Capítulo 41 Visitando os sogros
Lívia Fontes
Depois de uma semana de muita apreensão, finalmente a notícia que tanto esperávamos chegou: os pais de Otávio tinham recebido alta do hospital. A tensão que rondava a casa se dissipou um pouco, mas agora era hora de encarar uma situação que eu não sabia bem como lidar. Eles iam voltar pra casa, e eu precisava estar lá, ao lado do Otávio.
Assim que ele me contou a novidade, percebi o alívio estampado no rosto dele. Era como se um peso enorme tivesse sido tirado dos seus ombros.
— Lívia, vamos visitá-los hoje? — Otávio perguntou, com um brilho de esperança nos olhos.
Hesitei por um segundo. Não sabia bem o que esperar desse encontro. Sempre tive um bom relacionamento com meus sogros, mas depois de todo o susto com o acidente, eu temia que a atmosfera na casa deles estivesse pesada, carregada de emoções. Mesmo assim, eu não podia recusar.
— Claro, Otávio. Vamos sim. Tenho certeza de que eles vão adorar ver você. E eu vou estar lá com você.
Quando chegamos à casa dos meus sogros, senti meu coração disparar. Aquele lugar sempre me trouxe boas lembranças, mas naquele dia, parecia diferente. Havia algo no ar que me fazia sentir nervosa. Talvez fosse a expectativa de como eles estariam depois de uma semana no hospital. Otávio estacionou o carro e ficou um momento em silêncio, olhando para a casa.
— Tudo bem, amor? — perguntei, colocando minha mão no ombro dele.
Ele assentiu, mas eu sabia que ele estava apreensivo.
— Vamos entrar. — ele disse finalmente, respirando fundo.
Ao abrir a porta, fomos recebidos por um aroma familiar de café fresco. A mãe de Otávio sempre gostou de café, e parecia que essa era uma das primeiras coisas que ela quis fazer ao voltar para casa. Ela estava sentada no sofá, com um sorriso cansado, mas genuíno. Meu sogro estava ao lado dela, com um olhar de gratidão que quase me fez chorar.
— Que bom ver vocês, meus queridos! — ela exclamou, levantando-se com dificuldade para nos abraçar.
— Mãe, não se levante. — Otávio disse, correndo para ajudá-la. — Como vocês estão?
— Estamos bem, filho, agora que estamos em casa. — respondeu ela, emocionada.
Aproximei-me devagar, ainda me sentindo um pouco deslocada. Não sabia se deveria abraçá-los ou apenas sorrir. Mas, antes que eu pudesse decidir, meu sogro estendeu os braços para mim.
— Venha cá, Lívia. Você também é da família.
Senti um nó na garganta. Aquele gesto simples foi o suficiente para quebrar o gelo e me fazer sentir parte de tudo aquilo. Abracei-o com carinho, tentando não chorar. Ouvir ela me dizer que eu também era da família tinha um grande significado pra mim.
Sentamos todos na sala, e a conversa foi fluindo naturalmente. Eles contaram sobre o hospital, as enfermeiras que cuidaram deles e o quanto sentiram falta de casa. Otávio estava atento, perguntando sobre cada detalhe, preocupado com a saúde deles. Eu estava mais quieta, apenas ouvindo, mas sentia que minha presença ali significava muito para ele.
— Lívia, querida, obrigada por estar ao lado do Otávio nessa semana difícil. — disse minha sogra, segurando minha mão. — Sabemos o quanto isso deve ter sido complicado para você também.
Sorri, tentando esconder o nervosismo que ainda sentia.
— Eu não poderia estar em outro lugar. — respondi. — Vocês são minha família também.
Otávio me olhou com um sorriso de gratidão. Eu sabia o quanto aquele momento era importante para ele, e só queria que tudo fosse perfeito.
— Mãe, pai, eu e a Lívia trouxemos um bolinho pra vocês. — disse Otávio, tentando animar o ambiente. — Achei que vocês iam gostar.
— Ah, que amor! — exclamou minha sogra. — Mas vocês não precisavam se preocupar com isso. Já é tão bom ter vocês aqui.
Enquanto Otávio ia até a cozinha buscar o bolo, fiquei sozinha com meus sogros por alguns momentos. Tentei pensar em algo para dizer, algo que quebrasse o silêncio, mas antes que eu pudesse falar, minha sogra se inclinou um pouco na minha direção.
— Sabe, Lívia, quando te conheci soube que você seria a pessoa certa para o Otávio. — ela disse baixinho, com um sorriso suave. — Você trouxe tanta alegria para a vida dele.
Senti minhas bochechas corarem. Nunca fui muito boa em receber elogios, especialmente de pessoas que significam tanto para mim.
— Eu amo muito o Otávio. — respondi, tentando controlar minha voz. — E quero estar sempre ao lado dele, nos bons e maus momentos.
Ela assentiu, satisfeita com minha resposta. Meu sogro, que até então estava quieto, resolveu se pronunciar.
— E nós somos muito gratos por isso, Lívia. Ver o Otávio feliz é tudo que queremos.
Nesse momento, Otávio voltou com o bolo e começamos a servir as fatias. Era uma receita que eu havia tentado fazer algumas vezes, mas nunca parecia sair exatamente como eu queria. Hoje, no entanto, estava perfeito. Meus sogros pareciam realmente apreciá-lo, e Otávio me deu um olhar que dizia mais do que mil palavras.
— Está uma delícia, amor. — ele disse, sorrindo.
A conversa continuou, mais leve agora, com risadas e histórias. Era como se o peso dos últimos dias estivesse sendo lentamente levantado. Senti-me grata por estar ali, por fazer parte daquela família que, mesmo em momentos difíceis, conseguia encontrar motivos para sorrir.
— Precisamos fazer isso mais vezes. — sugeriu minha sogra. — Sabe, essa semana no hospital me fizeram perceber o quanto a família é importante.
Otávio e eu assentimos. Eu sabia que, dali em diante, nossos laços seriam ainda mais fortes. A vida nos testou de uma maneira que jamais imaginamos, mas estávamos prontos para encarar o que viesse.
Enquanto nos despedíamos, com abraços e promessas de voltar em breve, percebi que, apesar de tudo, aquele dia havia sido um dos mais especiais que já vivi. Voltamos para o carro, e Otávio segurou minha mão com firmeza.
— Obrigado por tudo, Lívia. — ele disse, com um olhar sincero.
— Não precisa agradecer, Otávio. — respondi, sorrindo. — Estarei sempre ao seu lado.
Enquanto dirigíamos de volta para casa, senti uma sensação de paz invadir meu coração. Sabia que, independentemente do que o futuro reservasse, estaríamos prontos.
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