Final estilo Jota...
Ohh, criatividade pra nome de capítulo, MEODEOS, como diz PatiAdami coisa mais querida. E acima minha paixão: o Nino. O gato preto do Adri.
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Por Davi...
Pois então, todos nós temos uma rotina, problemas, sonhos, alegrias, tristezas, não é mesmo?
Não? Desculpa, mas você morreu e não foi enterrado.
Sim! Então talvez você se identificou com algumas das situações que passei, desde minha adolescência até o capítulo anterior. Porque isso pode ser real e vivido.
Se eu contasse meus altos e baixos no trabalho, os pequenos ciúmes, pequenas discussões, ótimas transas, estresses do Adri que trabalha na saúde pública e privada, as alfinetadas entre minha sogra e o Adri, minha amizade com a irmã dele, uma ou outra ligação que recebo do Charles, agora *meio* conformado... saria um livro extenso e talvez não lhes parecesse mais tão intenso. Porque seria a minha rotina. Igual a de qualquer pessoa que vive.
Apenas avanço até o presente onde estamos as vésperas do dia 31 de maio, quando completo 23 anos.
Poxa, mas tá casado com 23 anos, Davi?
Devia curtir a vida, fazer bagunça, namorar todo mundo e etcetera , mas porque casado?
Tem a vida pela frente, rapaz! Ainda estou aprendendo a viver o agora. Sem ser pretensioso, claro. Porque com 23 anos, ainda sou jovem e tenho a vida pela frente.
Mas o que quero hoje, no agora, é realmente o que tenho nas mãos e o que tenho é algo que dou muito valor. Estou construindo uma vida ao lado de um cara mais velho que eu e acho tudo fascinante, ele é fascinante. Mas não é perfeito. Adriano no dia a dia é o doutor maluco do início de meu conto, o cara que se sente a vontade em qualquer lugar, que não tem frescura, que tem fetiches estranhos, que tem ciúmes adoráveis, mau humor, é grosso e seco, um minuto depois é um gato mais manhoso que o Nino. Essa peste que afia as unhas na minha coxa antes de se aninhar ali.
E no mais, a vida só acontece.
Ontem teve plantão e sei que ele vai chegar azedo. Embora sendo truculento, em sua profissão ele absorve muita coisa negativa, aí pelo pouco que entendo de casamento, eu apenas o escuto e de repente ele sorri e diz, "ainda bem que tu me escuta, baixinho".
- Ei Davi, vais querer camiseta esse ano de novo, tênis...
- Quero tudo, mas tu que vais escolher pra eu. E quero ir no sushi, quero chocolate.
- Quer nada! Para de me explorar que não cago dinheiro!
Eu não disse? Grosso!
Eu não disse? Tá rachando o bico de tanto rir só porque fiquei emburrado.
Aí ele me pega no colo, me joga na cama e, sem detalhes...
Continuo daqui a viver meu conto "real", minha vida que acontece o tempo todo, deixando aquilo que passei nos lugares certos dentro de mim. Lembrando do tanto que doeu aquele tapa na cara quando ainda tinha quatorze, a agressão aos quinze, meu pai que quase se foi quando eu tinha dezenove, Charles, Solange, Claudinho, a mãe do Adri, a minha própria mãe que hoje tenta se aproximar e eu tento derrubar o muro que construí para ela não me acessar com suas "pedras" de outrora...
No meu trabalho, fiquei encantado ao descobrir que meu patrão e o meu chefe são casados e morri de inveja, porque eu queria um anel daqueles também, ser um casadinho de verdade. Mas fico feliz se no lugar desse anel eu e Adri não formos explosivos como eles. Tem dia que é quase impossível não rir. O emprego é bom e o salário acima do piso me animou bastante, fora o que ainda estou aprendendo.
Fim, jamais...
:D
Por Adriano...
Acho que nunca gostei me melação e romance. Meu relacionamento mais longo foi com uma pessoa bastante polida no início, mas que cresceu abusiva e por isso somente o tesão que nos mantinha juntos.
Éramos dois caras com foco na estabilidade financeira e isso acabou criando dois parceiros individualistas, eu e Luan não nos acertamos para uma vida em comum e quando ele foi embora da minha vida de uma vez por todas, percebi que eu estava maduro para começar algo menos compromissado e sem cobrança. Não provim de família rica, embora meu pai fosse geriatra, também foi um homem que trabalhou na saúde pública e nunca glamorizei minha profissão.
Já ouvi aquelas merdas: ah esse médico é açougueiro, não consulta direito e todos esses blás que não me deixam tirar a razão de algumas pessoas. Bem como não concordo quando generalizam. Toda regra tem exceção. Sim. Toda!
Acreditem, mas até meu Davizinho me perguntou porque eu sou tão desbocado e "solto das patas" ou que pareço estar sempre "ligado" *sentido de chapadão*... Deve ser a correria, você tem segundos pra tomar decisões com a vida de um ser humano, tem "trocentos" quartos pra visitar e dar alta, tem que atender na Unidade Básica, tem que tirar os pontos de um paciente, puxar a orelha de outro, correr pra atender um cidadão que chegou amputado, tem que cumprir com a rotina da clínica que conseguir abrir em sociedade, tem cirurgia agendada, tem que descansar, tem que namorar e se sobrar tempo, sentar no vaso e ter minutos pra eu mesmo.
Acho que meu baixinho me chegou uma hora que todas essas coisas disputavam seus espaços dentro de mim. Sinceramente, eu o achei muito menino pra mim quando o conheci, mas ao mesmo tempo, um tesãozinho e ele aceitou facilmente ter um caso. Era o que eu tinha em mente. Mas ele não.
Davi passou a me cobrar e no começo confesso que ignorei pra ver se o interesse dele sumia. Até porque, se ele insistisse eu ia acabar cedendo. Tudo porque ele me excitava. Mas ele nunca desistiu. Eu não queria me apegar e até permiti que o ex me seduzisse, depois de uma transa afobada sem sentimento algum, olhei pra frente e tive certeza que era melhor ficar sozinho.
Eu não tinha planos de ir atrás do Davi, porque ele ficou uns 20 dias sem me ligar e eu lembrei que numa ocasião o deixei esperando, porque se eu fosse encontrá-lo, começaria tudo de novo. E Davi sempre me atraiu. Bastou revê-lo na véspera de natal para ir todo faceiro conversar com ele. Imaginei que ele não estava magoado comigo, mas ele estava e naquele dia que olhei em seus olhos castanho e bonitos... eu vi sofrimento.
O sofrimento dele e as palavras duras que achou pra usar como uma arma, me atingiram numa profundidade que nunca havia sido atingido. Eu fui ferido e aquilo me despertou.
Olhando ele caminhar pra fora do shopping mais tarde, vi o rosto choroso e não podia fazer nada, afinal tinha acabado de jogar na minha cara que estava comprando um presente pro seu namorado.
Eu achei que ele merecia pelo menos uma vez, todas as minhas justificativas e ele não me atendia, no seu pequeno quarto/sala, a locatária por vezes grossa dizia-me que ele não estava... Mas um dia o achei no sushi, olha que não sou aquele que fica fantasiando com essa bobagem de: ai, é o destino, é o cacete, não sou de frescura. Ele estava todo ajeitadinho, daquele jeito delicado que me deu uns arrepios de todos os tipos, lembrei de como ele era apaixonadinho, carente e manhoso... ah que merda, eu admito... eu queria ele. O agarrei no banheiro e beijei aquela boca que ainda tinha sabor do tempero adocicado e salgado pelas lágrimas que ele derramou quando nos beijamos.
Aquele momento eu quis ele de volta, mas ele não queria. Na verdade queria, mas estava lutando pra me esquecer e quando eu ouvi essa frase, pensei no quanto fui babaca com ele. Eu fui um babaca, mas não era um...
Ele estuda perto de onde moramos atualmente e no passado o vi várias vezes com um colega bonito e chamativo, Avilson, segui esse camaradinha que ficava com Davi no ponto de ônibus, pelo qual passei tantas vezes e não lhe dei carona. Nunca vou esquecer de como abordei o cara, achando que teria uma recepção tranquila e ele me disse essas palavras, as quais Davi não sabe até hoje. Pelo menos por mim, ele não sabe.
- Opa, boa tarde!
- Oii tudo bem? - Ele responde sem saber quem sou.
- Será que posso perguntar uma coisa?
- Olha ser for sobre o Davi. Não! Deixa ele quieto. Ele gostava de ti, tu és o médico, nem precisa me dizer nada, tá.
- Já percebi que minha imagem é péssima...
- Eu vi o meu irmãozinho chorar muito por você e hoje ele tá se recuperando de um relacionamento que não deu certo... que poderia ter dado porque o cara era muito bacana, até certo ponto. Só que o cara se desesperou porque o Davi não correspondia. Doutor, né? Deixa ele levantar a cabeça, ele é um menino doce e meio infantil às vezes, mas é um tesouro pra mim.
Fico tão errado que quase saio daquela loja. Mas aquelas palavras me tocaram onde doeu. Eu nunca pensei que ele sofria tanto e mais uma vez me senti um babaca. Eu não ia embora sem saber mais.
- Ele tá bem? - Sou um cara que não chora, mas a dor embola na garganta quando pergunto.
- Bem.. é tá melhorzinho, cuidei bem dele. Ele morou uns meses comigo, doutor. Peguei ele chorando tantas vezes que cheguei a dar bronca, arrastei ele pra farra e nada adiantou. Depois de um tempo ele começou a acalmar e parar de te defender tanto. Aí achei que ele podia ir embora lá de casa. A família pressionou pra ele voltar a morar junto... - Abi dá um riso mas com certo rancor. - Jogaram ele fora de casa com 15 anos, pensa, ele já é um toco com vinte, pensa nele com 15 quando eu conheci. O moleque nem se alimentava direito, porque tinha que pagar uma quitinete. Cansei de ajudar como eu podia, mas eu era um porra louca, fazia um programa ou outro pra dar conta de sustentar um capricho, ele fez 1 porque achou que aliviava na despesa... Não deixei ele fazer outros.
- Tu deves me achar um otário.
- Eu, doutor? Eu não julgo ninguém. Olha pra mim. Acha que tudo que fiz e pelo que passei, me permitem julgar... Não. Não acho nada disso. Só me preocupo com o Davi no meio disso. Ele tá se sentindo forte e todo metido, saiu da minha casa falando: "Abi, eu mudei né? Tô mais duro, eu acho que agora amadureci". Tadinho.
Aqui o Abi limpa uma lágrima discretamente, tentando manter sua postura na minha frente.
- Na sua opinião...
- Doutor, deixa ele. Se aparecer na frente dele hoje, vai tudo por água abaixo. Se tá com pena, faça caridade pra alguém, reza pra alguém, mas não procure ele.
- Eu tô aqui.
O jovem rapaz me olha dentro dos olhos e quando pisca, descem lágrimas fartas.
- Quem tem que dizer algo é o Davi e não eu. Sei que aquele coraçãozinho quase sai pela boca quando a gente passa pelo hospital e ele diz todo cheio de si: "ainda bem que não penso mais nele". Aqui o número dele.
- Vou fazer diferente dessa vez...
- Ele gosta de ti de qualquer jeito. Se ele me ligar chorando daqui uns dias, invado aquele hospital e te dou na cara.
- Obrigado.
Sai daquela pequena loja e no carro chorei.
Levei uns dias pra me decidir sobre o passo que ia dar, porque tinha medo que qualquer colocação errada o magoassem outra vez. Fui um babaca e tudo que eu merecia era ficar sozinho e não ir atrás dele.
Só que passei a me pegar sozinho pensando que aquele miúdo despertava em mim algo mais que tesão, nem mesmo pena, mas carinho e cuidado. Davi é bastante afeminado e tão delicado que fico parecendo um cavalo perto dele...
Até que eu larguei mão de ser o doutor bichona covarde e liguei pra ele, agarrei ele, beijei, amassei, me apaixonei e no fim amei.
E cá estamos 30 de maio de 2017, com eu me perguntando: o que dou "praquele" espirro de pica? Um bostinha que eu mesmo medi e tem 1,58 e jura pela alma da Nazaré que tem 1,60, só pra minha cara mesmo. Já vai fazer 23 anos esse menino. Hoje é um pedaço meu, aquele vital e que não preciso dizer à todo momento que amo, porque me soa estranho... Mas ele me amolece com o dengo e eu digo.
Falei em fazer o documento da união estável e ele chorou meia hora e me deixou preocupado, depois tentou me socar porque eu não parava de rir e isso o fez pensar que era brincadeira. E só de maldade deixei no ar e não disse mais nada. Dia 31 quando completar seus 23 anos eu reforço o pedido e coloco o anel no dedo. Mesmo sentindo culpa por amarrar um menino tão jovem comigo. Mas um sem o outro hoje não existe. Então é isso. Eu o quero e preciso de toda sua doçura e devoção para comigo, em troca sou aquele porto onde toda noite ele ancora e sussurra um "eu te amo" me fazendo amolecer e lhe dar a resposta, tão pequena, três palavras que não me custam nada para dizer e pra ele é uma alegria que chega a ser visível.
Nem coloco mais o FIM...
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Obrigado pessoal! Eu nem respondi todo mundo porque me esforcei pra terminar um compromisso e vir postar bem rapidim.
Muitos beijos e abraços :3
E pra finalizar, decidi por a Dete Peixeira Itajaiense pra gravar o sotaque do Davi, kkkk.
Coisa mais linda essa ponte da capital, chama-se Hercílio Luz e encontra-se desativada por ser muito antiga, então permanece como patrimônio histórico.
https://youtu.be/p8mhzKSgsJY
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