III

12 anos depois: Atualmente

12 anos depois: Atualmente

O sol da tarde entrava pela janela da sala, criando reflexos dourados no chão de madeira polida. Noah estava sentado na beira da mesa do escritório, com um punhado de documentos nas mãos e aquele olhar meio distraído, meio sério que sempre me deixava desconfiada. Ele usava um terno preto, como de costume, mas sua gravata estava afrouxada, e o primeiro botão da camisa aberto, sinal de que o dia havia sido longo.

Eu estava de pé, apoiada na lateral da parede, com os braços cruzados. Observei enquanto ele folheava os papéis com o cenho franzido.

— Hailey, preciso que você pegue este caso para mim — ele começou entregando-me a pasta. — Desaparecimento. Um filho desaparecido. Última vez que foi visto, estava saindo de uma reunião de negócios. A mãe dele está preocupada, acha que algo aconteceu.

Abri a pasta e dei uma olhada nos detalhes. O nome do homem estava ali, junto com algumas fotos. Nada parecia fora do comum. Mais um caso simples de filho fujão ou, no máximo, alguém que se meteu com as pessoas erradas.

— Parece fácil. Por que você mesmo não resolve? — perguntei, levantando os olhos para ele.

Noah ergueu uma sobrancelha, aquele meio sorriso debochado aparecendo em seu rosto.

— Porque, minha cara esposa, eu sou advogado o chefe e dono dessa organização, não detetive. E, além disso, você é muito melhor em lidar com pistas do que eu. — Ele se inclinou um pouco, apoiando a palma da mão na mesa. — Admito, prefiro ficar no conforto do meu escritório enquanto você corre pela cidade.

Revirei os olhos, mas não consegui evitar um pequeno sorriso.

— Você é tão preguiçoso, Noah.

— Realista. — Ele deu de ombros e apontou para a pasta. — É só dar uma olhada, entrevistar algumas pessoas, talvez visitar um ou dois lugares. Nada de perigoso.

— Tem certeza? — perguntei, estreitando os olhos. — Você nunca me daria algo que fosse mais do que eu posso lidar.

Ele se aproximou, ficando a apenas alguns passos de distância. Por um segundo, seu rosto perdeu a expressão brincalhona, e algo mais sério tomou conta de seus traços.

— Eu nunca colocaria você em perigo, Hailey. — Sua voz saiu firme, mas havia uma nota de vulnerabilidade ali. — Você sabe disso, não sabe?

Por um momento, a sala pareceu mais silenciosa do que antes. Encarei seus olhos, tentando encontrar alguma contradição nas palavras. Não havia.

— Eu sei — respondi, com um aceno.

E então, como se não quisesse deixar o clima pesado, ele voltou ao habitual Noah. Um sorriso atrevido apareceu, e ele inclinou a cabeça.

— Mas só para garantir, se você encontrar algo suspeito, promete que não vai bancar a heroína e tentar resolver sozinha?

Eu ri.

— Prometo. — Cruzo os dedos, sem ele perceber atrás das minhas costas.

Ele deu um passo para trás, cruzando os braços.

— Ótimo. Porque se eu tiver que te resgatar, vou começar a cobrar por isso.

— Você? Me resgatar? — arqueei uma sobrancelha, provocando. — Não se esqueça de quem salvou você daquela emboscada na faculdade.

Ele riu baixo, o som ecoando pela sala.

— Ah, sim. Como esquecer? Mas, se bem me lembro, você se queimou ontem por que misturou água com o óleo fazendo bolinhos de chuva... é esse nome bolinhos de chuva?

— Eu só me distraio com o recipiente...

— Claro que foi — ele respondeu, sarcástico.

... Um tempo depois...naquele mesmo dia de noite.

O relógio marcava meia-noite quando me vi de volta ao "submundo" de Nyxville, onde as luzes da cidade desapareciam, dando lugar a becos escuros e ruas desertas. Os únicos sons eram os passos ecoando no concreto e o zumbido distante de máquinas que nunca paravam. Eu segurava a lanterna com firmeza, mesmo sabendo que sua luz vacilante era um convite para o perigo. As pistas que eu tinha conseguido até aquele momento eram escassas. A mulher que contratou Noah, havia mencionado o desaparecimento do filho e sussurrado sobre algo que parecia mais um mito urbano do que uma realidade: "Eles o levaram para baixo." Essas palavras, repetidas vezes, ecoavam na minha mente.

Passei horas tentando decifrar o significado. Investiguei arquivos esquecidos, revisei mapas antigos da cidade e descobri uma rede de túneis subterrâneos que conectava antigas indústrias químicas desativadas. Era para lá que as pistas apontavam, e eu não podia ignorar.

Caminhei até uma entrada escondida, um portão de metal enferrujado nos fundos de um depósito abandonado. O cadeado parecia novo demais para um lugar tão velho, o que só confirmava minhas suspeitas. Com cuidado, retirei um grampo do bolso e, após alguns segundos de paciência e precisão, ouvi o clique libertador.

Atrás do portão havia uma escadaria que descia até o que parecia ser o coração da terra. Cada degrau rangia sob o peso do meu corpo, e o ar ficava mais pesado à medida que eu descia. O cheiro metálico começava a preencher minhas narinas, e um frio cortante percorria meu corpo, mesmo com o casaco que eu usava.

No fim da escada, um corredor estreito se estendia à minha frente. As paredes eram de concreto bruto, marcadas por rachaduras e manchas escuras que não queria analisar de perto. Segui adiante, guiada pelo leve som de máquinas trabalhando.

Finalmente, cheguei a uma porta dupla de metal, pesada e com marcas de arranhões, como se algo ou alguém tivesse tentado sair dali. Respirei fundo antes de empurrar a porta com força.

O que vi dentro fez meu estômago revirar.

O lugar era um caos organizado, uma mistura de tecnologia avançada e negligência assustadora. As paredes eram revestidas por monitores piscando dados incompreensíveis. No centro da sala, várias mesas metálicas estavam alinhadas, cada uma com marcas de ferrugem e manchas secas que eu sabia exatamente o que eram. Equipamentos cirúrgicos estavam espalhados, muitos deles cobertos por panos ensanguentados. O corredor que levava ao laboratório era apertado e escuro, iluminado apenas por lâmpadas piscando no teto, algumas à beira de queimar. O cheiro de ferrugem e produtos químicos era sufocante, e o som das minhas botas ecoava nas paredes de concreto como um aviso sinistro de que eu estava sozinha. Eu segurava a arma com firmeza, o dedo próximo ao gatilho, enquanto avançava com passos cuidadosos. A entrada do laboratório era marcada por uma porta de aço enferrujada, parcialmente aberta, deixando escapar um brilho esverdeado. Forcei-a com o ombro, e o som metálico ecoou pelo espaço. Assim que entrei, a cena que se desenrolava à minha frente parecia saída de um pesadelo.

As paredes, antes brancas, estavam manchadas de sangue seco e respingos de algo que parecia ser um líquido espesso e negro. Mesas metálicas estavam alinhadas em fileiras, algumas com corpos ainda deitados sobre elas. O ar estava gelado, mas eu sentia o suor escorrer pelas minhas costas. Um ventilador quebrado girava lentamente no canto, emitindo um som irritante e repetitivo. Cada mesa contava uma história de sofrimento. Corpos mutilados, com cortes precisos, como se tivessem sido dissecados por alguém que sabia exatamente onde abrir. As costuras malfeitas indicavam que não se tratava de autópsias comuns. Alguns corpos estavam conectados a máquinas antigas, com tubos que entravam em veias e saíam de órgãos expostos.

Li alguns documentos e relatórios, que estavam numa bancada, com o nome de três doutores, ou melhor cientistas daquele lugar: Doutor Giovanni, Doutora Min-Ji e Doutor Gomes. Tinha algumas anotações cobertas por sangue guardo elas no bolso da minha calça quem sabe uma hora poderia usá-las.

Me aproximei de uma das mesas. O homem, que deveria ter uns 45 anos, estava coberto por um lençol manchado. Sua pele parecia quase translúcida, revelando uma teia de veias escuras. Mas o que realmente me gelou foi a ausência de olhos. Em seus lugares, buracos vazios encaravam o nada, como se ainda pudessem me ver. No canto direito do laboratório, havia tanques enormes, cheios de um líquido viscoso de tom amarelado. Dentro deles, formas humanas flutuavam. Eu me aproximei, tentando ignorar o cheiro de decomposição. Aproximei o rosto do vidro e quase recuei quando percebi que uma das figuras tinha aberto os olhos.

Dei um passo para trás, respirando fundo para me recompor. No tanque ao lado, outra figura parecia diferente. Era um homem, mas sua pele tinha um brilho metálico, e algo nos seus traços sugeria que ele estava... vivo.

Foi então que ouvi o gemido.

No canto mais distante da sala, atrás de uma cortina rasgada, uma sombra se moveu. Minha arma apontou automaticamente para o lugar. Avancei devagar, empurrando a cortina com a ponta da arma.

Ele estava lá. Um homem, amontoado no chão, com a cabeça entre os joelhos. Sua pele tinha uma textura estranha, quase como aço polido, e sua respiração era irregular. Ele levantou a cabeça devagar, e nossos olhos se encontraram.

— Ajude-me... — Sua voz era rouca quase um sussurro. O que me deixou aterrorizada é porque era ele, Ian, o mesmo homem que estava procurando. O laboratório inteiro parecia gritar perigo, mas havia algo no olhar dele que me impediu de virar as costas. Não era apenas desespero – era dor misturada com uma centelha de esperança.

Quando o tirei dali, foi difícil até colocá-lo no carro. Levei-o direto para o hospital, esperando que ele fosse tratado.

As luzes fluorescentes do hospital lançavam um brilho frio e impessoal nas paredes brancas. O som contínuo do monitor cardíaco ecoava pela pequena sala onde Ian estava deitado. Seu corpo parecia exausto, mas seus olhos, apesar de semicerrados, observavam tudo com desconfiança.

Eu estava encostada na parede, com os braços cruzados e a mente trabalhando a mil. Aquele homem não era normal. Desde o momento em que o encontrei naquele laboratório grotesco, algo nele parecia diferente, e agora, os médicos confirmavam o que eu temia.

A porta se abriu com um rangido, e a enfermeira entrou, segurando uma bandeja de instrumentos. Seus passos hesitaram quando ela me viu. Havia algo na forma como seus olhos se moviam entre mim e Ian que denunciava sua inquietação.

— Senhora Hailey, posso falar com você? — ela perguntou, a voz baixa.

Eu assenti, saindo do canto onde estava e a acompanhando até o corredor. Ela fechou a porta atrás de nós, lançando um último olhar para Ian antes de começar a falar.

— Nós... tentamos coletar sangue para os exames, mas... não conseguimos — ela explicou, hesitante.

— Não conseguiram? Como assim? — perguntei, franzindo o cenho.

A enfermeira segurou a bandeja com força, como se precisasse de algo físico para lidar com o desconforto da situação.

— A agulha não atravessou a pele dele. É como se... fosse feita de metal ou algum outro material resistente. Isso não é normal.

Pisquei algumas vezes, tentando processar o que ela estava dizendo.

— Tentaram com outras agulhas?

— Tentamos de tudo, até mesmo com as mais finas e resistentes. Nada funcionou. É como se o corpo dele fosse à prova de qualquer coisa. — Ela me encarou, o tom da voz ganhando um toque de urgência. — A pele dele não é humana.

Voltei meu olhar para a porta do quarto, onde Ian estava. O peso daquelas palavras era sufocante. Algo dentro de mim já sabia que ele era diferente, mas ouvir isso de alguém com treinamento médico tornava tudo ainda mais real.

— Chame um médico. Quero ouvir o parecer dele também — pedi, tentando manter a voz firme, embora minha mente estivesse uma confusão.

A enfermeira assentiu rapidamente, desaparecendo pelo corredor.

Alguns minutos depois, o médico chegou. Um homem de meia-idade com um semblante sério e cansado. Ele estava com uma prancheta nas mãos e parecia desconfortável, como se estivesse prestes a compartilhar um segredo que não queria carregar.

— Então, doutor? O que descobriu? — perguntei, cruzando os braços.

Ele suspirou antes de começar.

— É exatamente como a enfermeira relatou. A pele dele é... excepcionalmente dura, mais resistente do que qualquer coisa que já vi. Fizemos exames de imagem, e os resultados são impressionantes. Os ossos dele são incrivelmente densos, e os músculos possuem fibras que não reconhecemos. Isso... — ele hesitou, olhando para mim. — Isso não é algo natural.

Minhas mãos apertaram o celular que estava no bolso do meu casaco. Minha mente imediatamente voltou para os relatórios que eu havia visto no laboratório, aquelas menções sobre "cobaias humanas" e "aperfeiçoamentos genéticos".

— Ele pode ser um dos primeiros Neogen's — murmurei para mim mesma, mas alto o suficiente para o médico ouvir.

— NeoGen ? — ele repetiu, confuso.

Balancei a cabeça negando, dispensando a explicação. Era muita coisa para processar, e aquele não era o momento de entrar em detalhes.

Voltei para o quarto de Ian. Ele me observava de sua posição na cama, seus olhos refletindo algo entre curiosidade e cansaço. Me aproximei devagar, sentindo o peso das revelações.

— Senhor, preciso que você confie em mim. — Sentei-me na cadeira ao lado da cama. — Quem fez isso com você?

Ele desviou o olhar, apertando os punhos. A respiração ficou irregular por alguns segundos antes de ele finalmente responder.

— O governo. Eles nos usaram... eles me prometeram ajudar minha mãe...

As palavras dele foram como um soco no estômago. Meus pensamentos se embaralharam, lembrando dos corpos que vi no laboratório, das máquinas que mantinham as pessoas vivas por pouco tempo antes de sucumbirem. Eu sabia que aquela investigação séria perigosa, mas estava claro que ela era muito maior do que eu imaginava. E, agora, eu tinha a prova viva de que o governo estava envolvido em algo que poderia mudar tudo o que conhecemos sobre humanidade.

Ian suspirou, fechando os olhos.

— Você não deveria estar aqui. Se eles souberem que me encontrou, vão atrás de você também.

— Que tentem — respondi, me levantando. — Não vou deixar isso para lá.

Ele me olhou, surpreso com minha determinação. Mas, no fundo, eu sabia que ele tinha razão. Depois do acontecimento, acabei ficando alguns dias sumida do mapa para investigar mais a fundo, estava em um apartamento que tinha conseguido comprar, debaixo orçamento. Lendo algumas das páginas que consegui roubar do laboratório.

O som de batidas na porta interrompeu meus pensamentos. Meu coração congelou. Ninguém sabia que eu estava ali. Peguei minha arma, andando lentamente até a porta.

— Hailey, sou eu — a voz firme de Noah me chamou do outro lado.

Abri a porta devagar. Lá estava ele, impecável como sempre, vestindo um terno preto escuro. Seu olhar era sério, mas havia um toque de alívio. O apartamento humilde parecia ainda menor com Noah ali, encostado na porta com os braços cruzados e um olhar misturava preocupação e frustração. Seu terno impecável estava ligeiramente amassado, algo raro para ele, e seus cabelos estavam desarrumados, como se tivesse passado os dedos por eles várias vezes.

Eu estava sentada à mesa improvisada de investigações, cercada por papéis, relatórios e o brilho suave de dois monitores. Minha cabeça latejava depois de semanas sem dormir direito, mas eu sabia que precisava lidar com ele antes de qualquer outra coisa.

— Como você me encontrou? — perguntei, tentando manter a voz firme, embora a surpresa e o cansaço estivessem evidentes.

Noah ergueu uma sobrancelha, o traço de um sorriso debochado surgindo nos cantos de sua boca.

— Você acha mesmo que eu não saberia onde minha esposa se esconde? — Ele segurou o celular no ar, exibindo a tela. — Rastrear o ID do seu celular não é exatamente difícil, Hailey.

Revirei os olhos, mas um pequeno sorriso escapou antes que eu pudesse evitar.

— Claro, porque invasão de privacidade é a sua especialidade.

Ele deu alguns passos para dentro, deixando a porta se fechar atrás de si. A expressão divertida desapareceu lentamente, dando lugar a algo mais sério. Ele passou os olhos pela bagunça na mesa, depois voltou a me encarar.

— Você sumiu por três semanas, Hailey. Três semanas sem atender o celular, sem dar notícias. — A voz dele saiu baixa, mas carregada de tensão. — Sabe quantas vezes eu pensei no pior?

Engoli em seco, desviando o olhar.

— Eu precisava resolver isso sozinha, Noah. Não era algo que eu queria colocar nos seus ombros.

Ele soltou uma risada curta, mas sem humor.

— Colocar nos meus ombros? — Ele deu mais um passo à frente, e agora sua voz tinha aquele tom firme, quase severo, que ele raramente usava comigo. — Você acha que ficar no escuro, imaginando se algo aconteceu com você, foi mais fácil?

Levantei-me da cadeira, enfrentando-o.

— Eu estava tentando te proteger!

Ele estreitou os olhos, descruzando os braços.

— Proteger de quê, Hailey? Isso aqui — ele apontou para os papéis na mesa — é maior do que você. Eu conheço você, sei que não vai parar enquanto não descobrir a verdade, mas você não precisa fazer isso sozinha.

Aquelas palavras me atingiram em cheio. Era verdade que eu tinha o hábito de carregar o peso do mundo sozinha, mas parte de mim ainda acreditava que isso era necessário.

— Eu não queria te envolver nisso — murmurei, desviando o olhar.

Noah se aproximou mais um pouco, agora a apenas um passo de distância. Sua voz suavizou, mas ainda carregava aquela intensidade que só ele conseguia transmitir.

— Hailey, você é minha esposa. Não importa o quão complicado ou perigoso seja, eu estou do seu lado. Sempre estive.

Levantei os olhos para ele, encontrando aquele olhar que parecia ver através de todas as minhas defesas. Ele colocou as mãos nos meus ombros, o toque firme e reconfortante.

— Eu sei que você é teimosa — ele continuou, um sorriso brincalhão surgindo. — Mas eu sou mais teimoso.

— Ah, é mesmo? — arqueei uma sobrancelha, tentando esconder o sorriso que ameaçava escapar.

— Com certeza. — Ele inclinou a cabeça, seu tom ficando mais leve. — E, para sua informação, eu sou muito bom em rastrear pessoas. Então, mesmo que você decida desaparecer de novo, não vai se livrar de mim tão fácil.

Revirei os olhos, mas dessa vez não consegui evitar o sorriso. Ele era exasperante, mas também era exatamente o que eu precisava naquele momento.

— Tudo bem, Sherlock. — Suspirei, apontando para a mesa. — Se você vai insistir em ficar, é melhor se preparar. O que descobri aqui é muito maior do que imaginava.

Noah olhou para a mesa, o semblante ficando sério novamente. Ele puxou uma cadeira e se sentou, como se estivesse se preparando para uma batalha.

— Então, vamos resolver isso juntos.

Sentei-me ao lado dele, sentindo o peso daquelas semanas de solidão começar a desaparecer. Noah era muitas coisas — teimoso, arrogante, sarcástico —, mas ele também era minha âncora.

E, naquele momento, eu soube que, com ele ao meu lado, eu poderia enfrentar qualquer coisa. 

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