acho que o Gaara...

— Ouvi o meu nome? — Gaara apareceu do nada, segurando duas latas de energético. Sentou ao lado de Hinata.

— É, estávamos falando que... — Shikamaru começou, falando enrolado.

— Você estava demorando, era isso que estávamos falando! — Hinata cortou, com medo que o outro falasse alguma besteira.

— Ah! É que eu não conseguia encontrar vocês em lugar algum. De qualquer modo, feliz aniversário! Trintão, hein!

— Tsc. — Shikamaru estalou a língua em sinal de desagradado. — Não precisa me lembrar disso.

Gaara riu, bebendo um gole de sua bebida.

— Você gostou do presente? Hinata me obrigou a ir no shopping pra comprar isso pra você.

— É claro que gostei! Olha só como ficou ótima em mim. — Suspirou sem nenhum motivo aparente.

— Tá parecendo aqueles badboys fajutos da época da escola — Ino provocou com um sorriso ladino. — Mas sabe o que eu acho? Que você deveria ir curtir a sua festa um pouco e nós dois deixarmos os dois sozinhos! — Levantou e acrescentou em seguida, olhando diretamente para a Hinata: — Divirtam-se e, Hinata, pense no que eu disse.

"É melhor não pensar", pensou ela no mesmo instante, vendo Ino sair do seu campo de visão junto com um Shikamaru bem bêbado.

— O que ela disse? — Gaara perguntou com curiosidade.

— Nada de tão importante. — Fez um gesto com as mãos para que ele deixasse para lá.

— Você quer dançar? — convidou, coçando a cabeça, parecendo tímido de repente.

— Você? — Riu, arrependendo-se em seguida ao ver o olhar dele sobre ela. — Quero dizer...

— Tarde demais. Para sua informação, eu sei dançar muito bem! — gabou-se e obrigou-a a se levantar. Puxou-a para a pista de dança, e largaram as latas de energético pela metade em cima do balcão do bar.

— Eu quero ver isso!

Os dois entraram no meio das outras pessoas, não demorando nada para se soltarem e começarem a dançar. Hinata deixou sua timidez de lado e foi levada pela música envolvente, deixando que suas preocupações fossem embora, como se seu espírito estivesse sendo lavado com água. E Gaara se encontrava no mesmo transe.

Ali, ambos não precisam se preocupar com os problemas, com as dores, as angustias. Tudo que queriam, era apenas se divertir. Sorriam para o outro em um ato de pura cumplicidade, os dois tinham ideia que o que partilhavam, era tão especial, que não tinha como ninguém explicar.

Hinata girou em torno dele, o cabelo preto-azulado voando em sua volta, os corpos quase se encontrando... Quase. Pararam de repente, ao ouvir a música lenta preencher o ambiente. Tanto Gaara, quanto Hinata conheciam aquela música.

Have You Ever Really Loved a Woman?

O som suave e convidativo persistiu. A Hyuuga olhou para cima, encontrando Ino na cabine do DJ, olhando diretamente em sua direção. Ela torceu os lábios de desgosto, enquanto a outra sorria, empinando o queixo como dissesse "aproveite".

Voltou a olhar para o ruivo e o encontrou com a mão estendida na sua direção. Olhou para a mão, para ele, no mínimo umas três vezes, antes de engolir em seco e finalmente aceitar. A mão grande de Gaara deslizou por suas costas, parando em sua cintura, enquanto a outra segurou sua mão com demasiada força, forçando seu corpo contra o dela.

Ela respirou fundo.

A dança começou lenta e suave, Hinata podia sentir cada terminação nervosa do seu corpo chamar por ele. O rosto afundado no peito forte, aspirando seu cheiro limpo e gostoso de colônia masculina, os dedos dela se prendendo em seu ombro, apenas para ter ciência que aquilo era real.

Por que? Por que isso estava acontecendo? Ela não conseguia compreender o motivo de tantas sensações tão de repente.

"Por que meu coração está batendo tão depressa?", foi o que Gaara pensou quando Hinata encostou a cabeça em seu peito. Estava rezando para que ela não pudesse ouvi-lo. "Por que tudo em que eu consigo pensar é em seu corpo junto ao meu?"

Quando a música chegou ao refrão, Gaara fez com que ela se afastasse um pouco, girando-a lentamente, para poder observar cada detalhe do seu rosto, do seu pescoço. O brinco balançando, como os lábios pintados de rosa se entreabriram — como se soltasse a respiração —, os olhos piscando aturdidos. Quando o giro cessou, ela olhou para cima, encontrando a imensidão dos olhos verdes de Gaara, parecendo hipnotizada.

"Por que não?", uma voz disse no fundo da sua mente. "Por que não?", insistiu.

Hinata não sabia porquê.

Ficou com o rosto levantado para ele. Verde no perolado, perolado no verde.

Gaara soltou a respiração, que nem tinha reparado que tinha prendido. Estava tentado a beijá-la e suprimiu esse desejo. Mas agora, quando ela olhava tão fixamente para ele, os lábios entreabertos, convidativos, ele entendeu: aquilo era um consentimento, uma aceitação. Ele não estragaria tudo.

"Me beije", era o que os lábios dela diziam, o que os olhos dela pediam.

Não hesitou quando pegou o rosto delicado entre suas mãos e aproximou-se dela em uma velocidade quase tortuosa, apreciando cada expressão que passeou pelo rosto bonito. Abaixou-se para ela, sentindo como a respiração de Hinata estava descompassada e depois, viu-a fechando os olhos, também fechou os seus. E beijou-a.

Sim.

Beijou-a.

Aquilo era real?

Os lábios masculinos percorrendo os dela com uma suavidade que ela jamais pensara que existia. Por que pensar nisso agora? Parecia que milhares de estrelas explodiam ao seu redor, em partículas coloridas e sem nenhuma forma. Apenas aquela sensação gostosa e quente preenchendo seu peito. Ele podia sentir aquele formigamento gostoso subir por sua espinha, enquanto a língua dela não brigava com a sua, acariciava-a.

E então, entenderam: Não estavam mais em destroços, finalmente, tinham conseguido juntar os pedaços.

Chegamos ao fim do primeiro capítulo, uhuuuuul. Gente, eu amo essa história, ela tem um teor um pouquinho dramático, mas é porque eu tenho essa pira de querer escrever sobre coisas que quase ninguém quer ler, rs. Mesmo assim, se você chegou até aqui, espero que deixe um comentário e vote no capítulo. Incentivo é sempre, bom, né? Devo postar o segundo (e último capítulo) ainda nessa semana.

É isso, beijos e até o próximo!

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