Capítulo Treze
Mauro pinheiros:
Eu realmente não tinha respostas para o que estava acontecendo, e minha irmã parecia determinada a descobrir a verdade. Ela me olhou com os olhos brilhantes e uma expressão de determinação.
— Eu sei quem pode nos ajudar a entender isso — ela praticamente gritou, e eu tentei argumentar, mas ela não estava disposta a me ouvir. Ela insistiu que saíssemos.
Entramos no meu carro depois que ela fechou a porta da minha casa.
— Para onde estamos indo? — perguntei, mantendo a calma.
— Apenas dirija — ela disse, e meu olhar surpreso encontrou o dela quando ela bateu no meu ombro. — Vai, dirija.
Revirei os olhos, liguei o carro e comecei a seguir as direções que ela me dava. No caminho, liguei o rádio, enquanto ela mandava uma mensagem para alguém.
Quarenta minutos depois, chegamos em frente a um condomínio, e nossa entrada foi liberada sem dificuldade alguma. Era evidente que minha irmã tinha um plano e que estava determinada a seguir adiante com isso, independentemente do que encontrássemos.
— Você conhece alguém que mora aqui? — perguntei, ainda incrédulo com a facilidade com que entramos.
— Sim, mandei uma mensagem, e já estamos dentro. Por alguma razão, nunca me pediram para me identificar — Diana disse, apontando para continuarmos o caminho.
Em questão de minutos, estávamos em frente a uma casa de dois andares com uma placa que dizia "Casa de Isis Myste". Diana desceu do carro e bateu na porta da casa, que se abriu automaticamente, nos permitindo entrar. Não havia ninguém à vista, então avançamos para o interior da residência.
Fui surpreendido ao ver uma criatura estranha, sem rosto, com seis pernas e dois pares de asas. Ela se aproximou de mim e depois foi até Diana, que a pegou no colo como se fosse a coisa mais normal do mundo, fazendo carinho em seu corpo.
Meu olhar estava arregalado de espanto. Era como se tivéssemos entrado em um mundo completamente diferente, repleto de seres que desafiavam qualquer lógica. Eu não sabia se estava maravilhado ou apavorado com o que estava acontecendo, mas tinha a certeza de que minha vida havia tomado um rumo inesperado e misterioso.
— Mys — Diana disse, sorrindo enquanto se afastava e seguia para o interior da casa, onde a música era audível. — Ele gosta de música e dança, e vive em um estado de confusão que também afeta aqueles ao seu redor.
Fui atrás dela e me deparei com uma série de coisas pelo caminho. O ambiente estava permeado pelo cheiro de incenso, cortinas de contas penduradas e pôsteres de astrologia adornavam as paredes. Um mostrava as constelações do zodíaco, outro apresentava símbolos mágicos chineses, e outro tinha uma mão aberta com todas as linhas da palma meticulosamente marcadas.
Prateleiras estreitas sustentavam uma variedade de livros ao longo da parede, ao lado de uma porta que levava a um pequeno quarto. Uma das cortinas de contas se moveu e uma mulher com orelhas pontiagudas e grandes olhos azuis apareceu.
— Ora, Diana, aí está você. Então, o que posso fazer por você? Parece que você estava com pressa quando me mandou a mensagem — a mulher disse, então notou minha presença. — Prazer, sou Isis Myster.
— Não tenho certeza. Pode não ser nada, mas... estou com um problema. Talvez não seja grande, mas pode ser — Diana disse com calma.
— Um problema sobre o qual você não tem certeza se é um problema — completou Sofia, antes de se afastar por um momento e depois voltar. — Está tudo pronto, podem vir para o meu salão.
O salão tinha uma luz fraca que contornava as cortinas de veludo preto que cobriam uma parede. Pássaros e morcegos empalhados estavam pendurados no teto por fios finos, com contas pretas brilhantes em vez de olhos. O chão estava coberto por tapetes persas desgastados que levantavam poeira quando pisávamos. Um conjunto de poltronas verde-neon se agrupava ao redor de uma mesa baixa. Um baralho de tarô amarrado com uma fita de seda estava em uma ponta da mesa, enquanto uma bola de cristal repousava na outra.
No centro da mesa, havia um conjunto de chá prateado, com uma bandeja de biscoitos.
— Perfeito como sempre — Diana disse, sentando-se em uma das cadeiras. Eu a segui, enquanto ela colocava a criatura no chão.
— Podem comer, estou livre até a tarde. As crianças saíram para fazer compras — Isis explicou, fazendo-me olhar confuso para ela. Ela tinha, no máximo, vinte e poucos anos, e se tivesse filhos, eles seriam muito jovens para fazer compras sozinhos. — As aparências enganam.
Ela sorriu para mim, enquanto Diana começava a se empanturrar de biscoitos.
— O que isso quer dizer? — perguntei, misturando curiosidade e confusão.
— Sou uma feiticeira, ou melhor, uma feiticeira nascida da mistura de uma mestiça feérica e um demônio — Isis explicou, e meu coração acelerou. — Parece que você está um pouco surpreso com essa revelação. Não esperava que sua irmã conhecesse alguém como eu.
Diana engasgou e olhou para mim com os olhos arregalados. Quando finalmente conseguiu recuperar o fôlego, ela abriu a boca.
— Você sabia sobre o submundo? Eu descobri apenas há um ano e meio — ela disse, e olhei para ela incrédulo. — O quê? Eu tenho meus segredos, só porque sou sua irmã não significa que tenho que contar tudo para você.
— Não é isso, mas você não me deixou recusar a vir aqui — disse lentamente, e ela sorriu amplamente. — Francamente, só você para fazer uma coisa dessas. Mas, respondendo à sua pergunta, descobri sobre a existência do submundo apenas esta manhã, e foi uma conversa bastante básica.
— Interessante, mas, se me permite dizer, você parece bem calmo para alguém que acabou de descobrir algo assim — Isis comentou, estalando a língua. — De qualquer forma, deixemos isso de lado. Por que vocês vieram à minha casa e qual é a razão pela qual precisam da minha ajuda?
Diana então começou a contar o que havia acontecido mais cedo e, por fim, mostrou a folha com o desenho do rosto de Castiel.
Isis fez uma expressão carrancuda, e isso me deixou intrigado.
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— Para isso, vou pesquisar o que isso pode significar — Isis disse, voltando ao seu estado habitual e sorrindo para nós. — Vou ver o que posso encontrar, e, se descobrir algo, mandarei uma mensagem para que venham até mim novamente.
Diana e eu refletimos sobre a situação. Parecia que o desenho de Castiel não era algo de grande importância para uma feiticeira imortal.
— Acho que só nos resta esperar pela sua resposta — comentei, indo pegar um biscoito, mas parei no meio do caminho ao ver que a bandeja estava completamente vazia. — Sério? Diana, você comeu todos.
— Desculpa, mas eles são deliciosos — Diana disse, sorrindo inocentemente. — Sofia que os faz, e a cada vez ficam ainda melhores.
A mão de Isis brilhou, e magicamente mais biscoitos apareceram na bandeja.
— Podem comer à vontade, sempre faço bastante — Sofia disse, pegando um antes que Diana tivesse a chance de devorá-los novamente.
Mordi um dos biscoitos.
— São fantásticos, adorei eles — falei, e Sofia riu.
— Uma amiga que já se foi me passou essa receita — Sofia disse. — Mesmo que ninguém soubesse, ela amava cozinhar. Para ela, cozinhar...
— Cozinhar com amor e carinho alimenta a alma — completei, interrompendo-a, e Isis fechou a boca com força. — O que foi? Sempre digo isso quando estou cozinhando. Ela dizia o mesmo?
— Sim, ela falava — Isis respondeu, seus olhos brilhando. Ela então se levantou da cadeira e olhou para o outro lado antes de passar por uma porta e sair do salão.
Enquanto Isis saía do salão, Diana e eu ficamos ali, saboreando os biscoitos que ela havia preparado magicamente. Diana parecia um pouco distraída, e eu podia ver que havia muitas perguntas em sua mente.
— Mauro, o que você acha disso tudo? — Diana perguntou, quebrando o silêncio.
Suspirei e olhei para ela com uma expressão pensativa.
— Não sei o que dizer. É tudo tão estranho. Primeiro, descobri a existência de seres sobrenaturais, depois encontramos esse tal de Castiel, e agora estamos aqui, em casa de uma feiticeira. Parece que minha vida virou de cabeça para baixo em apenas algumas horas.
Ela concordou com a cabeça, entendendo totalmente a minha confusão
— Eu sei como se sente. Parece que estamos enredados em algo muito maior do que nós mesmos. E essa história de Castiel se parecer com o personagem do seu desenho... isso é realmente estranho.
— Sim, é estranho demais. — Falei
— Mas o que isso significa? Por que ele seria tão parecido com seu desenho?
— Eu não sei o que deveria pensar, Diana — respondi, tentando soar indiferente.
Ela me encarou por um momento, com um olhar que dizia claramente que não estava convencida. Então, decidi abrir um pouco mais o jogo.
— É complicado, Di. Há coisas que aconteceram ontem e ainda com isso tudo que eu não consigo explicar. Coisas estranhas. — Falei, minha voz quase um sussurro. — E depois, aquela conversa com Anton... Eu não sei, sinto como se algo estivesse mudando dentro de mim e ainda se isso acontecer poderia ser o fim para todos.
— Em que sentido está dizendo isso? — Ela perguntou.
— Que pode causar uma destruição para todos ao meu redor — Murmurei.
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Gostaram?
Até a próxima 😘
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