Viaaaaado!

Não é de hoje que gosto de causar. Eu chego e causo! Ou então nem saio de casa. 

Sou debochado, ruim e até meio insuportável, esse sou eu e tem que ama. E tem quem odeia mais ainda. O que posso fazer se é meu jeito? Mas não tem nada com meu signo, que isso fique bem acertado!

Dizem que eu assusto as pessoas, uns até dizem que sou malcriado. Deixa eu esclarecer: sou calmo e muito adorável, mas não pisa no calo que senão, barraco é comigo mesmo. 

Já vão me comparar com o Eliseu que eu sei, mas pode crer que sou ainda pior e mais desaforada!

Gente, o que eu tô fazendo num romance?

Ah, esse autor 👼 soube que eu estive de rolo com um evangélico e já me botou no rol dos romances dele. No mínimo achando que vou virar aquela menina doce e comportada, a nova Sandy, Marcela Temer, essas daí... Não adianta, porque sou vadia e cachorra.

Enfim, deixa quieto... preciso confessar que há três anos conheci o Claudinho, o MEU Claudinho e assim, rolou um "clichezaço" na minha vida: Hétero x Biba, sendo eu a Biba é óbvio. Pra piorar, Claudio era evangélico, então só manja o que eu tive que passar com esse "hétero" de Nárnia. 

Confesso que não peguei leve e tenho certeza que vou pro inferno com meu relato à seguir, são bastante páginas então nem tenha pressa que o negócio vai longe.

Vamos entrar no meu túnel?  Adoooooro.

Haha, do tempo, né migas. Começando e vindo de ré, ou melhor, avançando até o dia de hoje... mas começando lá atrás.

...😼😼😼...

— Putaquepareoooo que macho! — Isso é uma manifestação diante da beleza sensual de um maromba de um metro e setenta de altura, cabeça raspada, cara de mau, gato, canela grossa e peluda, de mão dada com uma... evangélica? — Ah para, né. Olha Isso Cidinho.

— O que? Que tu só olha para o impossível.

— Não é possível que aquela saia é mais sexy que isso — Dou uma volta na frente do carinha que trabalha na loja ao lado da qual eu trabalho dentro do Shopping.

— Tem homem que curte mulher, viado. Nem todo é fácil de perverter. Nem com essa bundinha boa que tu tem.

— Não gosto de coisa fácil, bruaca. Olha se tenho cara de quem quer coisa fácil. Quer saber, pegar esse boy virou questão de honra.

Cidinho chega mais perto e cochicha.

— Aposto meu rabo que esse tu não pega.

— Que eu quero com o teu rabo, doida! Eu prefiro...

— Pirocão!

— Repete que eu meto a mão na tua cara.

— Pirocão!

— Ai fala mais baixo, sua cadela!

— Pirocão!

Imagina, eu e Cidinho somos duas gays passivas, onde que ia rolar alguma coisa?

Tem certas pessoas que morrem de vergonha de sair com a gente, ai credo que discriminação, não entendo isso. Mas eu tenho muitos amigos, migas né, que topam e adoram meu jeito, são quase todas as "pocs" que trabalham nos comércios de Itajaí e região. 

Cidinho foi dispensado de um café chique pra caralho e veio trabalhar num Outlet, bem coisa de pobre mesmo, aquelas roupas tudo parecidas, eu heim. Se bem que tem umas calças lindas e posso mandar na costureira e pôr uns detalhes. Ai, e nem me fale das blusinhas, uma mais linda que a outra, as camisetas "falsê" que me deixam esnobar os pobres que andam no ônibus comigo. 

Aaiii, preciso receber logo e me acabar na loja do lado, porque nessa daqui que eu trabalho, nem o Abi que pode mais, não compra.

Outro viado que é do babado é o Fernando, Fefê, vulgo Biba da Ilha, manezinho da capital, ixtepô, esse trabalhava no shopping até pouco tempo atrás e acabou se rendendo à causa da família, padaria e afastou-se.

Abi anda pra cima e pra baixo com um boy, sossegou também, Davi casada, Liseu casada, Carlinho casada... Só dá casada.

Voltando ao foco, tenho uma missão: pegar o cara da canela grossa que obviamente é um homofóbico, hétero e ser arregaçada pela benga enorme que ele deve ter. Ou não... e eu me mato.

Sou ariana guerreira! Muuuu de áries, a quenga mais safada dos Cavaleiros do Zodíaco. Tive uma ideia e para colocar em prática, eu teria que fazer algo muito incomum que exigiria um esforço tipo... imaginar o português dono dos mercados aqui da cidade, pelado e de pau duro e dizer não pra ele. Já sabem que é o macho? Então abafa, que não quero apanhar.

Igreja Pentecostal Não Faço Ideia do Nome é a primeira que vou conhecer. Ele é crente e eu tô precisando ouvir a palavra do Senhor, além de perseguir o cara. Então começo por ali pertinho do trabalho.

— Michele. — Ligo pra Michele que é amapô, miga de toda hora e pro que vier. — Curisca, aquele teu irmão, o Maico ele andou se crismando né? Ele tem mais ou menos o meu corpo assim, magro de ruim, então será que ele não emprestava aquela beca?

— Pra quem?

— Pra mim né. Vou dar uma rezada e só tenho roupa de piranha pra sair.

— Tu o quê?— Eu repito praquela surda do cacete. — HAHAHAHA.

— Já parou?

— Tás de olho em algum pastor?

— Nada, é num dos fiéis mesmo. Mas empresta?

— Que igreja, miga?

— Não te interessa, vai que tu é amiga da guria que anda com o rapaz que quero pegar. Só vai saber se eu pegar o cara.

— Ai que feio, Cley, reza e pede perdão pra Deus. Vais mexer com cara comprometido. Eu não ia gostar se fosse comigo. Tua ia gostar se fosse contigo?

— Lógico que não! Eu rogava uma praga se me botassem um chifre. Por isso que vou fazer eles terminarem, se for o caso, daí eu parto pra cima.

— Nem digo mais nada. O que tu precisa?

— Ah, calça social, camisa, sapato brega e gravata.

— Só te arrumo isso se me mandar uma selfie.

— Depois é ariano que é do mau! Sua vaca!

Gente, só a Mi que me arrumaria essa indumentária sem fofocar, porque vamos e viemos, viado é uma praga fofoqueira, eu sei que é porque sou a bicha mais "divulgadora de fatos" entre minhas manas.

Em posse dos trajes, veio outra complicação. Fazer a DISCRETA!

Meu jeito de falar é muito gay, minha nossa senhora. Eu rebolo demais. Eu sou lindo demais. Minha sobrancelha é bem feita demais. Sou menina demais.

Não, não e não! Não vou me prestar a isso.

Tiro a roupa, inclusive a íntima e quase taco fogo em tudo. Eu não vou me humilhar por um macho, jamais!

....

— Boa noite, irmão... — Na recepção da Igreja Pentecostal Não Faço Ideia do Nome, uma moça e um rapaz me apertam a mão com educação e um sorriso doce e convidativo.

Caminho todo durinho que pareço o filho do pastor. Não creio que já tem umas "irmãs" me analisando. Ai não! Olho para o púlpito que é lugar de respeito e até peço perdão pelos pecados que são incontáveis: inveja, fofoca, soberba, ganância, para a gula, eu rezo até duas ave Maria. Faço o sinal da cruz e várias pessoas me olham de canto:

"Caralho de gente reparadeira" penso e me mando cedo, metade do culto e eu estava em casa. Só depois que me ligo que crente não reza igual aos católicos, nem faz sinal da cruz.

Enfim, cadê o boy dentro daquela...

— Ai Senhoooooorrrrr, como que vou visitar todas as igrejas dessa cidade... espera... e se ele nem for da cidade... espera... mas eu já vi esse cara outras vezes, onde, onde. Ai, viado, pensa, pensa.

Não adianta, eu não lembro. Ponto positivo foi tirar aquela roupa medonha que ficou frouxa na bunda, curta no tornozelo e o sapato duro pra porra que parecia uma sandália de madeira quando batia o salto na igreja.

Agora é sério, nunca mais me rebaixo à um papelão desses. Imagina se o gostoso me visse usando essa coisa sobre meu corpo? Ai quase passo mal só de imaginar.

Espero que ele me veja nua da próxima vez.

No dia seguinte... na saída da loja, final do expediente, eu encarno a Bey e canto:

"Teique brét, teique diiii, Calmi self, he seis to mi. Ifi iu plei, iu plei for kiiis. Teique de gammm, ende caunte treee. Aim suiiimm nau, muvem eslouuu. Nou taime to sinque, mai tam tu gouu...."

— Que Bey, menina, isso é Rihanna, Deusa entre mortais. Rainha. Minha...

— Ah fecha a matraca, Cid. Bey é mais!

— É pau pra decidir.  Sou também a Katy Perry, lindaaaa.

— Mas canta mal ao vivo. — Eu largo.

— Tu nunca viu!

— Pede desculpa ou não conto.

Cidinho é muito obediente, na hora pede desculpa e eu conto minha aventura só pra ele.

Depois ligo pro Abi, o tal do S. que tá pegando o Abi. Liseu, Cacá, Fefê, Suzi e quem mais eu fui lembrando... vai que algum deles conhece o "evanzélico". Ih caramba esqueci do Davi. Amanhã se eu lembrar, ligo pra ele.

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Detalhe, mas nem contem pra ele, Davi conhece o Claudinho, hehe.

Deixa esse daí sofrer um pouco.  Vou mostrar minha maldade escorpiana agora. kkkk