VI. Domingo é dia de... Praia

O despertador toca sem faltas às cinco da manhã. Meu celular tem algumas mensagens e ligações perdidas da Carol, mas depois eu falo com ela. Ela me deu um bolo para arrumar as coisas do aniversário da Manu...

Escovo os dentes, penteio o cabelo e vou arrumar uma bolsa com o que quero levar. Coloco uma toalha, protetor, uma roupa limpa, chinelos, produtos de higiene básicos e umas barrinhas de cereais. Ponho meu celular dentro junto das chaves de casa.

Visto meu biquini preto básico, ponho um vestido de praia amarelo por cima, prendo meus cabelos em um rabo de cavalo alto, coloco uma rasteirinha e prendo meus óculos no topo da minha cabeça.

Com tudo pronto eu saio de casa. E ainda está amanhecendo quando eu pego a estrada. O movimento de carros é bem pequeno e eu vou apreciando a paisagem enquanto dirijo o meu carro. A viagem é curta e sete horas da manhã eu já estou estacionando o carro na garagem da casa de praia dos meus pais.

– Mãããe! – falo com uma voz controlada batendo de leve na porta.

Minutos depois minha mãe aparece na porta, usando um vestido longo de uma cor só e com os cabelos escuros presos num coque.

– Alice minha filha, entra, a Manu ainda está dormindo, mas acho que daqui a pouco ela vai acordar. Tomou café filha?

– Não mãe, mas não estou cm muita fome não se preocupe.

– Você está se alimentando direito filha? Te achando muito magrinha pro meu gosto...

– Estou me alimentando bem sim mãe...

– Acho bom, minha netinha sei que come bem. Mas agora vem cá, dê um abraço na sua mãe – ela abre os braços e eu abraço a mulher que lutou tanto para melhorar a nossa relação. – Vamos entrar.

A casa se mantém do mesmo jeito da minha infância. O esmo piso, a mesma cozinha, os mesmos quartos. Tudo estava igual.

Meu pai estava sentado na cadeira mais alta da cozinha, bebia seu café e lia seu jornal como sempre. Minhas lembranças da infância me invadiam com força e eu lembrei de bons momentos que eu tinha passado ali na minha infância e na minha adolescência.

– Alice – meu pai fala com uma voz séria, mas não percebo raiva nem nada em seu tom.

Seu Danilo sempre foi bem sisudo. Nunca foi de demonstrar muito afeto. Ele sempre foi um pai presente, mas não um pai carinhoso. Nunca reclamei, sempre foi o jeito dele e percebi que não ia mudar, me acostumei em receber aquele carinho parcelado.

– Oi pai – falo baixo.

– Tudo bem com você? – ele pergunta tentando manter uma conversa saudável comigo, mas eu respondo de maneira meio esquiva, ainda não me sinto completamente à vontade ao redor dele.

Manu estava derretendo o gelo enorme que nos separava. Cada momento que os dois passavam juntos eu via o coração do meu pai amolecer um pouco. Foi difícil no começo, eu não queria deixar ele conhecer a minha filha, afinal, ele que expulsou de casa, ele que não quis saber de nós.

Mas com a insistência da minha mãe acabei aceitando. Manu é louca pelo avô  e agora mesmo se que quisesse não ia ter coragem de afastar os dois.

– Tudo sim pai, e com você?

– Também estou bem.

– Agora que os dois sabem que estão bem, que tal tomarmos café da manhã? – minha mãe fala, puxando uma cadeira para que eu me sente e coloca um monte de coisas na minha frente.

Pego uma xícara e começo a despejar um pouco de suco quando escuto pequenos passinhos vindo correndo no corredor.

– Mamãe! A senhora veio – minha pequena pula na minha cintura e me enche de beijos.

– Claro que sim, eu não disse que vinha?

– Sim – ela abraça mais apertado. – A senhora não mente.

Ela olha pra mim com seus grandes olhos azuis e senta no meu colo. Tomamos café da manhã assim, Manu animava todos sentados e fazia o clima ficar bem descontraído. Ainda são oito da manhã quando a Manu me convence de ir para a praia com ela.

Pego o protetor solar e passo uma boa camada em mim e na minha filha. A ajudo a colocar seu biquininho e arrumamos algumas coisas e brinquedinhos para levar. Coloco duas garrafas de água dentro da bolsa.

– Volto pra te ajudar no almoço mãe – ela sorri em resposta.

E segurando a mão da minha filha animadíssima percorremos um percurso de cinco minutos até chegar na praia. A areia e o Sol batendo na minha pele são muito bem vindos.

Vejo um grupo de crianças brincando na areia não muito longe de nós e Manu parece conhecê-las, pois elas começam a agitar seus pequenos bracinhos e chamam seu nome.

– Você conhece eles meu amor? – pergunto.

– Sim, são meus amigos. Podemos ir lá falar com eles?

– Claro.

Ela vai correndo e saltitando na minha frente e quando chega perto deles. Começa a falar.

– Não disse que a minha mamãe vinha? Aqui está ela, e eu disse que ela era bonita – Manu fala com um certo orgulho e eu me abaixo para falar com todas as crianças. Sinceramente não gravei o nome de nenhuma. Mas é que a Manu tinha tantos amiguinhos que eu não me dava ao luxo de aprender o nome de todos.

– Você quer ficar aqui brincando com os seus amiguinhos meu amor? Se quiser, te espero ali do lado.

– Obrigada mamãe – ela me dá um beijo na bochecha e eu procuro uma barraca de próximo ao local de suas brincadeiras.

Mas como não encontro nada, acabo por estender a toalha na areia e me sento um pouco afastado dela, mas ainda tinha uma boa visão de onde ela estava brincando e construindo castelinhos de areia.

A praia estava movimentada, e eu prestava atenção a todos os movimentos das crianças. Coloquei meus óculos escuros e me encostei suficiente na toalha para que ainda pudesse vê-la e ainda pegar uma corzinha.

– Me desculpe interromper, mas você é a mãe da Manu não é? – uma voz masculina fala atrás de mim e eu me viro para ver quem é.

Me espanto ao ver um homem alto, negro e forte sorrindo na minha direção. Vestia um calção lilás que pendia em seus quadris e gotículas de água – que não soube dizer se eram de suor ou do mar – escorriam pelo seu peitoral liso.

– Sou sim, desculpe e você quem é... – pergunto sentando na toalha e ajustando o biquíni preto que teimava tentar em sair de mim.

– Fabrício, pai do Miguel ali – ele aponta para um menino magrinho que dividia as mesmas feições do pai. Acho que eu já tinha visto ele e o filho por aqui, mas nunca tinha me apresentado. Ele estende sua mão para mim.

– Alice, muito prazer – eu estendo a mão para ele e apertamos.

– Nome bonito – ele agacha e fica do meu lado. – Se você preferir não ficar no Sol, estou com uma barraca ali – aponta para um grande guarda-sol de madeira azul. Uma mulher estava sentada em uma cadeira ali abaixo, supus que era a mulher dele, então não vi problemas em ir.

– Se não incomodar...

– Claro que não incomoda, e garanto que você vai ter uma visão melhor das crianças de lá.

– Obrigada Fabrício.

 Peguei minhas coisas que estavam na areia e coloquei tudo de maneira rápida dentro da bolsa. Ele se ofereceu para segurar a bolsa e nos aproximamos de onde a barraca estava armada. Quando me aproximei mais da mulher pude perceber pequenas semelhanças entre os dois.

– Aqui Alice, deixe eu te apresentar a minha irmã, Fabíola – ele nos apresentou sua irmã. Moça linda de cabelos bem cacheados e cheios, com um corpo moreno e lindo. – Essa daqui é a Alice Fabi, mãe da Manu.

– Manu? Ah claro! O Miguel só fala nela – ela esconde a boca entre as mãos e fala – Cá entre nós eu acho que ele tem uma quedinha na sua filha... Prazer em te conhecer. Senta aqui, vamos conversar.

A conversa foi bem animada ali. Sempre prestava atenção na minha filha e ela se divertia e brincava na areia com os amiguinhos. Só sai debaixo do guarda sol para reaplicar protetor na minha filha. Descubro que os dois estudam na mesma escola e estudam em salas vizinhas.

Por isso não me lembrava dele das reuniões de pais e mestres. Ele disse que já tinha me visto em algumas ocasiões, e o filho dele gosta muito da Manu.

As horas foram passando e quando eu vi que já estava ficando tarde eu fui chamar a minha filha para irmos. Ela fez biquinho, mas não brigou quando disse que já estávamos indo. Miguel voltou com a gente também e nos despedimos deles.

– Vocês deviam ficar aqui e almoçar com a gente – Fabrício fala.

– Eu já prometi pra minha mãe que vou ajudar lá com o almoço, fica para uma próxima – falo sorrindo.

– Então papai depois ela pode ir lá em casa depois, tenho um monte de brinquedo que quero mostrar para a Manu.

– Se a mãe dela concordar...

– Ia ser ótimo.

Retiro um pequeno pedaço de papel que tinha na minha bolsa e anoto meu número. Entrego para o Fabrício e nos despedimos dele e da sua família.

Manu passa o caminho de volta todo perguntando que dia é que vai brincar com o Miguel. Eu tento explicar que isso vamos combinar depois. Ela está animadíssima. Quando chegamos em casa ajudo a minha filha a tomar um banho e vou na cozinha falar com a minha mãe.

– Mãe, a senhora não começou ainda não é? Vou só tomar um banho e já venho ajudar a senhora.

– Okay minha filha.

– Cadê o pai? Queria que ele ficasse de olho na Manu.

– Precisa não filha, não televisão ali da sala tem um canal de desenho, ela fica bem quietinha assistindo. Seu pai está tirando um cochilinho antes de almoçar.

– Então tá mãe. Vou tomar banho e deixar a Manu lá na sala.

– Vem filha – pego na mão dela e a coloco sentada no sofá da sala. – Fica aqui quietinha um minutinho tá certo? Mamãe vai tomar banho e sua avó tá preparando comida, então pra não atrapalhar ela...

– Tudo bem mamãe. Mas não quero assistir televisão não. Posso jogar o joguinho dos passarinhos no seu celular?

– Pode sim filha.

Procuro meu celular dentro da bolsa e coloco no joguinho pra ela.

– Se alguém ligar pra mamãe, pode atender e dizer que depois eu retorno a ligação. Tudo bem?

– Tá certo mamãe.

Dou um beijo na testa dela e vou tomar meu banho. Ah como eu odeio ter que tirar areia de todos os lugares quando vou para a praia. Mas pelo menos eu tinha pegado uma corzinha bonita, tinha ficado com um bronzeado clarinho, mas legal.

Depois de retirar completamente a areia de mim, volto para o quarto e coloco um shortinho curto preto e uma blusinha solta florida. Prendo os cabelos e vou ajudar minha mãe na cozinha. Não conversamos muito. Somos melhores assim.

Nos comunicamos sem palavras. O silêncio com a minha mãe era bem confortável.

Estava cortando uns legumes quando a Manu entra na cozinha e me estende o telefone.

– Mamãe, é telefone pra senhora...

– Filha eu não disse que você podia atender e dizer que depois eu ligaria?

– Eu disse mamãe, mas ele perguntou se mesmo assim não poderia falar com a senhora, disse que era seu amigo, mas nunca ouvi falar dele.

Meu coração gela com aquela frase. Quem poderia ser, será que ele queria alguma coisa com a minha filha? Não sei porque, o mundo está tão sinistro hoje em dia, fiquei com medo e por um minuto penso em desligar o telefone. Mas só o pego da mão da minha filha e cubro o microfone dele.

– Você falou alguma informação nossa Manu? O que ele disse?

– Não disse muita coisa mamãe, só disse que era amigo da senhora e da tia Carol, e que o nome dele era Samuel.

Fiquei aliviada por minha filha não ter falado com um completo estranho no telefone. Mas então me ocorreu. Ele tinha falado com a minha filha! Ele sabia que eu tinha uma filha. Merda! Eu queria conhecê-lo melhor antes de falar essas coisas com ele. Mas ele ainda estava na linha.

Isso só poderia significar duas coisas. Uma, que ele estava esperando para falar comigo para dizer que não ia dar certo nada entre a gente e que tinha ficado chateado por não falar nada para ele que eu tinha uma filha. Mas como poderia? Nós mal nos conhecíamos... Segundo, ele falaria que estava tudo bem e que não se incomodava.

– Licença mãe eu tenho que atender isso... – falo ainda cobrindo o microfone. Abaixo e olho pra minha filha. – Fica aqui um pouquinho com a sua avó viu Manu? Não mexe em nada, eu volto já.

– Tá bom mamãe – minha filha sorri para mim e eu vou para a varanda, sento numa cadeira de madeira que tem lá e finalmente falo no telefone.

– Alô?

– Ah, oi Alice, já tinha pensado que a ligação tinha caído, estava tão silencioso... – Samuel fala com uma voz divertida.

– Ah, desculpa, é que demorei um pouco para pegar no telefone...

– Atrapalho em alguma coisa?

– Ah não, está tudo bem, não estava fazendo nada demais...

– Como você está Alice?

– Vou bem obrigada e você? – a insistência dele em não tocar no assunto da minha filha estava me deixando um pouco nervosa.

– Estou bem também... Então, sua filha não é? Você não tinha me dito que era casada... – ele finalmente fala, e eu fico surpresa por ele pensar que eu tenho um marido, e ele ficar chateado pelo fato de pensar que eu era casada e não pelo fato de ter uma filha.

– Eu tenho uma filha sim Samuel, mas não sou casada... Longa história...

– Tudo bem ser longa, assim vamos ter o que conversar ainda quando tivermos o nosso encontro.

O quê, ele ainda quer sair comigo? Estranho, normalmente a reação de um cara quando descobre que eu já tenho uma filha é de sair correndo... Mas o Samuel, diferente, ele pode até fugir depois, mas pelo menos agora já tinha ganhado pontos importantes comigo.

– Alice? Ainda está aí?

– Ah, sim, estou desculpa, é que você me pegou de surpresa... Muitos mudam de idéia quando descobrem...

– E eu deveria mudar de ideia só porque você tem uma filha? Que besteira Alice...

– Também acho, mas ainda tem muita gente que pensa assim né Samuel, não posso fazer muita coisa...

– Bando de babaca, perder a oportunidade de sair com você... Sei como é ter alguma coisa que provoca espanto nas pessoas. Mas muito simpática sua filha. Educada ela.

– Mas ela disse que era minha filha?

– Na realidade não, mas não precisa ser um gênio para descobrir. Você se arruma rápido, e eu tenho certeza que você não passou ontem o dia inteiro andando em lojas de decorações infantis para você. Tenho certeza que o castelo cor-de-rosa que você comprou não era pra você... – ri de leve.

– Você tem razão Samuel...

– E também vi um sapatinho rosa no meio da sua sala quando fui deixar o castelo, não que eu tivesse espionando sua casa ou algo assim... Mas desconfiei, e quando uma mocinha atendeu seu telefone, tudo fez sentido para mim...

– Ah, entendi...

– Mas então, eu liguei para perguntar se você quer sair comigo essa semana. E se sim, qual dia fica melhor pra você...

– Eu adoraria Sam, mas receio que eu só vou estar livre sexta feira, estou com a semana lotada de trabalho... – me lembro que sexta será o aniversário do meu amigo, então tenho que pensar em um jeito de me livrar da sexta.

– Sexta feira fica um dia difícil para mim. Tenho um compromisso – dou graças por ele desmarcar sexta. – Que tal então sábado?

– Sábado então.

– Será um encontro então. Te pego em casa umas sete horas, pode ser?

– Claro – minha mãe coloca a cabeça na porta e me avisa que o almoço já está pronto.

– Bom, acho então que eu vou te deixar ir almoçar. Nos falamos na semana Alice. Beijos. Bom conversar com você.

– Igualmente Sam.

– Até breve.

Desligo o telefone e estou feliz pelo fato de Samuel não fugir pelo fato de eu ter uma filha. Mãe solteira geralmente não é um atrativo pra ninguém. Levanto da cadeira e tenho um sorriso de uma ponta a outra do meu rosto.

Volto para a cozinha e eu ajudo a minha mãe a terminar de colocar a mesa. Almoçamos e depois de ajudar a minha mãe com a louça fui para a televisão ficar ao lado da minha filha. Minha mãe foi descansar com o meu pai e eu fiquei assistindo um desenho com a Manu, sentadas no sofá.

– Mamãe, a senhora não me falou desse seu amigo. Ele é o seu namorado? – ela pergunta e não pude deixar de notar a tristeza escondida na sua pergunta.

– Manu! Da onde você tirou isso menina? – olho para ela espantada. – Ele é só um amigo mesmo meu amor, e da onde você acha que eu tenho um namorado?

– Ah eu também não sei mamãe, mas foi só uma coisa que um dia eu escutei a tia Carol falar... Falou que a senhora deveria arrumar um... Pensei que tivesse – ela fala um pouco mais calma, mas ela volta a falar, com uma voz mais baixa e olhava para suas mãozinhas. – Mas a senhora vai me largar?

– Claro que não, que história é essa meu amor? – meu coração se aperta com a pergunta e eu a abraço apertado. Quem tinha colocado essas ideias na cabecinha dela? – Não tem homem do mundo que vai me separar de você...

Manu olha para mim e vejo seu sorriso já brotando nos lábios dela.

– É que tem uma menina na minha classe que a mãe dela começou a namorar, aí agora ela está indo morar com os avós dela. Eu gosto muito da vovó e do vovô, mas eu quero morar com a senhora.

– Meu amor, você não precisa se preocupar com isso. Eu não vou a lugar nenhum. E mesmo se um dia eu começar a namorar, ninguém vai me separar de você – falo enquanto aliso de leve sua bochecha lisa e fofa.

– A senhora promete?

– Claro que prometo filha. Já disse, que ninguém, mas ninguém mesmo vai nos separar.

Ela passa seus bracinhos pela minha cintura e me abraça apertado. E devolvo o abraço e fico um pouco triste por ela pensar que um dia eu ia deixá-la ir. Ela é a luz dos meus dias. Mas acho que agora ela entendeu que eu vou estar sempre do lado dela.

– Não quero que você pense assim Manu, você sabe que não somos assim. Sempre que você tiver um pensamento assim, pode vir falar comigo.

– Eu sei mamãe. Mas é que a senhora nunca teve outro amigo além do tio Uêuê, aí eu fiquei pensando que era seu namorado...

– Filha, você é muito novinha pra se preocupar com isso. Você sabe que eu vou estar sempre aqui não sabe?

– Sei mamãe. A senhora é diferente das outras mães que eu conheço – ela se ajoelha no sofá e fala no meu ouvido. – Não é porque a senhora é a minha, mas a senhora é a melhor.

Sorri com a declaração da minha filha e a abraço e a jogo no sofá, a enchendo de beijos. Ela gargalha das nossas brincadeiras e depois de uma sessão de beijos e cócegas no sofá voltamos a assistir televisão.

Depois de menos de quinze minutos a Manu adormeceu sentada no meu colo. Acaricio seus cabelos e tento controlar minhas emoções. Manu tinha medo que quando eu conhecesse alguém eu a trocasse.

Se um dia eu voltar a namorar, ele não tem que somente me agradar, minha filha também tem que gostar dele...

Desde pequena eu tentei explicar da melhor maneira possível que o pai dela precisou trabalhar fora, conheceu outras pessoas e que se afastou de nós. Ela tinha uma carência de uma figura paterna, e por mais que o Cauê tentasse, não ia ser a mesma coisa pra ela. Ia ser sempre um tio para ela.

Fiquei pensando nas possibilidades, mas não tinha nenhum jeito de eu abandonar a minha filha. Não consigo prestar atenção no programa que passa na televisão. Meus olhos estão distantes, juntos com os meus pensamentos.

Meu celular vibra do meu lado, e quando eu olho é de uma mensagem do Samuel.

“Sem querer parecer muito intrometido, mas já sendo, ainda não sei o nome da sua filhinha. E filha da Alice não é nome...”

“Emanuela. Mas todo mundo só a chama de Manu.”

“Obrigado Alice. Gostei da pequena.”

“É porque você ainda não a conhece. Rsrs”

“Se tiver puxado a personalidade da mãe, tenho certeza que vou gostar.”

Me espantei ao ver a hora que o meu celular marcava. Já estava na hora de nos aprontar para irmos embora. Não queria pegar trânsito na volta.

“Você não existe Sam. Tenho que voltar pra casa, mais tarde nos falamos. Beijos.”

“Beijos.”

Sacudo de leve os ombros da minha filha que ainda dormia no meu colo.

– Filha, Manu, acorda minha flor. Temos que nos arrumar para irmos embora.

– Hã? – ela fala sonolenta, de olhos fechados.

– Vamos meu amor?

– Ah mamãe, eu queria ir numa sorveteria que tem perto da praia, ela é tão bonitinha, a vovó não quis ir comigo ontem, disse que já tinha comprado sorvete para mim na praia. Vamos lá antes mamãe, por favor – ela me olha por debaixo dos seus olhos grandes de cílios avantajados e eu não consigo negar.

– Tá bom, mas só um sorvete, aí vamos. Vá procurar sua sandália e vamos.

– Obaaaa – não parecendo que ela tinha acabado de acordar ela dá um pulo do meu colo e corre pela casa procurando uma sandália.

Eu procuro as minhas sandálias e coloco um dinheiro no bolso e só. Não vou levar nem bolsa nem celular. Estou na porta esperando a minha filha e ela aparece saltitando e pronta.

– Vamos?

– Sim – ela pega a minha mão e começamos a andar pelas ruas.

A sorveteria que a Manu tinha falado ficava numa pracinha perto da praia. Tinha muita gente na frente dela, muitas famílias, pessoas solteiras e crianças correndo com sorvete nas mãos. Entramos na sorveteria e pegamos uma pequena fila para sermos atendidas. Até que chegou a nossa vez e a moça que estava atendendo perguntou.

– O que vai ser para vocês duas?

– Eu vou querer um sorvete de morango e um de creme – Manu fala apontando para a vitrine com os sabores que ela queria.

– Vou querer um milkshake de chocolate – falo e a moça fala para um rapaz atrás dela meu pedido.

Enquanto a moça coloca as bolas do sorvete da minha filha dentro da casquinha, o rapaz preparava meu pedido. Pagamos e eu peguei o copo com o meu pedido Manu carregava seu sorvete com um sorriso estampado. Sentamos em uma mesinha no meio da sorveteria e fico observando Manu comer animada seu sorvete. O meu está uma delícia e alivia meu calor.

– Mamãe, o Miguel está aqui! – antes que eu pudesse falar alguma coisa ela grita e acena para o amiguinho. – Miguel! – eu viro para onde a Manu fala e encontro o Miguel e o pai dele com um sorvete nas mãos, tomando alegremente.

– Olá meninas – Fabrício fala ao se aproximar de nós. – Que prazer em vê-las aqui. Podemos nos juntar à vocês?

– Claro, fiquem à vontade – aponto para as cadeiras vazias na nossa frente.

– Obrigado.

Ele me contou que era técnico de luta e me falou mais algumas sobre a vida dele. O papo foi ficando bom e eu nem percebi que começou a escurecer.

– Fabrício, desculpe, mas ainda temos que voltar para casa, essa mocinha tem que acordar cedo para ir para a aula.

– Foi ótimo conversar com vocês. Depois marcaremos alguma coisa com as crianças.

– Tudo bem.

Dou um beijo na bochecha de cada um e voltamos para casa. Ainda bem que a minha bolsa já estava arrumada, pois só coloquei ela no carro, e depois de me despedir da minha mãe e do meu pai, voltamos para casa.

Chegamos um pouco mais tarde do que eu esperava, mas por causa do congestionamento. Mas a Manu nãome deu trabalho para dormir. Acho que ela cansou muito no final de semana, pois venho dormindo a viagem inteira e quando chegou em casa foi direto pro seu quarto.

Tomei um banho e fui direto me deitar em minha cama. Passei alguns momentos pensando no que eu ia fazer essa semana. Tenho que recordar alguns históricos dos meus pacientes. Tenho que passar no shopping e comprar alguma coisa pro Cauê. Recebo uma mensagem do Samuel.

“Boa noite Alice, espero que tenha chegado bem.Desculpe não ter falado com você mais cedo, mas é que tive alguns problemas aqui no hotel que tive que resolver. Uma boa semana para você”

Não tenho tempo de responder. A porta do meu quarto se abre e Manu entra com o rostinho meio choroso.

– O que aconteceu filha? – pergunto preocupada, sentando na cama.

– Tive um pesadelo mãe, posso dormir aqui?

– Claro filha – abri as cobertas para ela, que me abraçou e ficou ali do meu lado. – Quer conversar sobre o seu sonho?

– Não mamãe, só quero dormir.

A vozinha cortada dela me quebrou o coração. Eu abraço minha filha e tento embalar seus sonhos. A semana vai ser longa.

Oláá pessoal ^^ Como vão vocês? Desculpem a demora em postar os capítulos, é que estou viajando e está muito difícil escrever os capítulos. Está difícil até de responder os comentários, mas mesmo não respondendo, estou lendo todos ;D E já já eu prometo que Sam e Alice vão voltar com força total :D Já curtiram a página do facebook? Vamos lá, que eu vou postar sempre coisas por lá ;D

Tenham um pouco de paciência comigo... Amo vocês e estou nas nuvens por termos alcançado 1k de leituras <3

Esse capítulo é dedicado à @marciakarolina leitora que me acompanha desde de Marcas de Fogo e que eu adoro por demais :D Obrigada pelo carinho e apoio linda ;D

Ai ai, no próximo capítulo teremos a festa do nosso dentisgato, e quem sabe ainda tem um tempinho para o encontro da Alice e do Sam? ;D Espero que estejam gostando da história amoras e amores ;D

Nos vemos no próximo capítulo ;**

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