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Tenho que admitir que: nunca senti isso com ninguém. Eu até namorei outras vezes, mas não era como se eu fosse explodir de amor.
Quando estou com a Lisa, o mundo parece não existir, eu me sinto eu mesma. Nem com a Rosé eu sou tão... do meu jeito.
Tenho que admitir uma coisa: eu aceitei gravar a cena do beijo porque eu queria experimentar; saber como é beijar uma menina, uma pessoa do mesmo sexo e, por mais incrível que pareça, eu gostei!
Eu gostei?! O que isso significa?
Eu não posso me apaixonar por ela. Já pensei e tive várias dúvidas sobre a minha sexualidade, mas tudo não passou de um surto que eu tivera no passado.
Deus me fez assim e eu não posso ir contra as vontades dele.
Isso que eu falei pode ser interpretado mal por algumas pessoas. Mas, às vezes, temos que aguentar as frases mais profundas e que mais machucam, calados...
Bater de frente com alguém que falou mal ou alguma coisa homofóbica sobre você, não vai ajudar você a seguir em frente. Só ignore as palavras e frases ruins e segue a sua vida. Deixe que eles sigam as deles.
Secando o cabelo dela, percebi que ela é mais linda do que eu imaginava.
Linda, gostosa e beija bem. O que mais eu poderia querer?
–– Lalisa –– desliguei o secador e ela me olhou com atenção pelo o reflexo do espelho ––, você gosta de mim de verdade ou só é porque passamos tempo demais juntas?
Pelo visto, eu não sou a única que tem medo desse tipo de pergunta. A Lalisa ficou branca que nem um fantasma. Provavelmente, ela possa... possivelmente... gostar de mim.
–– Sim! Eu gosto de verdade de você, Jennie!
E agora? O que eu faço? Eu não tenho certeza se gosto dela. Nunca experimentei namorar uma menina antes. Será que é realmente bom? Será que não é só uma fase? Se for uma fase, não quero começar um relacionamento sério com ela. Não quero machuca-la no futuro.
–– Pronto! Seu cabelo já tá seco. Pode ir dormir. Boa noite!
Afastei-me e fui guardar o secador. Após isso, eu fui em direção a porta, recebendo o olhar confuso dela.
Preciso ligar para a Rosé.
–– Onde você vai, Jen? Eu disse alguma coisa de errado?
–– Não, Lisa. Eu só –– pensa, pensa –– vou tomar um ar fresco.
— Eu vou com você — ela se levantou.
–– Não! –– gritei, desesperada. –– Fica. Vou encontrar um amigo meu — ela assentiu e foi em direção a cama, se deitando lá.
Que amigo? Eu não tenho nenhum.
***
Tentei ligar para a Rosé trinta mil vezes, mas ela não me atendeu. Só tinha uma outra pessoa que eu poderia falar.
A Jisoo...
Procurei pelo o seu contato no meu celular. Não faço em que momento eu peguei o seu número, mas ele está aqui e é isso que importa.
Dei de ombros e ignorei os meus pensamentos. Fiquei andando de um lado para o outro, esperando a garota atender.
Eu estava roendo as minhas unhas e suando frio. Assim que Jisoo atendeu, eu me sentei num banco de madeira e comecei a tremer a minha perna.
–– Jennie? Por que me ligou de vídeo? O estrupício da minha irmã aprontou alguma coisa?
–– Não. É outra coisa.
–– O que foi? Você está chorando? O que aconteceu, garota? — ela se desesperou e gritou enquanto mexia o celular.
Respirei fundo e respondi:
–– Eu não tô conseguindo viver com a Lisa.
–– Como?
–– Eu admiro muito a Lalisa. Ela é uma garota legal; inteligente; engraçada; interessante; talentosa, linda e o seu sorriso então... esplendido! — disse olhando para o céu estrelado, lembrando da garota sorrindo para mim.
–– Não entendi. Por que não consegue viver com ela? — ela franziu o cenho e me encarou com dúvida.
–– Sempre quando eu vejo a sua irmã, as borboletas do meu estômago –– dei uma pausa para respirar fundo –– começam a fazer uma festa dentro da minha barriga. E o pior: eu não quero acreditar que me apaixonei. Que me apaixonei por ela. Inacreditável como alguém como eu, uma pessoa que lê; ama café; ama a natureza e, que se dependesse, se mudaria para uma casa do campo, sem internet e sem nada, só com os livros –– dei mais uma pausa, só que dessa vez, mais longa. — Possa se apaixonar por alguém que seja o oposto.
–– Já ouviu aquela frase: "Os opostos se atraem"? –– assenti. –– Então, Jen, seus olhos brilham quando você fala daquela idiota. Você tá apaixonada sim e sim. Aceita que dói menos, mulher!
–– Mas eu nunca namorei uma mulher.
–– Pra tudo tem uma primeira vez, Jen. E se você quiser mesmo namorar de verdade com ela, a atitude vai ter que ser de você –– alguém a chamou. –– O Jungkook tá me chamando. Tchau, tchau! –– ligação encerrada.
–– Pedido de namoro? Interessante.
***
É sempre tão bom voltar para a sua cidade natal.
Logo quando acordei pela manhã, mamãe já estava acordada. Ela sempre acordou bem cedo para fazer um café a manhã delicioso.
Lembro-me que quando criança: acordara cedo para assistir aos desenhos animados; minha mãe fazia um achocolatado morno para mim; meu pai saía cedo para trabalhar; depois de um tempo, eu me banhava e minha mãe me levava para a escolinha.
A época da minha vida que jamais irei me esquecer.
Lalisa foi à fazenda dos meus pais. Segundo a minha mãe, ela foi pegar o leite que os funcionários do meu pai tiraram da vaca.
–– Jennie, minha filha, vai lá comprar pão, por favor –– pediu minha mãe, com o dinheiro na mão.
–– Ok! Precisa de mais alguma coisa?
–– Muçarela e mortadela — assenti e me retirei para o lado de fora do quintal.
Peguei minha bicicleta que usara quando era mais nova, e fui a caminho da padaria do meu ex-sogro –– Yoongi o pai do Kai, meu ex-namorado um pouco tóxico.
Há alguns anos atrás, antes de decidir morar em Seul, eu tive um namorado de escola. Namoro adolescente. Porém, diferente dos outros, ele havia reprovado várias e várias vezes, portanto, quando começamos a namorar, ele tinha 20 e eu 17. Começamos a namorar no terceiro ano do ensino médio.
Kai e eu éramos um dos casais que tinha mais química da escola inteira.
Todos diziam: "Queria ter um namorado como o seu". Mas poucos sabiam a raridade de ter um momento fofo com ele. Em público, éramos fofos, em casa, ele era tóxico.
Já perdi as contas de quantas vezes ele brigou na escola. Todos os garotos que me olhavam, ele arranjava encrenca.
–– Bom dia, Yoongi!
Sua cara de espanto me assustou.
–– O senhor tá bem?
–– Como você cresceu, Jennie!
O senhor em minha frente, saiu de trás do balcão para me abraçar.
–– Quanto tempo, garotinha!
Acho que ele acha que tenho 3 anos de idade.
–– Do que precisa?
Após fazer o meu pedido e pegá-lo, eu fui em direção a minha antiga bicicleta amarela-clara.
–– Oi.
Voz familiar...
Porra!
–– Ka... Kai. Oi — gaguejei a frase inteira.
Não me atrevi em virar-me para trás. Não quero ver sua cara novamente.
–– Quanto tempo, Jen –– ouvi passos se aproximando e afastei-me.
–– Jennie –– o corrigi. –– Eu tenho que ir — disse fria e seca, com vontade de dar um soco na cara dele.
–– Por que não quer ficar e conversar um pouco comigo? Temos tanto pra falar.
–– Fale por você — sentei-me na bicicleta. — Eu não nada pra falar com você.
–– Vamos conversar sobre o nosso relacionamento.
–– Não, obrigada! Já estou namorando.
–– Quem é o sortudo?
Dei um sorriso de canto e o encarei por cima do meu ombro.
–– Sortuda –– o corrigi e fui embora.
***
–– Cheguei, mãe! –– gritei.
Fui para a cozinha e me deparei com a Lisa conversando com os meus pais na mesa.
–– Estávamos esperando você –– meu pai disse com um sorriso no rosto. Nunca o vi tão feliz.
–– Que carinha é esta aí, filha? –– Sejeong, que me conhece bem, percebeu minha cara de medo.
–– Eu –– Lalisa me olhou com atenção. –– Eu vi o Kai... ele tá diferente, né? — perguntei forçando um sorriso. — Ele queria falar sobre o "nosso" relacionamento.
–– Filha, se ele tentar alguma coisa contra você, pode deixar, eu e o seu pai conversaremos com o Yoongi e chamaremos a polícia.
–– Quê? Quem é esse cara?
–– Ninguém, Lisa. Vamos comer? — todos assentiram e eu me sentei na mesa, perto da Lisa.
Papai permaneceu calado a conversa inteira, apenas escutando tudo. Ele sofreu junto comigo quando eu namorava com o Kai. Meu pai sempre foi muito apegado ao meu ex-namorado, portanto, quando ele descobriu o que o Kai fazia comigo, ele ficou destruído por ter confiado a filha dele nas mãos de um idiota.
–– Hoje vai ter uma festa lá no parque. Vamos? –– perguntei, depois de um longo silêncio.
Lalisa assentiu sem olhar para mim, concentrada no seu pão.
***
Pouco tempo depois, quando estávamos quase prontas para ir, Lalisa perguntou:
–– O que você realmente sente por mim, Jennie?
Gelei.
Tô passando aqui pra falar pro cês se prepararem pro próximo capítulo 🙊🙊🙊🙊
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