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Não me matem por esse capítulo e nem os próximos 😖😖😖
Jennie está estranha comigo desde ontem à noite. Eu mandei uma mensagem, porém ela não respondeu.
Não sei se a conheço tão bem assim. Talvez tenha algo que ela esconda de mim.
–— Bom dia, maninha!
–– Oi, Jisoo... Eu tava bem melhor sem você — ela bufou e revirou os olhos.
–– Também senti sua falta, Lisa –– seu corpo encostou no meu para um abraço. –– Me conta tudo, Lisa. O que rolou lá?
–– Onde? –– deitei-me em minha cama.
–– Como assim "onde"? Em Busan, sua idiota. Vocês realmente tão namorando? –– assenti. –– Aí, isso é um máximo. –– ela se jogou em meu lado na cama. –– Me conta logo. Como foi?
Minha boca se formou num sorriso bobo enquanto eu olhava para a parede, lembrando dos momentos que tivemos em Busan.
–– Foi... foi incrível. –– Ela se aconchegou ao meu lado, deitando de bruços e apoiando seu rosto em suas mãos. –– Conheci um parque diferente dos daqui, descobri que a Jennie tem um ex-namorado, seus pais tem um cachorro chamado Kuma, descobri que ela canta e comecei a gostar de Taylor Swift...
–– Espera! Você disse que começou a gostar da Taylor Swift? — ela me encarou boquiaberta e com o nariz franzido.
Assenti.
Seu queixo caiu.
–– O que mais aquela garota fez você gostar? –– ela sentou-se de pernas cruzadas. –– Fez você gostar de ler? –– um riso sarcástico dominou a minha mente enquanto a garota perguntava sorrindo.
Olhei-a com um olhar de afirmação e baixei a minha cabeça para conter o meu sorriso.
Jisoo olhou-me boquiaberta e paralisada, totalmente chocada com o que ela havia acabado de descobrir.
–– O quê? É tão estranho assim eu gostar de ler?
–– Ah, é! É muito, dona Lisa. Você nunca pegou num livro sem ser os livros didáticos da escola, véi — revirei os olhos e ri.
***
Já se passou algumas semanas desde que eu e Jennie nos falamos pessoalmente. Eu confesso que estou começando a ficar mais preocupada do que eu já estava.
Ultimamente, estou tendo bastante reuniões, shows e eventos, mas sempre arranjo um tempo para ligar para ela, por mais que ela nunca me atenda.
Hoje o clima está nublado e fresco, pois choveu a noite inteira.
Marquei de encontrá-la no parque hoje, mas, deu uma hora, duas horas, três horas e nada.
Trouxe um buquê de flores para me desculpar. Eu sei lá o que eu fiz, mas ontem enviei uma mensagem e ela apenas ignorou, como todas as outras.
Liguei para ela para mostrar minha nova música, a minha nova composição, mas ela simplesmente não me atendeu.
Será que ela desistiu de mim?
Será que ela não me ama mais?
Será que ela percebeu que era só uma fase e quis voltar a ser hétero?
Será que...
Meus olhos esbarraram com os de uma bela garota. As flores que estavam sem cor, ficaram todas coloridas, o céu cinza ficou um pouco azul, até o vento que estava parado, resolveu se movimentar pelas árvores, por todo o seu lindo e grande cabelo moreno.
Um sorriso nasceu em meu rosto, mas... no dela, uma cara fria e sombria o dominava por inteiro. O ar que ela passa está diferente. Quando a vi, reparei em uma coisa: ela não está com nada amarelo. Rosé me disse que quando isso acontece –– quase nunca ––, quer dizer que ela está triste, mal-humorada ou qualquer coisa do tipo.
Tomara que ela não queira terminar comigo.
–– A gente precisa conversar, Lalisa –– disse ela com os braços cruzados enquanto me encarava friamente.
Ela vai terminar comigo.
Segurei o choro e assenti como uma mulher madura de 22 anos iria assentir.
Optamos por procurar um lugar que tenha mais privacidade para conversarmos. Passamos no Starbucks e compramos o café dela.
–– Então, sobre o que quer conversar? –– perguntei.
Neste exato momento, estamos no estacionamento do Starbucks, sentadas em uma mureta um pouco alta.
O chão está molhado, refletindo algumas coisas que tem ao redor das poças d'água e o clima está úmido e fresco, perfeito para assistir um filme de zumbi ou dormir.
Está marcando pouco mais que 9 grau, mas ainda está de manhã, ou seja, pode esquentar mais um pouco na parte da tarde.
Optamos por nos encontrarmos às seis e meia da manhã, pois, mais tarde ela tem sessão de fotos da Chanel e também teria mais paparazzis nos seguindo.
O silêncio que está sob nós, é amedrontador, ele está me deixando com um certo medo. A garota está segurando o choro ao meu ver, e isso está me preocupando ainda mais.
Uma fumaça está saindo pela as nossas bocas ou narizes sempre que respiramos, o ar poluído de Seul entrando pela as nossas narinas, o frio que bate em nossos corpos e fazem meus pelos arrepiarem, minhas mãos congelando fazendo com que eu trema um pouco o meu queixo enquanto tento aquece-las e, o barulho dos carros buzinando, tudo isso está me deixando ainda mais nervosa.
–– Trânsito, frio, silêncio, fedor, estacionamento –– olhei para ela ––, garota que não abriu a boca desde que chegamos.
Ela deu um sorriso amarelo e olhou para as suas coxas cobertas por uma calça moletom preta.
–– O que foi, Jen?
Esperei-a beber um gole de café.
–– Olha –– ela pegou seu celular e me mostrou comentários de seus vídeos.
Olhei um por um e logo mirei meu olhar para a garota.
–– São comentários. O que tem eles?
–– Eles estão me magoando, sabe? — sua voz estava fraca e seus olhos estavam lacrimejando.
Entendi.
–– Jennie, eu também tenho esse tipo de comentário nas minhas fotos. A maioria são de pessoas que não tem foto ou nome no perfil.
–– Mas... eu não estou aguentando todas essas críticas, Lalisa –– ela choramingou e deixou uma lágrima escapar. –– Eu tô me machucando pra caramba. Eu juro que eu tentei...
Após a última fala da garota, parei para raciocinar e logo mirei o olhar para o seu braço que ela expos ao frio para me mostrar várias cicatrizes de cortes em seu pulso e seu antebraço esquerdo.
Segurei suas mãos e a virei para mim.
–– Jennie, o que você vai fazer? — perguntei com a voz trêmula.
–– Eu quero terminar. Vai ser melhor assim, Lalisa.
Pensei em dizer algo, mas fiquei calada por um tempo, pensando se eu deveria ou não dizer o que eu estava pensando.
–– Olha, eu estou aqui pra você. Nós vamos lidar com isso juntas, tá bom? –– segurei o choro. — Eu não quero ver você sofrendo desse jeito, meu amor — com o meu polegar eu limpei uma lágrima que insistiu em escorrer de seu olho.
–– Lalisa –– sua voz estava trêmula por conta do frio ––, eu não consigo.
–– Consegue! Eu sei que consegue. –– Limpei outra lágrima sua e encostei sua cabeça em meu ombro. –– Você é uma das melhores pessoas que eu já conheci. Se não for a melhor. Eu já sofri com isso, lá no começo da minha carreira, quando eu me assumi para o público –– fiquei acariciando seu cabelo enquanto segurava meu choro. –– E ainda por cima, eu não tinha mãe e nem pai pra me ajudar. Nem amigos. Era só eu e minha irmã, no interior de Seul. Nunca cheguei a me cortar, mas já tive que fazer curativos em todos os dedos das minhas mãos porque eu me exaltei tocando guitarra.
–– O que você quer dizer com isso?
–– Eu quero dizer que: não importa o que acontecer, não se machuca atoa. Por favor, Jennie! Eu te amo! Não suporto te ver assim. Eu faria qualquer coisa pra te ver feliz. Qualquer coisa. Eu não vou te abandonar, nunca, ok?
–– Promete?
–– Claro que eu prometo, meu amor.
Esse tempo todo, segurei minhas lágrimas e me mantive forte para consolar a minha namorada.
Partiu o meu coração ver seu braço todo cortado, todo vermelho e cheio de sangue. Aquilo foi algo que me machucou muito e só me fez enxergar mais o quanto a Internet e tóxica.
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