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Guiando o carro pelas ruas conhecidas da cidade, senti um alívio misturado com nervosismo. Jennie estava ao meu lado, olhando pela janela, perdida em seus pensamentos. A decisão de ela voltar para casa após o episódio no hospital foi difícil, mas necessária.
Estacionei o carro na frente do apartamento dela, e antes que eu pudesse dizer algo, Jennie soltou um suspiro e disse:
— É bom estar de volta, apesar de tudo.
Abri a porta para ela, oferecendo minha mão para ajuda-la a sair do carro em segurança.
— Vamos enfrentar isso juntas, Jennie. Estamos em casa, onde podemos encontrar conforto e apoio moral uma da outra.
Entramos na sala, e vi seus olhos percorrerem o ambiente familiar.
— Às vezes é difícil acreditar que isso é real.
Jennie se virou para mim e seus olhos expressaram gratidão misturada com uma pitada de medo.
— Eu não mereço alguém tão incrível como você, Lisa.
Segurei seu rosto suavemente, buscando paciência para lidar com essa insegurança da Jennie que já está me tirando do sério.
— Não se trata de merecimento, Jennie. O amor é uma jornada, e estamos nela juntas. Vamos superar os obstáculos, celebrar as alegrias e crescer como um casal.
Ela assentiu com um sorriso tímido surgindo.
— Eu quero isso, Lisa. Quero construir o nosso futuro e a nossa família juntas.
Deixei um beijo delicado em sua testa.
— Então, começamos agora. Passo a passo, um dia de cada vez, fechado? — ela assentiu.
Aconchegamo-nos no sofá, e pela primeira vez em um longo tempo, senti uma sensação de serenidade. Estamos em sua casa, e mesmo com as cicatrizes emocionais que ambas tivemos, sei que cada desafio fortaleceu o vínculo entre nós.
***
Um mês depois
Estava eu, navegando pelo o meu Instagram em busca de alguma fofoca para compartilhar com a minha querida amiga Rosé.
Jennie estava tomando banho enquanto eu e Rosé estávamos largadas no sofá da sala da minha namorada.
— Rosé — chamei a garota com os olhos arregalados enquanto encarava a tela do meu celular.
— O que foi, praga? Você me grita com uma voz que expressa: eu achei uma fofoca daquelas — ela afinou a voz. — E fica calada?!
— Olha isso — mostrei o celular para ela, fazendo a garota arregalar os olhos também.
— A Taylor Swift tá vindo pra cá?
— Sim.
— Meu Deus! A Jennie vai surtar. Eu tô surtando, caralho — ela disse, feliz enquanto segurava o choro.
— Eu tive uma ideia. Tem uma música da Taylor que é perfeita pra eu fazer um... negócio, sabe? — ela me encarou com o cenho franzido. — O primeiro passo é conseguir os ingressos.
— É o primeiro passo e o mais difícil também — assenti. — Já sabe quando vão começar a vender?
— A semana que vem. Eu vou fazer de tudo pra conseguir esse ingresso. Se eu não conseguir, eu não me chamo Lalisa Manoban.
— Prazer, Júlia Lopes! — Rosé estendeu a mão rindo enquanto eu revirava os olhos e fingia um riso sarcástico.
— Ha, ha, ha. Nossa, como você é engraçada, Roseanne.
***
Chegou o dia.
Qual nome combina melhor comigo?
Yah Manoban?
Chai Manoban?
Akira Manoban?
Eliza Manoban?
Pensava nisso enquanto encarava a tela do computador, apertando desesperadamente o mouse para liberar a compra dos ingressos, recarregando a página a cada cinco segundos.
— Ah, muleque! — comemorei ao ver a tela. — Agora é só comprar essa porra, caralho!
Jennie me ligou enquanto eu estava efetuando a compra, apenas ordenei para que a Alexa atendesse, pois cada tempo que eu gasto, pode resultar em péssimos resultados.
— Oi, amor — disse.
— Onde cê tá? Eu acabei de sair da minha sessão de fotos. A gente pode almoçar juntas?
— Claro. Vou passar aí pra te pegar, tudo bem?
— Não. Eu tô perto de um restaurante tailandês. Vou te mandar a localização e você me encontra lá, tudo bem?
— Ok. Me avise se alguém tentar relar em você sem a sua permissão. Você é famosa, mas tem dona.
— Para com esses seus ciúmes bestas, Lalisa— ela pediu enquanto ria. — Beijos. Cuidado na estrada, amor!
— Tá bom. Beijo.
***
— Está solteira, gostosa? — perguntei assim que vi Jennie.
Ela estava de costas para mim, portanto, a garota não me viu chegar e isso causou um pequeno susto nela, fazendo ela agir por impulso e dar uma cotovelada nas minhas partes íntimas.
— Que susto, garota! — ela disse assim que se virou para trás. — Desculpa, amor! — sua risada tornou tudo mais leve, menos a dor que eu estava sentindo.
— Ai, aí, ai, ai — gemi enquanto andava lentamente até a cadeira em sua frente, com as minhas mãos na frente do meu membro, com medo de levar mais uma pancada. — Pra que isso, amor? Machucou — choraminguei enquanto mantinha a minha expressão de dor.
— Eu pensei que fosse um psicopata que iria abusar de mim. Você engrossou a voz e ficou parecendo a voz de um homem, Lisa. A minha primeira reação foi dar uma cotovelada.
— Nas minhas partes?!
— Legítima defesa — ela deu de ombros.
— Ah, tá doendo — gemi novamente e ela revirou os olhos.
— Ahh, faça meu favor, Lalisa. Eu limpo a casa morrendo de cólica — ela bebeu um gole de suco de laranja.
— Você sabe o quanto dói um chute no saco? — perguntei e ela me encarou com as sobrancelhas arqueadas.
— Mulher menstrua e sente cólica todo mês; a gente têm que fazer parto; a gente têm que ficar se preocupando com o que vestir porque, segundo a humanidade, se um homem te estuprar é por causa da tua roupa de piriguete; a gente têm que se depilar sempre quando os pêlos começam a crescer porque, segundo a alguns homens tarados, mulher que não se depila é porca, suja e relaxada — ela contou nos dedos cada coisa que falou. — Daí você pega, olha pra minha cara e fala isso aí? Eu fiz isso em legítima defesa. Se você achou ruim, o problema não é meu. Imagina se fosse um tarado e eu não tivesse feito isso? É melhor eu me prevenir do que acabar sofrendo. E outra: por que é que você foi inventar de me dar um susto, Lalisa Manoban?
— Amor, calma — pedi enquanto ela me encarava com um olhar severo. — Eu só disse que um chute no saco dói.
— E eu disse tudo o que dói em uma mulher — ela deu de ombros. — Direitos iguais.
— Eu sou mulher também, lembra?
— Você tem uma vagina?
— Não.
— Então você não tem direito de fala.
Sorri e escorei minhas costas na cadeira enquanto observava a linda garota encarar a rua movimentada de Seul.
***
Já na casa da Jennie, eu estava saindo do banho quando encontrei Jennie sentada no sofá com lágrimas silenciosas escorrendo por seu rosto lindo e fofo.
Preocupada, me aproximei e perguntei suavemente:
— Amor, o que aconteceu? Por que está chorando?
Ela olhou para mim, tentando sorrir, mas a tristeza é evidente em seus olhos, isso me preocupou ainda mais.
— Os ingressos pro show da Taylor Swift esgotaram, Lisa. Eu tava tão animada pra ir, e agora...
Senti um aperto no peito ao ver sua decepção. Sem hesitar, peguei suas mãos e disse:
— Não se preocupe, amor. Vamos encontrar outra maneira de você ver a Taylor. Nem que seja pela a TV — disse e ganhei um tapa da garota.
Jennie suspirou, mas antes que pudesse responder algo, peguei algo da minha bolsa e mostrei para ela.
— Surpresa! Comprei ingressos pro show da Taylor Swift pra nós duas — seus olhos se arregalaram e uma mistura de surpresa e felicidade tomaram conta dela.
— Você fez isso por mim?
— Eu comprei porque sabia que você não teria tempo por conta da sua sessão de fotos.
— Eu pensei que você não gostasse da Taylor — concordei. — Por que comprou pra nós duas, amor?
— Porque você merece realizar seus sonhos, e estaremos lá juntas pra aproveitar cada momento. Eu sei que ver a Taylor vai ser algo muito especial pra você, e eu quero fazer parte desse momento especial na sua vida. Eu quero ver o brilho no seu olhar ao ouvir a Taylor cantar The Man — a música preferida dela é essa —, ao ver a Taylor brilhar nos palcos enquanto canta Don't Blame Me.
Ela me abraçou com força enquanto chorava, ainda processando a surpresa que eu fiz para ela.
— Eu não posso acreditar. Você é incrível, Lisa. A melhor namorada de todas!!!! — ela pulou no meu colo, fazendo-me cair deitada no sofá.
Logo meu rosto foi enchido de selares por inteiro, deixando-me com uma sensação de aconchego, ouvindo um "eu te amo" a cada beijo deixado por ela.
Jennie parou de me beijar e enxugou as suas lágrimas, substituindo-as por um sorriso radiante e gengival.
— Obrigada, Lisa. Eu te amo, garota — ela disse em alto e bom som, fazendo-me sorrir de orelha a orelha.
E ali, em meio à alegria e à gratidão, sabemos que momentos especiais como esses fortalecem ainda mais nossa conexão.
Tá acabando 🥺😭
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