Será que...?

O capítulo anterior foi meio "down"... esse... não vou falar, hehe

Dedico esse capítulo a Kaorizinha que o acompanhava na CDC. ♥♥♥

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Quando ele desligou, fiquei longos e intermináveis minutos, sentado no meio fio de uma calçada perto do seu prédio, sem coragem de invadir seu espaço. Aquele silêncio podia significar o que ele tentou me deixar claro no passado.

-  Ei, meu baixinho...Tá sentindo o que?

Só de ouvir a voz dele, meus olhos arderam e as lágrimas desceram desobedientes. Ali agachado na minha frente, o homem a quem pertenço me olhava preocupado e não era delírio meu.

Ele tirou a mochila das minhas costas e me ajudou a levantar. Depois, no seu apartamento, verificou que minha pressão estava alterada e me cuidou até umas três da tarde, sem me pressionar para falar, só me abraçando, beijando meu cabelo e cada minutinho me perguntando se eu tava melhor.

Depois que melhorei ele me disse:

- Agora que meu paciente aqui tá bonzinho de novo, vou atender os outros. – me deu um beijão estalado na bochecha e um beijinho na pontinha do nariz... – coisa linda... deixa eu trabalhar que agora virei "pai", né... Fica aqui, me espera voltar... 

Tentei sorrir, voltando aos poucos a sentir alguma alegria...

Entardeceu e a noite eu tinha aula, mas não me sentia 100% recuperado e quando levantei da cama quase caí.

Liguei pro Abi para conversar um pouco, já que ele era patrão de si mesmo, o cretino, e contei o quanto agitada andava minha vida.

- Ah sim, só estou sentindo uma tontura forte, não é nada...

- Aproveita o tratamento VIP do teu doutor... E não diz que não é nada...Ué tás tonto porque passasse por muitas coisas em pouco tempo, não tas conseguindo processar, nego.... Pensa, teu pai quase empacotou, conhecesse o médico, sofresse, conhecesse o Charles, casasse, descasasse, sofresse. Começou a estudar, discutisse com a família...  é muita coisa pra um espirro de pica igual tu.

Eu ri. Não há como explicar como me fez bem conversar com ele e ouvir suas palavras.

- Ah miga, o Cleyton quer teu couro... contei pra ele hoje cedo que tu voltasse com o médico tesão.

- Avilson Júnior! – se tem algo que ele odeia mais que o nome, é ser chamado de Junior. – Oh extepô, praga dum fofoqueiro, seu curisco.

Ele não parava de rir e disse:

- Tava brincando, nem tinha falado, tá. Agora pede desculpa pela ofensa...

Eu sorri...

- Desculpa Júnior, opa...

- Vai cagar! Agora eu quero teu couro... – depois riu... – Xau Vi, meu maninho.... vai cuidar da tua vida e curtir teu amor, eu fico aqui na torcida com direito a usar sainha e uns pompons rosas... Davi, Davi...

- Te adoro...

- Eu não, tu me das muito trabalho, tranqueira do Abi.

Fiquei ali quieto e nada de melhorar. Adri chegou às sete horas e sentou do meu lado na cama.

- Voltou a cor nesse rapaz, o que é? Tás "de chico"? Ora, seu bicho caco.

Só estar com ele me sentia mais e mais calmo. Eu me aninhei nele e perguntei?

- Você não ficou chateado comigo, porque eu vim?

- Chateado não, fiquei preocupado aquela hora. Mas já que veio, acho que vou te roubar pra mim.

Dias depois, sem que ele me dissesse sim ou não, eu fui ficando. 

Enfim, era sexta-feira e eu já tinha faltado a semana toda na faculdade, então resolvi enforcar naquela noite também. Claro que ouvi qiuetinho o sermão paternal do meu Adri, ou seja, bronca mesmo. Ele não alivia só porque estávamos abraçados de cueca dando aquela namoradinha gostosa cheia de besos calientes.

- Pequeno, segunda bem cedinho vai tirar sangue e a gente investiga o que tu tens.

- Porque? Eu já estou bem melhor.

- Não perguntei. – grosso. – Quero ver se ainda tem aquela anemia... te conheci num hospital, torto de bêbado, depois me apareces com infecção e anemia. Não se empurra com a barriga, apura certinho e descarta hipótese de coisa pior. 

Na semana seguinte fiz os exames e realmente a hemoglobina tava bem baixa e o Adri pediu mais uns exames complementares. Não tive que ir pro posto, lógico e o máximo que eu podia fazer era agradecer Aquele lá de cima e o Adri, pela paciência. Fiquei esperando que ele sugerisse que eu me mudar de sua casa. Mas ele nunca o faria, eu que tinha que me tocar.

É foi isso... eu fui ficando por ali e me acostumando...e tempo foi passando... e ele não me cobrando...e eu acomodando. Ou seja, eu me abanquei no apartamento dele e já passava de um mês quando perguntei:

- Adri, eu já tô um mês aqui...mas logo eu alugo uma quitinete. Que eu vá embora?

- Oh baixinho! Sossega esse fiofó, eu percebi que tu fosse ficando, curisco. Por mim, fica aí mesmo.

- Eu consegui o emprego na distribuidora e logo me ajeito, tem umas quitinetes perto na Univali, mas é carinho o aluguel.

- Não me ouvisse? Quem te pediu pra sair? Quase não paro em casa, fica aí.

Assim, fica parecendo que ele não é muito legal sendo um cara legal. Também não é o mais presente, devido a sua extensa jornada entre sua clínica e a saúde pública. Então nos víamos pouco, morando debaixo de um mesmo teto e nos momentos juntos, a saudade ficava grande. Falávamos sobre todos os assuntos que permitissem um conhecimento maior entre nós. E claro, namoramos muito, para ser mais específico, fodemos em todos os cômodos disponíveis.

Isso aí,  me afobei pela segunda vez e cá eu estava "casado" outra vez.

Na época, ele tinha trinta e cinco anos contra meus quase vinte um (há dois anos atrás), nunca fomos perfeitos, mas acho que sempre nos completamos. Sou romântico e ele o apressado. Mas Adriano curte quando crio um clima, e eu adoro quando ele chega louco para transar e a gente faz na sala mesmo, apressadamente. Mas ambos adoramos aquele sexo de manhã cedinho com ou me acordar no meio da madrugada com sexo oral falando aos cochichos que sou seu pequeno, seu abusadinho, que me adora inteirinho... sempre com esse fetiche com o meu saco, ficar mexendo como se estivesse examinando, depois beija, cheira, lambe... 

Fui me soltando aos pouquinhos e dois meses depois já estava cagando de porta aberta, haha. Brincadeira... credo.

Houveram várias críticas por parte de amigos quando descobriram que me joguei outra vez num "casamento". Teve uns que entenderam que é devido à minha carência de cuidados, outros me chamaram de crianção, o Cley me disse: "Davi, ele é médico, tem grana deve estar se divertindo contigo" e bem no fim eu ouvi mais críticas que incentivos. O Abi disse: "chêro, curte bem esse amor que você sente, mas começa a pôr o pé no chão", a Vanda disse: "Case e descase quantas vezes achar necessário, menino, mas não coloque todas as expectativas no momento atual"...

Eu tinha conselhos e broncas onde pintasse, então passei a me concentrar mais na minha própria vida e não me prender somente ao que me diziam. Já estava empregado novamente há poucos dias e se fosse o caso, alugava um canto e quanto ao Adriano... eu sabia que ele era o meu ar. Além de impossível de me imaginar sem ele, eu preferia desistir de tudo se ele me faltasse outra vez. 

Faltava-me o crescer e amadurecer... Ainda não tinha essa consciência...

Enfiei o assunto: Família do Davi, numa caixa e guardei para abrir no futuro outra vez. Como era dia de semana, pulei cedo da cama que ficou vazia outra vez, porque meu lindo e gostoso passou a noite cumprindo a jornada no P.A., coloquei meu uniforme social da empresa, uma grande distribuidora de alimentos que me deu oportunidade e de preencher uma vaga como digitador no faturamento e me joguei na estrada. Nossa nem era longe que precisasse de coletivo, mas dava uns vinte minutos de caminhada se eu mantivesse um pique mais acelerado.

Eu fui bem acolhido no novo emprego e era muito grato a minha colega a Lelê da Vanda que me indicou aqui que faz parte do RH da empresa.

Estava apenas há poucos dias quando meu chefe chamou para explicar que a empresa entra em férias coletivas da véspera de natal até o ano novo e como funcionava com quem não as tinha vencidas e coisa e tali. Depois passei na sala do TI, que a encarregada do setor me indicou quando falei que minha máquina reiniciava sozinha a cada instante, estava meio despreparado para o que encontrei, foi tenso...

- Licença... quem é o Claudinho? – perguntei para o cidadão com cara de bad boy, de cabeça raspada, barba só no queixo, com braço forte e tatuado. Já me impressionei muito com aquele perfil de macho no passado. Hoje contam muitos pontos o jeito e não a forma da pessoa. 

- Claudio! – ele me corrigiu sério como se não tivesse gostado da minha presença nos seus domínios.

Fiquei com o rosto quente (provavelmente corado).

- Desculpa, me falaram esse nome...

- O que tu quer? – de novo ele foi seco.

- Eu te agradeço muito esse favor. - Eu expliquei bem certinho o tipo de problema técnico e ele "cuspiu" em reposta:

- Davi, né – Ele olhou meu crachá – quando tens alguma coisa, tens que aprender a pedir, sem ficar miando. Não tem essa de por favor ou por gentileza comigo, sou pago que nem tu pra trabalhar, ninguém faz gentileza por aqui.

Deu vontade de manda-lo: por gentileza vai tomar no olho do seu cu, mas isso não é do meu feitio. Na hora fiquei todo errado. Sabe aquelas pessoas esteticamente bonitas, que são tão idiotas que se tornam feias? Tinha uma bem na minha frente.

Ele que se foda, não ia levar isso na minha cabeça para fora da empresa, eu saia tão feliz de ir pra casa ficar com meu Adri, que não podia sobrar espaço na minha cabeça linda por essas coisas sem importância.

O Adri tem sua jornada a cumprir na saúde publica então naquele tempo seu plantão, que muda sempre, era na quinta. Eu estava na "terra dos pôneis" quando ele chegou e me disse:

- Amadinho, me dá um espacinho... – eu estava sob o edredom fininho porque dezembro aqui é muito quente, aí a pessoa esperta liga o ar no gelado e dorme tampado. Ele deitou, devia estar cansado, mas mesmo assim me deu uns beijinhos bem molhadinhos e riu, passando a mão pelas minhas costas. – que é isso, tás todo pelado?

- Tava muito quente...– minha voz de sono fica ridícula.

- Sim o teu pinto tava com calor também?

Eu sorri e ele jogou a coberta pro lado.

- Tu pede né, não deixa o teu amorzinho dormir sossegado. – ele fala.

Ele segura minha bunda e aperta e depois bate estalado três ou quatro tapas...

- Ai amor, eu tava dormindo bem quietinho, nem fiz nada e tu vem me bater... – me acordou? Agora aguenta, vou te enlouquecer. – eu vim deitar pelado porque nem consegui por minha cueca, meu pinto tava muito duro e não parava de ficar babado, aí preferi ficar bem quieto esperando ele baixar... mas pode dormir, tadinho de você né amor...

Ah tá, ele ia dormir mesmo, ele adora dengo e eu abuso me fazendo de rapaz pequeno e ele fica de pau duro.

Que madrugada, delícia de homem, delícia de pica, acho que o que mais me deu prazer naquela noite foi ver ele pedindo para eu não parar de chupar...

- Não tira da boca, não para... – eu me fazia de besta e parava.

- Que foi? – parei de mamar nele para perguntar... ele sequer me respondeu e tentou colocar o pau de volta na minha boca... – não Adri, eu não entendi...

- Ahhh, Davi... não tira, peste... – ele se contorcia um pouco e segurava seu pau e puxava minha cabeça, "implorando" com aquele gesto para que eu caísse de boca. 

#amopaunaboca (que horror! o autor não, apenas o personagem!)

Eu continuava só maltratando, mas não é fácil eu ficar por cima numa fodinha com ele, que é muito mais malvado e sem demora nesse mesmo capítulo ele já ia inverter as coisas...

- Meu homem lindo... tá gostoso?

- Tá... delícia...– prazer raro ver ele assim com as pernas bem afastadas e o quadril meio levantado. Transamos bem gostoso e ficamos nos beijando, depois ele me contou alguns eventos da sua rotina. 

Eram quatro da manhã quando ele chegou, sei que depois de toda "atividade" dormi meia hora e tive que levantar. Ele levantou para ir ao banheiro e depois veio tomar café comigo.

- Tá gostando do seu trabalho?

- Sim, tô aprendendo tanta coisa que antes só ouvia na aula de introdução a contabilidade...

Ele deu uma risada...

- Tá aprendendo o que é ativo e passivo? – tomou um gole de café. - Não me escutasse quando te disse pra esperar depois das festas pra começar a trabalhar.

- Eu não posso viver a tuas custas, né, sempre tive meu dinheirinho. Ah, Adri a gente vai entrar de férias coletivas no dia 24, tu não pode tirar uns dias e ficar comigo?

- Vou pensar no teu caso. Vou ver como fica o plantão se dá pra trocar um dia...

Ah, se ele disse isso, ia rolar alguma coisa, porque Adriano nunca faz cerimônia na hora falar, quando não quer algo diz na caruda.

Sexta feira outra vez, eu "chapado" de sono, me enfiei dentro da calça social e virei para olhar como ficava minha bunda, não tenho uma bunda grande e sempre fui muito magricelo, nem mesmo sou lindo como o Abi. Só que assim, eu me adoro e me acho um tesão. 

No trabalho tudo andava tranquilo, desde que não tivesse que olhar na cara do babaca do TI. Como que uma pessoa me diz que não se usa por favor com os outros? Para mim é questão de educação básica. 

No café a Cleide (telefonista) foi na padaria para comprar algumas coisas pra gente tomar o "desjejum", vulgo café da manhã  e "pelamordedeus", que padaria ruim, a coruja de polvilho que pedi, parecia uma sola de chinelo. Por sorte o café com leite estava bom e consegui tomar. Me enturmei bem com o pessoal e já estava rindo com outro "entendido",  o Lourenço com quem mais conversava ali. Não digeria aquela rosca e a Daniela, minha colega de setor falou:

- Nem comesse... – Daniela, minha colega reparou. – quer uma banana, eu trago fruta de lanche.

- Quero sim, amo banana, vou começar a trazer alguma coisa. – juro que não foi com malícia e fiquei irritado com algumas risadinhas que ouvi. Ah que se fodam, não podemos falar mais nada que somos alvo de gozação? Eu precisava comer algo, porque chega ali pelas onze o estomago gruda nas costas de fome, então aceitei e antes de voltar pro setor fui ao banheiro, que ainda tava vazio. 

Terminei e fui lavar a mão, enquanto  o Claudio fez o mesmo e me encarou pelo espelho: 

- Sabe o que mais me irrita em gente do teu tipo? – eu nem abri a boca para perguntar "o que". – Essa putaria que vocês fazem em qualquer lugar onde vão.

- Você que é maldoso... - Não consegui falar mais que isso.

Ah como eu queria ser como o Cley nessa hora e dar uma "tamancada" na cara dele 

Não chorei, mas fiquei muito magoado com aquela frase ecoando na minha cabeça... "gente do teu tipo".

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