Capítulo Trinta e Nove
Castiel starys:
Foi incrível voltar à cidade, especialmente porque queríamos ter a certeza de que tudo estava correndo bem, pelo menos dentro do possível. Assim que ficou sabendo da nossa chegada, o pai de Mauro decidiu nos fazer uma visita, acompanhado de Diana. Quando abri a porta, meu sogro me encarou com um olhar carrancudo.
Era evidente que ele ainda guardava ressentimentos em relação a mim, considerando tudo o que aconteceu e o que o filho dele passou por minha causa. No entanto, era compreensível que ele se sentisse dessa forma, mesmo que eu não pudesse deixar de me culpar por tudo o que aconteceu.
- Paizão, que tal agir como se você realmente gostasse dele e não quisesse afastá-lo?- disse Mauro com serenidade. - Castiel já está se culpando por tudo isso, e além disso, as coisas estão indo muito bem para nós agora. Eu posso esquecer todo esse passado de uma vez por todas.
O Senhor Pinheiro respondeu com um tom de descontentamento:
- Como você espera que eu me sinta bem com ele, quando até hoje ele não pediu desculpas a você? - Mauro me lançou um olhar divertido. - Você sofreu tanto, e ele nem sequer se desculpou pelo que poderia ter acontecido se as coisas não tivessem corrido bem para você, pelo sofrimento que eu e sua irmã teríamos enfrentado.
- Pai, eu entendo suas preocupações, mas as coisas já aconteceram, e eu estou lidando com isso além do Castiel ficar pedindo desculpas todos os momentos que conversamos se eu lembrar de alguma coisa da minha primeira vida - Mauro explicou com paciência. - Castiel e eu passamos por muita coisa juntos, e eu sei que ele se arrepende sinceramente de tudo o que aconteceu. Ele está tentando ser uma pessoa melhor, e eu acredito nele.
Eu assenti, agradecido pelo voto de confiança de Mauro, mas também compreendendo a perspectiva do Senhor Pinheiro.
- Eu sei que não é fácil para o senhor, e eu sinto muito por tudo o que aconteceu - eu disse ao pai de Mauro, tentando expressar minha culpa e remorso.- Se eu pudesse voltar atrás e mudar as coisas, eu faria. Só quero que saiba que estou comprometido em fazer o que for preciso para compensar.
O pai de Mauro olhou para mim por um momento antes de finalmente suspirar.
- Tudo bem - ele disse, cedendo um pouco. - Vamos tentar colocar isso para trás das nossas costas e seguir em frente. Mas eu estou de olho em você, Castiel. Não quero pensar em meu filho sofrer novamente.
Assenti, agradecido pela oportunidade de reconciliação e determinado a não repetir os erros do passado. Era um começo, e eu estava disposto a fazer o que fosse preciso para provar que merecia a confiança de todos.
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Diana me chamou para a cozinha e me deu um soco no ombro, com um sorriso travesso brincando em seus lábios.
- Pode até pensar que confio em você, mas está totalmente enganado- ela disse, de forma bem-humorada. - Eu confio no julgamento do meu irmão, e se ele acredita que você se arrependeu do que fez, então eu também vou acreditar. No entanto, deixe-me ser clara: se você fizer qualquer coisa para fazer o Mauro sofrer, vou acabar com você.
Encarei Diana com um olhar sério, compreendendo a seriedade de suas palavras.
- Entendido, Diana - respondi, com respeito. - Eu não vou fazer nada que possa machucar o Mauro. Só quero fazer as coisas direito desta vez.
Ela assentiu com aprovação, seu sorriso agora um pouco mais sincero.
- É bom saber disso, Castiel. Vamos torcer para que todos possamos seguir em frente e deixar o passado para trás.
Concordei com um aceno de cabeça, aliviado por ter ganhado sua aceitação, mesmo que condicional, e determinado a não decepcioná-la.
Antes que eu pudesse articular qualquer palavra além de um aceno de cabeça, fui surpreendido por um som de espanto vindo do Senhor Pinheiro e Mauro. Eles mencionaram dois nomes que não ouvia há três mil anos. Diana e eu rapidamente voltamos para a sala, onde no centro estavam duas figuras usando capuzes, mas algo em seus cabelos e sorrisos discretos me fez reconhecê-los imediatamente.
- Irmã - uma das figuras disse e se lançou sobre Mauro, começando a chorar copiosamente. Foi então que identifiquei o primeiro irmão de Mauro, Dewei Tsui, de três mil anos atrás. - Como eu queria te ver!
- Dewei Tsui - Mauro disse gentilmente, emocionado.
Enquanto isso, a outra figura, Eleyna, sorriu para o marido e depois para mim antes de se aproximar e me atingir com um soco no estômago.
- Isso é pelo que você fez - Eleyna disse, com firmeza em sua voz. - Sabe o que fez ele passar quando perdeu a irmã mais velha.
Eu engoli em seco, sentindo a dor do soco, mas também uma sensação de alívio e perdão, mas pelo menos estávamos juntos novamente, e talvez houvesse uma chance de reconciliação e cura para nossas antigas feridas.
Diana sorriu com um certo divertimento.
- Acho que gostei dessa garota, ainda mais com esse estilo mortal.
Mauro continuou a consolar seu irmão enquanto processava a notícia.
- Vocês se tornaram ceifeiros?
Eleyna assentiu com seriedade.
- Já faz um bom tempo que isso aconteceu, foi logo após nossa morte na velhice. Mas estamos resolvendo muita coisa antes de vir te ver, e sabendo que vai ter um descanso ótimo, ainda mais com o que contaram para a gente sobre.
A revelação de que Dewei Tsui e Eleyna também haviam se tornado ceifeiros trouxe uma sensação de familiaridade e alívio. Era compreensível imaginar que ambos eram tão competentes no que faziam em suas vidas mortais que isso deve ter chamado a atenção dos ceifeiros para dar continuidade à sua jornada após a morte. Sua habilidade e dedicação provavelmente se mostraram valiosas para a causa, e agora estavam juntos novamente, enfrentando os desafios do mundo espiritual com a mesma determinação que tinham demonstrado em vida.
Dewei Tsui ainda chorava sobre o ombro de Mauro, mas eventualmente se afastou com calma. Ele então me olhou com delicadeza, parecendo estar em paz. No entanto, o que aconteceu em seguida foi completamente inesperado: ele desferiu um soco no meu estômago com toda a sua força, mesmo que seus punhos não fossem tão formidáveis no mundo espiritual quanto costumavam ser em suas vidas mortais.
O impacto me pegou de surpresa, fazendo-me engolir em seco e curvar levemente, sentindo a dor. Era uma maneira peculiar, mas eficaz, de mostrar sua frustração e, ao mesmo tempo, um gesto de reconciliação, como se estivesse disposto a seguir em frente, desde que eu entendesse o peso do que tinha feito no passado.
- Isso ainda tem um pouco mais - Dewei Tsui disse, preparando-se para o próximo soco. - Tenho que honrar a memória da minha irmã.
Eu me preparei para o próximo golpe, mas então a voz de Mauro ecoou pelo local, e sua aura de mana se expandiu pelo ambiente.
- Você não precisa me honrar de forma alguma - Mauro declarou com firmeza. - Deixe de lado esse jeito masculino de querer mostrar que é honrado.
Mauro se levantou, e eu jurei que Dewei Tsui deu um passo para trás, visivelmente perturbado. A presença de Mauro era poderosa, e ele sempre teve um domínio especial sobre Dewei Tsui, que agora se encolhia, lembrando-se de seu respeito e temor por Mauro desde os tempos passados. Era um momento de tensão, mas também de potencial reconciliação e compreensão.
Realmente, seria uma cena cômica ver um ceifeiro com medo de um mortal, mas Mauro possuía habilidades notáveis e uma presença formidável. Além disso, era importante lembrar que o ceifeiro em questão, Dewei Tsui, já havia sido o irmão mais novo de Mauro. A dinâmica entre eles agora estava mudando, mas o respeito e o temor que Dewei Tsui tinha por Mauro desde os tempos passados ainda se faziam presentes.
- Me desculpe por essa cena - Dewei Tsui murmurou fazendo um biquinho, enquanto Mauro sorria em sua direção e sua aura de mana desaparecia.
- Está tudo bem - Mauro respondeu com gentileza. - Agora, que tal me contar como você tem estado nesses últimos tempos?
E assim, a conversa avançou, permitindo que todos compartilhassem suas experiências e histórias desde o último encontro há três mil anos. Era um momento de reconexão e reconciliação, e a promessa de uma nova fase em suas vidas, agora unidos como ceifeiros, trazia uma sensação de esperança e otimismo para o futuro.
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Gostaram?
Até a próxima 😘
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