Medo de avião
Finalmente chegou o dia vinte de dezembro de 2014.
No dia anterior, eu tive uma dor de barriga monstro. Me deu aquela sensação de que eu não poderia embarcar no voo porque teria diarreia pela viagem toda. Comentei com Antônio que para ajudar, como sempre, me enviou o link da crônica chamada: Um dia de merda, contando a desgraça de um cidadão que tem um puta de um piriri no ônibus que o leva para o aeroporto e chega as vias de fato: ele caga na calça.
*a crônica está anexada no fim desse capítulo, caso alguém tiver interesse em lê-la*
Sinceramente eu não achei graça nenhuma porque li com pesar. Acho que eu me matava se fosse comigo. Mas quando Antônio leu novamente, ele chorou de escorrer as lágrimas de tanto rir.
— Meu namorado lindo... Fica mais light. Vamos viajar e curtir Salvador. Descansar por doze dias. Dormir e acordar juntos. Namorar quando der vontade.
— Desculpa meu lobinho. Eu tô morrendo de medo de viajar de avião. Nunca fiquei tantos dias longe da minha mãe. E...
— Naaa fica bem calmo. Vou segurar tua mão. A gente vai conversando o caminho todo. Baixei um tróço pra ler pra ti.
— Já viajou de avião antes?
— Já. Mas fica calmo.
Depois de eu revirar o bucho do avesso. Antônio num ato de fofura suprema me dá um comprimido que ele diz ser um calmante forte. Pra eu pareceu uma Neosaldina e ele confessou dias depois, que era mesmo. O sono bate a seguir, meu corpo amolece e durmo feito anjo.
Na manhã seguinte eu sou outro. Vamos de táxi até a rodoviária e lá pegamos um ônibus o aeroporto de Navegantes.
Não consigo ficar falante como sou normalmente, daí ele entra em ação e puxa um assunto que sempre tive curiosidade. Sua infância que deve ter sido fofa.
— Naaa... Eu era um menino meio doido da turma. Meio fechadão e que viajava o tempo todo.
— Não brinca... Porque? – me desculpem mas não achei isso nenhuma novidade e perguntei com deboche.
— A professora perguntou pra minha mãe se eu tinha sofrido algum trauma. Ela sempre se queixava que eu fazia perguntas que não eram adequadas pra minha idade e que nunca parecia estar presente em suas aulas. Minha mãe comentou sobre o câncer que meu pai teve quando eu tinha quatro anos e como eu era apegado demais com ele, programei meu cérebro pra lidar com sua falta. Não podia visita-lo no hospital porque era muito novinho, em casa eu supria sua falta temporária com minhas "viagens". Minha mãe disse que eu comecei a ficar mais distraído e às vezes até me desconectava de tudo. Me preparei inconscientemente pra não sofrer com a possível partida do pai. Quando ele melhorou e foi pra casa, eu não me recuperei. Também me senti cada vez mais afastado dele e me agarrei muito mais com minha mãe.
Tadinho. Mesmo sabendo disso continuei a pegar no seu pé pelas distrações ao longo dos anos juntos... mal de Virgem.
— Então vocês tinham uma relação boa...
— Sempre tivemos. Hoje é mais complicado porque adulto É muito mais complicado. E você fala com seu pai?
Ele puxa esse assunto que nunca me fez bem.
— Não... ele não se interessou em nos ver crescer. Uma época pagou pensão. Outra época, ele sumiu. Minha mãe que é orgulhosa, não acionou ele na justiça por causa da pensão. Só que ela era lascada e o dim-dim nos fez falta. De um ano para o outro, se sobrassem lápis de cor, minha mãe fazia reaproveitar. Logo pra eu que gosto das coisas todas alinhadas, novas, com etiquetas, dava uma tristeza quando ela falava que só ia comprar o que faltava...
— Ela tentou administrar da melhor forma que podia, não fica com raiva.
— Hoje não sinto raiva. Mas para uma criança é muito complicado. No seu caso, era bem diferente né? Vocês são ricos.
— Não compara as coisas, Vander. Não vou falar do aspecto financeiro pra comparar as nossas infâncias. Eu tava falando sobre esse meu jeito que tu tanto pega no pé. Minha mãe nem sempre concordava com as professoras. Nem sempre aceitava o que a psicóloga falava. Daquele jeito dela, na calma, ela defendia o meu jeito distraído de ser.
— Ainda bem que tu reconhece né. — Ele ri do meu comentário. — Eu imagino sua mãe questionando a psicóloga. Dona Marta é toda da paz...
— Sempre foi daquele jeito. Ela disse que minha vó, nem sei qual das duas, falava que não era pra dar chupeta, não devia embalar pra fazer dormir, não era pra balançar o carrinho, não devia usar fralda descartável que dava assadura, não podia pegar muito no colo, um monte de conselho e minha mãe, fazia tudo ao contrário na frente da vó e só dizia: "aham, pode ir falando que eu decoro".
— Que figura. Rebelde ela.
— Naaa, ela respondia com a maior calma do mundo que a fase da chupeta, da fralda, do colo e da birra passavam rápido e não tinha curtido muito com os dois primeiros filhos porque ainda costurava para umas madames. Quando ia na escola, deixava a professora sem fala, era o maior barato ouvir suas pérolas. Tipo, a professora dizia:
"teu filho tem autismo"
"ah, sério? Poxa, você já emitiu o laudo? que bacana"
"..."
"eu desconfiei que o Antônio Marcos tinha alguma coisa diferente dos outros meninos, levei em duas psicólogas e as duas falaram que ele é "normal" e tem uma personalidade mais tranquila, só"
"é... eu, vejo... ele fica numa realidade separada dos amigos..."
"sim sim, mas é que o pai dele teve um câncer há três anos e a cabecinha do meu filho agiu pra se proteger de um possível sofrimento, caso meu marido fizesse a passagem, entende?"
"a senhora precisava pegar uma psicóloga boa."
"naaa, professora, imagine que a psicóloga falou que eu deveria trocar meu filho de escola ou de turma, porque o problema é a professora dele..."
"..."
"não preciso de uma terceira opinião. Acho que você precisa, na minha leiga e humilde opinião, saber lidar um pouquinho melhor com as diferenças, entre as crianças"
"tenho vinte e dois anos de profissão, entendo muito bem do que faço."
"ah, a psicóloga do Antônio Marcos, também disse isso! Que legal! Então as duas são grandes profissionais"
"vou te indicar uma pessoa, acho que deveria acompanhar o menino nas sessões."
— Aquele dia, ela foi malcriada, Vander.
"meu menino tem sete anos. Acha que eu largo ele na sala com a psicóloga e vou passear? Vá você na psicóloga. Sempre que me chama para conversar eu venho. Meu filho é agressivo? Ele te desrespeita?"
"não... ele é um menino querido, só que é distraído"
"ah então cativa ele, oras."
— Somos todos dona Marta!
— É. Com o pai, o negócio era diferente.
— Ele era ruim com você?
— Naaa, era de boa, mas de tanto ver a mãe, no primeiro ano, indo na escola, ele me trocou de colégio no início da segunda série. Saí do particular e fui pra escola pública.
— Pior que o ensino é bem defasado, né?
— É, mas todos acharam que me desenvolvi mais. Eu me enturmei, saí do casulo. Tipo, eu tenho amigo da infância que é meu amigo até hoje. Eu não era tratado como o filho do cara rico, eu era um aluno normal ninguém ficava em cima se eu caísse na quadra e levantasse com o nariz escorrendo sangue. Eu nunca briguei na escola, mas sabia me defender bem e se tomasse um empurrão, dava outro mais forte. — ele sorri com a lembrança — Na antiga escola, a mãe conta que deu o maior comentário quando o filho do dono da empresa de segurança patrimonial, tirou o filho. A diretora correu atrás da nossa família por quase seis meses pra que eu voltasse pra lá e o dono da escola que era amigo do velho, prometeu de mandar a profi Carla embora.
— Bem feito.
— Naaa, não fala isso. Meu pai queria muito isso, mas minha mãe falou que eu tinha me "soltado" mais na escola pública, que tinha amigos e que o ambiente tinha feito bem. Aí passou o tempo e o assunto morreu.
— Eu não tenho histórias legais. Estudei desde pequeno em Blumenau que é terra de cultura germânica, só eu de negro na sala, imagina... tinham outros negros na escola, mas somos em minoria pra cá... Aí teve algumas situações meio chatas, apelido em alemão, que não sei nem como pronuncia pra te contar... Me senti meio deslocado um tempo, mas como tenho personalidade meio forte, não ouvia desaforo. Quando cresci um pouco, já tinha esse jeito delicado e foi pesado, sabe porque né... ninguém pega leve com meninos afeminadinhos...
— Delicado?
— Tá... tu entendeu... — vamos contando nossas histórias, um para o outro e o tempo passa. Distraído eu estive que nem houve espaço para o medo de avião. Mesmo assim precisei ouvir Wolf cantando Belchior, imitando até a voz:
"foi, foi medo de avião... eu segurei pela primeira vez a sua mão"
— Socorro, Antônio, hahaha, de onde desenterrou essa?— ele acaba comigo.
Dentro do Aeroporto Internacional de Salvador ainda sentia-me seguro como em Santa Catarina. No táxi, o motorista sorridente nos deixou muito a vontade, largou a gente em um hotel bem perto da praia. No caminho enumerou alguns pontos turísticos que minha ansiedade não permitiu que eu lembrasse ou mesmo fotografasse na hora.
Eu estava em outra terra, mesmo brasileiríssima como onde moro. Me senti muito baiano quando lembrei que a mãe de minha mãe, foi levada do seio de sua família muito pobre. Ela trabalhava na casa de alemães que falavam poucas palavras em português, mas o básico para ordenar as tarefas que eram a sua obrigação. Quando eles foram embora para SC, minha vó foi com eles.
Ela contou à minha mãe que nunca foi mal tratada, inclusive, a patroa a levava ao médico uma vez por ano para os exames "de moça". Eu só me lembro de tê-la visto duas vezes, depois toda a família se encontrou no velório e mais tarde quando entendia melhor as coisas, me explicaram sobre o porque de sua partida.
Ali era a sua terra que também contém um pedaço de mim. Meu sangue é catarinense, mas da Bahia com certeza também. Não senti vergonha de deixar uma lágrima de emoção escorrer por baixo dos óculos escuros enormes, imitação maravilhosa de Dolce & Gabbana.
A suíte era maravilhosa genteee!, afinal a sogra não tem "escorpião no bolso" pelo que desembolsou conosco. Antônio mal tirou o óculos dele e me puxou para um abraço, quase desesperado buscou meu beijo e em segundos, estávamos pelados, suados e quase derretendo sem o ar ligado, mas sarrando gostoso na cama gigantesca. Meu lobinho ruivo estava pingando suor, eu estava melequento, o tesão dele o fez lamber minha pele suada e cair de boca lá. Eu não mudaria dali por diante com minha frescura, banho era prioridade antes do sexo, mas uma vez não me faria tão mal. Inclusive foi bem excitante.
Sempre é excitante quando ele engole meu pau, desajeitadamente raspa o dente, chupa com força que dá medo de levar uma dentada do doido. Sorte que eu tava todo lisinho, acho que isso o deixa com tesão porque onde tem pele sem pelo, ele taca a língua. Se é pra gozar a gente geme mais alto, goza e depois acaba com o namorado, engole o leitinho que entra na boca pra beijar na boca depois e fazer o safado provar o próprio sabor.
— Gostoso? — eu adoro deitar sobre seu corpo pra beijar a boca sensual de lábios finos.
— Da porra?
— Antônio! — Menino que acaba com o clima! Mas ele piora o negócio, creiam e mim.
— É meio nojento, tem gosto de... — Calo a boca dele com a mão e dou uma erguida de sobrancelha. — é gostoso sim.
Assim eu libero-o do castigo e vamos para o banho finalmente.
Eu preciso escovar o dente porque realmente, embora não se fale na hora que o clima tá todo romântico, sêmen não é nenhuma delícia quando o tesão acaba.
Deixei o ar ligado para quando terminar, podermos deitar uns minutos, arrumei a cama da melhor maneira e liguei a TV num canal de clipes. Rihanna, Diamonds era perfeita para o clima apaixonado, embora nem saiba o que diz a letra (quero nem saber), a música é linda.
— Cinco vezes mais apaixonado... — ele me diz, me aperta junto de seu corpo e completa com umas palavras que colam em meu cérebro pra sempre: — te adoro, pretinho brabo.
— Te adoro, lobinho distraído.
— Um dia a gente ainda vai morar junto. Agora você vai focar na faculdade, eu quero estudar pra fazer uma pós, preciso ganhar um salário melhor pra ter uma vida mais confortável. Meu pai queria muito que eu me interessasse em administrar a empresa com ele.
— Sério? — não sei se fico feliz ou triste, pois se ele for, ficaremos separados durante a semana.
— É. Lá, eu vou ganhar muito mais. Eu tenho 5% de cotas, meus irmãos tem também. Mas posso aumentar isso e ter participação maior.
— Todo ano ele distribui?
— Sim. Mas eu não mexo em nada do que ele me dá. Nem o pedaço de terra no interior... tá lá... só que agora que tô contigo, tenho vontade de construir uma casa pequena.
— Se me fizer chorar, te surro.
Ele acha graça.
— A longo prazo né. Brusque é perto de Blumenau, pode visitar sua mãe todo final de semana, a Alessandra vai poder vir lá em casa bem seguido...
Ele fala de planos para seu futuro, com exceção dos seus estudos onde ele dizia eu, eu e eu, todos os outros aspectos, dizia nós, conosco, a gente, eu e você.
Ali na Bahia, antes de sairmos para visitar os pontos turísticos, conhecermos a culinária, a riqueza do estado, as pessoas lindas nativas, turistas como nós, ele me disse:
— Em janeiro de 2019, vamos juntar as escovas de dente.
— Ain... para... — daí chorei mesmo.
Pensei: quatro anos demoram pra caramba. Quem sabe, nem tanto...
E no Elevador de Lacerda, ele falou as duas palavras pela primeira vez:
— Te amo.
— Te amo. — devolvi tão feliz que sem pensar trocamos um beijo discreto.
— Ei. Que lindooo! Deixa eu tirar uma foto de vocês? — Uma moça junto de um grupo de pessoas pede para pousarmos para ela. Ali eu lhe confesso que fui pedido em casamento. — Ahhhh! Quando?
— Daqui há quatro anos.
— Ah mas que demora. Pois case com ele hoje mesmo.
— Casado eu já me sinto, só que pra morar junto, vamos com calma. — Antônio fala sorrindo.
E assim... termina a primeira fase desse romance nosso, ali na Bahia de são Salvador, de todos os santos, de todas culturas, de todos os povos.
De agora em diante, momentos nos marcam durante os quatro anos que seguirão até que finalmente chegue o janeiro de 2019.
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Não consegui dar um final para a história. Vou estendê-la por mais um tempinho, porque Lelê precisa se reconciliar com sua mãe. Vander e Antônio tem muita coisa pra realizar. Planos. Briguinhas. Uns hot pra aquecer o verão, pode isso? E até que enfim janeiro de 2019, o casamento né.
Desculpem a demora... semana corrida que só vendo. Depois do diz 19 estarei de férias, daí fica mais tranquilo pra escrever.
Beijos ♥♥♥♥ e uma semana linda, cheia de alegria, sorrisos e paz à todos. =^.^=
Abaixo, a crônica: Um dia de merda... (autor desconhecido)
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Aeroporto Santos Dumont, 15:30.
Senti um pequeno mal estar causado por uma cólica intestinal, mas nada que uma urinada ou uma barrigada não aliviasse. Mas, atrasado para chegar ao ônibus que me levaria para o Galeão, de onde partiria o vôo para Miami, resolvi segurar as pontas. Afinal de contas são só uns 15 minutos de busão. "Chegando lá, tenho tempo de sobra para dar aquela mijadinha esperta,tranqüilo". O avião só sairia as 16:30.
Entrando no ônibus, sem sanitários. Senti a primeira contração e tomei consciência de que minha gravidez fecal chegara ao nono mês e que faria um parto de cócoras assim que entrasse no banheiro do aeroporto.
Virei para o meu amigo que me acompanhava e, sutil, falei: "Cara, mal posso esperar para chegar na merda do aeroporto porque preciso largar um barro". Nesse momento, senti um urubu beliscando minha cueca, mas botei a força de vontade para trabalhar e segurei a onda.
O ônibus nem tinha começado a andar quando, para meu desespero, uma voz disse pelo alto falante: "Senhoras e senhores, nossa viagem entre os dois aeroportos levará em torno de 1 hora, devido a obras na pista". Aí o urubu ficou maluco querendo sair a qualquer custo. Fiz um esforço hercúleo para segurar o trem merda que estava para chegar na estação ânus a qualquer momento. Suava em bicas. Meu amigo percebeu e, como bom amigo que era,aproveitou para tirar um sarro.
O alivio provisório veio em forma de bolhas estomacais, indicando que pelo menos por enquanto as coisas tinham se acomodado. Tentava me distrair vendo TV, mas só conseguia pensar em um banheiro, não com uma privada, mas com um vaso sanitário tão branco e tão limpo que alguém poderia botar seu almoço nele. E o papel higiênico então: branco e macio, com textura e perfume e, ops, senti um volume almofadado entre meu traseiro e o assento do ônibus e percebi, consternado, que havia cagado. Um coco sólido e comprido daqueles que dão orgulho de pai ao seu autor. Daqueles que da vontade de ligar pros amigos e parentes e convidá-los a apreciar na privada. Tão perfeita obra, dava pra exporem uma bienal.
Mas sem dúvida, a situação tava tensa. Olhei para o meu amigo, procurando um pouco de solidariedade, e confessei serio: "Cara, caguei !"
Quando meu amigo parou de rir, uns cinco minutos depois, aconselhou-me a relaxar, pois agora estava tudo sob controle. "Que se dane, me limpo no aeroporto" - pensei. "Pior que isso não fico".
Mal o ônibus entrou em movimento, a cólica recomeçou forte. Arregalei os olhos, segurei-me na cadeira, mas não pude evitar, e sem muita cerimônia ou anunciação, veio a segunda leva de merda. Desta vez, como uma pasta morna. Foi merda para tudo que e lado,borrando, esquentando e melando a bunda, cueca, barra da camisa, pernas, panturrilha, calcas, meias e pés. E mais uma cólica anunciando mais merda, agora líquida, das que queimam o fiofó do freguês ao sair rumo à liberdade.
E depois, um peido tipo bufa que eu nem tentei segurar, afinal de contas o que era um peidinho para quem já estava todo cagado. Já o peido seguinte, foi do tipo que pesa. E me caguei pela quarta vez.
Lembrei de um amigo que certa vez estava com tanta caganeira que resolveu botar modess na cueca, mas colocou as linhas adesivas viradas para cima e quando foi tira-lo levou metade dos pelos do rabo junto. Mas era tarde demais para tal artifício absorvente. Tinha menstruado tanta merda que nem uma bomba de cisterna poderia me ajudar a limpar a sujeirada.
Finalmente cheguei ao aeroporto e saindo apressado com passos curtinhos, supliquei ao meu amigo que apanhasse minha mala no bagageiro do ônibus e a levasse ao sanitário do aeroporto para que eu pudesse trocar de roupas. Corri ao banheiro e entrando de boxe em boxe, constatei a falta de papel higiênico em todos os cinco. Olhei para cima e blasfemei: "Agora chega, né?"
Entrei no último, sem papel mesmo, e tirei a roupa toda para analisar minha situação (que conclui como sendo o fundo do poço) e esperar pela minha salvação, com roupas limpinhas e cheirosinhas e com ela uma lufada de dignidade no meu dia. Meu amigo entrou no banheiro com pressa, tinha feito o "check-in" e ia correndo tentar segurar o vôo. Jogou por cima do boxe o cartão de embarque e uma maleta de mão e saiu antes de qualquer protesto de minha parte. Ele tinha despachado a mala com roupas.
Na mala de mão só tinha um pulôver de gola "V". A temperatura em Miami era de aproximadamente 35graus. Desesperado comecei a analisar quais de minhas roupas seriam, de algum modo, aproveitáveis. Minha cueca joguei no lixo. A camisa era historia. As calças estavam deploráveis e assim como minhas meias mudaram de cor tingidas pela merda. Meus sapatos estavam nota 3, numa escala de 1 a 10.
Teria que improvisar. A invenção é mãe da necessidade, então transformei uma simples privada em uma magnífica máquina de lavar. Virei a calça do lado avesso, segurei-a pela barra,e mergulhei a parte atingida na água. Comecei a dar descarga até que o grosso da merda se desprendeu.
Estava pronto para embarcar. Sai do banheiro e atravessei o aeroporto em direção ao portão de embarque trajando sapatos sem meias, as calcas do lado avesso e molhadas da cintura ao joelho (não exatamente limpas) e o pulôver gola "V", sem camisa. Mas caminhava com a dignidade de um lorde.
Embarquei no avião, onde todos os passageiros estavam esperando o "RAPAZ QUE ESTAVA NO BANHEIRO" e atravessei todo o corredor até o meu assento, ao lado do meu amigo que sorria. A aeromoça aproximou-se e perguntou se precisava de algo. Eu cheguei apensar em pedir 120 toalhinhas disfarçar o cheiro de fossa transbordante e uma gilete para cortar os pulsos, mas decidi não pedir: "Nada, obrigado. Eu só queria esquecer este
dia de merda !!!"
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