Capítulo 43 Confronto com a nova assistente

Lívia Fontes

Quando cheguei na empresa do Otávio no sábado, já estava um pouco irritada por ele ter ido trabalhar no sábado. Tudo o que eu queria era ver o sorriso dele, tomar um café juntos e esquecer do mundo por alguns minutos. Mas, assim que entrei na recepção, algo me incomodou. Fabiana, a nova assistente dele, estava inclinada sobre a mesa, rindo de algo que Otávio dizia, e tocava no braço dele de um jeito que me fez querer arrancar os olhos dela.

Suspirei, tentando manter a calma. "Pode ser impressão minha", pensei, enquanto me aproximava, mas a cena não me deixava tranquila. A forma como ela olhava para Otávio... Parecia que estava em um encontro romântico, e não em um ambiente de trabalho.

Otávio me viu e abriu um sorriso, aquele sorriso que me derrete sempre, mas antes que ele pudesse dizer algo, Fabiana se virou e me olhou de cima a baixo, como se estivesse avaliando uma concorrente. Ali, eu soube. Aquela mulher estava se achando no direito de flertar com o meu namorado, na minha cara!

— Oi, amor! — Otávio se levantou e veio na minha direção para me dar um beijo.

Eu retribuí o beijo, mas meus olhos não desgrudaram dela, que continuava parada, observando a cena com uma expressão que me fez ter certeza de que não era só uma impressão minha.

— Ah, você deve ser a Lívia, certo? — Fabiana disse com um sorriso que era puro veneno disfarçado de simpatia.

— Sim, e você deve ser a Fabiana. — respondi, tentando controlar a fúria que começava a borbulhar dentro de mim.

— Otávio fala tanto de você... — Ela deu uma risadinha, mas o jeito como ela disse meu nome fez parecer que estava me subestimando. Como se eu fosse só mais uma qualquer na vida dele.

— Bom saber. — repliquei, com um sorriso que escondia a vontade de voar no pescoço dela.

Otávio, sempre diplomático, percebeu o clima tenso, mas tentou aliviar a situação.

— Lívia, estava falando com a Fabiana sobre um novo projeto que estamos desenvolvendo. Achei que vocês duas poderiam se conhecer melhor.

— Claro, amor. Sempre bom conhecer as... assistentes — respondi, enfatizando a palavra como se fosse uma acusação.

Ela continuava com aquele sorriso que me dava nos nervos, e Otávio parecia alheio ao fato de que eu estava prestes a explodir.

— Ah, eu adoro trabalhar com o Otávio. — Fabiana disse, jogando o cabelo para o lado, de um jeito que parecia mais uma performance de sedução. — Ele é tão atencioso, sempre disposto a ajudar.

— Tenho certeza de que ele é. — respondi, sem conseguir evitar que minha voz saísse mais afiada do que o habitual.

Ela não se deu por vencida e continuou:

— Sabe, Otávio, aquela ideia que você mencionou ontem... — Ela colocou a mão no braço dele de novo, e aquilo foi o suficiente para me fazer ver tudo vermelho.

Antes que eu pudesse pensar, estava na frente dela, afastando a mão dela de Otávio com um puxão que deixava claro meu território.

— Acho que você não ouviu direito, Fabiana. Ele é MEU namorado, e essa sua mãozinha não tem nada que estar encostando nele!

Ela me olhou surpresa, como se não acreditasse no que estava acontecendo, e Otávio deu um passo à frente, tentando apaziguar a situação.

— Lívia, calma. Não precisa disso...

— Calma? — Eu me virei para ele, a voz subindo. — Você não percebe que essa mulher tá te dando em cima na sua cara, e você tá aqui agindo como se fosse nada?

Otávio olhou para ela, que agora parecia uma gata acuada, e depois para mim, claramente desconfortável.

— Fabiana só estava sendo amigável...

— Amigável? Isso é o que você chama de amigável? — apontei para a assistente, que agora estava vermelha de vergonha ou de raiva, difícil dizer.

— Otávio, talvez eu deva ir... — ela disse, a voz trêmula.

— Talvez? Não. Você com certeza vai sair daqui, agora! — respondi antes que Otávio pudesse falar algo.

Fabiana pegou suas coisas, tentando manter a dignidade, mas a tensão no ar era palpável. Ela saiu da sala sem olhar para trás, e eu fiquei lá, respirando pesadamente, tentando me acalmar.

— Lívia, o que foi isso? — Otávio perguntou, a voz cheia de incredulidade.

Eu me virei para ele, os olhos brilhando de raiva e lágrimas contidas.

— O que foi isso? Isso foi eu protegendo o que é meu. Essa mulher estava claramente tentando te seduzir, e você estava deixando!

— Eu não estava deixando nada! Ela é minha assistente, não significava nada!

— Não significava nada para você, mas para ela significava. Eu vi o jeito como ela te olhava, como ela falava com você. Você pode não ter percebido, mas percebi, e não vou deixar isso passar.

Otávio suspirou, passando a mão pelo cabelo, claramente frustrado.

— Lívia, eu nunca faria nada que te machucasse. Você sabe disso.

— Sei, mas ver você com outra mulher agindo daquele jeito... Eu não consegui controlar. Desculpa, mas eu não vou ficar quieta vendo alguém tentar roubar você de mim.

Ele se aproximou e segurou meu rosto com as duas mãos, forçando-me a olhar diretamente nos olhos dele.

— Ninguém vai me roubar de você. Eu sou seu, só seu. Mas precisamos confiar um no outro, certo?

Respirei fundo, deixando a tensão começar a escapar dos meus ombros. Ele tinha razão. A confiança era a base de tudo entre nós, e eu sabia que ele me amava. Mas ver ela agir daquele jeito tinha mexido com algo dentro de mim, algo que eu não sabia que existia.

— Certo. — respondi, finalmente mais calma.

— Eu vou conversar com ela. — ele disse, me puxando para um abraço apertado. 

Eu me afundei no peito dele, sentindo o conforto que só Otávio conseguia me dar. Mas, dentro de mim, a chama da possessividade ainda queimava, mais fraca, porém presente.

— Não posso prometer que vou ser sempre tão controlada. — murmurei contra seu peito, e ele riu, beijando o topo da minha cabeça.

— Eu não esperaria nada menos de você, Lívia.

O resto da tarde foi tranquilo. Otávio fez questão de me mimar, me levou para almoçar no nosso restaurante favorito e depois passamos horas conversando e rindo, como se nada tivesse acontecido. Porém, o incidente com Fabiana serviu de aviso. Eu não era o tipo de pessoa que deixava as coisas passarem facilmente, especialmente quando se tratava de Otávio.

No fim, o que importava é que ele estava ao meu lado, e eu sabia que ele me amava. Mas se Fabiana, ou qualquer outra pessoa, tentasse alguma coisa de novo, eu não hesitaria em mostrar as garras. Porque, por mais que confiança fosse essencial, eu não iria permitir que ninguém, absolutamente ninguém, tentasse tirar Otávio de mim.

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