Capítulo Trinta e Três

Mauro pinheiros:

Mordi a ponta do pincel enquanto trabalhava no último quadro que o cliente havia solicitado. Ele desejava que eu criasse algo que estivesse pessoalmente ligado a ele e que fosse uma réplica da obra que seu filho havia encontrado e apreciado. Minhas mãos se moviam com cuidado e precisão, capturando cada detalhe da pintura original enquanto eu recriava a obra com minha própria interpretação.

À medida que o quadro tomava forma, eu me sentia satisfeito com o resultado, sabendo que havia conseguido capturar a essência da obra original e adicionar meu toque artístico único. Quando finalmente terminei, dei um passo para trás para admirar o trabalho concluído, esperando que o cliente ficasse satisfeito com a homenagem que eu havia criado para ele e seu filho.

Enquanto eu estava admirando o quadro que havia pintado, ouvi batidas na minha porta e, em seguida, Clarice entrou no meu ateliê. Ela assobiou quando viu o quadro e percebi que tinha alguém atrás dela. Era Alica, que apareceu e acenou para mim com um sorriso caloroso.

Eu gostava muito da companhia de Alica. Ela parecia ser uma criança muito calma e gentil, e sempre me alegrava vê-la.

— Isis disse que Alica queria te ver e abriu um portal para minha sala — explicou Clarice, fechando a porta atrás deles.

— É sempre um prazer receber a visita da criança mais adorável que eu conheço — comentei, fazendo Alica sorrir para mim.

Alica então apontou para o quadro que eu estava admirando e perguntou sobre ele. Era uma figura olhando para as estrelas, algo que me inspirou muito e devo dizer que ainda me faz ficar atento e ainda mais como se para mim fosse uma lembrança.

— Isso é um quadro que me rendeu um trabalho incrível — expliquei, me aproximando dela.

— Sério? Que incrível — Alica disse, seus olhos brilhando de empolgação. — Tio Mauro, você gosta muito de pintar.

— Bastante — respondi com um sorriso. — A pintura sempre deu vida à minha criatividade desde que eu tinha a sua idade.

Alica olhou de mim para Clarice e depois para o quadro com um brilho nos olhos. Em seguida, fez uma pergunta que me tocou profundamente:

— Pode me ensinar a pintar?

Fiquei comovido pela sua curiosidade e desejo de aprender, e um sorriso caloroso se espalhou pelo meu rosto.

— Claro que posso, Alica. Vou adorar te ensinar a pintar. Vamos começar com as cores e pincéis, e você verá como é divertido criar arte.

Clarice parecia se divertir com a situação enquanto Alica desapareceu, provavelmente voltando à sua forma de ar na sala pelo susto repentino.

Então, a porta foi batida novamente, e desta vez foi Andy que apareceu. Ele entrou no espaço com uma expressão de completo desespero, segurando seus desenhos pessoais nas mãos.

— O que o Devion fez agora? — perguntou Clarice.

— Ele descobriu que eu estava pintando secretamente, além de ser o "assistente" dele — explicou Andy. — Está destruindo todos os meus desenhos.

Fiquei preocupado com a situação de Andy e sabia que Devion, seu irmão mais velho, às vezes podia ser um tanto autoritário e controlador. Entendi a dinâmica complicada que existia na família de Andy, com Devion assumindo o papel de uma figura dominante e autoritária. Era evidente que Devion estava acostumado a ser o centro das atenções e não tolerava que os outros agissem de forma diferente do que ele considerava apropriado. Isso certamente criava conflitos e tensões dentro da família.

— Devion pode ser um desafio, não é? — comentei, expressando compreensão pela situação de Andy.

Clarice parecia estar interessada na conversa, provavelmente já tendo lidado com as dinâmicas familiares complexas de muitos de seus amigos sobrenaturais ao longo dos anos. Estávamos todos reunidos no meu ateliê, enfrentando desafios pessoais e compartilhando nossas histórias, criando um senso de camaradagem que eu valorizava profundamente.

Clarice se aproximou de mim, apertando a mão de Andy e a minha.

— Andy, você não pode continuar a pensar em ser inferior ao seu irmão e deixar ele fazer o que bem entende com você — Clarice disse. — Deve se impor sobre suas próprias coisas, que as pessoas que fazem com que você se sinta mal devem se explodir.

— Eu não sei como fazer isso — Andy disse. — Se fizer isso, posso perder toda minha família e ser expulso de casa.

— Você pode ficar na minha casa — disse ela com convicção. — Está decidido. Você ficará na minha casa por um tempo, até resolver suas coisas, e se anunciará como artista.

Notei que a mão de Clarice, que estava segurando a minha, brilhou um pouco antes de ela se afastar e puxar Andy com ela. Era óbvio que ela estava planejando algo, e parte de mim queria intervir ou pelo menos saber o que ela tinha em mente. No entanto, decidi confiar na sabedoria e no instinto de Clarice e observei-os saírem da sala com um sorriso contido, curioso para ver como as coisas se desenrolariam.

Alica apareceu ao meu lado com uma expressão divertida nos olhos, claramente curiosa sobre o que Clarice estava planejando.

— O que a tia Clarice vai fazer? — perguntou ela curiosa.

— Isso nem eu posso dizer — respondi com um sorriso, mantendo o segredo de Clarice. — Que tal começarmos a sua primeira aula de artes agora?

Os olhos de Alica brilharam de alegria, e ela exclamou animadamente:

— Eu vou adorar!

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Aproveitamos o restante da tarde para a primeira aula de artes de Alica. Comecei mostrando a ela as cores e os pincéis, explicando como cada pincel poderia criar diferentes traços e efeitos na tela. Alica estava ansiosa para aprender e absorvia cada ensinamento com entusiasmo.

À medida que as horas passavam, Alica começou a criar seus próprios desenhos com a orientação e encorajamento. Sua imaginação floresceu à medida que ela experimentava cores e formas. Era incrível testemunhar sua paixão pela arte florescer diante dos meus olhos.

Quando finalmente terminamos a aula, Alica estava radiante com seu primeiro trabalho artístico. Ela segurava sua pintura com orgulho, e seus olhos brilhavam de realização. Foi um momento gratificante, e eu sabia que aquela primeira aula de arte era apenas o começo de sua jornada criativa.

Conforme o dia avançava, eu conseguia perceber que Devion tinha levado um susto com a decisão de Andy, e Clarice tinha saído mais cedo para cuidar das coisas relacionadas a ele. A situação estava se desenvolvendo, e eu esperava que as coisas pudessem se resolver da melhor maneira possível para Andy e sua relação com a família.

Continuei trabalhando em minhas pinturas e ensinando Alica, mantendo-me ocupado e concentrado em minha arte enquanto o dia se transformava em tarde.

Castiel surgiu no ateliê e sorriu ao ver Alica ao meu lado. No entanto, não pude deixar de notar os cortes em sua pele, o que me preocupou instantaneamente.

— Castiel, você está ferido! O que aconteceu? — perguntei, preocupado com sua segurança.

Ele balançou a cabeça, tentando tranquilizar minha preocupação.

— Não precisa se preocupar, Mauro. São apenas ferimentos relacionados ao meu trabalho. Nada grave.

Eu não estava totalmente convencido, mas confiava nele o suficiente para saber que ele cuidaria de si mesmo. No entanto, eu não podia deixar de me preocupar com a natureza perigosa de seu trabalho e como isso afetaria nossa vida juntos.

Deixei a preocupação de lado por enquanto e me concentrei em aproveitar o tempo com Castiel. Ajudamos Alica a levar seu desenho para casa de Isis e, em seguida, retornamos para minha casa.

Apesar da preocupação com os ferimentos de Castiel, eu sabia que ele estava ansioso para encontrar a surpresa que havíamos preparado para nós dois, com a ajuda da minha irmã. Compartilhar esses momentos especiais era importante para nós, e eu esperava que a surpresa pudesse trazer um pouco de alegria e tranquilidade às nossas vidas, mesmo diante dos desafios que enfrentávamos.

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Gostaram?

Até a próxima 😘

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