17."The East Wind"
P.O.V. Sherlock
Após alguns dias praticamente inconsciente, coisa que já era bem rotineira para mim nos últimos dias, consegui organizar meus pensamentos e fazer uma pequena lista mental sobre algumas pessoas.
Moriarty e John eram as primeiras pessoas que divergiam em meu palácio mental. Dei graças a Deus, apesar de não acreditar nessas coisas, por terem barrado a entrada de qualquer pessoa no quarto em que eu estava, possibilitando um trabalho mental mais avançado e sem interrupções.
Era óbvio que Moriarty passara dos limites e eu teria que me precaver o mais rápido possível, mas agora as coisas estavam diferentes, John havia entrado no jogo inconscientemente. Conseguia definí-lo como uma pessoa sem muita precisão ou raciocínio rápido, realmente era difícil encontrar pessoas assim, mas seu coração e o apego sentimental pelas pessoas era extraordinário e isso me fazia sentir um pouco atraído por ele.
John era diferente, desde que batera os olhos nele em Westminster, pude ver pureza em seu coração e ele era ainda mais interessante pelo simples motivo de não ter me achado uma aberração e isso era umas das coisas que mais me agradava nele.
Consegui deduzir e fazer uma ficha rápida de John em minha mente, ele estava ferido e sozinho, mas eu não podia dar o que ele precisava. De certa forma ele me fascinava, era mais um ser humano com pensamentos limitados mas ele era forte e existia um brilho em seus olhos, eu definitivamente não queria me preocupar com John Watson e nem deveria, ele era apenas mais uma pessoa irritante em minha vida, mas eu não conseguia ver assim, eu sentia a necessidade de conversar com ele de ter sua companhia e sempre que tentava organizar algum pensamento, alguma coisa relacionada a Watson passavam como flashs em meu palácio mental.
Eu sentia a necessidade de ver John e dizer que estava tudo bem e eu o estava machucando ainda mais, eu não queria isso, não queria sentir impatia por John Watson, estava fora do meu mundo mas eu não conseguia controlar, John mexia comigo.
Já Moriarty era um psicopata nato que não media esforços para me matar ou fazer o que bem entendesse comigo. Claro, eu posso muito bem desviar de tudo isso, avisar meus pais ou alguém maior sobre tudo isso, mas é complicado quando sua família está obsecada por um adolescente de 19 anos, que diz ser um amor de pessoa e carrega uma enorme história de rejeição nas costas e apenas seu irmão sabe o que realmente está acontecendo.
Sem falar na própria escola que cai aos pés do poder de persuasão de Moriarty e todos me vêem como uma aberração o pelo simples fato de fazer deduções e esclarecer fatos que ninguém observa. Não tenho culpa de que as pessoas são idiotas e lentas, apenas tento ajudar.
Que Moriarty sempre sentiu inveja de mim, isso sempre foi óbvio, mas nós últimos meses isso estava passando dos limites e bem, eu não acredito em milagres, mas digamos que John está sendo meu anjo da guarda nesse período e isso está provocando uma confusão ainda maior em minha mente, talvez de qualquer forma, John não saia da minha mente.
Mycroft me visitou na noite passada, primeiramente brigando comigo por não estar nos dormitórios, sendo que já estava bem o suficiente para voltar as minhas atividades normais. Revidei afirmando que precisava de mais uma noite só, sem contato afetivo ou algo do tipo.
Sua visita foi de grande ajuda para meus pensamentos, Mycroft é uma das poucas pessoas que conseguem me compreender, apesar de entrarmos em conflitos algumas vezes, por culpa de nossos raciocínios avançados.
Consegui esclarecer alguns pensamentos sobre Moriarty, Mycroft pediu paciência e mencionou John, disse para que eu não me afastasse dele. Confesso que fiquei surpreso com essa atitude, geralmente Mycroft pede para eu me afastar das pessoas. Geralmente ele sabe de tudo sobre elas e eu nunca ousei em perguntar como ele consegue isso.
Ele me passou praticamente toda a ficha técnica de John, desde a história de seu pai até a morte de seu irmão, nada que já não tivesse deduzido, mas agora com mais informações e teorias concretas. A conversa terminou com um aviso, de que John Watson poderia salvar minha vida algum dia e eu a dele.
Permaneci pensativo até o amanhecer, era ridículo o modo como aquele nome penetrara em minha mente, John estava em todos os lugares do meu palácio mental.
Enquanto me arrumava para o começo de uma nova era na Harrow School, uma ansiedade que nunca imaginei tê-la me dominou e de repente eu precisava ver John Watson. Os pensamentos do dia em que tive a overdose, a prova de que John realmente se preocupava comigo era diferente, ele me olhava, queria saber como eu realmente me sentia e eu sentia necessidade de alguém assim, um amigo.
Quando esses pensamentos começaram a soar estranhos até para mim mesmo, esqueci, coloquei alguns adesivos de morfina, inventados por mim mesmo, e segui para as salas de aula com meu enorme casaco preto. Eu odiava o unifirme da escola e o casaco era a única forma de me sentir diferente dos outros.
Parei em frente a porta da sala, os professores e funcionários já haviam sido avisados da minha volta, exeto os alunos para não provocarem alvoroços.
Dei três batidas na porta e a abri, me depairei com o professor olhando fixo para mim, a sala me encarava e por alguns segundos fiquei sem reação, mas logo avistei John sentado ao fundo da sala me olhando um pouco expantado, confesso que senti um pouco mais de segurança ao saber que ele estava bem e por sorte na mesma sala que eu.
Mal tive tempo de entrar na sala e Moriarty me recebera com seus mais sinceros elogios.
"Então o psicopata drogado voltou?" Olhou fixo para mim, que continuava parado na porta.
"Basta senhor Moriarty!" O professor o repreendeu. "Fiquem ondem estão, o diretor virá conversar com vocês." Ele disse e saiu da sala para chamar o diretor Jim.
Assim que o professor saíra da sala, Moriarty tomou a frente e tomou o lugar do professor.
"Espero que não se relacionem com está aberração." Apontou para mim. Eu apenas permanecia parado, observando a cena majestosa de Moriarty e a sala calada perante seus pés, até um dos alunos mostrar uma rebeldia que nem Moriarty esperava, John havia tomado a palavra.
"Quem você pensa que é? Por que acha que tem direito de falar essas coisas com Sherlock? Não apenas com ele, mas qualquer um desta escola?" A cada frase John caminhava para a frente da sala para ficar próximo de Moriarty.
"Se ele é um psicopata, você também é!" Continuou ele com cada vez mais raiva no olhar e mostrando uma imponência que eu nunca pensei ser capaz de surgir dele. "Mas a diferênça é que você é um garoto mimado, que não aguenta ver outras pessoas acima de você, você é ridículo, um fracassado."
De repente John olhou para mim, seus olhos lacrimejavam e eu sentia vontade de abraçá-lo com todas as minhas forças. John não era assim, poderia conhecê-lo pouco mas sabia que aquele John que gritava igual um louco e enfrentava Moriarty havia surgido para me proteger. A cena era aterrorizante e incrível ao mesmo tempo, ninguém nunca havia enfrentado Moriarty daquele jeito, ainda mais por minha pessoa, era loucura e eu sabia que não acabaria bem, as mãos de John tremiam e eu sabia que ele estava nervoso.
"Sherlock pode ser diferente, todos somos diferentes e é isso que nos torna especiais." Permanecia olhando para mim e era impossivel eu desviar o olhar. "Vocês julgam quem não conhecem e esse é o pior erro da humanidade." Agora sua atenção se voltara para a sala. "Vocês deveriam aprender com esta pessoa que vocês julgam ser um psicopata, ela possui uma inteligência que pode servir de grande ajuda para todos, infelizmente vocês se tornaram meros alienados, que seguem um líder sem saber o motivo. Vocês são ridículos."
Essas foram as últimas palavras de John antes que Moriarty o elogiasse com um soco no rosto, fazendo John cair como um saco de batatas no chão. Imediatemanete os outros alunos, calados até então, começaram a coxixar, alguns com dó de John outros querendo a vitória de Moriarty.
Ele o chutava e dava pequenos socos em seus braços, que serviam de uma proteção quase nula. Eu não podia apenas assistir, tinha que agir.
Avancei abruptamente em direção a Moriarty, uma força dominava meu corpo, não conseguia mais pensar e meu único objetivo era proteger John.
Puxei Moriarty pelo colarinho, o joguei contra a lousa e soquei seu rosto, ele caiu, mas levantou-se rapidamente pronto para me socar, como defesa, chutei suas partes baixas e soquei novamete seu rosto. Moriarty caiu aos pés do diretor que já entrava na sala.
É óbvio que fomos levados direto para a diretoria e o senhor Hawkins ficou chocado com a atitude de John e alguns alunos que se envolveram na briga. Eu e Moriarty recebemos pelo menos trinta minutos de sermões sobre aquelas coisas clichês de comportamento, respeito e amizade.
Digamos que todas as palavras foram jogadas ao vento e por motivos de segurança maior, Moriarty foi mudado de turma. Mas não foi o suficiente para que isso o impedísse de me provocar.
Ele fazia questão de esbarrar comigo pelos corredores e durante os horários das refeições, mas coisas haviam mudado, após aquele acontecimento na sala, John começou a se mostrar quem ele realmente era, uma pessoa lerda nos pensamentos mas com um coração enorme que me cativava cada dia.
Recusei ao máximo sua amizade no início, como já sabia ele voltara para meu quarto, fiquei frustrado ao saber que ele mexera em minhas coisas e suas perguntas intermináveis me extressavam, não me permitiam pensar.
Eu continuava com meus habitos, que para algumas pessoas era algo de outro mundo, mas John parecia entender e se conformar com tudo. Com o tempo, equivalente a uma semana e meia, quando as provas finais davam seus primeiros sinais e senti que John tinha uma certa dificildade em química e física.
Comecei a ajudá-lo e de certa forma meu carinho por ele crescia. Por mais que ele tivesse dificildade em entender durante as aulas, quando eu explicava ele absorvia grande parte do conteúdo em menos de segundos, talvez porque grande parte do conteúdo eu colocava em prática. Sempre achei que a teoria era algo desnecessário de se aprender, todo o aprendizado deveria ser colocado em prática e era engraçado quando John voltava das aulas desesperado ou olhava apreensivo para mim durante as aulas, avisando que não estava entendendo nada, mas quando eu explicava ele se tornava um mestre na matéria.
Fazia experiências químicas e comprovava algumas físicas, eu explicava tudo a John e ele prestava atenção, era incrível ter alguém que prestava atenção e se importava com o que eu dizia. Riamos em meio as experiências e seus olhos brilhavam quando eu falava algo.
Seu sorriso era tão genuíno e aquilo preenchia uma parte de mim, era estranho mas eu me sentia bem com John, com ele eu podia ser quem eu era sem me importar com críticas ou o medo de ser espancado por alguém. Lógico que muitas vezes ele se extressava comigo e sentia vontade de me bater, mas não me importava com isso, muitas vezes ele me irritava também.
Os testes começaram, junto com eles minha amizade com John crescia, conversávamos e eu tentava lhe mostrar meios de dedução. Era incrível ser amigo de John. Quando tentava usar drogas ele me impedia, chegou até a esconder meus cigarros. John estava se tornando uma droga para mim, todo lugar que eu ia ele estava lá e não media esforços para me ajudar e eu me sentia mais necessitado de sua presença.
Tudo ia bem, os testes haviam acabado, Moriarty estava me evitando a uma semana, talvez porque ele já sabia que passaria o verão em minha casa de veraneio como sempre e lá ele não teria a supervisão do diretor, uma vez que meus pais o adoravam.
O pior é que essas férias seriam definitivas, eram minhas últimas férias de verão escolar, já que era meu último ano e depois teria que ser forçado a vida adulta.
Já na metade de Junho, recebemos os convites e a data da formatura, John estava feliz, pois poderia chamar sua mãe para ir vê-lo em Londres e talvez fosse embora com ela e eu voltaria a minha solidão de sempre, mas esse medo não era nada perto do que estava por vir, era o vento leste, o vento leste estava chegando.
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