capítulo 7 - Miller
Acordei às sete, na verdade eu já estava acordado faz tempo, não sei nem se cheguei a dormir, entretanto, levantei somente às sete.
Coloquei a primeira roupa que vi na frente e fui tomar café. Minha mãe, meu tio e minha irmã já estavam na sala de jantar tomando os seus desjejum.
- Bom dia - Cumprimento a todos,me sento ao lado da Keyse
- Bom dia,querido - Respondeu minha mãe
enquanto cortava graciosamente um pequeno pedaço da sua fatia de bolo
Uma empregada despeja café em minha xícara e coloca uma fatia de bolo de chocolate em meu prato
- Como passou a noite meu irmão ? - Pergunta minha irmãzinha
- Dormindo - Digo rindo, ela e minha mãe começam a rir também
A graça acaba quando meu tio me fuzila com os olhos. Abaixo a cabeça e olho para o meu prato.
Alguns minutos se passam em silêncio, até que alguém bate na porta
- Entre - ordena meu tio
Um empregado entra na sala, o homem de vestes pretas e vermelhas está pálido, como se tivesse visto um fantasma. O empregado anda até meu tio e sussurra em seu ouvido, tento escutar o que ele está falando, mas não consigo, meu tio assente para o homem.
- Já estou indo - Diz Lachlan, o criado faz uma referência e sai da sala
- O que aconteceu ? - Pergunto
A curiosidade é o motivo da maioria das minhas cicatrizes, mas é impossível deixar de ser curioso. Tem gente que quando nasce, em vez de chorar,pergunta onde está.
Sinto algo pontudo esmagar meu dedinho do pé, cerro os dentes.
- Nada - Diferente do que eu esperava, meu tio responde como se realmente não fosse nada. Mas se tem uma coisa que aprendi, é que quando se trata de Lachlan, nada nunca é nada.
O rei se levanta e caminha para fora da sala. Depois de ter certeza de que meu tio não está mais ali, me viro para Keyse
- Você esmagou meu dedinho! - exclamo
- Você não sabe ficar quieto! - Retruca Keyse
Mamãe nos observa sem entender o por quê de estarmos discutindo. Sorrio para minha mãe, que retribuiu me mandando um beijo no ar
- Preciso ir - aviso para as duas mulheres que mais amo nesse mundo - Vou adiantar minhas coisas, antes que um certo rapaz apareça
- Olha lá o que vai falar pra ele - Diz minha irmã
- Que rapaz? - Pergunta minha mãe
- Ja... - Keyse tampa minha boca com a mão
- Um qualquer - responde ela
Puxo sua mão para longe da minha boca e completo minha fala
- James... - minha irmã se vira na cadeira e tenta tapar minha boca com a mão que não estou segurando, mas eu me esquivo e continuo a falar - ... Flocks. James Flocks
- Você é muito chato! - Diz minha irmã virando para a frente e cruzando os braços
- Ah querida, ele parece ser um garoto
adorável
- Veremos isso hoje, mamãe - Digo me
levantando - Por favor maninha, desmancha essa tromba.
Saio da copa e vou em direção ao meu escritório.Para chegar ao meu escritório, tenho que passar pelo escritório do rei ou ir pelo corredor dos quartos. Em qualquer outro dia, eu iria pelo corredor dos quartos - tudo para ficar o mais longe possível do meu tio -, mas hoje, decidi passar em frente ao escritório do meu tio, já que provavelmente ele está lá dentro tratando do assunto do qual o empregado veio lhe falar mais cedo.
Paro em frente ao escritório do rei, para a minha surpresa, não tem nenhum guarda guardando a porta. Coloco meu ouvido na porta, para tentar escutar o que estão falando lá dentro
- O que você quer em troca? - Pergunta uma voz que não reconheço
- Informações - Responde meu tio
- Informações sobre o que ?
- Sobre os seus planos - eles ficam em silêncio por um minuto - Então, aceita ou não ?
- Aceito - Diz o desconhecido
- Comece agora - ordena meu tio
- O que faz aqui, alteza? - Pergunta alguém me fazendo pular de susto
Me viro para trás para ver quem havia me dado um susto, era o guarda Vith
- Eu ... - penso em uma desculpa - eu vim procurar pelo soldado Marley.Quando não está na guerra, ele costuma ser escalado para vigiar o rei
- Tem razão senhor. Mas Chalmet Marley não trabalha mais no palácio - Informa o soldado
- Não? - Confesso que estou um pouco
decepcionado e surpreso
- Ele pediu transferência hoje. Aceitou o cargo de xerife na cidade de Crempopulis
- Hum... obrigado pela informação,soldado Vith
O soldado faz uma breve referência e segue seu caminho, passando por mim e indo rumo a cozinha. Decido sair dali antes que mais alguém me veja.
★★★★★★
Era nove e cinquenta e cinco quando cheguei à área de treinamento do palácio. Esse espaço é utilizado para - como o próprio nome diz - treinamento. Os soldados da guarda real treinam aqui de vez em quando, mas quando está vazio, eu uso esse espaço para descontar minha raiva.
Meu pai amava lutar, por isso construiu esse lugar para que ele treinasse e me ensinasse a lutar, só que infelizmente só deu tempo de ele me ensinar a segurar uma espada, por isso, peguei um gosto particular pelas armas, aprendi a lutar sozinho e hoje treino meus próprios homens.
As paredes do lugar são brancas e o teto é de vidro. Em um canto tem alguns aparelhos de academia, em outro tem o tatame e sacos de pancada. Mais para o fundo, tem uma pequena arena e alguns alvos, já as armas e acessórios ficam em um cantinho perto da porta.
Tiro meu paletó e penduro em um gancho na parede, dobro as mangas da camisa até o cotovelo, pego um par de luvas de boxe e começo a socar o saco de pancadas. A cada golpe que dou, sinto como se meus ferimentos ainda abertos nas costas rasgasse, mas isso não me faz parar, pois a cada soco me sinto mais leve.
Desconto toda a minha raiva naquele saco inocente, raiva de mim por ter deixado que meu tio me machucasse mais uma vez, raiva dele por fazer aquilo, raiva por não ter sido meu pai a me ensinar a lutar, raiva dessas leis idiotas que fizeram minha mãe casar com meu tio, raiva do meu tio por ser tão cruel ao ponto de bater na própria filha e raiva de mim por ficar calado enquanto tudo isso acontece.
Meus pensamentos são interrompidos por uma batida na porta.
- Entre - ordeno enquanto tiro as luvas
- Alteza, o senhor Flocks já chegou - avisa um mordomo colocando a cabeça para dentro
- Mande-o entrar - Digo, o mordomo assente com a cabeça e encosta a porta novamente. Passo a mão no cabelo para acertar os fios que caiam em cima do meu olho.
- Alteza? - Um rapaz alto, de olhos verdes e cabelos loiros entra na área de treinamento
- Senhor Flocks - Estendo a mão para o rapaz que a aperta - Então James, você luta?
- Sim - responde ele
- Então escolha algo - Digo abrindo os braços para demonstrar a diversidade de opção
James olha em volta e dá alguns passos até os arcos e flechas. O garoto parecia nervoso e com medo, cada passo seu era calculado, como se eu pudesse jogá-lo em uma masmorra caso fizesse algo errado.
- Relaxa garoto, não vou te prender,não hoje - Brinco para aliviar a tensão no ar
- Não ligo de ser preso - Diz ele indo para perto dos alvos - Mas não quero que você me obrigue a ficar longe da sua irmã
Sorrio para o garoto.Ele se posicionou em frente ao alvo e atirou uma flecha, atingindo o centro do alvo
- Boa mira - elogio
- Obrigado
Pego um arco, me posiciono e atiro a flecha, acertando exatamente no meio do alvo que ficava ao lado do dele
- Quais são as suas intenções com a minha irmã ? - Pergunto de uma vez.
James engoliu em seco.Acho que assustei o garoto
- Eu...eu... - gaguejou ele
- Você...? - digo incentivando-o a prosseguir
- Eu...eu realmente gosto da sua irmã, alteza - ao invés de me olhar nos olhos, o garoto fitou os próprios pés, isso me incomodou um pouco
- Só não esquece que ela ainda tem treze anos
- Não vou esquecer, alteza.
- E mais um aviso. Se você magoar a minha irmã, eu rodo o mundo atrás de você
Disparo outra flecha, essa acerta rente com a primeira que disparei.Tenho a sensação de que ele viu isso como uma ameaça,então não serei eu a dizer ao contrário.
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