II. Um monte de caixas

O despertador toca no mesmo horário de sempre e eu levanto. Carol ainda dorme ao meu lado, agarrada no meu travesseiro como se fosse uma pessoa. Dou um beijo em sua cabeça, a cubro e vou direto para a cozinha.

Faço tudo em modo automático, faço o café, preparo o suco da minha filha, algumas torradas e vou procurar alguma coisa para ela levar de lanche. Eu acabo optando por cortar algumas frutas e coloco tudo num depósito médio. O cheiro do café começa a subir, pois a minha amiga chega na cozinha.

- Bom dia Lice.

- Bom dia Carol. Dormiu bem?

- Melhor do que eu esperava. Obrigada por me deixar ficar aqui amiga.

Ela vai direto para geladeira e bebe uma garrafa inteira de água. É, pela quantidade de vinho que ela tomou ontem deve estar de ressaca.

- Sempre que precisar amiga.

- Ainda está de pé os planos de hoje não é?

- Você quer carregar um monte de caixas pesadas hoje? Mesmo de ressaca?

- Claro que sim. Sabe-se lá quando é que você vai poder me ajudar novamente e eu preciso da sua ajuda com a arrumação do apartamento.

- Então tá. Amiga, você pode colocar esses ovos em cima da mesa, vou acordar a Manu.

- Claro, pode deixar que eu arrumo a mesa.

Vou para o quarto da minha pequena e ela ainda estava dormindo. Fiquei olhando para ela um pouco. Fico um pouco chateada por ela me lembrar tanto o pai canalha dela. Ela tem o mesmo tipo de rosto dele. Ela é a maior alegria da minha vida não se enganem, mas ela constantemente me lembra do Ricardo. Ela dorme exatamente igual a ele.

Sacudo a minha cabeça e me recuso a lembrar daquele filho de uma mãe desalmado.

- Bom dia Manu - falo baixinho, acariciando seus cabelos loiros encaracolados.

- Bom dia mamãe - ela fala abrindo seus olhos azuis, iguais aos dele, jogando na minha cara que ela também é uma parte dele.

- Vamos acordar, já está na hora de se arrumar e ir pra aula.

- Tudo bem mamãe - ela fala ficando sentada na cama e coçando os olhos. Ela levanta da cama e vai para o banheiro. E escova os dentes sem nem eu precisar mandar mais.

Ela coloca a sua pantufinha de urso e vai de mão dada comigo até a cozinha. Carol já estava sentada na mesa posta, nos esperando.

- Tia Carol - ela solta a minha mão e dá um pulo no colo dela. - Não sabia que a tia tinha dormido aqui. Bom dia.

- Bom dia Katrininha. Sua mãe disse que não tinha problemas em eu dormir aqui.

- Não tem mesmo não. Mas a tia devia ter dormido comigo no meu quarto assim, poderíamos ter passado a noite conversando, assim como a senhora faz com a mamãe.

- E como você pretendia acordar hoje hein mocinha? - Carol fala, batendo um dedo de leve no pequeno nariz da minha filha.

- Do mesmo jeito que a mamãe faz, ela toma esse suco preto e acorda.

- Você promete que vai se comportar na casa da sua avó esse final de semana meu amor?

- Vou sim mamãe. A vovó já disse que ia me levar para brincar na praia, que ia me levar para tomar sorvete...

- Me parece muito divertido...

- Não sei porque a senhora não vai? A vovó não vai se incomodar se você for, afinal, ela é sua mamãe, ela tem espaço pra você... Qualquer coisa, eu divido a minha cama com a senhora...

- Own minha princesa, eu bem que gostaria de ir, mas a mamãe tem que resolver muita coisa ainda do trabalho, ela não vai poder passar esses dias lá com você - dou um beijo na cabeça dela. - Mas eu prometo que se eu conseguir arrumar tudo mais cedo eu vou passar o domingo lá com você, que tal?

- Obaaa - ela me abraça e me dá um beijo no queixo. - Vou adorar se a mamãe for.

- Vou fazer o melhor para ir meu amor. Mas agora está ficando tarde, que tal ir se arrumar para a escola?

Enquanto a minha filha foi colocar o uniforme da escolinha dela, separei a roupinha do seu balé e arrumei tudo em uma bolsinha. Arrumei seu lanche e fui trocar de roupa para ir deixá-la na escola. Não precisei separar nada pro fim de semana, minha mãe já tem diversas roupas da minha filha na casa dela. E ela disse que eu não precisava arrumar nada, que se caso precisassem de alguma coisa, compravam por lá mesmo...

Minha filha sai toda pronta de dentro do quarto arrastando a sua mochila de carrinho. Eu anexo as duas outras bolsas na mochila.

- Carol, eu vou só deixar a Manu na aula, quando eu voltar, cuidamos da sua mudança.

- Sem pressa amiga.

- Sinta-se em casa - pisco um olho pra ela e vou com a minha filha até a garagem, onde pego o meu carro e vamos para a sua escola.

A escola está cheia de carros estacionados na frente, como toda manhã, mas consigo encontrar um lugarzinho para estacionar e descer do carro, para me despedir da minha filha.

- Olha Manu, quero que você obedeça os seus avós o final de semana inteiro, não quero saber de desrespeito com eles tá me ouvindo? Se comporte, e aproveita o final de semana na praia tudo bem linda?

- Vou me comportar mamãe, prometo.

- E se você quiser ligar pra mim, pode ligar, tá bom? Não importa a hora ou o motivo tá meu amor?

- Tudo bem mãe.

- Agora vem cá, deixa eu te dar um abraço bem apertado e um beijo - ela seus bracinhos para mim e eu a abraço. - Tenha um ótimo dia Manu.

- A senhora também mamãe - ela me dá a mão e começamos a caminhar para o portão.

Eu a deixo nos portões da escola e ela vai caminhando com seus pequenos passos para dentro da escolinha. Antes de sumir das minhas vistas ela olha para trás e me dá um aceno, e eu retribuo. E quando ela vira na minha direção e me dá um sorriso não posso deixar de lembrar que é o mesmo sorriso que eu me apaixonei uma vez.

□ Oito anos atrás □

- Você tem tanta sorte Alice.

- Não sei porque Mariana... - pergunto tentando disfarçar minha felicidade.

- Claro que sabe. Afinal, você desde que entrou na faculdade você está de olho no Ricardo, e agora ele te chamou pra sair, você não está radiante?

- Ah, sim, por isso... Claro que eu estou feliz né Mari? Quem não quer sair com ele? Muito lindo e simpático ele...

- E você está caidinha por ele. Admite Alice!

- Talvez eu esteja - me escondi atrás das minhas mãos...

- Sabia! - Mariana fez cócegas em mim, mas de repente parou. Eu estava encarando os olhos azuis do Ricardo.

- Você fica linda quando está gargalhando assim - ele fala normalmente, como se estivesse falando sobre uma matéria ou o tempo.

Fico muda e vermelha instantaneamente. Ricardo senta do meu lado. Ele estava cheirando a loção pós barba e suor masculino, mas um bom suor, do tipo que ferve os miolos de uma mulher, usando uma camiseta branca e um short comprido preto de correr. Ele estava com uma fina camada de suor cobrindo o seu corpo e com os cabelos molhados.

Abriu seu sorriso de um milhão de dólares e me fitou perto demais. Tive que me afastar um pouco, precisava respirar um pouco longe daquele cheiro masculino.

- Obrigada Ricardo - falei sem jeito.

- Então está combinado não é? Eu, você, jantar e cineminha?

- C-c-claro...

- Fica ainda mais bonita envergonhada - ele fala e põe uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. - Até mais tarde - ele fala baixo no meu ouvido, dá um beijo em minha bochecha e meu coração palpita.

De um jantar e cinema, viramos namorados e passamos bons 4 meses juntos. Até que eu resolvi me entregar para ele. Eu não era virgem nem nada, mas acho sexo uma coisa séria e importante demais para se fazer rápido e com qualquer um... Queria confiar plenamente nele antes de termos alguma coisa.

E foi nesse momento que tudo foi pro ralo.

Ricardo foi carinhoso na nossa primeira vez. E só. Me procurava quando queria, bêbado e irritado. Ele tinha se transformado completamente. Nem parecia o cara que eu tinha me apaixonado. E nem me falava nada. Ele surtou completamente. E num belo dia, ele simplesmente foi embora.

Sem dizer para onde ia, nem se ia voltar.

Depois de dois meses sem atender as minhas ligações, emails, carta e nenhum dos amigos dele saber onde ele tinha se metido, eu entendi que ele não ia retornar.

Minha menstruação estava atrasada e eu assimilei tudo aquilo com o estresse do sumiço do Ricardo e com as provas. Tínhamos usado camisinha, não é possível que eu tenha ficado na porcentagem de camisinhas defeituosas...

Mas para a minha sorte e desespero, não era. Eu estava grávida. E eu não sabia onde é que tinha se enfiado o pai dessa criança.

Pensei por um breve momento em abortar a criança. Mas decidi que não era justo com o bebê. Eu ia dar uma chance dessa criança ser feliz. Mesmo que não fosse comigo. Eu não me sentia preparada para ser mãe.

Quando eu estava no sétimo mês de gravidez eu descobri onde o Ricardo estava. Ele tinha ido para a Alemanha. Tinha começado um negócio lá e tinha arrumado uma mulher por lá. Depois disso ele morreu para mim.

Mesmo eu precisando dele para me apoiar, para me ajudar com tudo, não quis me humilhar para ele, não quero que ele pense que eu estou desmoronando sem ele. Eu posso até estar, mas se ele é canalha suficiente para fugir e me deixar aqui, problema o dele. E com a ajuda que eu estou tendo da Carol e do Cauê, não posso reclamar.

Vez por outra eu me pego imaginando como as coisas poderiam ter sido diferentes se o Ricardo não tivesse fugido. Ele não voltou, não deu sinal de vida, não falou com ninguém. E eu segui com a minha vida.

□ Voltando para 2014 □

Entro no carro e dou a partida. Volto para casa e depois de pegar a minha amiga e colocar uma roupa mais confortável, fomos fazer a mudança.

O caminhão se encarregou de levar as coisas mais pesadas, e os rapazes que nos ajudaram com a mudança colocaram as caixas mais pesadas e os móveis mais pesados dentro do apartamento novo.

O prédio era bem localizado. A estrutura dele parecia ter sofrido uma reforma em pouco tempo e o clima parecia ser bem familiar.

- Como foi que você convenceu o dono do prédio a te alugar esse lugar?

- Como assim Lice? O que você está querendo insinuar com isso? - Carol fala, colocando a caixa com as coisas da cozinha em cima da bancada.

- Nada, nada não Carolinda.

- Eu sei o que a senhorita está pensando... E a minha mãe é amiga da dona daqui - ela explica.

- Ah, agora sim...

- Vou dispensar os caras da mudança viu? Acho que os coitados já fizeram demais, e nós damos conta a partir daqui não é mesmo?

- Claro que sim.

Carol foi dispensar os rapazes, e eu fui organizando mais ou menos as caixas de cada cômodo, as caixas não estavam muito pesadas, então foi uma coisa bem rápida. O apartamento era bem grande, tinha uma cozinha enorme, dois quartos, uma sala, uma salinha de jantar, um escritório e uma varanda linda, bem ventilada e com uma vista linda da cidade.

Com as caixas mais ou menos organizadas pelos cômodos, começamos o trabalho de desencaixotar tudo. Começamos pela cozinha, e começamos a organizar os talheres, panelas, e tudo o que ela tinha trago da casa antiga dela.

Quando percebemos já era uma hora da tarde. Então resolvemos pedir comida pro apartamento mesmo. Carol pediu comida japonesa e comemos na salinha de jantar. O apartamento é extremamente ventilado.

- Não vai ficar de barriga muito cheia Lice, senão você não vai querer mais levantar nenhuma caixa, e eu ainda quero dar uma colorida no meu quarto.

- Desde de quando eu faço corpo mole Carol?

- Muito bom o ponto que você levantou aqui... Mas todos podem começar um dia, e porque não você?

- Deixa de besteira e conversa fiada e vamos logo terminar de organizar as coisas...

- Claro, que tal você me ajudar a colocar algumas coisas dentro do armário enquanto eu faço a minha mágica nas paredes de lá?

- Vamos!

Ela pega a sua maleta de tintas e pincéis - pois além de tatuadora, ela também gostava de pintar quadros - e eu pego uma mala grande de viagens dela.

O quarto é todo branco. Tem uma cama grande de casal no centro dele e um armário embutido na parede logo ao lado da cama. Fora isso só tem uma mesinha no canto do quarto.

- Olha o tamanho dessa parede Li, vou poder fazer um trabalho bem maneiro aqui.

- E você pode pintar a parede? - sei lá, tem alguns aluguéis que não liberam isso...

- Não tenho muita certeza, mas qualquer coisa é só passar uma mão de tinta branca sem graça por cima de novo e fica tudo bem... Mas agora, se me der licença.

Não sei onde a Carol ficava com a cabeça quando ele estava pintando. Quando ela tatua, ela está 100% ali, concentrada no que faz, mas quando ela tem uma tela em branco na frente dela, ela simplesmente enlouquece. Vai para um mundo paralelo, sei lá, mas aqui no nosso mundo eu tenho certeza que ela não fica.

O processo começa com ela colocando uma música clássica nos seus fones de ouvido. E entrando no seu estado de transe. Espalha suas tintas em cima de uma aquarela e começa a misturar as cores.

Sempre fiquei impressionada com a capacidade dela de criar algo tão incrível do nada. Eu fui devagar tirando as roupas de dentro da mala e acomodando dentro e olhando de relance para minha amiga. A parede começava a ganhar vida.

Tons de laranja se misturavam com um roxo e formavam um pôr do Sol diferente e lindo. As ondas quebrando em tons de verde e azul. Uma das praias mais bonitas que eu tinha visto, e tudo ali, pintado em uma parede antes sem vida e sem personalidade. Alguns coqueiros ao fundo, sem sinal de civilização, somente uma enorme camada de areia.

Eu já tinha terminado de colocar tudo dentro do closet e estava sentada no chão, afastada dela, só observando o seu lindo trabalho. Nem em um milhão um desenho meu ia ficar tão belo quanto aquilo. Minha filha desenhava melhor do que eu. E a pintura tinha tanto detalhe, cada onda pintada, a areia pintada de modo que parecia que ela tinha pintado cada grão individualmente.

E quando ela termina sua praia deserta, ela para alguns segundos, analisando todos os traços. Não faz nenhum som e retira os fones de ouvido.

- Poxa Carol, acho que às vezes eu esqueço o quanto você é talentosa... - falo abismada por aquela pintura magnífica na minha frente.

- Parece que está faltando alguma coisa... Não sei...

- Eu acho que está perfeito Carol.

- Mas você tem que me elogiar mesmo! Eu sou sua amiga!

- Nada disso! Meu papel de amiga será sempre de te dizer a verdade, não importa o quão dolorosa ela possa ser...

- Você quer fazer alguma coisa mais tarde amiga?

- Não sei... Não tenho nada em mente, mas se você quiser fazer alguma coisa, estou aberta à sugestões...

- Que tal irmos comemorar a recente solteirice da sua amiga aqui hein? Aproveitar que a Manu não está em casa. Sair um pouco, beber um pouco... O que me diz?

- Ótima idéia Carol, mas vou ter que passar em casa, trocar de roupa.

- Claro que não Li, deixa de besteira, você usa uma das minhas mesmo...

- Então tá, você escolhe o lugar, porque com a minha experiência, vamos acabar tomando chá da tarde, com alguma roupa de princesa...

- Pode deixar, eu já sei exatamente onde nós vamos - Carol bate palmas e voltamos para a sala, para terminarmos de organizar algumas coisas.

Já começava a cair a noite quando demos o dia por encerrado.

- Não vou mover mais nenhum músculo agora, só vou mexer se for para dançar.

- Estou contigo Carol.

- Que tal agora tomarmos um banho bem tomado, porque eu estou fedendo que nem um gambá, e eu quero ver se arrumo uma gatinha para me fazer esquecer de tudo...

Sei que ela está brincando, e sei também que ela não vai arrumar ninguém essa noite. Carol está ainda triste demais e ainda muito ligada a memória da Teresa para ter algo com qualquer outra pessoa.

- Quem sabe você não encontra até um novo papai pra Manu... - eu jogo uma almofada nela em represália.

- Tá louca Carol? To bem assim obrigada. Nunca que eu vou encontrar um cara que queira alguma coisa séria comigo numa balada, e sabendo que eu tenho uma filha...

- Ih, a Manu pode ser um empata as vezes, mas eu sei que você ainda vai encontrar um cara sarado e legal pra te fazer feliz.

- Olha lá como fala da Manu Carol...

- Ih, nem sei porque a implicância, você sabe que eu a amo como se fosse minha. Mas só estou dizendo que é difícil você encontrar um cara gatinho que concorde em você ter uma filha de outro caso... Os que não se importam estão velhos demais e barrigudos demais...

- Não sei como você sabe dessas coisas...

- Ter dois amigos heterossexuais ajuda.

Escutamos leves batidas na porta.

- Você está esperando alguém Carol?

- Não... Estranho, deixa eu dar uma olhada em quem é... - ela segura um taco de beisebol e olha pelo olho mágico. - Não faço a menor idéia de quem seja. Segura aqui - ela me entregou o taco. - E qualquer coisa, mira na cabeça.

- Tem alguém em casa? - uma voz masculina falou do outro lado da porta.

Me preparei e segurei taco bem firme nas minhas mãos.

- Quem é? - minha amiga fala.

- Ah, oi, boa noite. Me chamo Samuel, e eu sou o seu vizinho, só queria passar pra te desejar as boas vidas.

Carol me faz um gesto para que eu esconda o taco e eu coloco atrás da porta. Carol abre a porta, mas eu ainda não o vi.

- Carolina Praga - minha amiga estende a mão para ele e eu vejo um braço forte indo na direção dela.

- Samuel Pinheiro, muito prazer. Mas pode me chamar de Sam se você preferir.

- Prazer é meu. Sam é bem melhor mesmo. Pode me chamar de Carol... E essa daqui - ela me puxa para perto dela e me apresenta. - É minha amiga, Alice Santos.

- Ah sim, sua amiga é claro... - não sei porque mas me pareceu meio esquisito o jeito como ele me olhava.

E eu não pude deixar de analisar o novo vizinho da minha amiga. E puxa vida, esse homem é lindo.

Cabelos negros curtinhos e espetados para cima. Um sorriso se apaixonar. Olhos amendoados lindos. Ele era bem alto e tinha um porte físico legal. Não consegui ver muita coisa por debaixo do seu casaco cinza e calça escura, mas tenho certeza que ele se mantém em forma. Tinha alguma coisa nele.

Ele era do tipo de cara que você olha duas vezes quando passa por você na rua. Mas ele te fazia querer uma terceira, quarta vez...

- Então, vim aqui desejar as boas vindas pra você aqui no prédio - ele entrega uma garrafa de vinho e uma caixa de chocolate para Carol. - Então, se você precisar de alguma coisa, é só bater ali na porta ao lado. E se precisar de ajuda com alguma coisa em relação à mudança...

- Nossa, que gentileza a sua Sam, muito obrigada - Carol recebe os presentes e os coloca em cima da bancada da cozinha.

- Então, acho que eu não vou mais atrapalhar vocês duas. Mas já sabem, qualquer coisa... Podem bater na porta ali do lado.

- Mais uma vez obrigada Sam, e foi um prazer conhecer você. Espero que sejamos bons vizinhos.

- Também espero - Samuel vai embora e fecha a porta atrás dele.

- Fecha a boca Li, você vai inundar o meu apartamento!

- Deixa de besteira Carol...

- Olha amiga. Mesmo eu sendo gay, isso não quer dizer que eu não percebi que ele era um homem bem bonito. E eu vi também que você quase babou em cima dele..

- Carol!

- Tá bom, eu sei, estou brincando, mas que você olhou para ele diferente isso você olhou.

- Tá, admito, achei ele bem bonito, mas só isso. Um cara desse deve ter namorada de qualquer jeito mesmo... Pro cara morar aqui nesse prédio, deve ter vindo com uma namorada, ou mulher...

- Ih Lice, você é tão pessimista... Quem sabe se ele é comprometido? Vai ver que nem é...

- Daquele jeito? Duvido...

- Pois vamos atrás de um solteiro e bonito para você na balada. Vamos tomar banho e você vai ver que a noite vai ser ótima...

Mesmo o apartamento sendo grande, dos dois banheiros que existem, um é social, ou seja, esperei a minha amiga sair do banheiro para poder tomar meu banho.

Estava enxaguando meu cabelo quando o cano do chuveiro saca e cai mesmo em cima da minha cabeça. Água começa a jorrar por todos os lados e eu desligo o chuveiro. Carol bate na porta.

- Merda! - resmungo alisando o lugar onde o cano tinha batido, olhei para minha mão e fiquei aliviada quando não encontrei sangue. Era só dor mesmo.

- Amiga, aconteceu alguma coisa? Você está bem?

- Sim amiga, mas acho que o seu chuveiro deu problema...

- Problema? Mas o que aconteceu, posso entrar?

- Pode amiga - me enrolei numa toalha e mostrei o estrago que tinha ficado o chuveiro.

- Minha nossa senhora! Como isso aconteceu? Você estava se pendurando no chuveiro ou alguma coisa assim?

- Muito engraçado senhorita Carolina, mas não, eu não estava me pendurando em lugar nenhum, essa coisa só saiu da parede e veio direto na minha cabeça!

- Putz, e o seu cabelo aí todo ensaboado? E agora?

- Agora eu não sei Carol, mas eu agradeceria muito se você pensasse em alguma coisa junto comigo.

- Pode ir pedir ajuda ali no vizinho... - Carol fala cheia de maldades.

- Claro né amiga, aí eu vou bater na porta dele, enrolada em uma toalha, ensopada, pedindo para tomar banho na casa dele... - nos olhamos e rimos muito juntas.

- Até que ia ser uma história de pornô maneira...

- Nada disso Carol, eu não vou lá assim...

- Tá, eu vou lá, vê se fica de toalha até eu chegar...

- Vai logo Carol, que o xampu tá começando a secar e meu cabelo vai ficar uma pedra de tão duro!

- Tô indo amiga.

Eu procuro em todos os lugares, mas não consigo encontrar um roupão ou coisa assim, sou obrigada a ficar de toalha. Mas pelo menos eu encontro um vestido da Carol que acho que vai dar certo em mim.

Samuel entra no quarto, carregando uma caixa de ferramentas, e quando me vê dá uma pequena risada.

- Isso aconteceu quando você estava no banho? - ele pergunta divertido.

- Foi - tento me cobrir mais com a toalha.

- Olha, se você quiser, pode terminar de tomar banho lá no meu apartamento enquanto eu conserto aqui o que vocês... E não se preocupe, sua amiga vai ficar aqui comigo todo o tempo.

- Sério que posso?

- Claro, mas só um momento - ele procura alguma coisa de dentro do bolso e me entrega um molho de chaves. - Aqui, a da porta da frente é essa azul aqui.

- Hum, er... obrigada.

- Sem problemas Alice, agora, se me derem licença, vou ver como está a situação desse chuveiro.

Nem questiono, pego a roupa que eu tinha separado - não quero ter que ficar andando pelos corredores de toalha - e vou para o apartamento dele. Abro a porta e me impressiono com a arrumação do lugar, tudo parecia ter um local próprio e estava lá.

O apartamento tinha a mesma formulação do que o da minha amiga, então eu não demorei a achar o banheiro. Finalmente tirei o resto de condicionador que tinha no meu cabelo e terminei de me ensaboar. Não pude deixar de cheirar o sabonete dele que estala lá em cima. Tão cheiroso, tinha cheiro madeira e chuva. Combinava com ele.

Me troquei ali no banheiro mesmo e fui saindo do apartamento, mas antes de sair eu vi que tinham diversas fotos, e elas me atraíram, quem sabe aqui eu não encontro alguma foto de uma namorada, ou alguma coisa assim.

Mas só tinham fotos dele com a família. Umas dele sozinho, umas dele mais jovem. E ele era uma criança linda.

- Se me permite dizer você está linda - Samuel fala atrás de mim e eu quase desmaio do susto que levei. Não podia deixar de ficar envergonhada com o elogio dele e por ele me pegar analisando a vida dele.

- Obrigada Samuel, e obrigada por me deixar tomar banho aqui...

- Sem problemas Alice. Você deseja mais alguma coisa?

Minha mente ferveu em milhares de coisas que eu gostaria, mas não poderia dizer em voz alta o que eu desejo nesse exato momento. Ele me analisa da cabeça ao pés, mas demonstra nenhuma reação. Ah como eu gostaria de saber o que está se passando nessa cabecinha dele agora...

- Você quer tomar alguma coisa?

- Ah, não precisa obrigada, na realidade, eu já tenho que ir. A Carol deve estar me esperando.

- Ah sim, claro. Mais uma vez, obrigada...

- Sempre que precisar...

- Tchau Sam - falo passando pela porta, envergonhada.

- Tchau Alice, espero ver você em breve...

Espero ver você em breve. Ah aquelas palavras saindo daqueles lábios... Volto para o apartamento acho que com uns dois parafusos a menos e terminamos de nos arrumar.

E totalmente preparadas, saímos para noite.

Oi Samuel seu lindo vem cá pra eu te amar um pouquinho, kkkkkkk. Esse livro também vai ter capítulos narrados pelo nosso Sam, e o próximo já é dele, então se preparem que no próximo capítulo vamos saber o que se passa na cabecinha linda dele :D Estão gostando? Será que vai acontecer alguma coisa nessa saída delas?

Vou começar a dedicar capítulos a vocês leitoras tão lindas e queridas. E esse daqui vai para a querida da @DanielaMiranda2 mais que uma leitora, uma amiga que me ajudou tanto em Marcas de Fogo e agora está aqui me dando o maior apoio nesse livro. Obrigada viu Dani <3

Eu já tenho uma lista com algumas leitoras que eu vou dedicar um capítulo as que estão comentando e votando, e se você também quiser um, é simples, basta deixar um recadinho aqui, que eu vou colocar seu nome lá :D

Estou organizando meus horários e pelo que eu percebi, vou conseguir postar um capítulo por semana, e se der eu coloco dois :D Ah, e essa na mídia do capítulo é a Carol :) (ou pelo menos como eu a imagino)

Quem está pronto para se apaixonar pelo Sam?

Beijos e até o próximo capítulo ;**

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