28."All seasons"
Oito anos haviam se passado, os antigos garotos de 18 anos, já não eram mais os mesmo, John seguiu com a vida e a faculdade em Cambridge, fora um dos alunos mais exemplares e dedicados de seu curso, recebendo destaque e auxílio de vários médicos experientes na área.
Finalizou o curso de cinco anos, logo em seguida dirigiu-se para sua graduação onde já estava em sua reta final, eram seus últimos dias de aula e pensava em fazer seu mestrado.
Havia feito várias amigos, entre eles amizades femininas, que tentavam iniciar uma relação com ele, por mais que sentisse atraído por algumas, seu coração nunca permitiu que se aprofundasse em um relacionamento sério.
Toda vez que percebia que a amizade estava indo um pouco além, era instantâneo, fora de seu controle, algo dentro dele o fazia afastar-se e quando uma agarota tentava beijá-lo a força, este não mantinha o beijo ou logo sessava, pois a imagem de Sherlock vinha a sua mente e uma vontade imensa de chorar vinha em seguida.
Não era pra tanto que suas amizades haviam diminuído nos últimos dias, como as aulas estavam acabando e seus conhecidos estavam tomando seus rumos e nem mesmo as garotas queriam saber mais dele, achavam irritante o modo de como falava de Sherlock, um menino que nunca mais vira e nem sabia se lembrava-se dele.
Estava morando em uma pequena vila para estudantes próximo a universidade, até acabar seus estudos e quem sabe comprar uma casa por lá ou se mudar para Londres e fazer uma vida como médico, abrindo um pequeno consultório.
Conseguira multiplicar o valor de sua herança, quatro anos após sua ida para Cambridge, criara coragem para voltar a Lacock e reformar sua antiga casa, visitar o túmulo de sua mãe e investir na velha floricultura, que estava trazendo lucros desejáveis.
Nunca esquecera Sherlock, carregava-o para todos os lugares, em seu coração, mente, em seus sonhos e era ele a pessoa com quem conversava interiormente, quando tinha decisões difíceis a fazer, imaginava o que Sherlock diria a respeito, a voz do cacheado ecoava em sua mente ao levantar e permanecia ali, até a hora de se deitar, era impossível esquecer Sherlock.
Prometera a si mesmo que não ligaria para ele ou tentaria qualquer comunicação, afinal, ele nem precisava de muito para saber a localização de Sherlock. Nos últimos três anos, a fama de Sherlock havia dominado toda a Inglaterra, realmente havia seguido e se aprofundado em suas pesquisas e deduções, desvendando diversos casos, um mais difícil e complexo que o outro. Suas façanhas estavam sempre na primeira página do jornal ou em noticiários da TV e tudo aquilo só aumentava o orgulho de John e a vontade de estar perto de Sherlock, mas o medo de voltar e não ser mais aceito por Sherlock o perturbava.
Sherlock havia mudado, não era mais o menino indefeso de antes, ganhara experiência, fizera de seu antigo flat na Baker Street, sua casa, ia visitar seus pais muito raramente, pois na maioria das vezes eram eles que o visitavam em datas comemorativas. Não fizera amizades ou muito menos tentou iniciar uma, sempre afirmando colocar seu trabalho em primeiro lugar.
Mycroft virara seu empresário e guarda vinte e quatro horas de Sherlock, uma vez que seus casos e obsessão por eles cresciam, tornando suas aventuras ainda mais perigosas e muitas vezes era Mycroft que pedia auxilio com algum caso que envolvia a corôa britânica.
Sherlock não parava um segundo e quando seus casos entravam em um período de calmaria, seu tédio vinha a tona e uma vontade imensa de ter John para lhe fazer companhia lhe perturbava. Estava com saudades de John, sempre teve, muitas vezes no meio da noite, perambulava por Londres ou até mesmo por seu flat vazio, desejando ter John, seu cheiro, sua voz ali presente, apenas queria John com ele, participando de seus casos e o auxiliando a ter calma.
Como sentia falta daquele coração enorme do loiro, de seus comentários que o irritavam quando precisava pensar, mas nunca deixou qualquer sentimento transparecer e seguia com sua tentativa de sobreviver. Não entrara em contato com ele e não queria, pois qualquer sentimento poderia acabar com seu raciocínio ou atrapalhá-lo em um caso.
Eram as primeiras semanas do verão e Sherlock ainda não havia recebido algum caso que julgasse interessante. Estava mais cabisbaixo que nas outras semanas, seus pais haviam voltado para Walmsgate e Mycroft iria visitá-los na semana seguinte para o aniversário de sua mãe.
- Você deveria vir. - Mycroft disse encarando Sherlock sentado em sua poltrona na sala do 221B.
- Para quê? - Olhou sarcástico. - Para ficar igual um idiota na sala olhando mamãe e papai se abraçarem. Isso é ridículo.
- Não era ridículo para você a oito anos atrás. - Mycroft o encarou.
- Não entre neste assunto. - Sherlock levantou-se e olhou para a janela, indo em direção a ela. - É passado. Uma aventura apenas. - Falou baixo com um aperto no peito.
- Não seja idiota. - Mycroft foi em direção ao irmão. - Eu sei que você precisa dele.
- Ele está vivendo a vida dele. Não vou atrapalhar. - Sentiu seus olhos lacrimejarem, mas permaneceu sério.
- Ele está sofrendo mais do que você. - Mycroft colocou a mão em seu ombro. - Eu sempre apoiei os dois, você sabe disso. - Parou um segundo e encarou a janela. - Não espere oito anos, pode ser tarde demais. - Andou até a porta de saída da sala e disse antes de sair. - Ele ainda sabe o caminho para Walmsgate. - Sem dizer mais nada, desceu as escadas.
Sherlock permaneceu olhando fixo para a janela e a movimentação de carros lá embaixo. A realidade estava vindo a tona, estava com medo de rever John, havia oito anos que não o via, e se estivesse namorando? Seus ideais tivessem mudado? E se ele não fosse mais o mesmo menino de coração grande?
Mas com medo ou não, Sherlock não aguentava mais guardar tanto sentimento, precisava abraçar John, beijá-lo e dizer o quanto ele sentia sua falta, mesmo que ele o ignorasse. Sherlock passou a noite providenciando um modo de chamar a atenção de John, um modo que epenas John entendesse o recado e a ajuda de Mycroft seria fundamental.
Logo pela manhã, as primeiras notícias do jornal e da TV, eram a informação da saída de férias de Sherlock, que iria passar o verão na antiga casa dos pais em Walmsgate, mas logo retornaria. Era óbvio que Sherlock sabia que John sempre fora antenado nas notícias que circulavam em Londres e ele veria a notícia e se ainda tivesse o desejo de revê-lo, iria para Walmsgate, uma vez que as universidades já haviam encerrado seus trabalhos.
Assim ocorreu. Pela manhã, John ainda sonolento, pegou uma xícara de chá e ligou a TV como de costume e a primeira notícia foi a da viagem de Sherlock. John ficou algum tempo tentando entender o que aquilo significava, uma vez que Sherlock nunca anunciava suas viagens, muito menos tirava férias e ainda por cima, para Walmsgate.
Havia muito tempo que não ouvia aquela palavra e ao ouvir sentiu arrepio e uma vontade incontrolável de ver Sherlock, só podia ser um aviso, um pedido para que John o encontrasse novamente e ele sabia disso e isso o fascinou ainda mais. O cacheado ainda sabia surpreende-lo como nos velhos tempos, Holmes sabia muito bem como ele era.
Não pensou duas vezes em arrumar suas malas e comprar as passagens o mais rápido possível para Walmsgate.
Sherlock havia chego em Walmsgate, já fazia dois dias e já estava com vontade de voltar. John não aparecera até então e não dera notícias. Os dois dias Sherlock passou em seu antigo quarto, sentado em sua velha cadeira de madeira, analisando mentalmente alguns casos que havia resolvido e na esperteza de algumas pessoas, ora parava seus pensamentos e voltava-se para um determinado canto da parede, próximo a sua estante de livros e observava a velha bengala do pai de John, que ele havia deixado ali.
Era a única lembrança que tinha do amigo e por nutrir um sentimento muito fora do normal por ele, achou melhor deixar o objeto em Walmsgate, em um lugar reservado, que não pudesse ter acesso e realmente estava em ótimo estado, parecia uma bengala feita naqueles dias e dada de presente a ele.
Naquela manhã era o aniversário de sua mãe e como de costume, levantou-se e permaneceu alguns minutos encarando a bengala, estava decidido a ir embora e nunca mais voltar para Walmsgate, largaria tudo ali, estava ciente de que as lembranças daquele lugar deveriam ficar no passado e sua vida deveria ser focada em seus casos, John estava feliz com sua nova vida e quem sabe, achado outra pessoa e formado uma família como as pessoas normais.
- Vai sair tão cedo? - Seu pai perguntou ao ver o filho passar pelo corredor.
- Preciso dar uma volta. - Sherlock disse apressado. - Talvez não fique até o anoitecer.
O Sr.Holmes apenas olhou o filho sair sem entender nada e antes que se esquecesse gritou.
- Se está procurando seu amigo. Ele está no quintal.
Foi o suficiente para o corpo de Sherlock paralisar e um arrepio abalar sua estrutura. Ainda parado virado para a saída frontal da casa perguntou.
- Que amigo?
- Oras, aquele loirinho bonitinho. Acho que é Watson alguma coisa, não lembro muito bem, mas gosto dele, achei que nem se falavam mais. - Seu pai falava animado, mas o filho não respondia. - Você está bem?
Sherlock não respondeu, apenas virou-se repentinamente e atravessou apressadamente em direção aos fundos da casa, que dava saída para o jardim.
Chegou próximo a pequena porta que dava acesso a pequena varanda, seu coração saltava e sua respiração oscilava. Seus pensamentos não estavam no lugar, pensava se John ainda era o mesmo, se estava mais bonito, se seus beijos ainda eram quentes e carinhosos, se sua voz ainda era aquela voz tímida e fofa. Ao mesmo tempo se sentia um idiota por ter pensado que ele não viria e estar julgando ele.
Permaneceu mais alguns minutos encarando a maçaneta, decidindo se abriria ou não a porta, mas seu cérebro parou de raciocinar e suas mão giraram a maçaneta. E lá estava ele, o garoto, que agora era um homem de cabelos loiros, olhos azuis e uma barba rala loira ao redor da face. Havia engordado um pouco, ganhado mais forma, estava mais atraente, apesar do olhar cansado, mas era ele, seu amigo e companheiro John, que não via a oito anos.
- Só consegui passagem para hoje de manhã. - John riu ao ver Sherlock. Ele já sabia como Sherlock estava, sempre via sua foto em jornais ou noticiários de TV. Ele ficava cada vez mais lindo conforme crescia. Seu corpo ficava mais definido, seu olhar mais apurado e seu cabelo, permanecia o mesmo com os cachinhos adoráveis.
- Sua bengala ainda está aqui. - Sherlock falou. Não sabia o que falar. Oito anos longe e tinha medo de tocar em qualquer assunto.
- Obrigado. - John sorriu e foi o suficiente para confortar Sherlock.
Os dois aproximaram-se, um de frente para o outro, a vontade de abraçar era imensa e a ideia de beijar os lábios um do outro, dominava ambos, oito anos de desejo e saudade, agora a distância não passava de meio metro.
- Você... - Sherlock tentou começar um diálogo. - É médico agora, certo? Parabéns. - Falou sem jeito. - Cambridge é uma excelente universidade
- E você continua sendo incrível na dedução. - Olhou para ele, sua respiração acelerou. - Quanto tempo.
- Mais um verão. - Agora Sherlock olhava para alguns girassóis que nasciam próximo a uma árvore. - E os girassóis correm em busca de sua luz.
- Você ainda lembra. - John falou feliz.
- É difícil esquecer, quando algo passa a fazer parte da sua vida. - Olhou para ele sorrindo.
- Eu falei que voltaria. Não falei? - Pegou na mão de Sherlock. - Fiquei com medo das coisas terem mudado. De você ter mudado.
- Todos nós mudamos John, querendo ou não. A vida nos obriga a isso. - Apertou a mão do loiro, acariciando as costas de sua mão. - Mas algumas permanecem as mesmas. - Respirou fundo. - Achei que tivesse formado uma família. Eramos apenas dois adolescentes, pirralhos de 18 anos.
- Pirralhos bem problemáticos. - John riu e aproximou-se do peito de Sherlock, de modo que sua cabeça encostasse em seu peito, podendo ouvir os batimentos. - Nunca esqueci daquela noite.
- Eu também não. - Sherlock abraçou John. - Quando você volta?
- Eu pretendia voltar semana que vem, para começar meu mestrado. - Levantou a cabeça e encarou Sherlock. - Mas eu não aguento mais isso.
- O que? - Sherlock o encarou.
John não falou mais nada, permaneceram se olhando e sem perceber, seus rostos foram se aproximando, suas respirações mais ofegantes. Sentiram seus narizes se encostarem, ambos fecharam os olhos para sentir a respiração um do outro. Suas bocas estavam entreabertas, as mãos de Sherlock enlaçavam a cintura de John e os braços do loiro estavam fixos ao redor do peitoral do cacheado.
Sentiam suas peles encostarem uma na outra, o calor tão desejado a oito anos, de repente sentiram as pontas dos lábios se tocarem, mas ambos brincavam com o desejo do beijo, dando pequenas afastadas milimétricas em seus lábios, provocando um ao outro. Sherlock sorriu ao ver John se irritar quando afastou seu lábio, aquele sorriso foi o cumulo para o desejo de beijar o moreno aumentar, alguém deveria prender Sherlock por ter aquele sorriso.
John avançou nos lábios de Sherlock e o beijo repleto de saudade e desejo que se fez em meio a carícias e apertos.
- Eu vou voltar. - John disse ainda próximo dos lábios de Sherlock. - Mas será com você para Londres.
- Eu almejava que dissesse isso. - Sherlock o beijou mais intensamente, de modo que fez seu corpo sofrer alguns reflexos indesejáveis como suas partes baixas, elevando um pouco o volume de sua calça.
- Tudo isso é saudade? - John riu, sentindo o volume da calça de Sherlock. - Nunca mais quero me separar de você. Nunca.
Sherlock não respondeu, apenas sorriu, um dos sorrisos mais lindos e perfeitos que já pudera dar. O cacheado passou a mão no rosto de Watson, acariciando toda a extensão de seu rosto e lábios. John pegou a mão de Sherlock e a beijou com ternura. Os dois se abraçaram sorrindo, sentindo o vento em seus corpos calorosos e algumas luzes do sol tocarem-lhes a pele, os girassóis estavam voltados para eles, os pássaros cantavam e eles sabiam que o simples amor de verão, agora estaria em todas as estações.
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Olá meus amores! Como vocês estão?
Sei que levei muuito tempo para terminar de publicar esta história, minha vida deu milhares de reviravoltas desde quando comecei a publicar essa fic kkk. Ainda sigo passando por coisas bem difíceis, mas eu tinha um compromisso comigo mesma de terminar essa história e assim o fiz.
Talvez agora demore um pouco para eu publicar mais coisas nessa conta, mas muito provável que minhas próximas publicações sejam uma coletânea de poemas de minha própria autoria. Espero que gostem.
Enfim, obrigada por todxs que me acompanharam até aqui, e esperaram desde 2018 para eu publicar um novo capítulo. Amo vocês ❤️
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