Capítulo Cinco
Castiel starys:
Meu corpo inteiro tremia enquanto eu fixava meus olhos no rapaz que subitamente se afastava de mim. O som de chocalho ecoava no ar, como se ele estivesse tentando cambalear de uma maneira estranha e desequilibrada.
— Meu amor, por aqui! — murmurei, quase como um sussurro, enquanto observava a textura dos meus poderes fluindo através de sua alma. Minhas mãos tremiam, ansiosas para alcançá-lo.
Foi então que não pude mais conter minhas palavras e tentei me aproximar dele, mas ele se afastou rapidamente, deixando-me para trás.
— Espere, Shushu. Não fuja de mim— implorei, meu coração acelerado como um tambor, consciente de que meu amor estava se distanciando cada vez mais, escapando para um lugar longínquo.
Ele parecia feliz, agora ao lado de sua nova família, sem qualquer consciência do que tinha acontecido com ele 106 vezes, tudo por minha culpa.
Eu queria correr atrás dele, mas algo dentro de mim me segurava. Duas faces surgiram em minha mente, lembrando-me do peso das minhas escolhas. Eu não conseguia me perdoar por ter transformado o homem que eu amava em alguém que tinha sofrido inúmeras vezes.
Quando o conheci, originalmente, eu era uma mulher que não podia estar com ele, mas agora eu entendia ainda mais profundamente que, ao longo do tempo, ele havia mudado repetidamente por causa de um erro meu. Era um fardo absolutamente imperdoável para carregar.
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Há três mil anos, nosso primeiro encontro ocorreu no baile de estreia daquele ano, um evento que incendiou o mundo social com sua grandiosidade. Era a primeira festa do jovem imperador, que havia acabado de ascender ao trono. No centro das atenções estava o casal mais intrigante da alta sociedade: o imperador e Eleyna, a famosa filha do Marquês Bertilde.
Corriam boatos de que o imperador não desejava casar-se com Eleyna. Essa fofoca havia se espalhado como fogo em palha seca. Durante os dias em que ele era príncipe herdeiro, Eleyna já tinha mais de 20 anos, e o casamento estava sendo adiado. Agora, com ela aos 22, as pessoas gradualmente começavam a assumir que o imperador não tinha intenção alguma de torná-la sua imperatriz.
— Inicialmente, Eleyna me disse que também não me amava. Tudo isso é apenas uma decisão para ajudar a família — o imperador havia confidenciado a mim.
No meio de todo o frenesi, apenas Herace permanecia contra a parede, como se não tivesse o menor interesse na situação. No entanto, mesmo em seu lugar discreto, ela era notada e admirada por todos. Ela era uma beleza pura, com longos cabelos prateados e olhos roxos que pareciam ter vindo diretamente do reino dos anjos. Seu cabelo ondulado caía modestamente, mas a luminosidade de seu cabelo prateado a fazia parecer um ser celestial.
Os homens não conseguiam resistir a sua presença, e eu também a convidei para dançar várias vezes, mesmo sabendo que ela recusaria a cada vez. Era uma honra que a pessoa mais linda do salão me desse atenção.
— Na verdade, ela recusou porque não sabe dançar — Shushu comentou com um tom de deboche para o irmão mais novo, rindo.
— Eu me apaixonei por ela à primeira vista. Pensei que ela fosse um anjo. Fui um romântico incurável e cortei ares apaixonados — disse o imperador, e eu segurei o riso enquanto ele era puxado para um pequeno grupo de moças com vestidos exuberantes.
Mais tarde, Shushu se ofereceu para conversar comigo no terraço. Não hesitei e aceitei prontamente, e assim passamos horas em conversa profunda sob o céu estrelado.
— Meu irmão será um ótimo imperador — ela disse, olhando para as estrelas.
— Concordo, mas por que você recusou ser imperatriz?— perguntei, curioso, e ela sorriu.
— Não quero me envolver na política do império, nem com pessoas que mal se amam— respondeu, soltando um suspiro.
Herace, que era a mais bela do salão, era verdadeiramente semelhante a Shushu. Embora aparentasse fragilidade e tristeza, tinha uma personalidade adorável e brilhante.
— Bem, é por isso que meu irmão se apaixonou tanto por ela, e eu fiz algumas coisas para ajudá-los — disse Shushu, rindo.
Olhei para o rosto dela. Não era perfeito, mas era autêntico. O amor que construímos ao longo dos anos havia transformado nossas vidas, e eu não conseguia imaginar um futuro sem ela. Queria estar ao seu lado, compartilhar cada momento de felicidade, superar todos os obstáculos e fazer do nosso amor um refúgio seguro.
— Mas, considerando o que fiz a você... Como você pode confiar tanto em mim para compartilhar seus pensamentos, mesmo sobre meus poderes ou outras dimensões? — perguntei, hesitante.
— Sempre senti o poder das dimensões, às vezes via vampiros, lobisomens e feéricos se escondendo nas sombras das cidades. Quando fiquei curiosa sobre o que havia além, você apareceu e nós nos conhecemos— ela respondeu, virando-se para mim. Aproximei-me lentamente.
— Fui paciente e esperei pelas respostas que desejava, que acabaram vindo até mim — ela continuou, colocando as mãos delicadamente em meus ombros.
Puxei-a para mais perto de mim, nossos lábios se encontraram em um beijo lento e sensual. Cada toque, cada carícia, cada olhar trocado entre nós aumentava a paixão. Era um beijo projetado para nos enlouquecer mutuamente, nos esgotar e, em seguida, fazer pequenas pausas para respirar, olhando nos olhos um do outro antes de nos perdermos novamente naquele trabalho apaixonado.
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Balancei a cabeça, compreendendo que a vida de Shuelina tinha sido moldada por forças maiores do que ela. O amor, o poder e a fama que ela merecia pareciam ser dádivas divinas, destinadas a torná-la famosa e proporcionar-lhe uma família verdadeiramente feliz. Uma tristeza profunda tomou conta de mim, porque percebi que tinha sido lamentável o suficiente para tentar torná-la imortal.
— Castiel, o que você está fazendo? — Demitre apareceu ao meu lado, olhando-me com curiosidade.
— Acabei de ver o meu amor— murmurei, e ele me puxou com força para trás. — Ele me viu através do feitiço.
— Isso é péssimo— Demitre disse, e eu o encarei confuso. — Me diga que ele não ficou olhando muito tempo para o seu rosto.
— Não, ele se afastou rapidamente e fugiu de mim, e eu fiquei apenas observando-o partir — expliquei, e meu amigo me soltou lentamente. — Por que ele não pode me ver?
— Bem, toda vez que ele vê um guardião ou nossa tecnologia, suas memórias vêm à tona e o deixam com dor em todo o corpo e alma. Isso já acontece normalmente, mas dessa forma se torna ainda mais agressivo — Demitre explicou enquanto estalava a língua. — Melhor voltarmos para perto das meninas.
— Eu tenho que ajudá-lo — argumentei, afastando bruscamente a mão de Demitre. — Isso também faz parte da missão.
— Deixe para depois. Você nem lembra como era o feitiço naquela época — insistiu Demitre. — Tenha calma, vamos resolver uma coisa de cada vez. Hoje exploramos este lugar em busca de pistas, e amanhã vamos até onde seu amado está morando.
Ele me observou por alguns segundos, mas antes que pudesse responder, ouvimos a voz de Janet chamando por nós.
— Ok, vamos — concordei a contragosto.
A sensação de impotência diante da situação era avassaladora, e eu me sentia completamente perdido.
Ao ouvir as palavras de Demitre sobre as consequências de meu encontro com meu amado, a tristeza que já pesava sobre mim se tornou ainda mais opressiva. Meu coração estava repleto de um pesar inexprimível, como se eu fosse o responsável por infligir dor física e emocional à pessoa que amava.
A necessidade de ajudá-lo, apesar dos riscos, era um fardo que eu carregava com um peso insuportável. Cada passo que eu tomava em direção ao desconhecido parecia carregar a culpa de minhas ações passadas. Mesmo enquanto Demitre tentava me acalmar e me lembrava de minha missão, eu sentia o peso avassalador da responsabilidade sobre meus ombros, como se eu fosse o arquiteto de minha própria tragédia. A tristeza que permeava cada pensamento e ação era uma constante lembrança do quanto eu tinha errado e de como meu passado sombrio continuava a me assombrar.
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Gostaram?
Até a próxima 😘
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