III
-Um dia fui uma célula sem energia, mas quando você entrou pelas portas do meu coração passou a ser minha mitocôndria, me permitindo viver de forma mais leve, por isso diante dessa endossimbiose eu escolhi ter você para sempre em mim, e assim como as células guardam suas organelas, desejo eu para sempre te resguardar e tornar seus dias mais felizes, e que juntos possamos enfrentar os mais loucos desafios. - declarou Amanda deixando algumas lágrimas caírem.
-Sempre achei que era só mais um elétron, e elétrons orbitando vivem em estado de spin, mas reza a lenda que cargas opostas se atraem, mas com o tempo eu descobri que não era um elétron, e sim um quantum de energia, e quando te encontrei fervendo de raiva nossas temperaturas se equilibram, já não se tinha mais trocas de energia com o meio, era de fato o meu equilíbrio térmico, e assim pretendo estar ao seu lado até que o tempo de vida das células nos separem. - declarou Luister a sua esposa metendo-lhe um beijo nada dramático, tão tímido quanto os pandas, mas seu amor era sincero.
Os convidados aplaudiam e celebravam os novos pombinhos, era uma comemoração mais fechada, cujo objetivo era fazer uma excursão de trilha pela Chapada da Aventura com seus amigos, observando a natureza e curtindo um piquenique ao final dela.
-Eu os declaro, esposa e esposo!-disse Catarina rindo do irmão que foi apressadinho e errou um pedaço do ritual.
...
-O que estão esperando, calcem seus coturnos, tênis ou botas, e vamos colocar os pés na estrada!-gritou Amanda tacando o buquê de dente-de-leão que se desfez sobre eles dois esvoaçando, e foi logo pegando sua cesta de comida.
Todos ali estavam prontos para a aventura, Gabriel ia lá no fundo ansioso com Renata, trêmulo, mas não deixou de notar a piscadela do amigo, lhe passando um pouco mais de confiança.
O cerrado ali era belo, misturado com uma sensação úmida, as pedras eram repletas de briófitas, o horizonte era ainda mais bonito de perto, os noivos sentiam-se mais livres agora, riam feito bobos de tudo, Luister pegava algumas flores para colocar nos cabelos amarrados em um rabo de cavalo de Amanda, que por vezes lhe arrancava o chapéu de escoteiro da cabeça.
-Sabe Renata?! Tem algum tempo, que bom, eu sinto que preciso viver ao seu lado, eu não sei, é diferente, mesmo sendo físicos, acho que não precisamos ser um spin, sei lá! - disse Gabriel sem jeito para a mulher ao seu lado.
-Não diga mais nada! Semelhante dissolve semelhante!-respondeu Renata corada dando um leve beijo na bochecha de Gabriel, que parecia mais um biólogo em campo do que um físico em si.
Todos ali presentes aplaudiam o novo casal, e logo preparavam-se para o lanchinho no meio da mata, com conversas científicas misturadas à vida cotidiana.
Fim!
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