IX. Me belisca que eu estou sonhando

Ele estava tão bonito quanto eu me lembrava, ou até mais. Seu rosto tinha ganhado maturidade, e seu cavanhaque dava a ele um charme todo especial.

Seus olhos azuis ainda eram hipnotizantes e seu cheiro invadiu meus sentidos. Merda! Como eu poderia ainda sentir alguma coisa por ele mesmo depois de todo esse tempo? Eu estava nervosa.

Minha raiva estava misturada com vários sentimentos que eu não iria nomear e nem gostaria de nomear. Carol me mataria se eu os nomeasse. Minha garganta se fecha e eu não consigo pronunciar nada. Nada sai da minha boca. A voz fica presa e eu o analiso.

Seu corpo tinha ganhado definição. E ele parecia uma pessoa completamente diferente em seu terno muito bem passado. Seus cabelos continuavam do mesmo jeito e brilhavam de maneira bonita sobre a meia luz do restaurante.

– Que coincidência... – Ricardo fala e minhas mãos pingam de tanto suor. – Eu realmente queria falar com você Alice.

Minha boca está aberta e eu devo estar parecendo uma pessoa assustada, como se tivesse vendo um fantasma na minha frente. Minha respiração está curta e o ar parece não querer entrar em meus pulmões.

– Alice? Você está bem? Você está meio pálida e... – Ricardo vem ao meu lado e coloca a mão no meu ombro. Eu retraio o ombro em defesa e ele retira a mão, notando o meu desconforto.

Não sei o que aconteceu comigo em seguida, mas só me lembro da última coisa que eu vi foi o lustre brilhante do restaurante. E senti mãos me segurando. E tudo ficou preto.

~Samuel~

Alice estava linda naquela noite. E ela era uma mulher diferente das que eu já conheci. Quanto mais eu conversava com ela, mais eu gostava dela.

Uma mulher forte, decidida, e com um coração que até agora estava se mostrando grande e compreensivo. Mal tinha terminado esse encontro e eu já estava pensando em várias outras coisas que eu gostaria de fazer com ela...

Um barulho de vidro quebrando me chama a atenção e quando eu olho para a origem do barulho, vejo Alice conversando com um rapaz. Ela parece estar se desculpando com o rapaz.

Mas eu vejo depois no rosto dela um certo nervosismo. Fico preocupado que o cara possa estar fazendo alguma coisa com ela e eu me levanto e vou até ela.

Alice não está falando nada só observa tudo de olhos abertos. E quando eu vejo o corpo dela amolecer e cair eu corro para o seu lado e a pego em meus braços. O rapaz com que ela falava se abaixa também.

– Alice? – sacudo seus ombros de leve. – O que aconteceu com ela? Por que ela desmaiou desse jeito?

– Não faço a menor ideia eu...

– Parecia que ela estava assustada com alguma coisa, você falou alguma coisa pra ela ou... – falo não conseguindo esconder a desconfiança na minha voz.

– Não, na realidade já nos conhecíamos, mas fazia muito tempo que não nos víamos, acho que foi o choque de me ver, ou algo assim...

– Sei... – tinha alguma coisa errada com aquele cara, eu só não sabia o que era.

– Acredite ou não, estou preocupado com ela.

– Mas pode deixar cara, eu assumo daqui.

– Não seria melhor levar ela...

– Eu assumo daqui – não querendo ser grosso, mas já sendo. Não levantei a voz nem nada disso. Eu só falei de maneira bem firme. Ele estava muito interessado na Alice e eu posso muito bem cuidar de tudo agora.

Um garçom vem ver se está tudo bem por ali, e se espanta ao ver Alice daquele jeito.

– Você que sabe – o cara se levanta e me dá as costas. Eu seguro Alice nos braços e peço ao garçom que ainda está próximo se tem algum lugar mais reservado no restaurante para que ela possa ter um pouco de privacidade.

O garçom pede desculpas, mas fala que todas as salas privadas do restaurante estão ocupadas e não tem como arrumar privacidade para nós. Então simplesmente a tomo em meus braços e a levo para a nossa mesa.

Ela chama alguns olhares curiosos do restaurante, mas quando passamos pelas pessoas, elas vão perdendo o interesse. Olho para o cara que estava com ela e ele está saindo do banheiro agora, e vai em direção ao bar novamente.

A sento da melhor maneira possível na sua cadeira e a seguro para que não caia no chão.

– Alice? Alice?

Ela abre os olhos lentamente e eu percebo que ela olha para todos os lados, como se procurasse alguma coisa. E parece se acalmar quando me vê em sua frente.

– Alice, você está bem? O que aconteceu? – pergunto preocupado.

Ela não me responde, se mexe um pouco na cadeira e passa os olhos pelo restaurante e quando olha na direção do bar fecha o rosto e fica visivelmente desconfortável.

– Ah, é que eu...

– Tem alguma coisa haver com o cara com quem você estava conversando não é? – ela me olha de maneira apreensiva e nem precisa confirmar nada, mas eu não quero forçá-la a falar nada que não queira. – Mas não se preocupe, se você não quer falar sobre isso agora, eu não vou perguntar.

– Obrigada Samuel.

– Sem problemas.

Assim como tem aspectos da vida dela que ela ainda não está pronta para falar, eu tenho os meus. Vamos caminhando a passos pequenos na nossa relação. Se é que podemos chamar de relação...

Nos vimos poucas vezes e ainda está muito cedo para chamar de qualquer coisa. Mas eu gosto do caminho para onde estávamos indo, mesmo que tenhamos pegado esse caminho errado.

– Então, você quer alguma coisa de sobremesa?

– Acho que seria maravilhoso.

Pedimos a sobremesa e ela foi se soltando novamente. Alice não olhou mais para o bar e eu fiquei feliz por ela não se deixar levar por qualquer coisa que tenha acontecido entre eles dois...

Paguei a conta e fomos para o carro. Assim que afivela o seu cinto ela fala.

– Sabe, ele é o pai da minha filha...

– Aquele cara do restaurante é o pai da Manu?

– Sim...

– Acho que agora eu entendi a sua reação lá dentro... – ela não me contou muitos detalhes sobre os dois, nem sabia como se conheceram, a única coisa que eu sabia era que eles não tinham terminado muito bem.

– Me desculpe Sam, não era pra você ter visto...

– Tudo bem Alice, sei que não foi sua culpa termos encontrado ele no restaurante, e pela sua reação você não queria muito vê-lo. Coisas assim acontecem...

– Eu sei, mas sinto que esse encontro com ele acabou estragando a nossa noite.

– Por mim não estragou nada. Eu realmente tive uma noite bem interessante.

– Você realmente gostou?

– Claro que sim. Se eu fosse me incomodar por causa de ex... Aliás, se alguém fosse por causa de ex, acho que ninguém iria terminar ou começar alguma coisa...

– Você tem razão Sam. Obrigada.

– Nem esquenta com isso... – dou a partida no meu carro, feliz por ela se sentir à vontade comigo para me contar sobre seu passado.

– Você é um achado Sam – ela projeta seu corpo para cima do meu e me dá um beijo em minha bochecha.

Ela nem imagina o quanto...

Ela passa a viagem de volta para a casa dela toda cantarolando as músicas que tocavam na rádio. Ela me parecia distraída, tão distraída que nem percebeu quando eu estacionei em frente ao apartamento dela.

Fiquei ali olhando ara o lado olhando ela cantarolar a música tão distraidamente e tão calam que eu não pude deixar de pensar que ela nunca esteve tão bonita quanto agora.

Ela olha para a janela e percebe que nós tínhamos parado. Ela fica com as bochechas vermelhas e eu não consigo desviar o meu olhar do seu rosto.

– Chegamos, ai que vergonha Sam. Desculpa, nem tinha reparado que você já tinha estacionado.

– Tudo bem, estava só te ouvindo cantar. Você tem uma voz bonita, sabia?

– Obrigada – ela coloca o cabelo atrás da orelha, comportamento que eu tinha percebido que ela fazia quando ficada envergonhada ou nervosa. – Então, chegamos há muito tempo?

– Acho que não deve ter nem cinco minutos direito...

– Minha nossa, que vergonha! – ela esconde o rosto entre suas mãos mas eu seguro suas mãos, descobrindo o seu rosto.

– Vergonha nada, realmente você tem uma voz bonita, calma, quase angelical. Gostei de ter descoberto isso sobre você...

– Se você diz... – ela desvia o olhar do meu e se fixa nos meus lábios. A vontade de beijá-la cresceu.

– Obrigado pela noite Alice.

– Obrigada você também Samuel, me diverti muito essa noite...

Me lembrei dos ingressos que eu tinha ganhado da minha avó a uns dias atrás, e resolvi convidar a Alice para ir comigo.

– Não sei se você gosta, mas é que eu tenho uns ingressos para ver o fantasma da ópera, sexta feira. Não sei se você se interessaria em ir, mas...

– Eu adoraria.

– Você consegue alguém para olhar a Manu sexta feira?

– Acho que eu consigo arrumar uma babá para ela, sem problemas.

– Então estamos combinados. Não estou lembrando o horário agora, mas nos falamos essa semana e eu te digo o horário direitinho.

– Tudo bem – ela tem um sorriso lindo nos lábios e eu não consigo mais controlar o impulso de beijá-la.

Tomo seu rosto em minha mãos e olho bem fundo de seus olhos, como se procurasse um consentimento. Ela abre o menor dos sorrisos esse inclina para mim. Era o consentimento que eu estava esperando.

Levo meus lábios de encontro aos dela e foi melhor do que os meus sonhos. Alice tinha uma maciez e o modo como sua língua brincava com a minha me fez ajustar os quadris para que ela não visse nada cedo demais.

Ela segurou atrás da minha cabeça e fazia pequenos movimentos com os dedos que me faziam querer sorrir. E quando acabei o beijo, era exatamente o que eu fazia.

– Nos vemos em breve Samuel – o seu hálito quente perto de mim quase me fez perder o juízo. Tenho que tomar cuidado com ela, era muito fácil me envolver...

– Nos vemos em breve Alice.

Ela planta um selinho nos meus lábios e desce do carro. Eu a observo entrar no prédio e subir no elevador. Não consigo tirar o sorriso dos meus lábios e vou para casa ainda sentindo a pressão da sua boca na minha.

~Alice~

Não consegui me concentrar em nada, e tive que me entregar a música para acalmar meus pensamentos. Cantar sempre me deixou mais calma, e o Ricardo tinha deixado meus nervos à flor da pele.

Fui cantarolando baixinho as músicas que tocavam na rádio. E eu me perdi em pensamentos.

Senti um olhar carinhoso em mim e quando olhei para o lado vi que o Samuel me observava e o pior de tudo, já tínhamos parado e pelo rosto dele, há algum tempo.

Morri de vergonha, mas Samuel fez com que eu me sentisse à vontade mais uma vez, e quando ele falou comigo, ver sua boca assim tão de perto, não pude deixar de olhá-la. Ele me chama para sair de novo com ele e eu aceito sem hesitar.

Acho que ele viu meu olhar, pois ele tomou meu rosto em suas grandes mãos e foi me aproximando dele. Olhando, me pedindo um beijo silenciosamente, e eu passei boa parte da noite desejando um.

Em consentimento eu me aproximo dele, contando os segundos para que a nossa distância seja nula, e quando ela finalmente é, eu sinto meu corpo vibrar. Não foi um beijo urgente, não foi um beijo desesperado como era em meus sonhos. Foi melhor, mais sincero eu acredito.

Tive que me controlar um pouco e me concentrar nos meus passos quando sai do carro. Que beijo foi esse? Foi tão calmo, mas mesmo assim senti como se uma corrente elétrica tivesse passado pelo meu corpo.

Somente com o toque em meu rosto me senti quase flutuando. E quando ele me beijou, não pensei mais em nada.

O que foi muito bom, tirou minha mente daquele encontro inesperado no restaurante e me deu esperanças de sentir uma coisa legal por um cara legal.

Quando eu abro a porta do meu apartamento encontro um apartamento escuro. Carol já deve ter ido embora. Tranco a porta atrás de mim e vou deixando as coisas que vou retirando do meu corpo pela casa. Bolsa de um lado, sapatos de outro, vestido em cima de alguma coisa...

No espelho do meu banheiro tem um recado pendurado pela minha amiga.

“Lice, já fui pra casa, pois tenho uma tatuagem pra amanhã de tarde e ainda tenho que terminar o desing. Espero que o seu encontro tenha sido proveitoso. Amanhã te ligo pra saber de todos os detalhes, até mesmo os SUJOS. Hihi. Te amo coisinha,  Carol.”

Pensei em ligar para ela agora e já contar sobre o encontro, mas fiquei com medo que ela já tivesse dormindo, ou eu atrapalhasse ela, então simplesmente deixei meu celular próximo a mim e quando ela pudesse falar, ela me ligaria.

Tomo um banho rápido e me deito na minha cama, revirando um pouco na cama antes de conseguir dormir. Espero que amanhã seja um dia com menos surpresas...

Domingo realmente é o dia da preguiça. Com o zumbido incessante do meu celular perto de mim. Quem quer que seja me ligando à essa hora... Abro os olhos com dificuldade e vejo o nome da minha mãe aparecer na tela.

Mas o horário que aparece no canto superior da tela é que me acorda mesmo. Onze e meia!

– Alô? Oi mãe... –  tento disfarçar a minha voz de sono ao máximo.

– Oi filha, aconteceu alguma coisa? Eu estou tentando te ligar há um tempinho, mas você não atende...

– Ah mãe desculpa, é que eu estava tomando banho e deixei o celular longe, nem escutei tocar – menti para ela, minha mãe nunca gostou que eu dormisse até tarde, nunca entendi o porque, mas preferi evitar um sermão assim que acordo.

– Ah, entendi filha...

– Aconteceu alguma coisa mãe?

– Você esqueceu do que tinha prometido a sua filha?

Merda! Eu tinha esquecido mesmo! Na realidade nem tinha acordado ainda, então acho que dá para dar um desconto à minha memória.

– Não mãe! É que a Manu ainda não tinha ligado, pensava que ela tinha esquecido do que eu tinha falado...

– Que nada minha filha, ela está acordada desde as oito da manhã, dando pulos de felicidade dizendo que vai para o parque com a mãe.

– Imagino mãe, mas a senhora não acha melhor irmos só depois do almoço?

– Ah minha filha, acho que não vou com vocês, seu pai amanheceu com a garganta um pouco inflamada e eu acho melhor ele ficar em casa descansando.

– Entendo mãe...

– Mas se você preferir, eu posso fazer um almoço aqui em casa e você vem almoçar aqui.

–Não mãe, não precisa desse trabalho todo. Eu me viro por aqui mesmo, ainda tenho que resolver algumas coisas...

– Tudo bem então filha.

– Quando for umas três horas eu apareço por aí para buscar a Manu, tem algum problema?

– Problema algum. Então até mais tarde minha querida.

– Até mãe.

Desligamos e eu vou levantar. Coloco o meu celular para carregar enquanto eu vou fazer a minha higiene matinal não tão matinal assim.

Dou uma geral básica na casa e quando eu termino tudo vou fazer o almoço, como estou sozinha, esquento algumas sobras do jantar que eu ainda tinha e fico por isso mesmo. A casa está arrumada, tudo está limpo na cozinha, então eu já posso ir me arrumar para buscar a Manu.

Ainda está cedo, mas não tem problema.

Tomo um banho, e me arrumo sem pressa. Coloco um short escuro, uma camisa verde bem clarinha e bem folgada, uma rasteirinha bem confortável. Estava prendendo meus cabelos quando eu me lembro do que o Samuel me disse.

“Seu cabelo fica bonito solto, você deveria usar ele assim mais vezes...”

Resolvo então eles tomarem um arzinho e deixo eles correrem solto com o vento. Passo um pouco de protetor e pego meu óculos de Sol. Coloco uma roupinha leve para a minha filha, caso ela queira se trocar, pego as chaves do carro e vou para a casa da minha mãe.

Sempre que eu estaciono o carro em frente a grande casa branca dos meus pais não consigo deixar de me sentir mal com tudo o que já aconteceu ali.

Ainda tem locais naquela casa que eu ainda não me sinto à vontade. E é por querer passar um dia agradável com a minha filha que eu não desço do carro. Ligo para minha mãe e ela vem acompanhando a Manu até o carro. Desço do carro para falar com as duas.

– Como está o papai mãe? – pergunto abraçando a minha mãe.

– Ele piorou filha, hoje de manhã nem se levantou. Mas com os remédios que ele está tomando, ele vai melhorar.

– Diga que eu mandei um beijo pra ele.

– Tudo bem filha.

– Vamos para o parque pequena? – agora pergunto, me abaixando um pouco para poder olhar o rostinho da minha filha.

– Vamos! – ela entra pulando no carro e está tão animada que ela mesma tenta colocar a sua cadeirinha especial. Rio da sua atitude, mas eu que ajeito ela confortavelmente no seu assento.

Me despeço da minha mãe e entro no carro. Meu celular começa a tocar dentro da minha bolsa. Eu ligo o carro e o ar condicionado para nã ficar muito abafado. Olho para o número e vejo que é a Carol.

– Olá Carol.

– Lice amiga! Como foi o encontro ontem?

– Foi maravilhoso amiga, mesmo tendo alguns encontros não desejados...

– Que história foi essa?

– Depois te conto amiga, estou com uma mocinha que está muito impaciente para chegar logo ao parque de diversões...

– Entendi... aconteceu alguma coisa que a Manu não pode saber...

– Ainda bem que você é esperta...

– E que negócio é esse de parque? E porque eu não fui convidada? Você sabe que eu adoro parques...

– Desculpa Carol, mas é que você disse que tinha uma tatuagem para hoje, que eu pensei que você ainda estivesse ocupada.

– Falou bem, eu ESTAVA ocupada. Mas podem contar comigo. Posso passar a tarde com vocês?

– Não sei, deixa eu perguntar aqui – me viro para a minha filha e pergunto para que a Carol ainda possa escutar. – Tia Carol pode passar a tarde conosco filha?

– Pode! Oba! Quanto mais gente melhor... – ela bate palmas e eu volto a colocar o telefone na minha orelha.

– Então combinado, quer que eu passe aí para buscar você?

– Não precisa amiga, dou meu jeito de ir pra lá. Mas eu aceito uma carona de volta pra casa...

– Então tá certo. Quando você chegar lá, me avisa, pode ser assim?

– Até mais...

Desligamos e eu vou dirigindo devagar para o parque. Ele era um pequeno parque de diversões que foi montado perto da praia. Os brinquedos eram poucos, mas tinham alguns bem interessantes e divertidos para uma criança.

Quando chegamos ao parque, o Sol ainda estava forte. Mas como o parque tinha muita área de sombra nem percebíamos muito.

Manu ficou encantada com tudo e pediu logo para ir na roda gigante. A fila estava pequena, mas demorou um pouco para entrarmos na pequena cabine. Demos uma volta completa, e quando chegamos ao topo, ela segurou minha mão, a princípio eu pensei que fosse por medo, mas ela começou a falar.

– Mamãe, mamãe, dá pra ver a cidade toda daqui. E ela é linda.

Minha filha tinha razão. Os prédios banhados pela luz do Sol com alguns pontos verdes espalhados. A cidade parecia tão calma. A altura da roda gigante não era suficiente para olhar tudo de cima, mas já dava um bom campo de visão.

No topo, meu celular começa a tocar. E quando vejo já é a minha amiga.

– Você já chegou?

– Não, mas em questão de cinco minutos eu chego aí...

– Estamos na roda gigante.

– Tá certo.

A nossa altura ainda estava boa para conseguirmos ver a Carol se aproximar de longe, acho que ela não nos viu pois ficou em frente à saída da roda gigante.

Quando descemos, o resto da tarde foi toda de coversas bestas, algodão doce e tentativas frustradas de ganhar alguma coisa nas barraquinhas de prêmios.

– Mamãe, quero brincar na piscina de bolinhas! – Manu fala, me chamando a atenção para o castelo inflável que estava num local na sombra do parque.

– Tudo bem – ela segura na minha mão e na da Carol e nós vamos guiando ela até a entrada do castelinho.

Algumas crianças brincavam lá dentro, e como adultos não eram permitidos lá, somente segurei seu sapatinho e a observei de longe, enquanto ela pulava alegremente lá dentro. O sol já tinha se posto e o clima ainda estava um pouco quente.

– Então Lice, o que...

– Esbarrei no Ricardo ontem.

– Oi?

– No encontro com o Samuel, eu esbarrei no Ricardo ontem, tinha ido no banheiro e esbarrei com ele, ele estava no bar do restaurante onde estávamos...

– Puta merda Alice! E o que você fez?

– Cai durinha pra trás Carol. Não estava preparada pra ver o Ricardo daquele jeito. Quando percebi que era ele ali na minha frente, eu desmaiei.

– Alice! E o Sam, como reagiu? Você contou pra ele?

– Mas tudo bem depois de um tempo ele não me afetou mais... E o Samuel ele sabe. Não sabe muito bem dos por menores, mas ele sabe que o Ricardo é o pai da Manu.

– Entendo...

– Não sabia que o Ricardo ainda tanto poder assim em mim Carol, e pra piorar tudo, ele está com o rosto tão maduro, sei lá... Não sei te explicar direito.

– E nem tente Lice, você sabe que do Ricardo eu só quero distância – eu nem preciso olhar para a minha amiga para saber a cara de ódio que ela está fazendo. Fixo minha atenção na minha filha.

– Eu sei Carol... Deixa pra lá. O importante da noite foi que o meu encontro foi incrível e que eu e o Samuel vamos sair novamente.

– Aí sim eu quero saber...

– Mas deixa pra depois – eu tento mudar de assunto quando eu vejo que a minha filha se aproxima de nós. – A pequena está ali e não quero que ela saiba muita coisa do Samuel agora.

– Faz bem amiga, não envolve a Manu antes do tempo...

– Mamãe, quero um sorvete.

– Só se você prometer que depois desse sorvete, nós vamos pra casa. Já está ficando tarde, e a senhorita ainda tem que acordar cedo para ir para o colégio amanhã.

– Prometo! – entrego a sandália dela, e ela a coloca no pé, depois disso, segura nossas mãos.

Compro uma casquinha para todos e sentamos nos banquinhos que ficavam perto da barraquinha de sorvete.

– Tia Carol, aquela ali não é a tia Theresa? – Manu fala e aponta com as mãos sujas de sorvete para a Theresa que estava realmente ali no parque.

Ela caminhava com um urso grande, daqueles que se ganham em prêmios e andava do lado de um rapaz loiro e bem apessoado.

Olho para a minha amiga que lha para aquela cena com os olhos cheios de lágrimas. Não saiu nenhuma. Carol quando percebe que está sendo observada, desvia o olhar e olha para cima. Ela não fala nada. Nem eu tenho a coragem.

– A senhora tá bem tia Carol? – Manu pergunta.

– Tô sim princesa. Foi só um cisco que entrou no meu olho.

– Quer que eu assopre?

– Não precisa linda – ela segura o nariz da minha filha e dá um puxãozinho carinhoso. – Acho que já saiu.

Carol ficou visivelmente abalada com aquela cena. E quando os dois se aproximaram para trocar um selinho vi que ela desviou o olhar. Minha amiga não merece sofrer assim, então resolvi adiantar nossa partida dali.

Demos uma volta maior no parque somente para desviar do caminho que aqueles dois estavam tomando, saímos do parque e entramos no carro. Ligo os motores e menos de dez minutos depois, Manu já dorme no banco detrás.

– Você quer ficar lá em casa hoje? – pergunto baixo para minha amiga que tinha o rosto virado para a janela.

– Não sei Alice, não sei o que eu faço. Não sei o que eu faço pra tirar aquela mulher do meu coração.

– Onde foi que a gente errou pra se dar tão mal assim com relacionamentos?

– Fale somente por mim, você tem o Samuel que até agora não deu nenhum sinal de ser uma pessoa mau caráter...

– E nem o Ricardo tinha Carol, então conta sim... – só de pensar na possibilidade do Samuel ser um canalha senti um frio percorrer minha espinha.

– Mas eu nunca gostei do Ricardo, então pra mim conta. E eu adoraria ficar na casa.

– Melhor assim. Podemos tomar uma taça bem gorda de vinho e dormir mais tranquila.

– Não poderia concordar mais.

Boa tarde meus leitores lindos que eu estava morrendo de saudades. Gente, o motivo dos capítulos estarem demorando a sair é que minhas aulas voltaram e eu ainda não consegui pegar o ritmo das coisas, ou seja, meus horários ainda estão um pouco desorganizados, mas esse final de semana vou sentar minha bunda na cadeira e organizar tudo bem direitinho, assim vocês não vão ter mais que esperar muito tempo para ler o capítulo.

Essa pessoa na mídia é o Ricardo, prazer galera, hahahaha. E gostaria de agradecer ao pessoal do grupo do whatsapp que me ajudou a escolher o rosto por trás dele.

E falando em grupo do whatsapp, esse capítulo é dedicado para @laizflavia, uma mulher incrível que agora posso chamar de amiga. Por causa desse livro eu conheci você e sua história, e não posso dizer o quanto te admiro por tudo. Obrigada pelo carinho flor ^^

Próximo capítulo guardei uma surpresa pra vocês, não coloquei nesse capítulo pq já deixei vocês na curiosidade por demais, kkkkk Beijos lindos e até o próximo capítulo :*

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