Capítulo Quarenta e Um

Mauro pinheiros:

Já faz um dia e meio desde que encontramos Franklin e Forest, seus corpos brutalmente machucados, com um demônio vindo na direção deles, visivelmente enfurecido. Imagino que, se a aura de mana de Forest não tivesse surgido naquele momento crucial, teríamos chegado tarde demais. Foi um momento aterrorizante, pois a ameaça se aproximava rapidamente e os ferimentos que ambos tinham sofrido eram de uma gravidade alarmante.

Isis está junto dos filhos, dedicando-se incansavelmente a curar Franklin da melhor maneira possível, mas suas feições mostram sinais de profunda preocupação e tristeza. A tensão no ar é palpável, e sempre que pergunto algo a ela, suas expressões se tornam sombrias e melancólicas, como se carregasse o peso do mundo sobre seus ombros.

Sentei-me no sofá, meus músculos ainda tensos pelo susto recente, e Castiel olhou-me preocupado. Seus olhos azuis escuros refletiam a mesma ansiedade que eu sentia, e ele retornou seu olhar para Forest, que estava brincando com Alica e Magnolia. A imagem de nosso filho, tão alegre e despreocupado, em meio a tudo o que acontecera, era um raio de esperança em meio à escuridão que nos cercava. O som de suas risadas infantis enchia a sala, proporcionando um alívio temporário para nossos corações cansados e aflitos.

Nesse momento crítico, Dewei Tsui e Eleyna surgiram magicamente ao nosso lado, emanando uma aura de calma e benevolência que contrastava com a tensão no ambiente. Suas presenças era um sinal claro do que iria acontecer no instante seguinte, e ambos balançaram a cabeça em minha direção, transmitindo um certo pesar em seus olhos.

- Mauro... - Eleyna começou, sua voz carregada de preocupação.

- Eu sei, ele não vai passar disso hoje - respondi secamente, enquanto Diana me olhava curiosa, sem entender o que estava acontecendo.

- Do que você está falando? - ela perguntou, sua expressão demonstrando a confusão que dominava seus pensamentos.

- Franklin irá falecer - respondi com tristeza na voz. - Ele usou uma parte significativa de sua própria essência vital.

Minha irmã ainda estava confusa, incapaz de assimilar a gravidade da situação.

Foi então que Eleyna estalou os dedos. Um efeito mágico surpreendente tomou forma diante de nós:

- Imagine que cada indivíduo no mundo seja representado por uma chama brilhante, simbolizando suas emoções e sua vontade de viver e existir - explicou Eleyna. - Uma dessas chamas, tão brilhante e forte quanto qualquer outra, apareceu diante de nós, iluminando a sala com sua luz intensa. Existem métodos para usar essa essência em feitiços, e foi o que aconteceu com a vida e a vitalidade de Franklin, uma luz que agora estava enfraquecendo rapidamente devido ao sacrifício que ele havia feito para proteger o próprio filho. É uma imagem poderosa, que tem um preço alto que ele estava pagando para continuar entre nós. Se ele não parar agora de lutar, será impossível para ele seguir para o pós-vida ou até mesmo renascer.

Diana engoliu em seco, a imagem se desfez em segundos.

O silêncio pesado pairou na sala enquanto processávamos a profundidade das palavras de Eleyna. Era como se tivéssemos testemunhado um vislumbre sombrio do destino iminente de Franklin.

Diana, com os olhos marejados de lágrimas, finalmente encontrou sua voz trêmula.

- O que podemos fazer para ajudá-lo? - perguntou, com um tom de desespero em sua voz.

Eleyna olhou para mim com seriedade.

- Franklin precisa desistir dessa luta. Ele deve permitir que o resquício da sua chama vital se recupere, ou ele não terá a chance de seguir adiante após esta vida e irá desaparecer para sempre.

- Eu acho que sei o que fazer - respondi calmamente, sentindo a determinação tomar conta de mim. - Mas antes, preciso ter uma conversa franca com ele sobre o que está prestes a acontecer.

Castiel, ainda preocupado, indagou:

- Como você sabe o que fazer?

- Ele vai querer que o filho fique seguro - respondi, sabendo que a preocupação de Franklin com o bem-estar de seu filho era o elo mais forte que poderíamos usar para convencê-lo a fazer a escolha certa.

********************************************

Olhei para Franklin, que estava inconsciente, mas claramente lutando contra a dor, ciente de que a decisão crucial estava nas mãos dele. Era uma batalha que transcendia a mera sobrevivência; era uma luta por sua própria existência após essa provação terrível.

Todos me olharam com expressões mistas de esperança e apreensão, e então, por um instante, me vi sozinho com ele. Dewei Tsui segurou minha mão, e num piscar de olhos, o mundo ao nosso redor começou a derreter, e o cenário se transformou em algo totalmente diferente.

Encontrei-me isolado neste lugar, apenas com Dewei Tsui como minha conexão entre o mundo físico e a mente de Franklin. Era um espaço etéreo, onde a realidade e a imaginação se entrelaçaram, depois por segundo começaram a apodrecer e murchar e se reconstruindo novamente.

Avancei cautelosamente por esse espaço etéreo, observando ao redor, até que meus olhos captaram algo distante. No horizonte, identifiquei uma figura diminuta próxima a uma pequena chama. Intrigado, me aproximei lentamente para investigar mais de perto. A figura estava envolta em sombras, mas havia algo familiar em sua presença, notei ser Franklin.

Me aproximei dele, percebendo de imediato que sua aparência era radicalmente diferente daquela que eu conhecia no mundo físico. Fui tomado por um choque avassalador, e minha mão instintivamente cobriu minha boca em estado de assombro. À primeira vista, ele parecia magro e estava travando uma batalha desesperada pela vida, protegendo a pequena chama da escuridão que ameaçava engoli-lo.

Compreendi a atmosfera sombria que se desenrolava diante de mim. Ele parecia magro, mas não apenas isso... Era uma visão tão perturbadora que qualquer pessoa que a visse ficaria profundamente abalada. Até mesmo o som de sua respiração estava severamente enfraquecido.

- Meu filho... - As palavras mal saíram dos meus lábios, pois era difícil até mesmo para mim respirar naquele momento. No entanto, continuei a lutar até o fim. Aproximei-me dele com extrema cautela, percebendo que seu olhar estava perdido, não direcionado para mim. Com cuidado, coloquei minha mão sobre a sua, que estava áspera e seca.

Enquanto meu calor se fundia com a frieza de suas mãos, os olhos dele lentamente se moveram em minha direção.

- Você tem que desistir disso tudo, Franklin. Se continuar assim, será incapaz de ver seu filho ou protegê-lo. Pense no que é melhor para ele - falei, mantendo meu olhar firmemente fixo nos dele. - Eu entendo que seu desejo é proteger seu filho deste mundo e das ameaças que o cercam. No entanto, saiba que eu, meu futuro esposo, nossa família e amigos cuidaremos dele. - Sorri com ternura. - Você não precisa mais sofrer. Tenha calma, governante. Não há mais necessidade de lutar ou temer pelo bem-estar de seu filho. Ele não sofrerá mais. Vou cuidar dele e protegê-lo com todo o meu coração. Agora, por favor, encontre conforto e paz.

As palavras fluíram com empatia e compreensão, na esperança de tocar o coração de Franklin e convencê-lo a fazer a escolha certa, permitindo que sua chama vital se reacendesse e sua jornada continuasse em um novo caminho.

- Eu... - Uma voz fraca começou a sair com dificuldade, como se ele estivesse tentando dizer algo importante. Mas não houve mais palavras. Parecia que a voz o traíra. Em vez disso, ele emitiu sons ininteligíveis, coloridos e repetidos, como se estivesse lutando com sua própria comunicação. E então, sem aviso, ele começou a chorar.

Lágrimas insuportáveis ​​correram por seu rosto ressecado, marcando uma angústia que era difícil de suportar. Ele fechou os olhos com força, como se tentasse conter as lágrimas e a dor que o consumiam. Ficou assim por um longo momento, mas seus olhos fechados não se abriram novamente. O espírito de Franklin começou a se dissipar lentamente, como se estivesse seguindo em direção a algum destino desconhecido.

A pequena chama ainda brilhava, e então, as sobras à sua volta começaram a se agitar e a se elevar, transformando-se em Dewei Tsui. Ele segurou delicadamente a chama na palma de sua mão e, com a outra mão, começou a murmurar palavras inaudíveis. Em um piscar de olhos, a chama se transformou em um brilho branco e se elevou em direção ao céu, desaparecendo nas alturas.

****************************************

Voltei para a realidade, deixando para trás o mundo etéreo da mente de Franklin, enquanto Isis colocava um pano branco sobre o rosto de Franklin. Ela murmurava palavras de conforto, e o cenário que testemunhei parecia distante e irreal comparado ao momento presente. A tristeza pesava no ar, mas havia também um senso de alívio, pois sabíamos que Franklin havia encontrado a paz que tanto buscava. Agora, restava-nos cuidar de seu filho e manter viva a memória dele.

________________________

Gostaram?

Até a próxima 😘

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top