Quase verão...

Nota: Acima é a famosa praia do Pinho de SC. Onde se pratica o nudismo, onde entramos "despidos" de tabus, mas cobertos de vergonha, kkkk. Uma praia linda.(me contaram). 

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Eu me joguei no peito dele e chorei mais. Cara que "menina" chorona, acho até que tem mulher mais forte que eu. Como que eu ia dizer o que estava me dilacerando por dentro?

Ficamos abraçados bem quietinhosna cama, com ele fazendo carinho na minha cabeça. Charles começou a cantar baixinho e errava a letra porque sabia que eu me irritava com isso.

- Viu... te fiz sorrir.

- Seu chato...

- Me conta o que fizeram contigo.

- Não quero falar, não tem nada haver contigo.

- É outro cara, né? Se é pode falar, você gosta de outra pessoa? – ele sorriu.

Eu fiquei com medo de magoa-lo, mas Charles parecia mais preocupado em me acalmar.

- Foi antes de você, tá. A gente nem mesmo resolveu as coisas e eu fiquei me iludindo, aí tava com medo de gostar de você e ele querer voltar, mas ele nunca se esforçava pra ficar comigo, não dava pra entender a dele.  Liguei um monte de vezes e ele nunca me atendia, hoje retornou e me meteu a boca...

- Gosta dele?

- Ah, Charles... - Eu não precisava responder.

- Seja quem for, é um burro! Perdeu a chance de ter um garoto querido tipo você e sendo assim, eu o Charles, tenho o privilégio de estar aqui te abraçando. Sabia que te adoro.

Eu sorri com aquela cara de choro e ele riu.

- Te quero pra mim, neném. E vou te fazer esquecer o "digraçado". Namora comigo e deixa isso pra lá.

Naquela hora meu coração se encheu de alegria, luz e vida. Assim resolvi me dar uma chance e ver até onde isso vai.

Nosso namoro era gostoso, romântico e tranquilo. Mas no meu íntimo, eu sempre comparava com o lance anterior, que foi rápido e intenso. Eu sabia que não podia ficar vivendo do passado, então me permiti essa nova fase.

No início de dezembro, eu estava cada vez mais envolvido com o cara maravilhoso que estava comigo. E sim, como eu imaginava era bem ciumento.

Não era do tipo que pegava no meu pé o tempo todo, mas ficava bicudo o resto da noite se eu cumprimentasse algum amigo e ele pegasse o cara olhando pra eu. Só teve uma vez mais tensa quando fomos fazer umas compras para preparar um jantar.

Ele empurrava um carrinho pequeno e disse:

- Lindo, busca umas quatro latinhas de Skol, pro teu nego...

Eu fui de boa e vi um repositor sorrindo e me olhando, mas percebi que ele estava era rindo de mim, porque mal virei as costas e ouvi ele comentar com um colega:

"Cê viu o casalzinho de baitola?"

"Ai, amor, vi sim" – Outro respondeu afinando a voz e debochando.

Saí muito sem graça do corredor que esqueci a cerveja do Charles.

- Esqueceu?

- O Quê? – eu perguntei chegando bem pertinho dele.

- Vem. – Ele chamou e voltamos para o corredor da bebida, passando pelo babaca que fez o comentário. Só que o cara me olhou rindo outra vez e o Charles pegou esse flagra não entendendo.

– Foi isso que te fez esquecer minha cerveja?

- Não né.

- Ele mexeu contigo?

- Não... Ele disse pro colega que somos um casal de baitola. – Ah vai se fuder, eu pensei, não vou levar esporro pra proteger esse babaca. Caguetei mesmo.

Ele nem esperou eu terminar, chegou bem perto do cara e disse:

- Qual a tua seu merda, ficou louco? Não viu que ele tá acompanhado?

Chega de falar desse ocorrido. Sei que quase rolou soco naquele Empório e terminou com o gerente nos pedindo desculpas. Coisas que nós LGBTs passamos às vezes.

No final do ano, a empresa onde ele trabalhava entrou em férias coletivas então ele virou um chiclete e eu descobri que não gostava tanto disso. Quase dei razão para o Adriano ter me dado um fora, se eu lhe pareci assim. 

O Charles era o namorado perfeito indiscutivelmente. Bonito, carinhoso, cheio de tesão, festeiro, educado e romântico. Mas eu via isso como ah, sei lá, carinhoso=grude, cheio de tesão = nem toda hora eu estava afim, festeiro = também quero ficar em casa, educado= chato e romântico= irritante. 

- Vamos para a praia amanhã bem cedinho. – ele me convidou no sábado a noite quando eu estava em sua casa.

- Não quero, tô com preguiça, Charles. E depois a bunda fica branca e o resto bronzeado, acho feio.

- Neném, deixa de manha. Vamo sim branquinho, olha como eu fico só de te imaginar numa praia cheia... tu deitadinho numa toalha de bundinha pra cima de sunga eu te passando bronzeador e discretamente metendo o dedo no teu reguinho... tu rebolando safadinho.

Aquela conversa me deixou excitado e a gente transou. Tomamos um banho e deitamos pelados na sua cama, com o ar condicionado no frio. Oh noite quente.

Cedo ele me acordou beijando todo meu corpo.

- Seu gostoso... – eu disse. – a gente vai ficar em casa, né.

- Ah lindo, vai pegar uma corzinha sim... Bora, ficar mais lindo do que já é. Ah já sei, vamo pra praia do Pinho? A gente toma sol pelado, ahaha.

Praia do Pinho é uma praia de nudismo da região, é onde o Abi bate ponto no verão, mas eu nunca tive coragem de ir.

- Sério? – eu cai na risada. – Será que tenho coragem, você já foi?

- Não...

A gente riu feito bobo e concordamos em ir.

Uma experiência única, sim porque foi a primeira e última vez. Caraca, meu bom Jesus de Iguape, que vergonha de ficar nuzinho na frente de tantas pessoas.

Tem regras bem explícitas sobre o respeito aos naturistas frequentadores, então nos afastamos com medo de ter algum "incidente". Leia-se: pau duro. 

Era muito esquisito andar com o bilau ao vento e também ver pessoas peladas de todos os tipos, crianças, jovens e idosos, todo mundo peladão e sem ficar olhando. O povo passava por nós e nos cumprimentavam na maior.

De repente parei e pus minha toalha em um lugar qualquer e deitei de bruços. Chega de desfile! Não tinha do que me envergonhar com meu corpo, mas tava mortaaa pela exposição.

- Charles dá passar o protetor aqui em cima nas costas. – safado me trouxe aqui agora tu me paga, pensei.

- Sim bebê... – ele ajeitou a cadeira e veio passar, como ficou atrás de mim eu afastei as pernas pra dar uma provocada. – Ah, porra, Davi... tu fode com o nego, desse jeito...

Ele começou a rir muito, sentou rápido na cadeira de praia e pôs a outra toalha no colo. 

Que duas coisas tolas nós dois éramos, só por Deus.

-Aiai, Charles que ideia essa de vir para uma praia de nudismo. A gente tem muita malícia não pode ficar num lugar como esse. – Falei quando ele levantou a toalha para me mostrar sua "situação" . Eu apoiei a testa nos braços, escondendo a cara e não conseguia parar de rir.

- Teu amigo que vem sempre aqui é o moreninho, que parece o Adam Lambert? – Charles se referindo ao Abi assim, me deixou meio com ciúmes.

- Esse mesmo, agora que dissesse é verdade parece mesmo, só não tem olho claro.

- Só? E a conta bancária? – Ele mudou de assunto, mas quando a gente se olhava tinha outro ataque de riso. – Ai anjo lindo da minha vida, tu quer me matar né?

Eu parei de rir e pedi:

- Te perdoo, mas compra um coco verde pra mim, te dou até um beijo bem gostoso...

- Ahaha, não dá pra levantar ainda. Mas te dou o dinheiro...

Eu levantei, peguei grana com ele e fui na direção do quiosque comprar meu coco. Bem do meu lado parou um cara e quando eu ia saindo, me chamou perto dando-me uma cantada na caruda.

- Ôô, da bunda gostosa, tá sozinho?

Eu fiquei incomodado com o jeito vulgar dele e comecei a andar.

- Tem uns lugares onde a gente...

- Opa amigo, tranquilo aí... – era o Charles do meu lado. Ah merda, vai dar rebu. Virou pra eu e disse: – Onde tu vai tenho que te buscar.

Eu caminhei quieto do lado dele, sem graça e irritado com aquele ciúmes.

- Charles, não fica brabo... agora ninguém pode conversar comigo?

- Olhasse pra baixo? O cara tava de pau duro quase roçando em ti e quando passou por aqueles caras te empinasse todo... tem limite né.

- Viu porque a gente não devia ter vindo.

- É só tu se exibir menos. Quase todo ambiente que a gente tá, tem algum bofe te secando. Só que tu encoraja, ou vai dizer que é exagero meu.

- Ah, não é! Eu sou o cara mais lindo da cidade, perfeito, é impossível não me cantarem. - Usei tanto sarcasmo que me senti estranho. - Dá um tempo né. Todo lugar? Que saco ter que ouvir isso, eu te respeito tá... se não consegue lidar com ciúmes então deu, a gente acaba por aqui.

Coitado do meu Charles que fazia isso porque é muito natural quando nos apaixonamos sentirmos esses ciúmes, já eu queria achar um motivo para acabar com tudo e me isolar de todo mundo.

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Oh pessoal, postei e vou correndinho responder os comentário.

Mais tarde, posto outro... 

Hoje deixo abraços daqueles que a gente suspira de tão bom!!!   =^.^=

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