Castiel starys:

Sabia que Scarlett ficaria furiosa por eu não ter retornado para casa ainda, mas eu tinha outra missão importante a cumprir. Minha tarefa era restaurar a vida mundana de Shushu, permitindo que ela vivesse uma existência finita, em vez de uma eternidade sem fim.

Esperando pacientemente à beira da casa de Shushu, observei atentamente quando ela saiu com sua irmã e, sem hesitar, peguei Janet e comecei a segui-las discretamente. Nossa jornada nos levou até um condomínio, onde habilmente usamos a magia para nos infiltrar sem a necessidade de nos identificarmos. Continuamos a rastrear o carro delas até que finalmente pararam em frente a uma encantadora casa de dois andares, ostentando uma placa com a inscrição "Casa de Isis Myster".

O nome Isis Myster imediatamente trouxe à mente uma conhecida que compartilhava o mesmo nome. Ela havia nascido durante a Idade Média no norte da Europa e se tornara uma amiga íntima de Shushu quando se mudou para o império. Isis havia adquirido grande renome como curandeira e profetisa do império, graças à sua frequente comunhão com os Espíritos e sua profunda compreensão dos reinos metafísicos e espirituais.

Shushu nutria um profundo afeto por Isis, apreciando a dedicação e o amor que ela demonstrava por todos que cruzavam seu caminho ao longo de sua vida. No entanto, eu sabia que Isis também possuía uma personalidade complexa, muitas vezes hipócrita e propensa a mentiras. Ela acreditava firmemente que suas ações eram sempre justificadas, argumentando que tudo o que fazia era para seu próprio bem. Apesar de sua natureza às vezes implacável, suas ações sempre brotavam de um coração genuinamente bom.

Janet quebrou meus devaneios com um tom sério:

— Castiel, acho que é melhor irmos embora. Não há mais nada que possamos fazer aqui. Vamos apenas voltar para casa.

Virei-me para Janet no exato momento em que uma figura colossal materializou-se bem acima de nós. Sem pensar, puxei-a na direção oposta com um instinto de sobrevivência aflorado. Parecia que em questão de segundos, aquela imensa mão estava prestes a esmagá-la.

— Você está bem? — perguntei ansiosamente enquanto nos afastávamos, atentos à mão gigantesca que agora retornava em nossa direção.

Janet assentiu, aterrorizada, enquanto a mão titânica se aproximava. Nesse momento de desespero, armas brilhantes como estrelas cadentes apareceram magicamente em nossas mãos.

Com reflexos afiados, pulei para o lado no exato instante em que a mão de terra voou em nossa direção, cortando o ar em direção à minha cabeça. Consegui desviar habilmente, e a mão colossos acertou o solo com uma força tremenda, penetrando profundamente na terra. Retornando a si, o monstro da terra saltou em direção a Janet, que girou nos calcanhares e enfiou sua lâmina brilhante no corpo de terra. Por breves segundos, a criatura tremeu e pareceu ainda mais enfurecida por esse ato ousado.

Do solo, três enormes braços de terra surgiram como se fossem titãs despertando, avançando furiosamente em nossa direção.

Janet expressou seu desagrado com um resmungo:

— Odeio quem usa magia da terra. — A lâmina em sua mão se transformou instantaneamente, assumindo o tamanho de uma lança com uma ponta prateada reluzente. — Dois para cada um — ela propôs determinadamente.

Em um movimento circular, Janet enterrou a ponta da lança até o cabo com ambas as mãos, cortando e perfurando o inimigo com agilidade sobrenatural. Ela girou e atacou outro adversário com uma destreza inumana. Por um breve instante, as criaturas pareceram desorientadas, mas logo se endireitaram, estendendo seus dedos de terra para agarrar qualquer coisa à vista. Janet se moveu com rapidez, mergulhando a lança uma última vez.

Uma das criaturas aproveitou a distração dela para investir contra mim. Com um movimento rápido, arremessei a lâmina em sua direção, atingindo-a em cheio, fazendo-a desabar como as outras.

A última criatura sobrevivente me surpreendeu enquanto eu me erguia do chão. Janet veio em minha direção, pronta para o ataque final.

No entanto, uma voz feminina ressoou, interrompendo o combate. Fui virado para encarar Isis, a mesma mulher que conheci há três mil anos. Ela declarou com surpresa:

— Quem diria que Castiel Starys retornaria ao mundo e ainda mais seria um grande idiota por invadir minha casa — Ísis disse.

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A mão de terra sobre minha boca me impedia de falar, enquanto terra e grama se infiltraram no meu nariz e garganta, tornando a situação ainda mais angustiante.

— Solte-o — Janet ordenou, apontando a lança na direção de Isis. — Não subestime minha determinação, feiticeira.

O sorriso de Isis se alargou, seus olhos emitindo um brilho perigoso. Eu me preparei para o pior, lembrando das palavras de Shushu sobre a maestria de Isis nas artes mágicas, sua habilidade de se tornar uma espadachim habilidosa se quisesse.

Para minha surpresa, Isis começou a rir escandalosamente.

— Você ainda anda com pessoas bastante excêntricas, mesmo que tenha sido preso — ela comentou, e sua mão brilhou. No mesmo instante, a enorme mão de terra se desfez e fez com que caísse de cara na terra. — Já se passaram três mil anos, não é mesmo?

Com um suspiro de alívio, me levantei, limpando a grama da boca e retirando o que entrou pelo nariz.

Com emoções à flor da pele, agradeci a Isis enquanto Janet desfazia sua lança.

— Isis, faz tanto tempo — disse eu, enquanto observava seu território agora protegido por feitiços de defesa. — Vejo que você colocou feitiços de ataque para lidar com intrusos.

Ela inclinou a cabeça com a elegância de uma nobre e, em seguida, lançou um olhar cético ao redor do local.

— Vocês realmente causaram uma confusão aqui, não é mesmo? E estou certa de que não tinham a menor intenção de limpar isso. Típico — comentou ela, soltando um suspiro resignado. —Vejo que seguiram Shushu até minha casa.

Engoli em seco, sentindo-me desconfortável diante da calma com que ela proferiu aquelas palavras.

—Como descobriu isso? — perguntei, aliviado por conseguir falar.

— Você disse algo que me fez lembrar dela, como quando ela criava os mesmos biscoitos que você comeu antes de me conhecer, ou antes de conhecer você — explicou ela, aproximando-se de mim e ajoelhando-se para que pudesse olhar nos meus olhos. — Foi por essa razão que você foi preso? Demitre me contou o que aconteceu quando busquei respostas.

— Você conhece Demitre? — Janet perguntou, surpresa, e Isis negou.

— Ele apenas se apresentou e me informou que Castiel cometeu um crime imperdoável aos olhos dos Guardiões, o que levou à sua prisão — Isis explicou. — Agora entendi o porquê. Você tentou perturbar o equilíbrio da vida mortal.

Senti raiva fervendo em mim ao ver como Isis demonstrava preocupação por minha situação.

— Castiel, você fez um juramento de manter sempre o equilíbrio. Isso vai contra tudo o que os Guardiões acreditam — ela continuou, estendendo a mão. — É hora de permitir que Shushu descanse em paz de uma vez por todas.

— Ele não pode. Ele criou um feitiço de vida eterna que não pode ser quebrado — explicou Janet quando minha voz ainda não cooperava. — Eu estive com o líder dos Guardiões, tentando encontrar uma solução, mas nada funcionou. E sempre que um Guardião ou nossa tecnologia se aproxima, causa problemas.

Janet então compartilhou tudo o que aconteceu com Shushu nos últimos três mil anos.

Olhei para Isis, que parecia pensativa, e meu coração se apertou quando ela suspirou com pesar.

—Vou pesquisar mais sobre o assunto, mas você precisa se despedir de Shushu de uma vez por todas — ela disse com calma. — Primeiro, vou criar um feitiço que ocultará toda a magia e a sua aparência dela, para que não a afete negativamente.

Olhei para ela, os olhos cheios de gratidão.

— Isis, muito obrigado — disse com sincero agradecimento.

— Mas você precisa me prometer que fará de tudo para que minha amiga tenha uma última vida repleta de felicidade — Isis continuou. — Nesse caso, prometa que não se apaixonaram novamente. Sei que vocês se amaram no passado, mas esse amor causou dor a todos, a vocês e àqueles ao redor de vocês.

Encarei Isis em silêncio, ciente de que suas palavras eram verdadeiras.

— Eu aceito esse termo — declarei com determinação, embora meu coração se partisse com a decisão.

Isis assentiu, parecendo aliviada com minha aceitação. Ela ergueu a mão, e uma aura mágica começou a se formar ao nosso redor. A magia fluiu suavemente, envolvendo-me e, gradualmente, escondendo minha aparência e todos os traços mágicos que poderiam afetar Shushu.

Janet observava atentamente, compreendendo a importância desse ato de magia para o futuro de Shushu e nosso próprio destino.

Quando o feitiço estava completo, Isis olhou para mim com seriedade.

— Estou fazendo isso apenas pela minha amiga, para que finalmente possa viver além do seu limite.

A gratidão que sentia por Isis era imensurável.

— Obrigado, Isis. Prometo que farei o meu melhor.

Com a decisão firme em mente, dei um último olhar para Janet e Isis. Prometera que cumpriria minha parte, mas o aperto no meu coração não passava despercebido. Era a dor de abrir mão do amor que tínhamos compartilhado com Shushu e enfrentar um futuro incerto, longe da magia que nos unira por tanto tempo.

Mesmo com a determinação, havia um profundo pesar dentro de mim, um vazio que nada poderia preencher. Mas sabia que, para dar a Shushu a paz que merecia, era um sacrifício necessário, mesmo que isso partisse meu coração. E assim, com os olhos umedecidos e o coração pesado, segui em frente, pronto para enfrentar o desconhecido com a promessa de um adeus que nunca seria esquecido.

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Até a próxima 😘