Sentindo a solidão abraçar...
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Benício não é muito normal.
Eu atucanado, cheio de rescisão pra fazer lá em Biguaçu e esse curisco marca pedicure durante a semana. Semana de folha, dia 26 do mês terminou cinco contratos de experiência e tenho mais duas rescisões em Palhoça que vão pro Sindicato. Preciso somar o ponto dos três empreendimentos sozinho, porque o cara que faz Balneário foi fazer a unha num podólogo. Sei lá o que é, pra mim é tudo a mesma coisa, pedicure, manicure e esse outro.
Charles, calma, lembre do que Bob Marley diz: "Rastaman vibration, yeah, positive" sigo nessa vibe e tudo vai dar certo. Não surtarei, até porque Benício acaba de me passar uma mensagem de que já tá chegando. Já? Ficou a manhã toda fora!
Depois dá uma vergonha dos meus pensamentos, afinal ele chega e comenta:
— Desculpa eu ter ido hoje, Charles. Mas no SUS não tem como escolher a data e eu estava sofrendo com a unha encravada que infeccionou e quase não conseguia caminhar.
Poxa, tadinho... o dedão do pé dele parece uma bola de meia, tá enfaixado e grosso. Olha o que a falta de comunicação faz. Eu disse, ele não fala as coisas. Só disse assim:
"— Charles, tô com uma parada na unha do pé."
Como que vou saber o que é "parada na unha".
— Que desculpa o quê, rapaz, tá tranquilo. Eu que fiquei meio apavorado aqui. Porque não disse que tinha um troço desse no dedão.
— Mas eu disse. Ainda falei que tava doendo.
— Falou?
— Falei.
— Falou o que?
— Que tinha um problema no canto da unha. É que é meio nojento, tava com pus e eu não queria falar essas coisas. Mas eu não ia deixar você na mão.
— Eu sabia disso. — Sabia nada, mas dou aquela disfarçada, porque eu realmente tava achando que ia ficar na mão. Meu Deus, o que a falta de um dialogozinho faz com duas pessoas. Enfim, o Benício demonstrou finalmente que pode ser um cara parceiro. Eu sei que ele está de atestado hoje e com toda a razão deveria estar em casa repousando, então perto das dezoito horas, eu comento com ele:
— Fica em casa amanhã, já conseguimos dar uma boa adiantada nos lançamentos. Pelo menos descansa esse pé aí.
—Não tem tanta necessidade, senão o médico tinha dado dois dias de atestado.
— Sério rapaz, eu mesmo te levo.
— Ah Charles, não precisa... — Ele cora. Não. Ele "arroxa". Pensa num vermelhão. Coisa mais fofa, esse guri. Vontade de adotar e dar mamadeira, colinho e.... ah tá, é só zoeira. Mas é que acho tão bonitinho e fofo quem fica vermelho, me dá vontade de provocar ainda mais. — Eu vou a pé, é perto.
— Vai nada, rapaz, eu te levo. Deixa de dengo.
Se ele tava vermelho antes, imaginem depois dessas palavrinhas.
...
Já disse e repito adoro o que eu faço e amo meu emprego. Tem dia que dá vontade de torcer o pescoço de uns e tem dia que a gente cai na real e vê que tem sorte de estar empregado. No âmbito profissional há uma guerra acontecendo, a máquina de fazer dinheiro funciona a todo o vapor e com isso, nós empregados, nos vemos pressionados por todos os lados. É isso ou o desemprego, porque lugar mágico, só em Hogwarts e nem lá a coisa é fácil.
O estresse de uma semaninha pode ser amenizado com uma caminhada, duas cervejinhas na casa do irmão, uma pelada com os amigos, uma leitura, praia ou uma conversa à toa na casa de alguém. Um deles que adoro é o Jé, também conhecido como Pelézinho, desgraçadinho bom de bola, canhotinho, mora no bairro da minha mãe, que é mais barra pesada, mas é onde todo mundo se conhece e eu cresci com aquele pessoal.
—Leva duas tainhas pra ti, Charles, vê se tu dá sorte de pegar uma "ovadinha". — Jé trabalha na construção civil e quando é época de tainha, ajuda puxar rede. Eu também vou quando me chamam.
— Sacanagem, quando que vocês foram puxar rede? Nem lembra mais dos amigos. — Olha isso, meus amigos andam esquecendo de mim.
— Eu bem que avisei os rapazi, eu disse, o Charles gosta de puxar rede com a gente, ele vai se ofender se vocês não chamarem.
Adoro coisas que a cultura da nossa região ainda mantém e uma delas é a pesca e com isso, fica acertado com esse pessoal pra domingo de madrugada, a gente se jogar lá pra Praia de Penha para pegar marisco na pedra. Já tô salivando de vontade aqui, marisco e caipira.
Não sei porque, mas lembro do Benício quando programo essas coisas e queria arrastar esse rapaz pra fora da concha. Ele realmente precisa muito sair no sol, ouvir umas besteiras e se misturar. O brabo é que ele não dá uma brecha.
Dou uma carona pra Bruna, minha irmã, e ela me chama a atenção.
— Deixa o rapaz quieto no canto dele Charles. Não tem coisa pior do que fazer alguma coisa sem ter vontade própria. — Ela defende meu colega.
— Mas ele tá deixando de curtir a vida.
— Ele deve curtir do jeito dele.
— Impossível. Sente o drama de uma conversa com ele:
""— Bom dia Benício... segunda-feira, dia de fé né irmão?"
— É.
— Saiu no final de semana?
— Não.
— Eu saí, fui pro rancho no sábado e sambei até ficar exausto. Domingo, fui pra balada universitária, bebi e tô até agora com azia. Tudo certinho mesmo?
— Aham... — Ele responde sem interesse.
— Ah, mas se fosse um show de heavy metal, tu ia né?
—Ia.
— E como que dança rock?
— Nem toda música é feita pra dançar, nem todo mundo gosta de dançar.
— Oxi, como que não. Cara, eu gosto de me divertir muito.
— Cada um tem seu tipo de diversão preferida. Eu prefiro ouvir música e ler quieto num canto.
— Final da semana que vem vamos sair juntos.
— Não sei.
— Eu te busco em casa.
— Se eu quiser te falo. ""
— Tá vendo, Bruna, ele é assim o tempo todo, oito meses trabalhando com o cara.
— Oito meses e tu não aprendesse ainda que ele gosta de ficar na dele? Para de perturbar o cara.
Ainda tomo bronca dela. Mas pensando bem, ela tá certa. Nem eu entendo porque fico desse jeito com meu colega. Não tem nada de tão espetacular assim no cara, só a boca vermelha, cabelo lisinho, pele pálida, olhos verdes escuros, gostosinho, cheiroso e eu me envolvendo... Não vai prestar isso.
...
Pra não ficar naquela solidão da música da Sandra de Sá, ♫ "a solidão me mata, você vem na hora errada, em que eu não te quero aqui" ♫, vou visitar o Douglas. É só deixar o danado de castigo que ele fica todo carente (carente de verdade) e me abraça.
— Nem me atende mais, não visualiza meus "whats". É aquele Bruno, né?
— Que Bruno, Douglas? O Bruno tá namorando.
— Sei.
— E tu? Tá me cobrando porque? Eu vim te buscar pra sair da rotina um pouco. Vamo no "Mac"?
— Ah Charles, eu nem saio de casa se for pra ir numa lanchonete. Sushi até bem de boa.
— Beleza, topo. Mesmo que seja pra comer peixe cru...
— Peixe cru! Sempre essa frase pronta.
— Não é pelo lugar, Douglas. Quero sair contigo. Escolhe um lugar que tu gosta, vamos fazer um socialzinho. Eu sei que tu gosta de sair.
— Vai me levar no Mac? Nossa! É romântico pra caralho isso.
Ah Papai, dai-me a paciência!
— Já tentei te levar na balada universitária, na N. Heaven (boate GLS), Motel, jantar lá Beira Rio no restaurante mais bacaninha... tu tem medo de aparecer do meu lado.
— Tô cansado hoje. Não fica me importunando.
—Que é? Tá só me destratando, vou embora.
— Até parece.
— Tu diz que não? Tu é complicado, Douglas. Vim especialmente te ver e tá com esse mau humor. Nunca entendi qual é a tua.
— Não tô legal, só quero ficar em casa mesmo. Ficar num love contigo.
— Ah, sei não... promete que não vai me judiar hoje? Gosto de você...
— Eu também... Só hoje que não tô bem. Tô de mau humor mesmo.
— Mas descontar em quem não deve nada pra você, não é justo. Eu sinto falta de conversar um pouco contigo, brincar de namoradinho. — Abraço aquela coisa braba e cheirosa. — Fico numa fissura quando lembro dessa bunda aqui.
Aperto o traseiro dele e dou um tapa forte naquela firmeza toda. Ele se envolve, me abraça de volta, me beija gostoso, se esfrega no meu corpo e logo ficamos excitados. Não resisto muito, só meto um preservativo e pego-o de quatro ali mesmo no sofá. Meu pau some, tragado por aquela bunda gulosa desse ansioso barbudinho que me enlouquece, desaforado joga o quadril para trás e quase me derruba.
— Mais... soca... soca forte.
Que calor dentro desse "bandido", um verdadeiro vulcão são as paredes do canal apertado e gostoso, que faz meu cacete friccionar, a pele do pau ir e voltar sobre a glande sensível que é massageada de um jeito gostoso.
— Ah que delícia, Bê...Sssss... — Na hora do tesão a gente perde a razão totalmente. Fecho os olhos e me entrego àquele prazer que espalha-se por todo o meu corpo e dou uma baita gozada dentro dele.
Como é de se esperar, o gozo deixa nós dois com preguiça de levantar e fazer algo de útil pela vida. Ele deita no meu peito e brinca com os poucos pelos que tenho. Sonolento boceja, tão lindo e quase doce... quase que morro de amores, mas sei que não é o cara com quem deva me iludir. Não é exagero, irmãos, Douglas é complicado. Lembro de um detalhe, o "Bê" que escapou e ele nem notou. Nunca fui disso...
Dou uma cochilada, já pensando que vamos dormir agarradinhos. 23:23 eu desperto e não o encontro, ouço o barulho do chuveiro e quando chego perto do banheiro, percebo que ele terminou e seca-se rapidamente.
— Porque não me chamou pra tomar um banho contigo. — Provoco porque penso que ele vai abrir esse coração...mas...
— Ah, Charles. Já terminei. — Ele passa por mim, ao me cortar friamente e depois completa — Se puder ir tomar banho em casa... é que vou sair.
— De novo isso?
— Ah, não enche meu saco. Já disse alguma vez que eu queria um namorado?
Dessa vez não respondo. Me visto e saio apressado de sua casa. Se eu ali ficasse, ia dar um safanão da orelha desse cara. Onde já se viu. Parece que é bobo da cabeça. O foda é que fico chateado por ser um objeto carente na mão dele e sei que sempre vai ser assim. Mas porque ele continua a me ligar? O burro sou eu que vou atrás. Sigo me iludindo e jurando pra mim mesmo, que na próxima eu o ignoro. Só quero ver se consigo. Acho que não, mas não custa tentar.
...
Oiiii, pessoal!!! É eude! Haha Eu de novo. Essa foi ruim.
Pra deixar o Natal mais gostoso, só ele, Charles #nossobombom ♥ 🍬🍬
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