Diva da deprê
Gente, o Celso tá brabo comigo. Nem fiz nada. Só fiz o certo, dei uma cortada no homem. Onde já se viu, eu pareço minha mãe que tá na menopausa, nunca passei tanto calor como depois que ele me beijou.
Tá certo que na menopausa, a mulher não tem ereção, mas é praticamente a mesma coisa, eu acho. Verão já é quente, imagina beijar um homem-touro. Sim, porque o aparato dele não é coisa pouca.
Agora encasquetei, será que ele não colocou uma rama de aipim dentro da cueca, só pra me impressionar? Ai credo.
Tá, eu já fiquei com menino de pau pequeno que era muito gostosinho e compensava nos beijos, na doçura nas carícias e na safadeza. Também já peguei uns "jumentos" que não ficavam 100% eretos e eu me matava de tanto chupar, tinha dores na mandíbula, sentava, quicava, dava de lado, de ponta cabeça e pendurado no teto... e quando o macho tirava o trem, tava meio bomba só.
Já garrei asco desses também.
Caramba! Achei o cupom fiscal daquele dia! Tava dentro da minha carteira.
Ai que feio, briguei com Cidinho (de novo) só por causa disso. Como sou ruim, pelo amor de Deus.
Preciso pedir desculpas.
Preciso, mas não vou.
Vou sim, mas porque eu quis, minha consciência não está me perturbando. Porque se me perturbasse, eu mandava ela a merda também.
Como estou feliz com essa porcaria de papel na mão, vou ceder.
— Vai tomar no cu você, desaforado! Liguei só pra pedir desculpas, te amo.
— Me ama? Pede perdão de joelhos!
— Ciiii...
— Agora, vadia.
Tá bem. Vou fingir, ele nem vai saber.
— Pronto.
— Cley... Jesus tá vendo, não esquece.
Ajoelho de verdade, com isso não brinco não. Desculpas pedidas e desculpas aceitas, vamos dividir a "caixinha de bombom" que no caso é um cuponzinho lindo.
— Conta aí, mona, qual o nome dela?
— AHHHHHHHHHH! Operadora: 0092. Cadê o nome, cadê?
— Ah... não fica assim, hoje a noite vamo comer um pedaço do bolo da Divina, minha colega que tá de aniversário.
— Divina é drag?
— Não, é menina mesmo. Vem que tu tá precisando de carinho Cley. Ela tem um irmão que quero te apresentar...
— Nem vem, já tenho dois homens e não dou conta, o que vou querer com mais um.
— Eu falei que vou te apresentar, mas não disse que vai ser pra ti. Tu olhar mais que uma vez pra ele, acabo com tua raça.
— Nossa agora fiquei curioso, que hora isso?
— Ele vai nos buscar lá no shopping depois do fecha.
— "Nos" buscar? Mas tá insuportável essa quenga. Topo.
...
— Essa calça ficou boa pra ti, tens cintura fina, menina que luxo. — Acho o máximo as gordinhas acinturadas.
— Nem me fale, moço, não é fácil achar roupa nessas lojas. Deviam reformular e trocar tudo esses manequins esquálidos, até parece que nós brasileiras cabemos nesse padrão...
— Concordo, amiga. Por isso que achei o máximo quando o gerente quis colocar moda plus size. Deve ser deprimente, a pessoa gorda ter que andar só de camiseta. Ainda mais mulher, né.
— Verdade. Ou só de vestido estampado, modelo botijão. — Ela fala e ri.
— Boba.
Termino de atender a moça e escuto uma frase que faz meu sorriso alargar, tipo o coringa de Jack Nicholson.
"Obrigado, moça, mas quero esperar por aquele vendedor. Ele que sempre me atende."
Ah, nem preciso me achar. Eu sou!
— Cley! O Celso disse que é pra ti subir no segundo piso.
— Ué, cadê?
— Ele tá no segundo piso. — Minha colega faz cara de arrogante pra mim. Sei que isso rolou, porque o cliente queria eu! Cleyton Kevieczynski.
...
— Porque demorou?
— Agora tu virou meu marido?! Sai Celso. Ué, tu não tava de folga hoje?
— Eu vim te ver. Vou caminhar um pouco e esperar a hora do fecha.
— EU já tenho compromisso e não posso sair com homem comprometido.
— Sei, sei, sei... — Ele me diz com uma arrogância nojenta e aponta o queixo para uma mesa onde um casal faz lanche no café perto do cinema.
— O que? AHHH!
Celso se esconde atrás do cardápio, mas é tarde, o casal (e o resto das pessoas) olha para onde estamos. Então a tal da "crente", que não tá de saia, me encara. Pensa numa olhada feia. Traduzindo fica:
"viado sem vergonha, dando em cima do meu cunhado, pensa que não lembro da tua conversa na fila no caixa?"
Mas nem é isso que me apavora e sim o olhar do "troço" que tá do lado dela!
...
Enquanto eu e Cidinho esperamos o irmão da Maria Divina, que deve se chamar Divino, conto pra ele sobre meu segundo encontro com o "evanzélico".
— Cruzes, Cido, aquilo não pode ser o mesmo cara. Parecia um talibã. Deu medo, juro.
— Pelo menos o encanto acabou?
— Olha, quando ele levantou, que vi aquelas canelas grossas, nem lembrei que o Celso tava do meu lado. Sem querer eu comentei: "filho da puta, vai ser gostoso assim lá em casa".
— E o Celso?
— Deve estar em casa com certeza, porque quando me virei, ele tinha sumido.
— O Celso não é um homem que se possa dizer "nossa como ele é lindo", mas ele é sapão, mulher. Ele é charmoso, cheira divinamente e sabe se vestir. Fora que a barba cerrada é um charme desgraçado.
— Tira os "zóio".
— Fica horrível esses bad boy com cara de homem-bomba, sério, tenho um colega ali do Outlet que não apara a barba... Olha, vamos. E não come feito morto de fome, Cley.
— Até parece... Uia, Divino é gato!
— Quem? Cley, esse é o irmão da Divina.
Senhor me acode, que bofe! Adoro melanina, adoroooo. Muita melanina, esse macho é um deus!
— Esse é o Rangel, meu namorado.
— Que??
— Meu namorado, Rangel. Amor, esse aqui é o Cleyton.
— Mentira! Tu não tem namorado Cido.
— Lógico que tenho. Eu e o Rangel, a gente tava ficando há uns meses, agora olha! — Cidinho levanta a mão e o jogador de basquete, com sorriso bobo e apaixonado o imita pra mostrar um anel nojento de compromisso. Eu quero, ahhhh.
Não fiquei com inveja nenhuma, que fique esclarecido. Comi aqueles salgadinhos de festa e eles entalaram. Esse cara não vai roubar meu BFF, não vai!
Tenho mil coisas pra contar pra ele. Será que o Cidinho vai preferir passar a noite dormindo de conchinha com ele ou falando comigo no whatsapp?
Na volta, quase que meus dentes apodrecem com a melação deles... Papai do céu, ele parece o Michael Jordan! Caralho olha a mão desse cidadão! O quê? Ele espalmou a mão na coxa do Cidinho, chamou de amorzinho e bebê?
— Sim bebê. A gente faz sim, depois que deixar o Cleyton em casa.
Tentando se livrar de mim? Penso. Nos meus pensamentos, minha voz estava carregada de maldade e um risinho macabro escapa sem querer.
— Tudo bem contigo, Cleyton? — Oh nego lindo e que olhar penetrante... adoro essas coisas penetrantes. Ele me olha pelo espelhinho do carro e muito rapidamente se volta pro Cidinho.
Ao parar o carro, tá lá! Celso Oliveira.
— Ah, gente não quero ficar sozinho, tenho medo daquele homem lá. Ele pode estar armado!
— Capaz, viado, é o Celso.
— Shhh, calado. Eu tô com medo, será que não poderia ir com vocês?
— Nunca! — Gente, olha o Cidinho! Tô super hiper mega chateado. — Desculpa Cley, hoje não... amanhã se precisar...
— Tá... — Desço carro fazendo cena e quando me aproximo do Celso, ele cruza os braços (fortes e poderosos).
— Quem são? — Credo, que ciumento!
— Cidinho do outlet e o boy dele. Celso, não tô legal. Tomei muito refri, comi umas quarenta e duas unidades de salgadinho, onze brigadeiros, dois pedaços de pudim, dois pedaços de bolo, três potinhos de sagu e oito canudinhos de maionese. Sério, se me pegar como tu anda fazendo, vou vomitar tudo.
— Porra... tu come bem.
— Ainda mais se for de graça.
— Posso ficar um pouquinho?
— Tá, mas sem safadeza.
Ai, não tô legal mesmo. Sinto um negócio esquisito quando lembro do "talibã" e aquele olhar dele pra cima de mim. Impossível não captar a mensagem: "nojo".
Fazia tempo que isso não me afetava. Sempre fui bem afeminado, mais do que assumido e orgulhoso de mim. Também a bicha, o viado, puto, gayzinho, baitola, boiola, geralmente esses termos entram por um ouvido e saem pelo outro. Tô pouco me fudendo pra esses pau no cu cheios de preconceito, com olhares de julgamento e desprezo... mas o olhar do canela grossa me aniquilou.
— Isso... bota pra fora. Comeu demais, Cley.
Vomito pra caralhooo. Celso limpa o canto da minha boca sem nojo, dá a descarga e me abraça. Aiii eu não quero chorar, não vou chorar. Porque eu tô chorando, alguém me explica?!
— Polaco, polaco. Tá apaixonado pelo Claudio?
— Para... eu tô com ódio.
— Arianos com ódio é perigo mortal.
— Ele é um babaca!
— Não... ele é gente boa, mas é revoltado com a vida, odeia o mundo, odeia a família dele. É aquele tipo: cão que late e não morde.
— Sou uma bicha burra. — Falo com a cara enterrada no peitoral do chefe. Pior que o perfume dele me dá mais ânsia e quase boto as tripas pra fora.
— Não, claro que não. Mas sou honesto contigo, Cláudio não é uma pessoa que valha a pena. Pra ti, não é a pessoa certa. Eu até paro de te perturbar, mas escuta, não se envolve ali... tu só vai sofrer. Posso ficar aqui essa noite, cuidando de você?
...
Será que eu deixo ele ficar? Ah não sei não, tá todo mundo indo muito a favor do Celso, tem uma pessoa que disse num comentário: sou #teamCelso, pensa que eu não li? É... li tudinho tá!
Estão quase todos contra eu e o Claudio, parecem que não querem ver nosso amor florescer, eu heim.
Só de ruim, já que me chamaram assim, não digo se ele ficou ou se ele foi embora. Beijinhos, tá.
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Nossa que desrespeito com os leitores, Cley. Coisa feia. Conta aí...
Vamos dar um desconto que nossa ariana capeta, tava meio deprê no capítulo, kkkk ♥
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