{21}

Faltam poucos dias para Lisa começar a turnê. Eu sempre chamo ela para dormir e passar o dia aqui comigo, pois não sei se vou vê-la tão cedo novamente.

Eu confesso que não melhorei nada, ainda continuo com o mesmo mal-estar e a mesma vontade de morrer, portanto, eu estou meio que me despedindo dela, não sei se aguentarei por muito tempo.

Os hates que eu venho recebendo estão aumentando cada vez mais. Por mais que eu tente não ligar, ainda sim fazem eu me sentir muito mal em relação ao meu corpo e a minha vida.

Eu penso e repenso todo dia se é isso mesmo que eu quero. Se ser pecadora é o que eu quero para o meu futuro.

— Amor — Lisa me chamou e eu rapidamente virei meu olhar para ela —, o que foi? Você tá tristinha.

Estamos deitadas na minha cama, assistindo um filme para pegarmos no sono. Uma chuva fraca caí do lado de fora, mas confesso que eu nem ligo para isso mais.

Faz semanas que eu não pego num livro, inclusive. Eu só bebi café porque Lisa fez para mim, senão eu não teria bebido.

— Eu tô bem, vida — dei-lhe um beijo esquimó na garota e logo me encolhi em cima do seu corpo, abraçando a sua cintura fina. — A gente pode dormir assim? Eu quero aproveitar cada segundo da minha vida ao seu lado, amor.

— Você fala como se fosse morrer, Jennie — seu olhar preocupado caiu sob mim e logo senti seus braços se tocarem envolta da minha cintura, apertando um pouco o meu corpo.

— Eu posso ou não?

— Claro que pode — enterrei meu rosto na curva do seu pescoço. — Amor, você tá bem mesmo?

— Uhum...

Não quero preocupa-la. Lisa tem que dar atenção aos fãs agora.

— Eu te amo, Lili...

— Eu também te amo, Nini! — ela me abraçou mais forte e começou a deixar selares pelo o meu pescoço, fazendo-me arrepiar.

***

Alguns dias depois

Hoje chegou o dia de Lisa ir para a turnê. Logo pela a manhã ela saiu para ir resolver mais algumas coisa. Seu vôo saíra de Seul às três da tarde, agora são uma da tarde e ela está tomando banho.

Estou sentada na minha cama agora, aguardando Lisa sair do banheiro enquanto encaro o meu mural da Taylor Swift.

— Jennie, estou indo agora. Prometo que vou te ligar todos os dias e mandar mensagens sempre que puder.

Olhei para Lisa, tentando forçar um sorriso, mas meus olhos revelaram a tristeza que tinha dentro de mim.

— Eu sei, Lisa. Boa sorte na turnê, eu sei que você vai arrasar.

Lisa coloca a mala no chão e se senta ao meu lado na cama, segurando minhas mãos com cuidado.

— Jennie, você parece... diferente ultimamente. Tá tudo bem, meu amor?

Eu desvio o olhar, sentindo um nó se formar na minha garganta, buscando forças para não chorar na frente dela.

— Eu... eu estou lutando contra algo, Lisa. Algo dentro de mim que eu não tô conseguindo controlar.


Fui surpreendida quando ela me abraçou carinhosamente, percebendo a dor nos meus olhos.

— Por que não me contou antes?

Enxuguei uma lágrima solitária que escorria do meu olho.

— Eu não queria te preocupar. Quero que você se concentre na sua turnê, não em mim.

Ela segurou o meu rosto, olhando profundamente no fundo dos meus olhos e disse:

— Você é a coisa mais importante pra mim, Jennie. Sua saúde e felicidade vêm antes de qualquer turnê. Promete que vai procurar ajuda.

Assenti, sentindo um misto de alívio e medo dentro de mim enquanto eu engolia em seco.

— Eu prometo — sorri e ela me abraçou com força antes de se levantar para pegar a sua mala.

— Me acompanha até a porta?

— Claro — levantei-me da cama e caminhei ao seu lado até a sala de estar.

Lisa parou na minha frente, deixou a mala de lado e segurou a minha mão com ternura enquanto olhava nos meus olhos, tentando esconder a tristeza que começava a crescer dentro dela também.

— Eu vou sentir tanto a sua falta, Jennie — disse Lisa, lutando para manter a voz firme. — Mas essa turnê é uma oportunidade incrível. Prometo ligar todos os dias e mandar mensagens sempre que eu puder.

Forcei um sorriso, mas tenho certeza que meus olhos revelavam a dor que eu tentava esconder.

— Tá bom, Lisa. Você vai brilhar lá fora, tenho certeza disso — disse, engolindo em seco. — Vou ficar bem, não se preocupe. Só aproveite a oportunidade, tá bom?

Lisa acariciou suavemente o meu rosto e segurou meu queixo gentilmente, fazendo eu levantar meu olhar para encarar a garota em minha frente.

— Você sabe que pode me ligar a qualquer momento, não é? Eu estarei sempre aqui pra você, não importa a distância. Eu te amo muito, Jennie.

Com lágrimas nos olhos, eu abracei Lisa com força, sentindo o meu coração apertado pela iminente partida.

— Eu também te amo, Lisa. Volte logo para casa, por favor.

Nos abraçamos por mais um tempo, compartilhando um último momento juntas antes de Lisa partir para a sua turnê, deixando-me com um nó na garganta e a esperança de que a distância não fosse tão dolorosa quanto imaginava.

— Vou ligar assim que chegar ao próximo destino, certo?

Eu sorri levemente, tentando conter as minhas lágrimas.

— Certo. Vai lá e arrasa, Lisa.

Lisa sorriu de volta e saiu pela a porta, deixando-me sozinha, lutando contra minhas próprias batalhas internas.

O silêncio parecia ensurdecedor quando Lisa partiu. Eu sabia que ela estava seguindo seus sonhos, mas o vazio que se instalou em meu peito era avassalador.

Depois de alguns dias, Rosé tecnicamente me obrigou a ir fazer uma consulta para verificar se eu estava com depressão. E, infelizmente, algo que eu não gostaria de sentir, se tornou parte da minha tão triste e desprezada vida.

Os dias se arrastavam lentamente, cada hora parecia um fardo. A solidão se tornou uma companhia constante, um buraco negro consumindo minhas energias. Eu não queria preocupar Lisa, então mantive a minha dor escondida, afundando cada vez mais na escuridão da depressão.

Os telefonemas e mensagens dela eram uma luz fraca na escuridão, mas a tristeza parecia sempre voltar quando a chamada terminava. Tentei esconder isso, agindo normalmente nas nossas conversas, mas a dor era como uma sombra persistente, sempre presente.

Busquei ajuda, percebendo que a dor não iria embora sozinha. A terapia me deu ferramentas para enfrentar a depressão, mesmo à distância. Aos poucos, aprendi a lidar com a saudade e a solidão. E, com o tempo, comecei a encontrar um pouco de luz, mesmo na ausência física de Lisa.

As noites tornaram-se mais longas desde que Lisa partiu. O apartamento parecia mais vazio, mesmo com todas as lembranças que ela deixou para trás. Cada canto carregava um eco da risada contagiante de Lisa, e cada silêncio gritava a ausência dela.

Eu tentava preencher o vazio com atividades cotidianas, mas a tristeza se infiltrava em cada momento. As mensagens de Lisa eram como um farol de luz em meio à escuridão, mas a distância tornava a conexão cada vez mais tênue. A solidão se transformava em um peso insuportável para  mim.

Às vezes, eu me pegava olhando fotos que tiramos juntas, revivendo os momentos felizes que compartilhamos.

— Será que ela sente minha falta tanto quanto eu sinto a dela? — eu pensava, tentando encontrar conforto na ideia de que a separação era temporária.

A depressão que eu mantinha escondida agora se manifestava mais intensamente. As lágrimas, antes contidas, caíam silenciosas no travesseiro à noite. A rotina tornou-se um fardo, e a esperança de um reencontro era a única âncora que me impedia de afundar completamente.

A terapia se tornou o meu refúgio, um lugar onde podia expressar livremente minhas emoções e enfrentar os meus demônios internos.

Enquanto Lisa brilhava nos palcos, eu lutava minha própria batalha nos bastidores. E, à medida que as estações mudavam, nós acreditávamos que o amor que compartilhamos seria forte o suficiente para superar os desafios da distância.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top